Ditadura militar argentina: causas, economia e consequências - Ciência - 2023
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Contente
- Causas
- Atividade armada de grupos de esquerda
- The Triple A
- Crise econômica
- Ligações de grandes empresários
- Doutrina de Segurança Nacional e Plano Condor
- Contexto social e político
- Guerra Fria
- María Estela Martínez de Perón
- Jose Lopez Rega
- Medidas econômicas
- Estratégia Nacional de Contra-insurgência
- Tentativa de golpe
- Placas militares
- Primeira Junta de Governo Militar (1976-1980)
- Segunda Junta de Governo Militar (1980-1981)
- Terceira Junta de Governo Militar (1981-1982)
- Quarta Junta Militar (1982-983)
- Voltar para a democracia
- Economia
- Política liberal
- Abertura do mercado
- Endividamento
- Crise de 1981
- Conseqüências da ditadura
- Roubo de crianças
- Mães da Plaza de Mayo
- Voos de morte
- Destemor contra as minorias
- Julgamentos
- Referências
o Ditadura militar argentina, Chamado por seus protagonistas de Processo de Reorganização Nacional, governou o país de 1976 a 1983. Embora a Argentina já tivesse sofrido outras ditaduras militares durante o século 20, esta última é considerada a mais sangrenta e repressiva.
A morte de Perón aumentou a tensão interna do país. Sua viúva, María Estela Martínez de Perón, substituiu-o no cargo, embora desde o início ela tenha sofrido forte pressão para deixá-lo. Enquanto isso, a Argentina passava por dificuldades econômicas e crescente violência política.
O golpe de Estado que instaurou a ditadura ocorreu em 24 de março de 1976. Os militares se organizaram em uma primeira Junta para governar o país, à qual seguiriam outras três. Nessa fase, vários presidentes se sucederam: Videla, Viola, Galtieri e Bignone.
A repressão contra todos aqueles que pareciam simpatizar com a esquerda foi feroz. O número de desaparecidos é estimado entre 9 mil e 30 mil, muitos deles mortos durante os chamados "voos da morte". Da mesma forma, os governantes estabeleceram uma política sistemática de roubo de crianças e uma política repressiva em relação às minorias.
Causas
A ditadura instituída em 1976 foi a última de uma série que começou em 1930 e continuou com os golpes de 1943, 1955, 1962 e 1966. Tudo isso criou uma sociedade acostumada à intervenção do exército na vida pública.
De acordo com os dados publicados, o golpe de 1976 estava em andamento há mais de um ano. Os documentos mostram que, por exemplo, o Departamento de Estado dos Estados Unidos conhecia as intenções dos golpistas doze meses antes de eles agirem.
Atividade armada de grupos de esquerda
Nascidos do seio do peronismo, os Montoneros realizaram um grande número de ataques armados durante a década de 1970. Nos anos anteriores ao golpe, eles se radicalizaram, aproximando-se cada vez mais do ERP.
Segundo historiadores, no início de 1976 um assassinato político era cometido a cada cinco horas, embora nem todos fossem cometidos por organizações de esquerda. A verdade é que a violência política representou um importante fator de instabilidade, ao qual foi necessário somar as crescentes manifestações operárias.
O exército reagiu em fevereiro de 1975 quando, no dia 5, teve início a Operação Independência. Foi uma intervenção militar que pretendia acabar com a guerrilha estacionada na selva de Tucumán. Em outubro daquele ano o país foi dividido em cinco zonas militares, desencadeando uma onda de repressão.
A atuação do exército não se limitou aos integrantes do ERP e dos Montoneros, mas também afetou partidos políticos, estudantes, religiosos ou ativistas populares. Na prática, desenvolveram o terrorismo de Estado que foi o precedente das ações que a ditadura posteriormente levaria a cabo.
The Triple A
Outro dos atores que contribuíram para a desestabilização do país foi a Triple A (Alianza Anticomunista Argentina), uma organização de direita que apoiava o exército.
A Triple A também havia emergido das fileiras do peronismo e contava com integrantes da Polícia Federal e das Forças Armadas. Estima-se que tenha causado o desaparecimento e a morte de quase 700 pessoas, em teoria ligadas a movimentos de esquerda.
Este grupo paramilitar foi desmantelado pouco antes do início da ditadura. A partir desse momento, foi o próprio governo militar que assumiu seus objetivos e parte de seus métodos.
Crise econômica
Entre a instabilidade e a gestão do governo, a Argentina teve um grande problema de inflação. Além disso, a suspensão dos pagamentos internacionais estava à beira. Para tentar resolver os problemas, em 1975 a moeda foi desvalorizada e uma grande taxa foi decretada.
