Rede de frio em vacinas: cadeia, níveis, acidente - Ciência - 2023


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orede fria, também conhecida como "cadeia de frio", é um conjunto de métodos de armazenamento, transporte e conservação necessários para o uso adequado de uma vacina. É definido pela Organização Pan-Americana da Saúde como:

“Sistema logístico que inclui os recursos humanos e materiais necessários para realizar o armazenamento, conservação e transporte das vacinas em ótimas condições de temperatura desde o local de fabricação até o local onde as pessoas são vacinadas”.

Como as vacinas são produtos biológicos termolábeis (mudanças de temperatura afetam sua potência e podem até inativá-las), é essencial que ao longo de todo o processo, da fabricação à administração, a temperatura seja mantida dentro de uma faixa estritamente controlada entre 2 e 4 graus centígrados.


Isso garante que o produto biológico chegue ao destinatário em ótimas condições. Assim, grandes quantias de dinheiro são investidas em infraestrutura e centenas de horas de trabalho em treinamento para evitar que a rede de frio seja comprometida.

Cadeia fria

Como o próprio nome indica, a cadeia de frio é composta por uma série de elos que garantem que a temperatura dos produtos biológicos permaneça dentro de uma determinada faixa de temperatura sem interrupção.

Para atender a esse objetivo, o denominador comum de todos os elos envolvidos na cadeia de frio é possuir equipamentos de refrigeração e transporte adequados, além de pessoal treinado para o manuseio adequado de produtos biológicos.

Armazenamento

Dependendo da quantidade de vacinas processadas e armazenadas, as características do equipamento de refrigeração podem variar. Assim, nas grandes plantas industriais onde são produzidos produtos biológicos, existem grandes salas frigoríficas que permitem o armazenamento das vacinas por vários meses.


Conforme os níveis da cadeia de frio diminuem (veja abaixo), os lotes de produtos diminuem de tamanho; e o mesmo ocorre com os refrigeradores proporcionalmente, que vão de salas refrigeradas a porões industriais em níveis intermediários.

Neste ponto, o armazenamento é por tempo limitado, podendo ser estendido apenas por algumas semanas, visto que é uma estação de trânsito para o local de distribuição.

Lá as vacinas são armazenadas nos menores aparelhos de refrigeração, que em alguns casos são simples geladeiras domésticas.

Transporte

Um fator crítico e sujeito a falhas na cadeia de refrigeração é o transporte de um ponto de armazenamento para outro (nível superior para nível inferior na cadeia) ou entre o armazenamento e a entrega ao usuário final. Isso ocorre porque mesmo pequenas flutuações de temperatura podem afetar seriamente a eficácia das vacinas.

Por este motivo, é dada especial ênfase às técnicas de transporte, bem como aos recursos materiais necessários a um transporte que garanta a indemnização da rede de frio.


Nesse sentido, o transporte dentro da cadeia de frio pode ser dividido em:

- Transporte interno.

- Transporte externo.

Cada um deles apresenta desafios específicos para os quais é necessário dispor dos equipamentos e instrumentos necessários para garantir uma execução correta.

Transporte interno

Refere-se ao transporte de produtos biológicos dentro de qualquer estabelecimento, em qualquer um dos níveis da cadeia de frio.

Nesse sentido, o manuseio adequado dos produtos biológicos que necessitam de refrigeração é muito importante, até mesmo para transferi-los de uma geladeira para outra, já que a temperatura deve ser mantida entre 2 e 8 ºC em todos os momentos.

Para isso, é necessário ter em todos os locais onde as vacinas são armazenadas equipamentos de transporte, como refrigeradores térmicos ou portáteis para a mobilização interna das vacinas.

Também é necessário ter embalagens refrigeradas e garrafas de água gelada, que podem ser colocadas no equipamento de transporte para estender o tempo de uso.

Transporte externo

O transporte externo refere-se à movimentação de agentes biológicos entre diferentes níveis de armazenamento na cadeia de frio, ou entre a área de armazenamento e o local de vacinação.

Dependendo do tamanho e da extensão da transferência, vários tipos de equipamentos podem ser necessários, desde caminhões refrigerados a porões portáteis e contêineres refrigerados para transporte aéreo, marítimo e ferroviário.

O tamanho do lote e o tipo de viagem irão determinar o tipo de equipamento a ser utilizado. Em alguns casos, pode ser apenas um refrigerador portátil isolado, como quando as vacinas são trazidas do depósito local para o ponto de vacinação.

Pessoal

Além de contar com equipamentos adequados para armazenamento e transporte, uma parte fundamental da cadeia de frio é o pessoal responsável pelo manuseio das vacinas e operação do equipamento.

Nesse sentido, a atenção aos detalhes é a chave. Portanto, a ênfase é colocada em comportamentos básicos, mas vitais para não interromper a cadeia de frio, tais como:

- Monitore e mantenha um registro detalhado da temperatura de todas as unidades de refrigeração.

- Mantenha sempre os equipamentos de transporte e embalagens refrigeradas à disposição para mobilização das vacinas a qualquer momento.

- Acompanhamento regular das condições operacionais e indenização dos equipamentos e instrumentos utilizados nas operações diárias.

- Abrindo as portas das unidades frigoríficas pelo menor tempo possível.

