Liberalismo econômico: história, características, representantes - Ciência - 2023


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Liberalismo econômico: história, características, representantes - Ciência
Liberalismo econômico: história, características, representantes - Ciência

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o euliberalismo econômico É uma doutrina que apareceu na Grã-Bretanha no século XVIII. O aspecto político do liberalismo teve sua origem na busca de direitos contra as classes altas do Antigo Regime. Em economia, o principal teórico foi Adam Smith.

A Revolução Industrial mudou a estrutura social e econômica da Inglaterra da época, fazendo com que a burguesia ganhasse muito poder. Isso colidiu com os privilégios ainda usufruídos pelas classes altas e, por extensão, o estado representado pelo rei.

Embora já existissem alguns precedentes teóricos, o liberalismo foi a doutrina que mais se consolidou. Afirmou que não deveria haver regulamentação estatal que afetasse a economia.

O agente mais importante era o indivíduo e, a partir das características que os liberais lhe atribuíam, seu esforço para ganhar dinheiro faria beneficiar toda a sociedade.


Apesar de, ao longo do tempo, o liberalismo econômico ter tido tempos mais influentes do que outros, nos séculos 20 e 21 ele se estabeleceu como a principal teoria econômica. Alguns autores, entretanto, apontam que, realmente, a partir da década de 70 do século passado, surgiu um novo conceito: o neoliberalismo.

História

A origem do liberalismo econômico está no século XVIII. Seguindo os postulados do liberalismo, tentou acabar com os múltiplos privilégios de que ainda gozavam a nobreza, o clero e, claro, a monarquia.

Por outro lado, a doutrina também se opunha a uma das ideologias econômicas em voga na época: o mercantilismo. Isso era a favor da intervenção do Estado nas questões econômicas.

Já no século XVII surgiram alguns filósofos cujas ideias se aproximavam desse liberalismo. John Locke é freqüentemente considerado uma das influências de autores posteriores que definiram a doutrina.


Contexto histórico

Conforme observado acima, o estado era o regulador de todas as decisões e estruturas econômicas da época. Diante disso, e em plena Revolução Industrial, surgiram pensadores que propunham justamente o contrário.

Nos primeiros anos desta revolução, os liberais econômicos refinaram suas idéias sobre como construir um modelo que se assemelhasse à sociedade que estava sendo criada.Assim, a liberdade individual prevaleceu cada vez mais, com um Parlamento que conseguiu reduzir os poderes do monarca.

Naquela época, com mais liberdade política do que o resto da Europa, os britânicos passaram a cuidar da economia e do crescimento individual.

Laissez-faire

O liberalismo econômico partiu da ideia de que o indivíduo sempre busca o seu próprio benefício. Essa busca, junto com a do restante da população, faz com que a sociedade acabe se beneficiando. Portanto, o Estado não deve interferir nas relações econômicas ou, em qualquer caso, que essa intervenção seja mínima.


A frase usada para resumir a doutrina foi laissez faire, laissez passer, que em francês significa deixar ir, deixar ir. Na verdade, o lema já havia sido usado pelos fisiocratas, mas o liberalismo acabou se apropriando dele.

Com o laissez faire, o mercado não deve ter qualquer regulamentação além do que os indivíduos decidem. Da mesma forma, defendeu a total liberdade de trabalhadores e empregadores para chegarem a acordos contratuais, sem que o Estado tenha que estabelecer normas para defendê-los.

A riqueza das Nações

a obra publicada em 1776 por Adam Smith, "The Wealth of Nations", é considerada o início do liberalismo econômico. Sua influência é tal que marca o momento em que começou a falar de economistas clássicos.

Smith, como outros economistas antes dele, pretendia estudar a melhor forma de enriquecer a sociedade e, com ela, o Estado. No entanto, ao contrário de outras correntes, ele chegou à conclusão de que era o indivíduo que deveria ter todo o controle sobre as relações econômicas.

Para ele, o enriquecimento estatal era posterior ao indivíduo, como dizia: “Quando você trabalha para si mesmo, você serve a sociedade de forma mais eficaz do que se trabalha pelo interesse social”.

