Selva Paranaense: características, clima, flora e fauna - Ciência - 2023
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Contente
- Características gerais
- Localização
- Extensão
- Hidrografia
- Andares
- Solos marrons
- Solos pedregosos
- Terras vermelhas
- Clima
- Temperatura
- Precipitação
- Relevo e geomorfologia
- Planícies
- Zona Pré-montanhosa
- Área montanhosa
- Flora
- Árvores
- Coníferas
- Cedros
- Outras árvores madeireiras
- Plantas emblemáticas
- Fauna
- Pássaros
- Mamíferos
- Répteis
- Referências
o Selva paranaense É a maior das quinze ecorregiões que compõem a Mata Atlântica ou Mata Atlântica. Localiza-se entre a região oeste da Serra do Mar, no Brasil, a leste do Paraguai e a província de Misiones, na Argentina.
A selva paranaense se desenvolve no Aqüífero Guarani, um dos principais reservatórios de água subterrânea do planeta. Nesse território estão as Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais do mundo.
A selva paranaense ergue-se acima do Maciço Brasília, que foi identificado como uma das formações mais antigas da América. Possui solos férteis e seu relevo estende-se desde os vales e planícies aluviais dos grandes rios até 900 metros acima do nível do mar.
A presença de inúmeros rios e riachos, solos férteis e um clima subtropical úmido, fazem da selva paranaense um dos locais de maior biodiversidade do continente.
Esta ecorregião inclui uma grande diversidade de ecossistemas, flora e fauna. Constitui um patrimônio genético que deve ser conservado para o gozo da humanidade.
No entanto, tem sido fortemente explorado para o uso de suas terras na agricultura, extração de madeira e no desenvolvimento de grandes infraestruturas. Essas ameaças reduziram uma das regiões de floresta tropical mais extensas do continente a uma paisagem fragmentada. Hoje, menos de 7% da floresta original sobrevive.
Características gerais
Localização
A selva paranaense está localizada entre Argentina, Brasil e Paraguai.
Na Argentina, restringe-se ao norte e ao centro da província de Misiones, localizada no extremo nordeste do país.
No Brasil, inclui frações dos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
No Paraguai, está presente nos departamentos de Guairá, Caazapá, Concepción, San Pedro, Caaguazú, Paraguarí, Itapúa, Alto Paraná, Canindeyú e Amambay, no leste do país.
Extensão
A extensão original da ecorregião da selva paranaense era de aproximadamente 120.000.000 Ha, mas estima-se que atualmente apenas menos de 7% de seu território original está preservado, reduzindo a massa florestal inicial a uma paisagem fragmentada.
Em Misiones, Argentina, concentra-se a maior porção da selva paranaense, com aproximadamente 1.128.343 Ha que cobrem quase a metade do território desta província.
A redução da extensão da floresta paranaense tem sua origem em mudanças no uso do solo, grandes projetos de infraestrutura, exploração insustentável da floresta e caça insustentável.
Hidrografia
A selva paranaense se eleva acima do Aqüífero Guarani, a terceira reserva subterrânea de água doce do planeta. Possui 1.190.000 km2, com profundidade que varia entre 50 e 1.800 m, o que representa aproximadamente 40.000 km³ de água.
Esta reserva de água subterrânea cobre parte do território do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Inclui também as Cataratas do Iguaçu, complexo formado por 275 cachoeiras. Eles foram reconhecidos como as cachoeiras mais impressionantes do mundo.
Andares
Os tipos de solo descritos para a selva do Paraná foram classificados em três tipos: solos marrons, solos pedregosos e solos vermelhos.
Solos marrons
Distribuem-se entre o pediplano paranaense e a serra, e ocupam um território de 651.952 Ha.
Solos pedregosos
São solos pouco desenvolvidos, com pouca profundidade, cobrindo uma área de 1.029.731 Ha.
Terras vermelhas
São solos de cor avermelhada, caracterizados por terem boa drenagem. Eles estão localizados nas áreas pré-montanhosas e montanhosas e cobrem aproximadamente 962.408 Ha.
Clima
O clima da selva paranaense é subtropical úmido.