- Manipulação mínima das vacinas com as mãos (a temperatura das mãos aquece as vacinas muito rapidamente, inativando-as em poucos minutos).

- Disposição adequada dos produtos biológicos no interior das unidades de refrigeração de forma a manter a circulação adequada do ar ao seu redor e evitar o acúmulo de água.

O pessoal que cumpre com ciúme sua função de acordo com sua formação garante que cada vacina aplicada seja uma vacina ativa.

Níveis de cadeia de frio

A cadeia começa ao mesmo tempo que o produto biológico é fabricado, portanto as fábricas onde são produzidas as vacinas possuem instalações de processamento e armazenamento capazes de manter a temperatura do produto entre 2 e 8 graus Celsius.

Depois de fabricadas, as imunizações passam por diferentes níveis operacionais, cada vez em lotes menores, até chegarem ao usuário final.

Os níveis da cadeia variam de acordo com a perspectiva considerada. Assim, existem pelo menos duas escalas diferentes, que podem ser cruzadas ou sobrepostas em um ou mais pontos:

- Cadeia de frio industrial.

- Cadeia de frio nas políticas de saúde.

Níveis da cadeia de frio do ponto de vista industrial

Do ponto de vista industrial, a cadeia de frio se estende desde a fabricação do produto biológico até sua entrega ao usuário final.

Essa rede pode atingir diretamente as pessoas que vão receber as vacinas ou se conectar na rede de distribuição de um determinado país.

Nessa condição, o governo anfitrião é considerado o usuário final. A partir desse momento é sua responsabilidade garantir que a cadeia de frio não seja interrompida.

Os níveis operacionais do ponto de vista industrial são:

- Ponto de produção.

- Armazém geral (geralmente com âmbito nacional ou regional).

- Depósitos estaduais.

- Armazém a nível distrital.

- Unidades de saúde.

A partir dos dois últimos níveis, as vacinas podem chegar ao usuário final, seja diretamente ou por meio das políticas de saúde de cada local.

Níveis da cadeia de frio do ponto de vista das políticas de saúde

Embora a distribuição de vacinas a indivíduos seja possível, os maiores compradores de imunizações são os governos do mundo.

Manter níveis adequados de cobertura vacinal é uma tarefa que requer coordenação precisa e diferentes níveis operacionais.

Nesse sentido, é necessário garantir a cadeia de frio desde a entrada do produto biológico nos estoques nacionais até sua administração ao usuário final.

Em geral, os níveis da cadeia de frio deste ponto de vista são:

- Ponto de produção.

- Armazém geral (geralmente com âmbito nacional ou regional).

- Armazém em nível estadual.

Tempo de armazenamento em cada um dos níveis

Todos os inventários de vacinas são recebidos e consolidados no nível central. Grandes quantidades de produtos biológicos são armazenadas lá por até 18 meses.

De lá, eles vão para o nível regional, onde os lotes menores podem ser armazenados por até 6 meses para alimentar o nível local.

O último elo da cadeia é formado por todos os centros de saúde onde são aplicadas imunizações (nível local). Lá, pequenos lotes de vacina podem ser armazenados por um curto período (1 a 3 meses), a fim de atender a demanda dos usuários.

Como os estoques se esgotam em um nível, o imediatamente acima deve abastecê-lo ininterruptamente e garantindo a temperatura certa em todos os momentos.

Acidentes de rede fria

Qualquer situação em que a temperatura desça abaixo de 2ºC ou suba acima de 8ºC é considerada um acidente da rede fria.

Mais comumente, a temperatura aumenta devido a falhas elétricas ou quebras de equipamento.

No entanto, também pode ser o caso de uma queda exagerada da temperatura devido a erro humano (por exemplo, configuração incorreta do equipamento ou erros de leitura).

Medidas adequadas devem sempre ser tomadas para minimizar o impacto desses acidentes para preservar a viabilidade das vacinas.

Medidas de contingência para um acidente na rede de frio

É importante agir com rapidez e sem demora em caso de algum acidente na rede de frio, principalmente em casos de falhas elétricas ou quebras de equipamentos de refrigeração.

Nesse sentido, a maioria dos refrigeradores é capaz de manter a temperatura interna desligada por até 4 horas no calor e 6 horas no frio.

Assim, o próprio equipamento de refrigeração é a primeira linha de defesa contra acidentes, desde que a porta não seja aberta.

Os funcionários devem lacrar a porta da geladeira e colocar uma placa informando que ela não deve ser aberta.

Caso a falha não seja resolvida rapidamente, as vacinas devem ser transferidas para uma equipe operacional ou instalação com serviço elétrico.

Em todos os casos de acidentes na rede de frio, deve-se manter um registro detalhado dos detalhes da ocorrência para o acompanhamento adequado do caso.

Remédios que precisam de rede fria

Além das vacinas, existem outros medicamentos e produtos biológicos que precisam de refrigeração.

Entre eles estão:

- Albumina humana.

- Protamina.

- Imunoglobulinas.

- Certos agentes antiglaucomatosos, como latanoprost (devem ser refrigerados até serem abertos).

- Insulina (principalmente se armazenada por longos períodos de tempo).

- Alguns antibióticos.

Em todos esses casos, é necessário manter a cadeia de frio dentro das faixas de temperatura especificadas pelo fabricante.

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