Neoliberalismo na Colômbia: características, autores, consequências - Ciência - 2023


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Neoliberalismo na Colômbia: características, autores, consequências - Ciência
Neoliberalismo na Colômbia: características, autores, consequências - Ciência

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o neoliberalismo na Colômbia Começou a ser implantado no início dos anos 90, durante a presidência de César Gaviria. Esta filosofia econômica defende uma participação nula do Estado na regulação de todas as atividades relacionadas à economia.

O neoliberalismo defende que apenas a iniciativa privada deve ter lugar na economia, mesmo em setores como saúde ou educação. Foi criado em 1930 por um grupo de liberais europeus que queria superar o liberalismo tradicional. Anos depois, ele chegou ao Chile de Pinochet, patrocinado, em grande parte, pelos Estados Unidos.

Na Colômbia, como em grande parte da América Latina, a economia teve um forte componente protecionista. Os altos preços de produtos como o café permitiram que os dados macroeconômicos fossem bons, mas diferentes crises afetaram fortemente o país. Por isso, mudou sua política para uma mais liberal.


O plano lançado por César Gaviria foi denominado "Abertura Económica" e implicou privatizações, desregulamentação e alterações fiscais. Os resultados, embora contestados pelos economistas de acordo com sua tendência ideológica, têm sido mistos. Por um lado, significou crescimento econômico, mas, por outro, aumentou a desigualdade social.

O que é neoliberalismo?

O neoliberalismo é uma doutrina que defende uma ampla liberalização da economia, o livre comércio, a redução dos gastos públicos e, em geral, que o Estado não intervenha na sua regularização.

Dessa forma, o setor privado passaria a desempenhar papéis que, tradicionalmente, têm sido de autoridade de cada Estado.

A justificativa da doutrina, segundo autores neoliberais, é que o intervencionismo estatal torna as atividades econômicas menos dinâmicas, sendo o setor privado muito mais efetivo.

Origem

A queda no descrédito do liberalismo clássico após a Grande Depressão levou um grupo de economistas a formular uma nova doutrina. Esses autores não apoiavam a intervenção do Estado na economia, por isso se opunham à tendência da época, o keynesianismo. O resultado foi o neoliberalismo.


Esse conceito não se popularizou até a década de 1980, quando a Escola de Chicago ajudou a implantá-lo no Chile da ditadura de Pinochet. Além disso, foi favorecido pela chamada Revolução Conservadora, promovida por Ronald Reagan nos Estados Unidos e por Margaret Thatcher no Reino Unido.

Situação anterior da economia colombiana

Na década de 1950, a economia colombiana se beneficiou da alta dos preços de seu principal produto de exportação: o café. Isso permitiu que o país tivesse recursos para financiar o setor industrial.

Quando os preços do café caíram, o estado teve que aumentar sua política protecionista para que a economia não entrasse em colapso.

A escassa diversificação dos produtos exportados e a dependência do café para obtenção de divisas levaram ao início de um processo de promoção de exportações. Desta forma, as medidas protecionistas foram completadas com outras que visam aumentar a quantidade de produtos à venda no exterior.


Essa tática valeu a pena. O PIB quadruplicou e, embora com altos e baixos, a Colômbia conseguiu superar o superávit em relação ao gasto público no início deste período.

A inflação, por sua vez, manteve-se em níveis toleráveis. A crise dos anos 1980, que afetou fortemente a região, não teve consequências muito graves para a Colômbia graças ao bom desempenho da indústria e, em grande parte, aos dólares do narcotráfico.

Consenso de Washington

A influência americana foi fundamental para a implantação do neoliberalismo na Colômbia. O exemplo mais claro foi o chamado Consenso de Washington, uma série de medidas criadas pelo economista John Williamson em 1989. O objetivo era oferecer um conjunto de reformas para os países em desenvolvimento.

As medidas propostas exigiam a liberalização da economia em todas as suas áreas, a redução do papel do Estado e a expansão das forças de mercado.

Virgilio Barco Vargas

O primeiro presidente colombiano a seguir essas medidas foi Virgilio Barco, embora, na realidade, as reformas sejam atribuídas a seu ministro da Economia, César Gaviria.

Abertura econômica

O substituto de Barco na presidência do país foi, justamente, César Gaviria. Ele acelerou as reformas e defendeu um plano chamado "abertura econômica", repleto de medidas neoliberais. Seu Ministro da Fazenda, Rudolf Hommes, teve papel fundamental na materialização dessa nova política.

Com esse programa, o governo buscou integrar o país ao processo de globalização econômica no âmbito do já citado Consenso de Washington.

No início, as reformas provocaram a falência de algumas indústrias colombianas, enquanto outras foram privatizadas. O resultado foi desigual, com benefícios para alguns setores e prejuízos para outros.

Caracteristicas

O neoliberalismo na Colômbia tem algumas das características gerais que são atribuídas a essa doutrina. Além disso, outros são exclusivos do país.

Segundo alguns autores, como o próprio Rudolf Hommes, na Colômbia não existe neoliberalismo puro. Para este político, é uma doutrina tão extrema que só pode ser aprovada por alguns intelectuais de direita.

Redução do papel do estado

Conforme essa doutrina estabelece, o papel do Estado na economia foi reduzido ao mínimo. A iniciativa privada foi fortalecida em todos os setores, incluindo saúde e educação, e as regulamentações foram relaxadas ao máximo.