Adam Smith considerava inútil, e até perniciosa, a intervenção dos poderes do Estado no campo da economia. Aspectos como oferta ou demanda eram os que deveriam regular as atividades comerciais, sem padrões mais elevados.

Para explicá-lo, ele introduziu a metáfora da mão invisível. Segundo ele, os egoísmos individuais em busca do máximo lucro possível são conduzidos pela mão invisível do mercado para favorecer a sociedade como um todo.

Século XIX

O aumento da produção e o surgimento da burguesia industrial levaram a um grande aumento dos mercados mundiais. O liberalismo, com sua ideia de não intervenção estatal, conquistou o apoio de comerciantes, investidores e, claro, dos próprios donos das indústrias.

Os governos foram forçados a promulgar leis econômicas liberais, eliminando tarifas e permitindo que os bens circulassem livremente.

Até o final do século 19, o liberalismo econômico foi o sistema que prevaleceu sobre todos os outros, e seus primeiros resultados convenceram muitos. No entanto, no final do século, a desaceleração da economia começou a mostrar algumas de suas fragilidades.

O mais visível foi a criação de desigualdades na sociedade. Autores como Charles Dickens mostraram alguns dos efeitos da desregulamentação total, com camadas da população mergulhadas na pobreza ou com crianças tendo que trabalhar desde muito jovens.

Essas situações levaram os governantes, a começar pelos conservadores, a introduzir alguns limites às atividades econômicas. Alguns teóricos do chamado Novo Liberalismo começaram a exigir alguns regulamentos que corrigissem os efeitos negativos.

Movimentos trabalhistas e liberalismo

No início, a burguesia e o proletariado não estavam em conflito. A existência de um inimigo comum, a nobreza, os tornou aliados contra ele.

Isso mudou quando o liberalismo econômico emergiu como a doutrina dominante. A falta de direitos dos trabalhadores levou ao surgimento de movimentos socialistas que buscavam maior igualdade social.

Desta forma, liberalismo e socialismo e comunismo, tornaram-se ideologias inimigas. O século 20 foi palco da luta entre essas doutrinas.

Crise de 29 e New Deal

A Grande Depressão Econômica de 1929 não ajudou precisamente a tornar o liberalismo econômico mais popular. De fato, cresceu uma tendência que exigia maior controle do Estado sobre a economia para que os excessos que provocaram a crise não voltassem a ocorrer.

A saída dessa crise veio das mãos de uma economia que, embora tivesse raízes liberais, pegou parte das receitas do socialismo.

John Maynard Keynes, o economista mais influente da época, foi o autor teórico do chamado New Deal. Nisso, o investimento público foi utilizado como principal arma para a retomada do crescimento econômico.

Guerra Fria

O fim da Segunda Guerra Mundial deu origem a um mundo bipolar. O liberalismo-capitalismo e o comunismo competiam política e economicamente.

Durante a maior parte dos anos da chamada Guerra Fria, a maioria dos países (exceto os do bloco comunista) desenvolveu economias liberais, mas com certas nuances.

Segundo muitos historiadores, o medo da expansão do comunismo fez com que, principalmente na Europa, muitos países optassem por criar o chamado Estado de Bem-Estar. Estes, com uma operação baseada no liberalismo econômico, estabeleceram os serviços públicos próximos aos sistemas mais estatistas.

A saúde, a educação ou a proteção do Estado aos desempregados romperam com as ideias mais ortodoxas do liberalismo econômico.

A situação permaneceu mais ou menos a mesma, apesar da força das escolas liberais como a austríaca. O equilíbrio só começou a se quebrar na década de 1970. Nessa década, líderes como Margaret Thatcher e Ronald Reagan deram início à chamada Revolução Conservadora.

No entanto, muitos autores consideram que o sistema econômico que prevaleceu a partir de então foi o neoliberalismo, uma variante do liberalismo original.

Caracteristicas

O liberalismo econômico parte de uma ideia muito específica sobre a natureza humana. Para os adeptos dessa doutrina, o indivíduo busca, principalmente, o seu próprio bem-estar. Segundo os liberais, o ser humano é eminentemente egoísta. o bem-estar dos outros sendo muito secundário.