Ligações de grandes empresários
Algumas das grandes empresas privadas solicitaram diretamente a intervenção do exército. Em parte do setor, acusaram o governo constitucional de ser "sovietizador".
Doutrina de Segurança Nacional e Plano Condor
O golpe na Argentina e a subsequente ditadura também foram enquadrados no contexto internacional. Em meio à Guerra Fria, os Estados Unidos mantiveram em suas relações exteriores um conceito denominado por especialistas de "Doutrina da Segurança Nacional".
Por meio dessa fórmula, os Estados Unidos encorajaram ou apoiaram os militares a assumir o poder nos países latino-americanos com governos de esquerda. Um dos centros em que os militares foram treinados foi a Escola das Américas, onde passou boa parte dos ditadores da época.
Na Argentina já existia um precedente para a aplicação desta doutrina. Era o plano CONINTES (Comoção Interna do Estado), lançado durante o governo de Frondizi em 1957. Esse plano desencadeou a repressão interna e a prisão de líderes da oposição.
Embora o papel dos Estados Unidos na ditadura argentina sempre tenha sido dado como certo, os documentos desclassificados demonstravam o apoio de Henry Kissinger, secretário de Estado, aos golpistas.
Neles, Kissinger expressa seu desejo de encorajá-los, apesar da advertência da inteligência americana de que isso poderia levar a um banho de sangue.
Contexto social e político
Juan Domingo Perón foi derrubado em 1955, três meses após um massacre na Plaza de Mayo. A partir daquele momento, vários governos de fato se alternaram com outros eleitos, sem que a instabilidade desaparecesse. Os partidos peronistas também foram proibidos por muitos anos.
Guerra Fria
Naquela época, o mundo estava mergulhado na chamada Guerra Fria, que enfrentou os Estados Unidos e a União Soviética sem o uso de armas. A Revolução Cubana e a ascensão de Castro ao poder encorajaram movimentos de esquerda no continente. Os Estados Unidos tentaram impedir que a revolução se propagasse.
A maneira de fazer isso era apoiar, aberta ou indiretamente, golpes militares contra governos que ele considerava pró-comunistas. Em 1973, todos os países do Cone Sul, exceto a Argentina, eram ditaduras militares.
María Estela Martínez de Perón
Perón voltou do exílio em 1973 e estava disposto a se candidatar novamente. Seus governos anteriores tiveram um caráter populista marcante, mas o de 73 foi caracterizado por sua abordagem ao exército.
A morte de Juan Domingo Perón em 1974 tornou-se um novo elemento para a desestabilização do país. Dentro de seu movimento havia várias facções e boa parte das Forças Armadas não aprovava sua substituição por Isabelita, sua viúva.
Maria Estela Martínez de Perón, seu nome verdadeiro, foi pressionada a deixar o cargo, mas se recusou a fazê-lo.
Jose Lopez Rega
José López Rega é chamado por alguns historiadores de "o Rasputin argentino". Sua influência sobre Isabelita Perón foi inegável e desempenhou um papel fundamental nos acontecimentos subsequentes.
Rega foi a causa da renúncia de Gelbard, Ministro da Economia de Perón, o que fez com que a burocracia sindical se fortalecesse. Isso coincidiu com uma escalada de violência. Os problemas aumentaram quando Celestino Rodrigo foi nomeado o novo chefe da economia nacional.
Medidas econômicas
Com o apoio de López Rega, Rodrigo decretou uma série de medidas econômicas altamente questionadas. Entre eles, uma desvalorização do peso que oscilou entre 100% e 160%. O preço da gasolina aumentou 181% e o do transporte 75%.
Na prática, essas medidas levaram a uma redução acentuada do poder de compra dos salários, enquanto as exportações agrícolas foram beneficiadas. A inflação aumentou acentuadamente, causando uma grave crise política.
Estratégia Nacional de Contra-insurgência
Em setembro de 1975, o presidente solicitou uma licença temporária por motivos de saúde. Seu cargo foi ocupado pelo senador Ítalo Luder, que reforçou o poder dos militares. Uma de suas primeiras decisões foi dar a ordem de “aniquilar” a guerrilha, criando um Conselho de Defesa Nacional controlado pelo Exército.
As Forças Armadas passaram a dividir o país em cinco zonas militares. Os responsáveis por cada um deles tinham poder absoluto para ordenar as ações repressivas que considerassem necessárias.
Luder também decretou o avanço das eleições marcadas para março de 1977. A nova data marcada era o segundo semestre de 1976.