Temperatura
Possui temperatura média anual que varia entre 16 e 22 ºC. As temperaturas máximas são atingidas durante o verão e podem atingir os 40ºC.
Durante o inverno as temperaturas podem cair para 0ºC, principalmente nos andares mais elevados da zona sul, sendo frequentes as geadas noturnas.
Precipitação
A precipitação média anual varia entre 1000 e 2200 mm, com variações significativas entre o extremo norte e o sul. Ocorrem também variações intra-anuais, que produzem acentuada sazonalidade e variações interanuais vinculadas ao fenômeno El Niño.
Relevo e geomorfologia
O relevo da selva paranaense é caracterizado por apresentar três grandes ambientes geográficos: a baixada, a zona pré-montanhosa e a zona montanhosa.
Planícies
As terras baixas são áreas planas com altitudes que variam entre 150 e 200 metros acima do nível do mar. Eles estão localizados em níveis próximos aos rios principais.
Nesse ambiente geográfico, destacam-se os vales dos rios Paraná e Uruguai, com duas unidades geomorfológicas: os vales que foram segmentados por boxe e os vales secundários com depósitos aluviais.
Além disso, estão incluídos os pediplanos que se estendem ao longo do rio Paraná.
Zona Pré-montanhosa
A área pré-montanhosa resulta da segmentação de antigos frontões de uma superfície intermediária entre o Planalto Central e o pediplano paranaense.
Esta zona constitui a transição entre as terras baixas e as áreas montanhosas.
Área montanhosa
A área montanhosa inclui as Sierras Centrais que se estendem entre os rios Iguaçu e San Antonio até a cidade de Posadas, na província argentina de Misiones.
As Montanhas Centrais elevam-se na direção sudoeste-nordeste até atingir 800 metros acima do nível do mar.
Esta formação é caracterizada por deslocamentos e fraturas muito intensos que se refletem em encostas íngremes. Eles se originam de um processo geológico erosivo de segmentação do Planalto Central.
Flora
A selva paranaense é caracterizada por uma vegetação densa, com grande diversidade. Aproximadamente 2.000 espécies de plantas vasculares foram descritas, muitas delas endêmicas da região.
Árvores
Mais de 200 espécies de árvores nativas foram registradas.
Coníferas
Nas áreas montanhosas da selva paranaense ocorrem florestas com predomínio de uma espécie de conífera conhecida como pinheiro-do-pará, grande cury, pinheiro-missionário ou pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia).
O pinheiro do Paraná é o símbolo da cidade do Paraná no Brasil. O nome da cidade de Curitiba deriva de cury e significa "floresta cury". Da mesma forma, na província de Misiones, na Argentina, é considerado um monumento natural.
No entanto, é considerado criticamente em perigo devido ao uso insustentável de sua madeira e à perda de seu habitat natural devido às mudanças no uso do solo.
Outras espécies de pinheiros nativas desta região são os bravos pinheiros ou piñeiriños (Podocarpus lambertii Y P. sellowii).
Cedros
Entre os cedros da selva paranaense, os do gênero Cedrela. São árvores caducas perenes que podem atingir até 40 m de altura e 2 m de diâmetro.
São muito aproveitadas para a utilização da sua madeira, muito procuradas pelas suas propriedades de dureza, cor e textura.
Entre as espécies de cedro da selva paranaense, o Cedrela odorata Y C. fissilis, mais conhecido como cedro missionário ou ygary.
Outras árvores madeireiras
O pau-rosa, ybirá romí ou perobá (Aspidosperma polyneuron), é uma árvore nativa da selva paranaense que pode atingir 40 m.É amplamente utilizado na obtenção de mel e é reconhecido como monumento natural na província de Misiones, na Argentina.
O yvyrá payé ou incenso (Myrocarpus frondosus) É uma árvore endêmica da selva paranaense que pode atingir 30 m de altura. É uma leguminosa de madeira avermelhada com manchas amarelas escuras. Seu tronco é aromático, por isso é usado para obter essências.
