Fase maníaca do transtorno bipolar: o que é e suas 7 características - Psicologia - 2023


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Fase maníaca do transtorno bipolar: o que é e suas 7 características - Psicologia
Fase maníaca do transtorno bipolar: o que é e suas 7 características - Psicologia

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O transtorno bipolar tipo I é uma das patologias de humor mais graves, visto que geralmente se manifesta na forma de oscilações afetivas que oscilam entre os extremos da mania e da depressão.

Ambas as formas de expressão clínica ocorrem em uma sequência não necessariamente alternada (vários episódios depressivos ocorrendo consecutivamente, por exemplo), mas com tratamento adequado podem ser mediados por períodos de estabilidade.

Por sua vez, a mania é fundamental para entender esse problema de saúde mental. Portanto, ocupará uma posição central neste artigo.

Qual é a fase maníaca do transtorno bipolar?

Episódios maníacos são períodos em que a pessoa experimenta um humor anormalmente alto, que se manifesta como uma espécie de euforia transbordante. Às vezes, o sintoma pode adquirir um tom de irritabilidade, mostrando ao sofredor uma atitude crítica em relação aos outros ou a si mesmo, e reagindo abruptamente às circunstâncias circundantes que podem fazê-lo sentir-se chateado.


A rigor, o estado de espírito deve durar pelo menos uma semana e condicionar (devido à sua intensidade) a capacidade de realizar normalmente as responsabilidades diárias. Nesse sentido, pode comprometer a vida profissional ou acadêmica e, até mesmo, demandar um período de internação hospitalar para evitar possíveis danos a si ou a outrem.

A mania é o sintoma mais relevante no transtorno bipolar do tipo I, pois é o único que é necessário para fazer o diagnóstico (cuja prevalência sobe para 0,6% da população mundial). A depressão, portanto, não precisa necessariamente estar presente (embora seja a mais comum). A mania não deve ser confundida com a hipomania, uma forma menos incapacitante, que constitui (juntamente com a presença de episódios depressivos) o eixo do transtorno bipolar tipo II (0,4% globalmente).

A seguir, detalharemos os sintomas típicos de episódios maníacos no transtorno bipolar, exemplificando cada um deles para mostrar seu impacto potencial na vida de quem as sofre e na de seus familiares.


1. Auto-estima exagerada ou grandiosidade

Uma das características definidoras da mania é a inflamação na percepção que a pessoa projeta sobre si mesma, que experimenta uma expansão que ultrapassa todos os limites do razoável. Ela pode se referir a si mesma usando atributos que sugerem grandeza ou superioridade, superestimando suas qualidades pessoais ao extremo. O exagero do valor de alguém pode ser acompanhado, além disso, pela desvalorização do valor dos outros.

Esse sintoma adquire sua expressão máxima por meio da sensação de onipotência, que abriga crenças irrealistas sobre as próprias aptidões e que podem estar associadas a comportamentos de risco para a vida ou integridade física, bem como ao desgaste de recursos físicos ou materiais.

Outra circunstância que pode ocorrer nesse contexto é a erotomania, forma de delírio que se caracteriza por se sentir objeto do amor de outra pessoa, sem valorizar uma causa objetiva que pudesse sustentar tal raciocínio. Geralmente, ele é uma figura de notável significância social, o que serve para fortalecer algumas crenças de superioridade nas quais a autoimagem é construída. O sintoma é mais comum em casos graves.


2. Diminuição da necessidade de sono

Pessoas que estão passando por uma fase maníaca podem reduzir abruptamente o tempo que passam dormindo (limitando-o a três horas por dia ou menos), e até mesmo manter vigília por noites inteiras. Isso se deve a uma necessidade premente de se envolver em atividades e, ocasionalmente, à crença de que o sono em si é uma perda de tempo desnecessária.

A sensação de cansaço passa, e a pessoa passa todas as suas horas noturnas mantendo um ritmo frenético de atividades intencionais, que são realizadas de forma errática e excessiva. Assim como em determinado momento se evidencia um comprometimento inflexível com certos tipos de tarefas, estas podem ser inesperadamente abandonadas em favor de outras que despertam um interesse inusitado, o que implica um uso incessante de energia.

Nesse estado, há um esgotamento físico e mental óbvio, mas do qual a pessoa parece não ter consciência. Há estudos que sugerem que essa redução da necessidade de sono é um dos sintomas com maior poder preditivo para o aparecimento de episódios maníacos em pessoas com transtorno bipolar que até então se encontravam em fase estável.

3. Taquilalia

Outra característica dos episódios maníacos é o aumento substancial na latência da fala, com uma produção de palavras muito superior ao usual nos intervalos entre os episódios. Podem surgir alterações como descarrilamento (fala sem um fio aparente), tangencialidade (abordando questões irrelevantes para a questão central sendo tratada) ou discurso distraído (mudança de assunto em resposta a estímulos encontrados no ambiente e chamar a atenção).

Nos casos mais graves, pode ocorrer uma alteração da comunicação verbal conhecida como "salada de palavras", em que o conteúdo da fala é destituído de qualquer indício de inteligibilidade, de modo que o interlocutor se sente incapaz de apreciar seu significado ou intenção.

4. Aceleração de pensamento

A aceleração do pensamento (taquipsiquia) está diretamente ligada ao aumento da taxa de produção verbal. Ambas as realidades estão firmemente interligadas, de modo que o comprometimento da integridade dos conteúdos mentais se traduz em fala afetada. Essa pressão do pensamento extrapola a capacidade da pessoa de traduzi-lo em termos operacionais para um uso eficiente, observando o que se conhece como "fuga de idéias".