Segundo historiadores, nesse período houve um encontro liderado por Jorge Rafael Videla, Comandante-em-Chefe do Exército, com outros comandantes de alta patente e a participação de assessores franceses e americanos.
Nessa reunião, aprovaram secretamente a Estratégia Nacional de Contra-insurgência, que dispensava as garantias do Estado de Direito na luta contra a insurgência.
O próprio Videla declarou, durante uma Conferência dos Exércitos Americanos realizada em 23 de outubro de 1975, que "se necessário, todas as pessoas necessárias para alcançar a paz no país deveriam morrer na Argentina".
Tentativa de golpe
Isabelita Perón voltou à presidência em outubro do mesmo ano. Dois meses depois, em 18 de dezembro, houve uma tentativa de golpe do setor ultranacionalista da Força Aérea.
A revolta, durante a qual a Casa Rosada foi metralhada, não teve sucesso. No entanto, ele conseguiu seu objetivo de destituir o comandante da Força Aérea, Héctor Fautario, de seu cargo. Este foi o último militar a apoiar o presidente e, além disso, o principal obstáculo para que Videla chegue ao poder.
Na véspera de Natal daquele ano, Videla dirigiu-se às Forças Armadas e deu um ultimato a Isabel para ordenar o país em 90 dias.
Em fevereiro, Viola planejou as seguintes ações para realizar o golpe, como a detenção clandestina de oponentes sob a acusação de "ações anti-subversivas".
Placas militares
O golpe começou às 3:10 da manhã de 24 de março de 1976. Naquela noite, o General Villarreal anunciou o seguinte ao Presidente:
"Senhora, as Forças Armadas decidiram assumir o controle político do país e você está presa."
Depois que os conspiradores do golpe controlaram todo o país, eles organizaram um governo ditatorial. Como instância dirigente, criaram um Conselho de Comandantes com a participação dos três ramos do Exército, concedendo a cada um autonomia para atuar sem a necessidade de pactuar nada.
O Conselho chamou seu governo de Processo de Reorganização Nacional ou, simplesmente, de Processo.
Primeira Junta de Governo Militar (1976-1980)
A primeira Junta Militar foi formada por Jorge Rafael Videla, Emilio Eduardo Massera e Orlando Ramón Agosti. De acordo com as normas por eles estabelecidas, o comando direto deve permanecer nas mãos de um presidente, com poderes executivo, legislativo e judiciário. O primeiro eleito, por um período de 5 anos, foi Videla.
As primeiras decisões da Junta foram dissolver o Congresso Nacional, destituir membros do Supremo Tribunal Federal e das autoridades provinciais e instituir a censura.
Historiadores apontam que a etapa de Videla como presidente foi a mais sangrenta de toda a ditadura. Entre outras coisas, ele é considerado responsável pela chamada “solução final”, que estabeleceu o assassinato de desaparecidos. Além disso, ele foi o responsável pelo início dos roubos de crianças.
Um dos eventos que marcaram o período da primeira Junta Militar foi a organização da Copa do Mundo de Futebol de 1978. Os militares queriam aproveitar o evento esportivo para maquiar sua imagem internacional.
No entanto, a repressão continuou e jornalistas estrangeiros viram seu trabalho ser prejudicado quando queriam coletar informações sobre campos de concentração, centros de tortura e outros assuntos.
Segunda Junta de Governo Militar (1980-1981)
Os integrantes da segunda Junta Militar foram Roberto Viola, Armando Lambruschini e Omar Graffigna.
A fase de Videla terminou em 1980 com uma grande crise económica e financeira. Da mesma forma, houve divergências entre os membros da Diretoria e entre as Forças Armadas. Por tudo isso, Videla anunciou que seu sucessor seria Roberto Viola, que governaria até 1984.
Viola iniciou seu mandato decretando uma desvalorização significativa da moeda. A sua intenção era corrigir a herança deixada por Videla, mas acabou por provocar um aumento significativo dos preços e aumento da inflação.
Apenas seis meses depois de iniciar sua presidência, já havia vozes pedindo sua remoção. Isso finalmente ocorreu quando Viola foi internada por problemas de saúde. Sua primeira substituição foi Lacoste, embora Leopoldo Galtieri logo assumisse.
Terceira Junta de Governo Militar (1981-1982)
A seguinte Junta Militar foi formada por Leopoldo Galtieri, Jorge Anaya e Basilio Lami Dozo. O primeiro assumiu o cargo de presidente em 22 de dezembro de 1981 e formou um governo no qual introduziu civis em alguns ministérios.
No entanto, a economia do país não melhorou e as medidas tomadas afetaram negativamente a população.