O peteribí (Cordia trichotoma) é uma árvore endêmica da América do Sul que pode atingir até 25 m. A sua madeira caracteriza-se por apresentar uma cor castanho-esverdeada e é muito valorizada a nível mundial. Também é amplamente utilizado na produção de mel.
Plantas emblemáticas
Palmito (Euterpe edulis) É uma palmeira da família Arecaceae, nativa da América do Sul. Dele se obtém o palmito, o que o torna muito valorizado no mercado mundial.
Entre os fetos arbóreos destaca-se o chachimbre (Dicksonia sellowiana) e o chachíCyathea atrovirens) Este último foi declarado monumento natural na província de Misiones, na Argentina. Ambas as espécies estão sob alguma categoria de ameaça devido à perda de seu habitat natural e extração ilegal.
Erva mate (Ilex paraguariensis) é uma espécie arbórea típica do sub-bosque da selva paranaense. É muito apreciado no Chile, Uruguai, Paraguai, Sul do Brasil, Bolívia e Argentina por seu uso na preparação do mate, uma infusão estimulante.
Fauna
A selva paranaense é considerada uma ecorregião com grande diversidade de fauna. Mais de 120 espécies de mamíferos, 550 espécies de pássaros, 80 espécies de répteis, 50 espécies de anfíbios e 200 espécies de peixes foram relatadas.
Pássaros
O pássaro sinoProcnias Nudicollis) é uma ave passeriforme da família Cotingidae, nativa da Argentina e do Paraguai. É considerado ameaçado pela degradação e perda de seu habitat, e pelo tráfico ilegal para sua comercialização como animal de estimação.
A águia harpiaHarpia harpyja) é uma ave neotropical da família Accipitridae. É uma das maiores aves do mundo. As fêmeas podem atingir 1 m de comprimento, 2 m de envergadura (distância entre as pontas de ambas as asas abertas) e 9 kg.
O papagaio vináceoAmazona vinacea) é uma ave da família Psittacidae típica da Amazônia e da selva paranaense. Está em perigo de extinção devido à perda de seu habitat e extração ilegal para seu uso como animal de estimação.
Mamíferos
O jaguar (PantheraOnca) é a única espécie do gênero distribuída no continente americano. Possui ampla distribuição desde os Estados Unidos até a Argentina. Pode pesar entre 56 e 96 kg.
A anta (Tapirus terrestris) é o maior mamífero terrestre da América do Sul. Pode pesar até 300 kg e ter até 2,5 m de comprimento. Vive perto de rios e pântanos. É considerada em perigo crítico devido à destruição de seu habitat natural e caça ilegal para o consumo de sua carne e aproveitamento de sua pele.
Os bugios são característicos da selva paranaense. A presença de duas espécies foi relatada;Alouatta guariba clamitans ou nossa eAlouatta caraya.
Répteis
A anaconda verdeEunectes murinus) é uma cobra da família jibóia, endêmica da América do Sul. Atualmente eles estão distribuídos do sul do Orinoco na Venezuela ao sudeste do Paraguai e ao sul do Brasil. As fêmeas podem crescer até mais de 5 m.
O jacaré overo (Caiman latirostris) é um crocodilo da família Alligatoridae que vive na selva paranaense. Vive em áreas pantanosas, de preferência em áreas arborizadas. Pode atingir mais de 3 m.
Referências
- Brown, A., Diaz Ortíz, U., Acerbi, M. e Corcuera, J. (2005). A situação ambiental argentina. Fundação Silvestre Vida Argentina. 587 p.
- Ecorregião da selva paranaense. (2018, 4 de outubro). Wikipédia, a enciclopédia livre. Data da consulta: 12:30, 17 de janeiro de 2019.
- Mata Atlântica. Wikipédia, a enciclopédia livre. 7 de novembro de 2018, 01:02 UTC. 19 de janeiro de 2019, 09:24
- Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Nação. República da Argentina. 2007. Primeiro Inventário Nacional de Florestas Nativas.
- Rodríguez, M.E, Cardozo, A. Ruiz Díaz, M e Prado, D.E. 2005. As Florestas Nativas Missionárias: estado atual de seus conhecimentos e perspectivas.