Banco central

A Constituição de 1991, rotulada de neoliberal por muitos autores, estabeleceu um novo desenho para o Banco Central. Em primeiro lugar, foi instituída a figura das entidades autônomas independentes, entre elas o Banco de la República. Sua primeira função era manter o poder de compra da moeda.

Desta forma, o Estado perdeu o controlo da política monetária, que permaneceu nas mãos daquela entidade independente. Segundo alguns especialistas, isso significa abrir mão do controle da inflação. Da mesma forma, partiu do pressuposto de que o governo não tinha possibilidade de ordenar a emissão de moeda para programas sociais ou investimentos públicos.

Competição econômica livre

A mesma Constituição estabeleceu a livre concorrência econômica como direito fundamental. Isso significa que o Estado não pode ser proprietário de empresas exclusivamente, nem mesmo em setores considerados estratégicos.

Dois exemplos dessa regulamentação foram a privatização dos serviços públicos nacionais e do sistema elétrico nacional, ambos em 1994.

Integração econômica

A integração econômica também foi incluída como um dos mandatos constitucionais. Isso significava que o país poderia fazer parte de todos os tipos de acordos de livre comércio. Ficou até estabelecido que poderia ser integrado provisoriamente sem a aprovação do Congresso.

Aumento de IVA

Embora, em princípio, os neoliberais sejam contra todos os tipos de impostos, na prática eles preferem aumentar o IVA do que fazer o mesmo com o imposto de renda. Na Colômbia, o aumento foi de 10% a 12% nos produtos normais e até 45% nos produtos de luxo.

Autores representativos

César Augusto Gaviria Trujillo

César Augusto Gaviria Trujillo é um economista e político colombiano que serviu como presidente do país entre 1990 e 1994.

Antes disso, foi chefe do Ministério da Fazenda durante a presidência de Barco Vargas. Já então, ele lançou as primeiras medidas neoliberais na Colômbia. Posteriormente, como Ministro do Governo, promoveu a reforma constitucional que daria origem à Carta Magna de 1991.

Como presidente, lançou o programa "economia aberta", com uma série de medidas destinadas a integrar a Colômbia à globalização econômica por meio de políticas de redução de gastos públicos e de liberalização e privatização dos setores econômicos.

Rudolf Hommes Rodriguez

Nascido em Bogotá, Rudolf Hommes Rodríguez é um economista colombiano que ocupou o Ministério da Fazenda durante o governo presidido por César Gaviria.

A partir dessa posição, Hommes se encarregou de dirigir as políticas que buscavam a abertura do mercado colombiano. Entre suas obras estão a reestruturação do sistema bancário colombiano e a imposição da privatização do Banco de Colombia.

Alvaro Uribe

Os governos de Uribe, Pastrana e Santos deram continuidade às mesmas políticas neoliberais implantadas por Gaviria.

No caso de Uribe, e para além da esfera puramente econômica, uso esse conceito para estabelecer a ideia de que a Colômbia foi o único país da região que se afastou das políticas protecionistas que vinham tendo sucesso em outras nações.

Entre suas medidas específicas, destacam-se as duas reformas tributárias, a reorganização do Estado, o pedido de empréstimos do Banco Mundial, um decreto salarial e diversos reajustes nos preços dos combustíveis.

Consequências

As reformas econômicas neoliberais caracterizam a política colombiana desde a década de 1990. Com elas, o país liberalizou os mercados, ganhando eficiência.

No entanto, as consequências têm sido desiguais, com benefícios e perdas dependendo dos setores sociais.Além disso, em uma questão tão politizada, as classificações variam enormemente dependendo da ideologia dos especialistas.

Dados macroeconômicos

Os dados macroeconômicos, como acontece na maioria dos países com políticas neoliberais, são bastante positivos.

Dessa forma, a renda per capita em 2010 é mais do que o dobro de 1992. A inflação, por sua vez, passou de 32% em 1990 para 3,17% em 2000.

Não tão positivos são os números da dívida externa. De acordo com o relatório apresentado pelo Banco de la República em 2000, esse montante ascende a 36.000.000.000 milhões de dólares, dos quais 24.490 milhões correspondem ao sector público.

Em porcentagem, essa dívida equivale a 41,3% do PIB, algo que os especialistas consideram preocupante. Isso levou a ajustes adicionais na política econômica e fiscal.

Importação e exportação

O governo Gaviria decretou alguns pequenos ajustes nas importações e tarifas. No entanto, os resultados quase não foram notados.

A redução tarifária subsequente também não produziu os resultados esperados, funcionando bem abaixo do que o Banco Mundial havia previsto. Em vez de melhorar, as importações diminuíram.

Taxa de desemprego

Uma das maiores críticas ao neoliberalismo é seu impacto no emprego, pois tende a reduzir os direitos trabalhistas e empobrecer os trabalhadores. A Colômbia não foi exceção.

Assim, em 10 anos, as taxas de desemprego passaram de 10% para 20%. Posteriormente os números foram reduzidos, mas em troca da existência, segundo o DANE, de mais de 8 milhões de desempregados.

Níveis de pobreza e desigualdade

A outra grande crítica ao neoliberalismo é que ele tende a aumentar os níveis de pobreza e desigualdade, apesar dos bons índices de crescimento econômico.

Além da já mencionada geração de empregos precários, as dificuldades enfrentadas por parte da população no acesso à educação de qualidade e à saúde pública são fatores muito importantes para que a desigualdade não diminua.

Referências

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