Teocentrismo: Idade Média, características e fim - Ciência - 2023


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Teocentrismo: Idade Média, características e fim - Ciência
Teocentrismo: Idade Média, características e fim - Ciência

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o teocentrismo é uma doutrina que considera a divindade como o centro do universo. Essa consideração abrange todas as áreas da vida, desde o filosófico ao político. Assim, todos os aspectos sociais, científicos, culturais ou de poder estão sujeitos à vontade divina.

Essa forma de compreender a realidade não é exclusiva de nenhuma religião específica, pois pode se basear em qualquer crença. No caso do Cristianismo, a época em que o teocentrismo foi mais amplamente aplicado foi durante a Idade Média na Europa.

Naquela época, a sociedade europeia era totalmente centrada em Deus. As monarquias existentes foram justificadas por vontade divina e as classes eclesiásticas tiveram, em muitas ocasiões, o poder de reforçar ou remover os monarcas.


O mesmo acontecia na esfera cultural, em que muitas obras eram proibidas por contrariar os ensinamentos religiosos, ou na científica, em que os pesquisadores viam suas obras proibidas e suas vidas em risco se suas descobertas parecessem contradizer o que estava escrito. na Bíblia. A partir do século XV, esse sistema perdeu força com o surgimento do humanismo.

Teocentrismo na Idade Média

O termo teocentrismo vem das palavras gregas "teo", Que significa deus,"kentron", Que traduzido seria center e"ismo”, Que se refere a doutrinas. Ao todo, seria aquela doutrina em que Deus é o centro.

A Igreja como centro de poder

Após a queda do Império Romano, a Igreja Católica tornou-se o centro do poder no continente. Seus mosteiros eram os únicos lugares onde a educação era ministrada e os reis justificavam seu direito ao trono pela religião.


Naquela época, a maioria da população era analfabeta, o que tornava necessária a existência de uma classe social para explicar as Sagradas Escrituras. Os padres assumiram esse papel, adquirindo assim um poder fundamental sobre o povo.

Além de legitimar os reis, os representantes da Igreja decidiam quais pensamentos eram corretos e puniam aqueles que consideravam contrários à religião. Esse controle não era apenas social, mas estendido à educação e à ciência. Qualquer desvio da ortodoxia foi eliminado rapidamente.

Características do teocentrismo

Conforme observado, o teocentrismo é definido como a doutrina de que Deus é o centro do universo. Embora a Idade Média não tenha sido a única época da história em que foi o sistema filosófico dominante, aquela época tornou-se um dos melhores exemplos, principalmente pelo poder adquirido pela Igreja em todas as áreas.

O teocentrismo medieval abrangia tudo o que existia. Tudo se explicava pela vontade divina e pelo misticismo, que estava acima de qualquer tipo de razão científica. Esse pensamento perdurou até a chegada do Renascimento, quando os filósofos passaram a colocar o ser humano como centro da criação, sem negar a importância da religião.


Deus como o centro e criador do universo

Na Idade Média, o teocentrismo fez com que Deus fosse considerado não apenas como o criador do universo, mas também como seu centro. Todos os aspectos da vida, da cultura à ciência, tiveram que se submeter às doutrinas religiosas explicadas pelo clero.

Supremacia da fé

Nesse tipo de doutrina, a fé está acima da razão. Desse modo, era comum que alguns cientistas, como Miguel Servetus, fossem punidos por apresentarem achados contrários ao que estava recolhido na Bíblia.

Por outro lado, a Igreja usou a fé para mobilizar as massas e transformou-a em uma ferramenta para ganhar o controle político. Líderes religiosos e espirituais se multiplicaram e conseguiram mobilizar o povo para, por exemplo, marchar para as cruzadas.

Teocentrismo e poder

No aspecto político, a Idade Média foi caracterizada pela participação da Igreja e do clero nos governos.

A Igreja, graças ao poder adquirido e à sua capacidade de influenciar o povo, decidiu aspectos como a posse das terras e os impostos a pagar. A própria instituição tornou-se proprietária de grandes extensões de terras.

Essa acumulação de poder havia começado antes mesmo do desaparecimento do Império Romano e com o tempo foi se fortalecendo até impor uma sociedade teocrática.

Os próprios monarcas, apesar de seu poder, deveriam receber a bênção da Igreja e os imperadores eram coroados pelos papas ou sumos sacerdotes. A instituição eclesiástica estabeleceu uma série de organismos para controlar que não houvesse desvios da ortodoxia. O mais conhecido foi a Santa Inquisição.

Desta forma, a Igreja garantiu que a realidade não mudasse. As relações humanas já eram predeterminadas pelas Sagradas Escrituras e qualquer tentativa de mudança era considerada um afastamento da ordem divina.

Fim do teocentrismo

O fim do teocentrismo ocorreu quando surgiu uma corrente filosófica que afirmava a centralidade do ser humano na existência. Essas ideias estavam ligadas ao Renascimento, período histórico que surgiu durante os séculos XV e XVI.

O próprio nome da Renascença fazia referência ao renascimento dos ideais clássicos contra o obscurantismo teocêntrico da Idade Média.

Naquela época, foram muitas as mudanças e descobertas que deram lugar à modernidade: o surgimento de novos Estados na Europa; as descobertas de novas terras; a ascensão da burguesia; e importantes avanços tecnológicos e científicos.

A nova forma de conceber o mundo foi favorecida pelo fim da exclusividade dos mosteiros sobre a educação e a cultura. A liberdade de pensamento também cresceu e as universidades foram fundadas.

A invenção da imprensa, que permitiu que os livros fossem publicados e distribuídos com mais facilidade, foi um aspecto fundamental dessas mudanças.

Do teocentrismo ao humanismo

A frase do filósofo grego Protágoras "o homem é a medida de todas as coisas" poderia definir o pensamento que surgiu durante o Renascimento para deixar para trás o teocentrismo. Naquela época, foi feita uma tentativa de separar a razão da fé.

A corrente filosófica que substituiu o teocentrismo foi o humanismo, que colocou o homem como o centro de todas as coisas. Os pensadores recuperaram os ensinamentos clássicos dos filósofos gregos e romanos, que haviam sido proibidos em grande parte pela Igreja.

Com essa nova visão da realidade, a sociedade foi se tornando mais aberta e dinâmica. Avanços também foram feitos em vários campos do conhecimento, sem o temor de que seus descobridores fossem acusados ​​de ir contra a religião.

Desta forma, a teoria heliocêntrica pôde ser publicada e descobertas como o telescópio e a imprensa foram apresentadas.

Referências

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