Anamnese: definição e 8 aspectos clínicos básicos - Psicologia - 2023


psychology
Anamnese: definição e 8 aspectos clínicos básicos - Psicologia
Anamnese: definição e 8 aspectos clínicos básicos - Psicologia

Contente

A prática como psicólogo requer a presença de um corpo consistente de conhecimento, tanto no que diz respeito ao funcionamento normal da mente humana quanto em processos atípicos ou mesmo patológicos.

Também requer conhecer e saber como e em que casos aplicar as diferentes técnicas e procedimentos disponíveis. No entanto, a presença do conhecimento não é o único fator essencial para a prática de um bom profissional, exigindo capacidade de observação, empatia e iniciativa, entre outras características. Tudo isso é necessário para poder oferecer um bom serviço ao cliente ou paciente, sendo a melhoria deste e dos problemas e demandas que possam apresentar o objetivo principal do profissional. Saber por que você decidiu ir a uma consulta, o histórico do problema que você pode ter e o que você espera da interação com o psicólogo é essencial.


Para este fim o psicólogo deve ser capaz de coletar todos os dados de que possa precisar para começar a trabalhar no caso, isto é, executar a anamnésia.

Definindo anamnese

Anamnese é o processo pelo qual o profissional obtém informações do paciente do paciente por meio de um diálogo no qual o profissional deve obter informações básicas sobre a doença ou problema do paciente, seus hábitos de vida e a presença de história familiar para estabelecer um diagnóstico. do problema a ser tratado ou trabalhado.

É a primeira etapa do processo diagnóstico, essencial para que o psicólogo seja capaz de compreender a situação vital do indivíduo, seu problema e a forma como ele afeta ou é afetado pelos acontecimentos e pela história pessoal.

O posterior desenvolvimento da anamnese permite ao profissional detectar sintomas e sinais, observando não só o que se diz, mas também o que se evita mencionar, a relutância ou a facilidade para se expressar e elaborar determinados tópicos. Não se trata apenas de observar o que é dito, mas também de como se expressa e da comunicação não verbal que realiza.


Em geral, a anamnese é realizada sobre o sujeito a ser tratado ou o usuário final, mas às vezes é aconselhável fazê-la também em parentes, amigos próximos ou mesmo professores, como no caso de diferentes patologias infantis.

A anamnese não se limita apenas ao campo da psicologia clínica, mas também é utilizada para o diagnóstico de problemas tanto em outros ramos da psicologia (pode ser extrapolada ao nível da psicologia educacional, por exemplo) e em outras disciplinas como a medicina . No entanto, o uso desse termo é geralmente aplicado principalmente no campo clínico.

Principais elementos a levar em consideração em uma anamnese

O diálogo estabelecido durante a anamnese deve reunir informações diversas, sendo imprescindível que nele se reflitam certos aspectos fundamentais, especificamente os seguintes.

1. Identificação

São os dados básicos da pessoa, como nome, sexo, idade ou endereço. Também é essencial estabelecer um mecanismo de comunicação, como um número de contato.


2. Motivo da consulta

Embora possa ser óbvio, o motivo pelo qual o sujeito comparece à consulta, que produz um problema ou a demanda que você quer fazer é uma das principais informações a se obter na anamnese.

3. História do problema atual

O motivo da consulta é um conhecimento primário, mas para compreender plenamente a situação, o psicólogo ou profissional que realiza a anamnese precisa saber como e quando ela apareceu na vida do paciente, em que situação ou situações ela aparece, o que causa o sujeito considera que a causou, quais os sintomas ele sofre e que parecem mais relevantes para você.

4. Afeto na vida habitual

Os problemas apresentados pelos sujeitos afetam o seu dia a dia, geralmente produzindo uma diminuição em sua qualidade de vida em áreas como relações sociais, de trabalho ou familiares. O conhecimento dessas informações pode ajudar a nortear o tipo de estratégias a serem utilizadas, direcionando os objetivos terapêuticos tanto para a resolução do problema em si quanto para os efeitos destes na vida diária.