Essa fuga de ideias supõe a evidente desorganização na hierarquia de prioridades de pensamento, de modo que a fala com a qual se iniciou uma conversa (e que abrigava uma clara intenção comunicativa) seja interrompida por um feixe de ideias secundárias que se sobrepõem entre sim de forma caótica , e que acabam se dissolvendo em um fluxo frenético de conteúdos mentais que fluem em um oceano furioso de palavras desconectadas.

5. Distração

Pessoas que vivenciam uma fase maníaca do transtorno bipolar podem ver certas funções cognitivas superiores alteradas, em particular processos atencionais. Em circunstâncias normais, eles são capazes de manter uma atenção seletiva relevante, dando maior relevância aos elementos do ambiente que são necessários para um funcionamento adequado com base em pistas contextuais. Assim, seria inibida a projeção do foco no dispensável ou acessório para a ocasião.

Durante as fases maníacas, nota-se uma alteração nesse processo de filtragem, de modo que os diversos estímulos ambientais competissem para monopolizar os recursos de que a pessoa dispõe, dificultando a expressão do comportamento em termos adaptativos. Por esse motivo, muitas vezes é extremamente difícil manter uma vigilância sustentada sobre qualquer estímulo, oscilando a atenção de um ponto a outro sem que seja possível encontrar uma referência clara.

6. Aumento intencional da atividade

No contexto de um episódio maníaco geralmente há um aumento peculiar no nível de atividade geral da pessoa. Assim, você pode passar a maior parte do seu tempo realizando qualquer tarefa que desperte seu interesse, engajando-se nela de forma que pareça não sentir nenhum cansaço, apesar do tempo que já passou. É possível que esta circunstância coincida com o poderoso sentimento de se sentir criativo e construtivo, inibindo o restante das responsabilidades.

Às vezes, esse fluxo incessante de atividades resiste às tentativas de terceiros de forçá-los a prender, tendo em vista a preocupação com as possíveis consequências do esforço excessivo para a saúde da pessoa (que pode passar noites inteiras absorvida em suas tarefas). Nestes casos, pode surgir uma resposta de oposição aberta às tentativas de dissuasão, acompanhada por alguma irritabilidade e percepção de lesão.

7. Impulsividade

Impulsividade é a dificuldade de inibir o impulso de emitir um comportamento específico na presença de um estímulo desencadeador (físico ou cognitivo), e isso muitas vezes também implica na impossibilidade de interrompê-lo quando estiver em andamento. Esse sintoma é um dos de maior poder descritivo nos episódios maníacos do transtorno bipolar, podendo ser também um dos mais prejudiciais à vida pessoal e social.

Não é incomum que uma pessoa tome decisões arriscadas no contexto da fase maníaca do transtorno bipolar, cujas consequências envolvem uma drenagem profunda de seus recursos financeiros ou fiduciários, como investimentos desproporcionais em empresas cujo prognóstico de sucesso é ruim ou duvidoso. Como conseqüência, produzem-se perdas irreparáveis ​​de bens pessoais ou familiares, que aumentam a tensão relacional que poderia ter se estabelecido no círculo íntimo de pessoas de confiança.

O envolvimento em outros tipos de atividades de risco, como o uso de substâncias ou comportamentos sexuais sem o uso de estratégias profiláticas adequadas, pode gerar novos problemas ou mesmo aumentar a intensidade dos sintomas de mania (como ocorreria no caso de mania). cocaína, que atua como um agonista da dopamina e aumenta as dificuldades que a pessoa está passando).

Neurobiologia do transtorno bipolar

Muitos estudos descobriram que episódios agudos de depressão e mania, que ocorrem no curso do transtorno bipolar, aumentam a deterioração das funções cognitivas que acompanham essa psicopatologia ao longo do tempo. Tudo isso revelou a possibilidade de que possam existir mecanismos estruturais e funcionais no sistema nervoso central que estão na base de sua expressão clínica particular.

Em relação à mania, evidência empírica de uma redução no volume total de massa cinzenta no córtex pré-frontal dorsolateral foi encontrada; que contribui para funções como atenção, inibição de impulsos ou capacidade de planejamento a médio e longo prazo. Achados semelhantes também foram descritos no giro frontal inferior, que participa dos processos de formação de palavras (por ter ligações estreitas com a área motora primária).

Por outro lado, foram detectadas alterações nas áreas do cérebro responsáveis ​​pelo processamento das recompensas, principalmente no hemisfério cerebral esquerdo, que se encontra em situação de hiperatividade. Esse fato, juntamente com o já mencionado distúrbio das áreas corticais frontais, poderia construir as bases da impulsividade e da dificuldade de atenção em pessoas com transtorno bipolar.

É importante que a pessoa com transtorno bipolar busque ajuda especializada, pois o uso de estabilizadores de humor é fundamental para equilibrar as emoções e facilitar uma qualidade de vida adequada. Esses medicamentos, no entanto, requerem controle meticuloso do médico devido à sua potencial toxicidade em caso de uso inadequado (o que pode exigir alterações na dose ou mesmo a busca de alternativas de medicamentos).

A psicoterapia, por outro lado, também desempenha um papel importante. Nesse caso, pode ajudar a pessoa a entender melhor a doença que sofre, detectar com antecedência o aparecimento de episódios agudos (tanto depressivos, maníacos ou hipomaníacos), controlar o estresse subjetivo, otimizar a dinâmica familiar e consolidar um estilo de vida que resulta na obtenção de um maior bem-estar.