Matilde Hidalgo de Procel: biografia, contribuições e obras - Ciência - 2023
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Contente
- Biografia
- Estudos secundários
- Carreira médica
- Doutorado
- Ativismo político e feminista
- Candidato a deputado
- Carreira médica
- Morte
- Contribuições
- Educação para mulheres
- Votar nas eleições
- Política
- Reconhecimentos
- Obras literárias
- Outros títulos
- Outros precursores do voto feminino na América Latina
- Referências
Matilde Hidalgo de Procel (1889-1974) foi a primeira mulher a exercer o direito de voto em toda a América Latina. Nascida no Equador, Hidalgo também se tornou a primeira médica em seu país depois de superar as dúvidas sociais. Antes, ela já havia enfrentado costumes machistas ao iniciar os estudos do ensino médio.
De família liberal, Matilde Hidalgo se destacou desde muito jovem pela facilidade de aprendizado. No entanto, ao terminar o ensino fundamental, a sociedade esperava que ela seguisse os passos que deveriam ser obrigatórios para as mulheres: casar e ter filhos. A tenacidade e o apoio do irmão permitiram-lhe continuar a sua vocação.
Posteriormente, Matilde Hidalgo obrigou as autoridades do país a permitirem que ela votasse nas eleições presidenciais. Isso pavimentou o caminho para a legalização do sufrágio feminino. Hidalgo também foi um pioneiro em ocupar cargos eletivos.
Além de sua carreira na medicina, Hidalgo deixou uma série de obras poéticas como parte de seu legado. De acordo com alguns autores, ela começou a escrever para lidar com o ridículo que recebeu no colégio por seus esforços para continuar seus estudos como mulher.
Biografia
Matilde Hidalgo de Procel, nascida Hidalgo Navarro, veio ao mundo em Loja, Equador, em 29 de setembro de 1889. Ela cresceu em um lar bastante liberal, sendo a caçula de seis irmãos. Seu pai, Juan Manuel Hidalgo, morreu quando ela ainda era criança e sua mãe, Carmen Navarro, teve que trabalhar como costureira para sustentar a família.
Seus primeiros estudos foram realizados na Imaculada Conceição das Irmãs da Caridade. Ao mesmo tempo, ela se ofereceu como voluntária no hospital administrado pelas freiras. Esses anos foram o início de sua vocação pela medicina e pelo atendimento aos mais necessitados.
Segundo seus biógrafos, Matilde Hidalgo demonstrou desde muito jovem uma grande facilidade para aprender todos os tipos de assuntos. Antes dos quatro anos, ele sabia ler, escrever, tocar piano e recitar poesia clássica. A jovem se beneficiou, como em outras facetas de sua vida, do apoio incondicional de seu irmão mais velho, Antonio.
Estudos secundários
Na época em que Matilde Hidalgo começou a estudar, as mulheres só ingressavam no estágio primário. No entanto, ela tinha outras intenções e quando terminou o sexto, seu último ano do ensino fundamental, ela se voltou para o irmão para ajudá-la a continuar no ensino médio.
Antonio, defensor da igualdade das mulheres, se encarregou de fazer o pedido ao Diretor do Colégio Bernardo Valdivieso. Depois de pensar nisso por um mês, ele aceitou a confissão da jovem.
Apesar de obter essa permissão, Matilde Hidalgo teve que enfrentar a rejeição de boa parte da sociedade de sua localidade. Muitas mães proibiram suas filhas de interagir com elas, o padre local não a proibiu de entrar na igreja para ouvir a missa e as freiras da Caridade tiraram a fita celestial de Hija de María.
O caráter de Matilde permitiu que ela superasse todas essas pressões. Em 8 de outubro de 1913, ela se formou com louvor no ensino médio, tornando-se a primeira mulher a se formar no Equador.
Carreira médica
Obtido o título, Hidalgo quis continuar quebrando barreiras para alcançar sua vocação. Ele primeiro tentou entrar na Universidade Central de Quito, mas o reitor de Medicina rejeitou a tentativa. Segundo ele, a jovem deve se concentrar no destino de formar um lar e cuidar dos futuros filhos.