Por sua vez, a oposição começou a se organizar no chamado Multipartidário, formado por uma multidão de partidos e movimentos. Entre os participantes estavam o Partido Comunista, os Socialistas, a Igreja e a CGT, entre muitos outros.
Sob o lema “Pão, Paz e Trabalho” foram convocadas várias manifestações operárias, algumas das quais reprimidas com violência. Em Mendoza, por exemplo, uma pessoa foi morta e mais de 1.000 presas durante uma das manifestações.
O Conselho precisava de uma válvula de escape que reduzisse a pressão da rua. Três dias após a manifestação de Mendoza, a Argentina entrou em guerra contra a Grã-Bretanha para tentar recuperar as Ilhas Malvinas.
Muitos historiadores consideram que Galtieri buscou uma forma de a população apoiar o governo em uma guerra por uma causa geralmente compartilhada. No entanto, a derrota acabou causando sua queda.
Quarta Junta Militar (1982-983)
A última das Juntas Militares foi composta por Cristino Nicolaides, Rubén Franco e Augusto Jorge Hughes
O presidente eleito foi Reynaldo Benito Bignone, tenente-general que havia sido Secretário-Geral do Exército e chefe do Colégio Militar. Sua chegada ao poder ocorreu em meio à crise provocada pela derrota nas Malvinas.
Bignone começou seu governo removendo as restrições aos partidos políticos. Da mesma forma, estabeleceu conversações com a Multipartidaria e, em agosto de 1982, aprovou o estatuto das partes.
A oposição, por sua vez, apresentou um plano econômico para melhorar a situação, mas foi rejeitado. Diante disso, o Multipartidário convocou uma manifestação, a "Marcha pela Democracia". Mais de 100.000 pessoas se reuniram em 16 de dezembro. As forças de segurança reagiram com violência, assassinando um trabalhador participante.
Quatro meses depois, em 28 de abril de 1983, os ditadores publicaram um relatório intitulado “Documento Final da Junta Militar”. Seu conteúdo foi uma justificativa para suas ações durante toda a ditadura.
Voltar para a democracia
Finalmente, a Junta convocou eleições para 30 de outubro de 1983. O vencedor das eleições foi Raúl Alfonsín, candidato da União Cívica Radical.
Economia
O primeiro responsável pela economia da ditadura foi José Alfredo Martínez de Hoz, que ocupou o ministério até 1981. A Junta concedeu-lhe grande poder, pois seu objetivo era transformar totalmente o funcionamento econômico do país.
Política liberal
Martínez de la Hoz apresentou seu programa econômico em 2 de abril de 1976. Em princípio, era um programa baseado no liberalismo que buscava promover a livre empresa e aumentar a produção. Da mesma forma, prometia diminuir o papel do Estado na economia.
As primeiras medidas promulgadas buscavam estabilizar o país e contavam com o apoio do FMI e de bancos privados estrangeiros. Um dos primeiros passos foi desvalorizar a moeda e reduzir o déficit do setor público por meio de um congelamento de salários. Da mesma forma, conseguiu obter financiamento externo.
Na esfera social, Martínez de la Hoz eliminou o direito à greve e reduziu a participação dos assalariados no PIB.
Inicialmente, as medidas conseguiram controlar a crise criada após o governo Rodrigo. O próximo passo foi abrir a economia e liberalizar os mercados financeiros.
Abertura do mercado
Martínez de la Hoz pretendia abrir o mercado interno à concorrência estrangeira. Para isso, reduziu as tarifas sobre produtos importados. No entanto, isso afetou fortemente a atividade produtiva doméstica.
Por sua vez, o governo liberalizou a taxa de juros e novos bancos foram autorizados. O Estado, que renunciou aos controles, garantiu os depósitos a prazo fixo.
Em 1978 foi criada a chamada “tablita”, medida que estabelecia a desvalorização mensal do peso. O objetivo era controlar a inflação, mas foi um fracasso.
Em vez disso, a medida fomentou forte especulação com grandes somas colocadas no curto prazo buscando se beneficiar das altas taxas de juros e da garantia estatal sobre o preço de recompra de dólares.
Endividamento
O setor produtivo, ao contrário do setor financeiro, logo se endividou brutalmente. Isso afetou principalmente o setor, que não só diminuiu sua produção, mas também sofreu o fechamento de muitas empresas.
Todo o plano Martínez de Hoz ruiu em 1980. Diversas entidades financeiras faliram e o Estado teve que pagar as dívidas que mantinham.
