Análise funcional do comportamento: o que é e para que serve - Psicologia - 2023


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Na terapia, é necessário abordar amplamente o comportamento do paciente. Seja em seus sentimentos, experiências, pensamentos ou crenças, o psicólogo deve buscar o que influencia a forma como se comporta a pessoa que o procura.

A análise do comportamento funcional é uma ferramenta muito útil que permite identificar os comportamentos do paciente, mas sem descurar o contexto em que ocorrem ou o que está por trás de sua ocorrência. É uma análise fundamental no planejamento e direcionamento de processos terapêuticos ou psicoeducativos.

Vamos ver em que consiste esta técnica, para que serve e suas características.

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O que é análise de comportamento funcional?

As pessoas que procuram terapia podem apresentar comportamentos variados, originados por múltiplas causas.


A análise funcional do comportamento permite organizar as informações mais importantes do paciente. Leva em consideração as relações sociais da pessoa, seus comportamentos problemáticos e os acontecimentos que adquiriram importância na origem e manutenção do problema. Uma vez coletadas essas informações, pretende-se buscar explicações para os comportamentos problemáticos com o intuito de encontrar uma solução.

Para entender melhor esta ferramenta é preciso explicar um pouco acima o que deve ser entendido por comportamento. Esse conceito inclui comportamentos observáveis ​​e ocultos do paciente. Não são levadas em consideração apenas as ações físicas realizadas pela pessoa, como fumar excessivamente ou consumir drogas; suas crenças e pensamentos sobre o problema também se tornam importantes.

O psicólogo não é o único responsável por detectar o que não é adaptativo no paciente. Você deve encontrar uma explicação por trás do porquê a pessoa se comporta dessa forma, relacionando-o a eventos que aconteceram antes, ou seja, o pano de fundo. Assim, ao realizar a análise funcional do comportamento, é necessário encontre as relações entre o que a pessoa experimentou e seu comportamento atual.


Para exemplificar, vamos imaginar duas pessoas fazendo a mesma coisa: não comer no jantar. Embora ambos estejam basicamente se comportando da mesma forma, em uma análise desse tipo não apenas detectaríamos esse comportamento específico, mas também tentaríamos descobrir por que o estão fazendo.

Pode ser que um deles não coma simplesmente porque comeu muito e não está com fome, enquanto o outro pode parecer gordo e decidiu comer menos.

Esquematicamente, os aspectos que preenchem as análises funcionais do comportamento são os seguintes:

  • Identifique antecedentes e consequências do comportamento.
  • Identifique as variáveis ​​que influenciam a pessoa.
  • Formule hipóteses sobre o comportamento problemático.
  • Descreva os comportamentos.

Ao realizar uma análise deste tipo, dois tipos de hipóteses podem ser levantadas: hipótese de origem e hipótese de manutenção. Os primeiros procuram esclarecer como o comportamento do problema se originou, levando em consideração os elementos contextuais presentes no momento em que o problema surgiu. As hipóteses de manutenção tentam explicar por que o comportamento continua até hoje, quais elementos o reforçaram ou por que ainda não morreu.


Como nesse tipo de análise se trabalha com hipóteses, é muito importante que o psicólogo seja rigoroso e objetivo. O que mais, conforme a terapia evolui, novas informações surgirão, com o que será necessário repensar o problema pelo qual o paciente surgiu a princípio e reformular as explicações que foram voltadas para o desenvolvimento de um plano de intervenção.

Caracteristicas

A análise do comportamento funcional é uma ferramenta muito útil, uma vez que difere de uma análise meramente descritiva porque atende às seguintes características:

1. É funcional

Embora a primeira coisa que geralmente seja feita seja identificar e descrever os comportamentos, isso é feito com uma intenção funcional. Quer dizer, Tem como objetivo coletar informações para explicar o problema e desenvolver um plano de ação terapêutico ou educacional, e não estuda elementos estáticos, mas eventos e ações que podem ser localizados no tempo.

2. Concentra-se no presente

Levar em consideração a história pessoal é um aspecto importante; não obstante, devemos nos concentrar em como o paciente se comporta agora.

3. Relações de estudo

A análise funcional do comportamento baseia-se na observação das relações entre eventos comportamentais (emitidos pelo sujeito) e eventos ambientais (que ocorrem ao seu redor).

Por ele, Não se concentra apenas no indivíduo, mas vê isso como uma parte da realidade interligada com seu ambiente, ao contrário do que acontece com as propostas de pesquisas psicológicas baseadas na introspecção.

Os comportamentos que interferem significativamente no bem-estar da pessoa adquirem especial importância, razão pela qual será necessário direcionar a terapia para a resolução desses comportamentos.

4. É dinâmico

O comportamento humano é um tanto instável. O paciente pode evoluir à medida que a psicoterapia se desenvolve. Além disso, pode ser que o próprio paciente inicialmente não tenha fornecido todas as informações necessárias para compreender seu desconforto psicológico.

É por isso que o psicólogo deve estar ciente de que as hipóteses levantadas no início podem ser refutadas, e deve retrabalhá-los com base nas novas informações.

5. É ideográfico

Cada pessoa é diferente quando se trata de sua personalidade, comportamento e experiências.

As hipóteses levantadas após a análise dos comportamentos eles só podem explicar porque o comportamento da pessoa analisada, uma vez que está ligada a uma cadeia de acontecimentos únicos e irrepetíveis, que deixam uma marca na sua história de aprendizagem.

Ou seja, o que é descoberto em uma pessoa é difícil de generalizar para o resto da população.

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6. É heurístico

Basicamente este tipo de análise é um esquema que descreve o comportamento da pessoa, por meio da qual organizamos as informações obtidas sobre ele. Não tem a pretensão de descrever a realidade humana, apenas a do paciente que veio para consulta.

7. É hipotético

Embora o ideal seja conseguir explicar com precisão por que a pessoa se comporta assim, a análise funcional do comportamento ainda é uma ferramenta que levanta explicações hipotéticas.

Ou seja, o que se acredita ser a origem do problema e o que o faz persistir pode ser modificado, não é informação que implique uma causalidade clara e irremovível.