O reitor, por sua vez, tentou convencê-la a estudar outras disciplinas, como Farmácia ou Obstetrícia, pois considerava que a Medicina devia ser reservada aos homens.
No entanto, Matilde Hidalgo não desistiu. Ainda com a ajuda do irmão Antonio, foi para a Universidade de Azuay (hoje Cuenca) e se candidatou ao Reitor, Dr. Honorato Vásquez. Este, após consulta do Reitor da Faculdade de Medicina, decidiu admitir o seu pedido.
O desempenho de Matilde foi excelente. Em junho de 1919 formou-se em medicina, com as melhores notas da promoção. Apenas a argentina Alicia Moureau estava à frente dela na América Latina.
Doutorado
Continuando sua formação, Hidalgo concluiu o doutorado em Medicina em 21 de novembro de 1921. Foi a primeira equatoriana a fazê-lo.
No que se refere à vida pessoal, Matilde casou-se dois anos depois com o prestigioso advogado Fernando Procel, no qual encontrou muito apoio por ser também uma forte defensora da causa feminista. O casal mudou-se para Machala e teve dois filhos.
Ativismo político e feminista
Em 1924, Matilde Hidalgo rompeu outro limite social imposto às mulheres. Durante a presidência de José Luis Tamayo, a médica anunciou sua intenção de votar nas eleições, algo proibido para as mulheres na época.
Graças a seus esforços, ela conseguiu exercer seu direito de voto em Loja, tornando o Equador o primeiro país da América Latina a permitir o voto feminino.
Candidato a deputado
Em sua carreira política, Hidalgo foi candidata do Partido Liberal a deputada por Loja. Segundo especialistas, sua candidatura foi a vencedora, mas as cédulas foram adulteradas para que ela aparecesse como "substituta" e um candidato do sexo masculino fosse o primeiro. Apesar disso, ela foi a primeira mulher a ocupar um cargo eleito no país.
Além disso, conquistou alguns cargos municipais, como vereador e vice-presidente de Câmara Municipal.
Carreira médica
A ocupação política de Hidalgo não significou que ele deixasse de lado sua verdadeira vocação: a medicina. Praticou a disciplina em Guayaquil até 1949, ano em que obteve uma bolsa de especialização em Pediatria, Neurologia e Dietética na Argentina.
Ao retornar ao seu país, Hidalgo se dedicou ao desenvolvimento de obras sociais. Graças à sua popularidade, foi nomeada vice-presidente da Casa da Cultura do Equador e presidente vitalícia da Cruz Vermelha em ouro, além de ser condecorada com a medalha de Mérito em Saúde Pública.
Morte
Matilde Hidalgo de Procel morreu em Guayaquil em 20 de fevereiro de 1974, aos 84 anos, vítima de uma apoplexia cerebral.
Contribuições
Matilde Hidalgo se destacou por seu trabalho na medicina e como poetisa, mas sua principal contribuição foi a luta pela igualdade das mulheres. Seus esforços alcançaram objetivos importantes como a introdução do sufrágio feminino ou a normalização da presença feminina na universidade.
Educação para mulheres
Desde muito jovem, Hidalgo lutou para superar os preconceitos sociais em relação à educação feminina. Em sua época, os homens ocupavam todas as posições de poder, incluindo o privilégio de obter uma educação superior.
Hidalgo conseguiu estudar o ensino médio, obtendo o diploma de bacharel. Da mesma forma, superou as resistências existentes para ingressar na Faculdade de Medicina e obter o doutorado na mesma disciplina. Dessa forma, foi a primeira profissional acadêmica do país.
Votar nas eleições
Por ser presidente do governo José Luis Tamayo, Matilde Hidalgo passou a questionar que as mulheres não podiam exercer o direito de voto nas eleições. Para mudar a situação, ela decidiu votar ela mesma.
Para isso, em 1924, ele procurou se inscrever no livro de registros para as eleições para o Congresso e o Senado que iriam ser realizadas. Ela foi, na época, a única mulher a tentar e, a princípio, a Junta Eleitoral de Machala recusou-se a processar seu registro.
