As 4 principais teorias da agressão: como você explica a agressão? - Psicologia - 2023
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Contente
- Teorias de agressividade
- 1. Determinismo biológico e teorias instintivas
- 2. Explicações ambientais
- 3. Aprendizagem social
- 4. Teoria psicossocial
- Agressão ou violência?
- Intencionalidade, violência e emoções
- Interseções de agressão e violência: existem tipos de agressão?
A agressão é um fenômeno que tem sido estudado de muitas perspectivas diferentes. Elas tendem a girar em torno da mesma pergunta: a agressividade é inata, aprendida ou ambas? E, dada a dificuldade de dar uma resposta única e clara, as respostas têm se posicionado nas mesmas três dimensões: há quem sugira que a agressividade é um fenômeno inato, há quem defenda que é um fenômeno aprendido e há quem tenta compreendê-lo a partir da convergência entre natureza e cultura.
Em seguida, faremos um tour geral de algumas das principais teorias de agressão e incorporamos a possibilidade de distinguir entre dois fenômenos que tendem a ser pareados: agressividade e violência.
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Teorias de agressividade
As teorias que explicaram a agressão passaram por diferentes elementos. Por exemplo, o caráter intencional da agressão, as consequências aversivas ou negativas para os envolvidos, a diversidade de expressão do fenômeno, os processos individuais que o geram, os processos sociais envolvidos, entre muitos outros.
Neste texto fazemos uma leitura de Doménech e Iñiguez (2002) e Sanmartí (2006), com o intuito de revisar quatro das grandes propostas teóricas que explicam a agressividade.
1. Determinismo biológico e teorias instintivas
Está linha enfatiza a distinção da agressividade. A explicação é dada principalmente por elementos entendidos como "interiores" e constitutivos da pessoa. Em outras palavras, a causa da agressão se explica justamente pelo que está “dentro” de cada pessoa.
O anterior é geralmente condensado sob o termo "instinto", entendido como uma faculdade necessária à sobrevivência da espécie, com a qual a agressividade se define em termos do processo adaptativo, desenvolvido como consequência da evolução. De acordo com a leitura que se faz deste último, pode haver pouca ou nenhuma possibilidade de modificação das respostas agressivas.
Podemos ver que esta última corresponde a teorias próximas tanto da psicologia quanto da biologia, bem como teorias evolucionistas, porém, o termo "instinto" também foi entendido de diferentes maneiras dependendo da teoria que o utiliza.
No caso da psicanálise freudiana, a agressividade como instinto, ou melhor, "pulsão" (que equivale a "instinto" para o psiquismo), foi entendida como uma chave na constituição da personalidade. Ou seja, tem funções importantes na estruturação psíquica de cada sujeito, bem como no suporte de dita estrutura de uma forma ou de outra.
2. Explicações ambientais
Essa linha explica a agressividade como resultado do aprendizado e de vários fatores ambientais complexos. Agrupam-se aqui uma série de estudos que explicam a agressividade como consequência de um elemento externo que é o principal gatilho. Ou seja, antes da agressão, ocorre outra vivência, relacionada a um acontecimento externo à pessoa: frustração.
Esta última é conhecida como teoria da frustração-agressão e explica que, assim como as teorias instintivas propostas, a agressividade é um fenômeno inato. No entanto, depende sempre se a frustração é gerada ou não. Por sua vez, a frustração é geralmente definida como a consequência de não ser capaz de realizar uma ação conforme previstoNesse sentido, a agressividade serve como um alívio para altos níveis de frustração.
3. Aprendizagem social
A base das teorias que explicam a agressividade da aprendizagem social é o behaviorismo. Nestes, a causa da agressividade é atribuída ao que foi associado na presença de um determinado estímulo, bem como ao reforço que veio após a ação que se segue a essa associação.
Em outras palavras, a agressividade é explicada sob a fórmula clássica de condicionamento operante: a um estímulo há uma resposta (um comportamento), e a este há uma consequência, que dependendo de como se apresenta pode gerar a repetição do comportamento, ou extingui-lo. E, nesse sentido, é possível levar em consideração quais estímulos e quais reforços são aqueles que desencadeiam determinado tipo de comportamento agressivo.
Talvez a mais representativa das teorias de aprendizagem social tenha sido a de Albert Bandura, que desenvolveu a "teoria da aprendizagem vicária", onde propõe que aprendamos certos comportamentos com base nos reforços ou punições que vemos outras pessoas receberem, após realizarmos certos comportamentos.
A agressão, então, pode ser uma consequência de comportamentos aprendidos por imitação, e por ter assimilado as consequências observadas nos comportamentos dos outros.
Entre outras coisas, as teorias de Bandura permitiram que dois processos fossem separados: por um lado, o mecanismo por meio do qual aprendemos o comportamento agressivo; e de outro, o processo pelo qual somos capazes, ou não, de executá-lo. E com este último, torna-se possível entender por que, ou em que condições, sua execução pode ser evitada, além do fato de que a lógica e a função social da agressividade já foram apreendidas.