Crise de 1981
A saída de Videla da presidência, substituída por Viola, também gerou uma mudança no Ministério da Economia. Naquele ano, porém, o desastre atingiu seu pico: o peso foi desvalorizado 400% e a inflação disparou 100% ao ano. O Estado acabou nacionalizando dívidas de empresas privadas, agravando a dívida pública.
Apesar de ter apresentado um programa liberal, Martínez de Hoz expandiu muito o papel do Estado na economia. A Junta Militar não queria perder o controle das empresas públicas e os militares ocupavam seus cargos mais importantes.
O governo também aumentou o investimento público, embora muitas das obras tenham sido realizadas por empresas privadas. No final, formou-se um poderoso grupo de empresas contratantes estaduais.
Por outro lado, algumas empresas privadas em dificuldades foram nacionalizadas, o que aumentou ainda mais os gastos públicos.
Conseqüências da ditadura
Dezenas de milhares de pessoas foram presas, mortas, enviadas para o exílio ou desapareceram. Era um plano estabelecido para eliminar a dissidência interna contra a Junta Militar.
Entre 1976 e 1983 foram criados vários centros de detenção clandestinos, sendo o mais conhecido a Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), em Buenos Aires.
O número de desaparecidos não foi estabelecido de forma confiável. Os números variam de acordo com as fontes, desde os 30 mil denunciados por organizações de direitos humanos até os 8.961 casos denunciados pela CONADEP. Por fim, a Subsecretaria de Direitos Humanos assegura que foram 15.000.
Roubo de crianças
Dentro das práticas da ditadura, uma das mais cruéis era o roubo de recém-nascidos. Foi uma forma de acabar com ideologias que consideravam inimigas do país, pois impedia que as ideias passassem de pai para filho.
Parte das crianças foi sequestrada junto com seus pais. Oros, cujas mães estavam em centros de detenção, foram roubados assim que nasceram.
O destino desses bebês nem sempre foi o mesmo. Algumas foram vendidas, outras adotadas pelas mesmas pessoas que assassinaram seus pais, e as demais foram abandonadas em colégios sem fornecer qualquer informação sobre sua origem.
Em dezembro de 2017, 126 dessas crianças foram encontradas, que conseguiram recuperar sua identidade. Estima-se que mais 300 estão faltando.
Mães da Plaza de Mayo
O primeiro grupo que saiu às ruas para se opor à ditadura foram as mães da Plaza de Mayo. Elas foram as mães de muitas das vítimas da repressão. Eles começaram a se manifestar em 30 de abril de 1977.
Uma vez que qualquer manifestação era proibida, as mães só se reuniram na Praça, com lenços brancos na cabeça, e marcharam em círculo.
Voos de morte
Os especialistas estimam que cerca de 5.000 pessoas foram vítimas dos voos mortais. Isso consistia em atirar detidos de aviões em pleno vôo durante sua transferência de centros de detenção clandestinos.
As investigações mostraram que, em muitas ocasiões, um padre viajou nesses aviões para dar às vítimas extrema unção.
Destemor contra as minorias
A ideologia dos militares que encenaram o golpe não aceitou qualquer desvio do que consideravam "normal". Isso afetou todas as minorias, de étnicas a sexuais. Desta forma, suas políticas repressivas afetaram grupos como homossexuais, judeus, transexuais, etc.
As autoridades passaram a formar comandos especiais para perseguir essas pessoas. Um deles era o Comando Condor, destinado a apreender homossexuais.
O anti-semitismo também era muito comum como fator de detenção e repressão, como mostrou o relatório Nunca Mais.Algo semelhante aconteceu com as Testemunhas de Jeová, que sofreram torturas frequentes em centros de detenção.
Julgamentos
Depois que a democracia voltou à Argentina, as autoridades julgaram e condenaram alguns dos responsáveis pelo terrorismo de Estado. O governo de Alfonsín promoveu o chamado Julgamento das Juntas, mas posteriormente cedeu às pressões dos setores militares e promulgou as leis de Devida Obediência e Ponto Final.
Essas duas últimas normas extinguiram as ações criminosas contra os gerentes intermediários, independentemente de seu grau de participação na guerra suja.
Carlos Menem, presidente em 1990, perdoou Videla e Massera, que haviam sido condenados à prisão perpétua. Os dois ex-militares permaneceram em prisão domiciliar por acusações não incluídas no perdão, como roubo de bebês.
Em 15 de abril de 1998, as leis de Ponto Final e Devida Obediência foram revogadas, o que foi corroborado em 2 de setembro de 2003.
Jorge Videla viveu um longo processo de julgamento que terminou com a sua prisão e consequente morte na prisão em 2013.
Referências
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