5. História psicossocial

A história vital do indivíduo que chega à consulta costuma estar intimamente ligada ao aparecimento de certos fenômenos e problemático. O tipo de educação recebida, o processo de socialização do sujeito, os acontecimentos que marcaram ou configuraram sua personalidade e os elementos que o próprio indivíduo associa ao início ou manutenção de um problema podem ser muito úteis.

6. História pessoal

Às vezes, as pessoas que vêm para consulta o fazem por problemas derivados de fenômenos, eventos ou doenças anteriores ou cujos efeitos produziram uma mudança em sua vida. Nesse sentido, é útil saber a existência de problemas anteriores.

7. História familiar e situação familiar

Conheça a presença ou ausência de um histórico familiar de um problema ou como a família está estruturada, pode permitir que o diagnóstico seja refinado e focado em algumas estratégias de intervenção ou outras. Pode ser relevante para observar fatores de risco, efeitos ou causas de certos problemas.

8. Expectativas quanto aos resultados da intervenção

Esta seção é relevante no sentido de tornar explícito o que o paciente espera que aconteça, a presença de motivação para seguir um tratamento e que considera que este pode ou não ser alcançado com ajuda profissional. Além de conhecer suas expectativas quanto ao funcionamento da terapia e seus resultados, também nos permite ver a visão do usuário quanto ao seu próprio futuro e a existência de vieses cognitivos que subestimam ou superestimam o que o tratamento pode alcançar (podem ter expectativas irreais ou provocar uma profecia autorrealizável), podendo trabalhar essas questões na própria terapia.

Considerações

A realização da anamnese é, como já referimos, de grande importância para o exercício da profissão. Porém, isso não pode ser feito sem levar em consideração uma série de considerações.

Avaliação da extensão e integridade da anamnese

Pode ser tentador considerar a ideia de obter o máximo possível de informações do paciente desde o início, a fim de estabelecer uma estratégia firme a partir daí. Porém, embora seja evidente que a aquisição de informações a respeito do caso é imprescindível.

Uma história excessivamente exaustiva pode ser extremamente aversiva para o paciente, poder se sentir desconfortável e diminuir a emissão de informações e até abandonar a busca por ajuda. Não devemos esquecer que estamos diante de uma primeira etapa do processo diagnóstico, exigindo o estabelecimento de uma boa relação terapêutica de forma a maximizar a aquisição de informações. Os dados coletados na anamnese devem ser suficientes para se ter uma ideia da situação do paciente, seu problema e seu estado vital, mas essa coleta não deve ser feita como um interrogatório.

Em certos casos, também pode ser necessário encurtar ou mesmo adiar sua execução, como no caso de pacientes com ideação suicida.

Impossibilidade de modificação das informações recebidas

Também deve ser considerado que as informações obtidas durante a anamnese não precisam ser imutáveis. O paciente pode não saber exatamente o que está acontecendo com ele, precisa de mais tempo para refletir sobre como isso afeta sua vida ou mesmo precisa se sentir mais confortável com o terapeuta para lhe confiar certas informações.

Respeitando os limites éticos

A coleta de dados e informações pelo profissional é ponto fundamental e essencial do processo terapêutico. Porém, a anamnese ou coleta de informações não pode ser feita indiscriminadamente.

Deve-se levar em conta que o paciente deve ter o direito de preservar a privacidade, procurando limitar-se ao fenômeno causador de desconforto ou motivo da consulta ou, na sua falta, a aspectos da vida do paciente que se considere afetá-lo e ao paciente conformidade com a terapia.

  • Rodríguez, G.P.L.; Rodríguez, P.L.R. e Puente, M.J.A. (1998). Método prático de obtenção do histórico médico. Rev Electrón Innov Tecnol, Las Tunas; 4 (2). 6
  • Rodríguez, P.L. e Rodríguez, L.R. (1999). Princípios técnicos para a realização da anamnese no paciente adulto. Rev. Cubana. Med. Gen. Integr.; 15 (4); 409-14