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4. Teoria psicossocial
A teoria psicossocial tornou possível relacionar duas dimensões do humano, que pode ser essencial para entender a agressividade. Essas dimensões são, por um lado, processos psicológicos individuais e, por outro, fenômenos sociais, que, longe de agirem isoladamente, interagem intimamente, e têm como consequência a ocorrência de um comportamento, uma atitude, uma identidade específica, etc. .
Na mesma linha, a psicologia social, e especialmente a da tradição socioconstrucionista, tem prestado atenção a um elemento-chave nos estudos sobre agressividade: para determinar qual comportamento é agressivo, primeiro deve haver uma série de normas socioculturais Eles indicam o que é entendido como “agressão” e o que não é.
E, nesse sentido, o comportamento agressivo é o que transgride a norma sociocultural. E mais: um comportamento pode ser entendido como "agressivo" quando provém de uma pessoa específica, e pode não ser entendido da mesma forma quando provém de outra.
O exposto nos permite pensar a agressão em um contexto que, sendo social, não é neutro, mas é sustentado por relações de poder e determinadas possibilidades de agência.
Em outras palavras, e desde a agressividade nem sempre se manifesta como comportamento observávelÉ importante analisar as formas que o representam, manifestar e vivenciar. Isso nos permite considerar que a agressividade só ocorre quando se estabelece uma relação, com a qual dificilmente pode ser explicada em termos individuais ou com nuances homogêneas que se aplicam a todas as relações e experiências.
A partir daqui, a psicologia social explicou a agressão como um comportamento localizado em um contexto concreto de relacionamentos. Da mesma forma, as tradições mais clássicas o entendem como um comportamento que causa danos intencionalmente. Este último nos leva a colocar o seguinte problema, que é a possibilidade de estabelecer diferenças entre agressividade e violência.
Agressão ou violência?
A agressão tem sido traduzida por muitas teorias como "comportamento agressivo", que em outras palavras é a ação de atacar. E neste sentido, é frequentemente equiparado ao conceito de "violência". A partir disso, é comum constatar que agressividade e violência são apresentadas e utilizadas como sinônimos.
Sanmartí (2006; 2012) fala sobre a necessidade de apontar algumas diferenças entre os dois fenômenos. Essa necessidade nos leva a distinguir entre o envolvimento da biologia e a intencionalidade de cada processo, bem como contextualizá-los no quadro das instituições sociais que participam da sua produção e reprodução; o que implica reconhecer o caráter humano e social. Caráter que a própria resposta adaptativa ou de defesa (agressividade) não possui sozinha.
Para o mesmo autor, a agressividade é um comportamento que ocorre automaticamente diante de determinados estímulos e, portanto, é inibida diante de outros estímulos. E, nesse sentido, a agressividade pode ser entendida como um processo adaptativo e defensivo, comum aos seres vivos. Mas isso não é o mesmo que violência. Violência é "agressividade alterada", ou seja, uma forma de agressividade carregada de significados socioculturais. Esses significados fazem com que ele se desenvolva não automaticamente, mas intencionalmente e potencialmente prejudicial.
Intencionalidade, violência e emoções
Além de ser a resposta biológica a estímulos potencialmente arriscados para a sobrevivência, a violência põe em ação os significados socioculturais que atribuímos a determinados eventos entendidos em termos de perigo. Nesse sentido podemos pensar que a violência é um comportamento que só pode ocorrer entre seres humanos, enquanto agressividade ou comportamento agressivo, são respostas que também podem ocorrer em outras espécies.
Nessa compreensão da agressividade, as emoções, como o medo, desempenham um papel ativo e relevante, também entendido em termos inatos como um esquema adaptativo e um mecanismo de sobrevivência. O que nos leva a considerar que tanto o medo quanto a agressividade podem ser pensados além de "bons" ou "maus".
Interseções de agressão e violência: existem tipos de agressão?
Se é possível olhar a agressividade do ponto de vista dos processos pelos quais uma pessoa se torna competente para a sociedade (socialização), podemos também prestar atenção aos diferentes fenômenos e experiências que são diferentes, por exemplo, devido a diferenças de classe, raça, gênero, status socioeconômico, deficiênciaetc.
Nesse sentido, a experiência que causa frustração e desencadeia comportamentos agressivos, que depois podem ser violentos, pode não ser desencadeada da mesma forma em mulheres ou homens, em crianças ou adultos, em alguém de classe alta e em alguém de classe alta. baixo, etc.
Isso porque nem todas as pessoas se socializaram em relação aos mesmos recursos para viver e expressar tanto a frustração quanto a agressividade da mesma forma. E pelo mesmo motivo, a abordagem também é multidimensional e é importante inseri-la no contexto relacional onde é gerada.