É uma filosofia muito individualista, embora de acordo com suas teorias a busca pela riqueza individual deva redundar no bem comum.

Auto-regulação do mercado

Um de seus principais pontos doutrinários é que o mercado pode funcionar sem nenhuma interferência externa.

Assim, a lei da oferta e demanda é um dos aspectos mais valorizados para estabelecer o custo dos produtos. Da mesma forma, alguns teóricos apontam que o valor é dado pela conjunção do custo do trabalho e da valorização do consumidor.

Por não precisar de regulamentação, o liberalismo deixa o Estado fora da equação. Isso só teria seu lugar na construção de infraestrutura ou segurança nacional.

Concorrência

A competição, seja entre indivíduos ou entre empresas, é um dos eixos sobre os quais a economia se move segundo essa teoria. Deve ser estabelecido sem qualquer tipo de distorção regulatória, de forma livre e completa.

O resultado deve ser o benefício do consumidor. Em teoria, os preços cairiam e a qualidade aumentaria, pois as empresas teriam dificuldade em vender mais.

Já para o indivíduo, essa competência seria transferida para os trabalhadores. Apenas o mais apto seria capaz de conseguir os melhores empregos.

Propriedade privada

A propriedade privada dos meios de produção é uma das características mais importantes do liberalismo. O Estado não deve possuir nenhuma empresa em seu nome.

Também não pode ser o dono das matérias-primas do território. Tudo isso tem que ser colocado nas mãos de empresas privadas.

Principais personagens

Adam Smith (1723-1790)

O britânico Adam Smith é considerado um dos fundadores do liberalismo econômico. Seu principal trabalho foi "Pesquisa sobre a natureza e as causas da riqueza das nações", popularmente conhecida como "A riqueza das nações".

Nesse livro, ele estabeleceu alguns dos fundamentos da doutrina liberal. Para começar, ele afirmou que os mercados regulados pelo estado eram menos eficientes do que aqueles baseados na competição privada. Ele era a favor, portanto, da eliminação de tarifas, a maioria dos impostos e outros tipos de regulamentos.

Smith estudou a distribuição da riqueza, observando que quanto mais comércio, mais aumenta a renda dos cidadãos.

Uma de suas contribuições mais conhecidas é o conceito de "mão invisível". Era a forma de convocar a força pela qual a busca pela riqueza individualmente acabava tendo repercussões em uma sociedade mais rica.

David Ricardo (1772-1823)

Seus estudos se concentraram em como o valor dos salários, aluguéis ou propriedades é estabelecido. Seu trabalho mais importante foi intitulado "Princípios de economia política e tributação".

Nele, ele levantou questões como a valorização da sociedade, por que aumenta o aluguel da terra e as vantagens do livre comércio.

Ele é considerado um dos pais da macroeconomia devido à sua análise da relação entre salários e benefícios. Da mesma forma, ele foi o pioneiro da lei dos rendimentos decrescentes.

Sua contribuição, especialmente sua crença de que os trabalhadores dificilmente ultrapassariam os salários de subsistência, o colocou entre os chamados "pessimistas". Na verdade, o próprio Karl Marx obteve parte de sua influência.

John Maynard Keynes (1883-1946)

Apesar de não estar entre os teóricos mais ortodoxos do liberalismo econômico, a obra de Keynes teve grande importância no século XX. Partindo da mesma doutrina, concluiu que o sistema capitalista não era capaz de oferecer uma situação de pleno emprego.

Suas obras serviram para superar a Grande Depressão. Para isso, o Estado estimulou a economia injetando dinheiro público para estimular a demanda interna.

Friedrich Von Hayek (1899-1992)

Ele fazia parte da chamada Escola Austríaca de Liberalismo. Ele foi um dos economistas mais influentes da segunda metade do século XX.

Sua filosofia combina liberalismo econômico com liberdade individual. Isso o distingue do neoliberalismo posterior, que preferia governos politicamente fortes.

Essa defesa do individualismo o levou a enfrentar todo tipo de intervencionismo, começando pelo das sociedades comunistas. Sua influência foi fundamental para a Revolução Conservadora de Thatcher e Reagan, bem como para as políticas desenvolvidas em alguns países europeus. .

Referências

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