A resposta de Matilde Hidalgo a essa recusa foi ler, perante os membros do Conselho, o artigo da Constituição equatoriana que regulamentava o direito de voto.
Afirmou que “para ser cidadão equatoriano e poder exercer o direito de voto, basta ter mais de 21 anos e saber ler e escrever.
Hidalgo frisou que este artigo não especificava o gênero da pessoa, para que a mulher tivesse o mesmo direito constitucional que o homem. Seu pedido foi levado ao Conselho de Estado, que o aceitou por unanimidade. Por extensão, a extensão do sufrágio para todas as mulheres no país foi aprovada.
Política
Além de ser promotora da extensão do direito de voto às mulheres, Matilde Hidalgo esteve ativamente envolvida na política durante vários anos. Em 1941, tornou-se a primeira candidata a um cargo público, conseguindo ser eleita Deputada Adjunta.
Ela também foi a primeira vice-presidente de um conselho e a primeira deputada eleita do Parlamento.
Reconhecimentos
As conquistas de Matilde Hidalgo lhe renderam vários prêmios no Equador.
Assim, o governo concedeu-lhe a Medalha de Mérito na categoria de Grande Oficial em 1956, a Medalha de Saúde Pública em 1971 e, a pedido da Cruz Vermelha Equatoriana, recebeu a Medalha de Serviço em 1959. Também foi , presidente de honra e vida da Cruz Vermelha em El Oro.
Obras literárias
Embora tenham alcançado menos reconhecimento do que seu trabalho como lutadora pelos direitos das mulheres, Hidalgo também foi autora de alguns poemas. Vinte deles foram coletados em um livro intitulado Matilde Hidalgo de Prócel. Biografia e Poesia.
Segundo a autora dessa obra, Cecília Ansaldo Briones, Hidalgo começou a escrever enquanto cursava o ensino médio. Desta forma, a autora tentou lidar com as pressões que recebeu como mulher.
Os temas mais comuns, segundo Ansaldo Briones, eram "o culto à Ciência, a admiração pela Natureza, o elogio a personagens ou datas, a devoção mariana, muito pouca poesia de amor e o tema das mulheres".
Outros títulos
– A mulher e o amor.
- O pintassilgo.
- Onde está minha felicidade?
- Na apoteose de Dom Bernardo Valdivieso.
- A súplica constante da mulher.
- Esqueça-me pelo amor de Deus.
- Para Maria.
- 10 de agosto.
- Proscrição.
- Meu ideal.
- Para Cuenca Jona.
- Hino nacional celicano.
- Oblação.
- O poeta.
- A gota de orvalho.
- Para já não vamos levantar a nossa tenda.
- Canção da primavera.
- No meio da tarde.
Outros precursores do voto feminino na América Latina
Matilde Hidalgo foi a líder do movimento feminista no Equador na década de 1920, década em que outras nações sul-americanas também avançaram no reconhecimento do voto universal.
Algumas das ativistas eleitorais mais proeminentes foram Paulina Luisi (1975-1950) no Uruguai, que foi o primeiro país a aprovar o sufrágio feminino; Bertha Lutz (1894-1976), no caso do Brasil; Elvia Carrillo Puerto (1878-1967), sufragista mexicana ou Eva Duarte de Perón (1919-1952) e a citada Alicia Moreau (1885-1986) na Argentina.
Referências
- Hernández, Hortensia. Matilde Hidalgo Navarro, a primeira mulher da América Latina a exercer o direito de voto em maio de 1924. Obtido em heroinas.net
- Universidade de Cuenca. Matilde Hidalgo. Obtido em ucuenca.edu.ec
- Barba Pan, Montserrat. Matilde Hidalgo, a primeira mulher latina a votar. Obtido em aboutespanol.com
- Revolvy. Matilde Hidalgo. Obtido em revolvy.com
- Adams, Jad. Mulheres e o voto: uma história mundial. Recuperado de books.google.es
- Kim Clark, A. Gênero, Estado e Medicina nas Terras Altas do Equador: Modernizando as Mulheres. Modernizando o Estado. Recuperado de books.google.es.