Antrozoologia: o que é e como estuda a ligação entre animais e humanos - Psicologia - 2023


psychology
Antrozoologia: o que é e como estuda a ligação entre animais e humanos - Psicologia
Antrozoologia: o que é e como estuda a ligação entre animais e humanos - Psicologia

Contente

Os animais de estimação não são apenas mais um elemento da nossa casa. Ao contrário dos móveis ou das plantas, os animais de estimação são vistos como mais alguns membros da família, cujo relacionamento com as pessoas geralmente é benéfico física e emocionalmente.

A antrozoologia é uma ciência relativamente nova que se encarrega do estudo das relações entre humanos e animais, especialmente os mais domesticados. Ele também está encarregado de melhorar as condições dos animais e como eles podem nos beneficiar.

Dado o grande número de animais de estimação em nossas sociedades, é especialmente importante saber como eles podem afetar nossa saúde mental e como sua presença pode atuar como fator de proteção contra a manifestação de psicopatologia e criminalidade.

  • Artigo relacionado: "Síndrome de domesticação: o que é e como se expressa nos animais"

O que é antrozoologia?

A antrozoologia (de "anthropos", homem, ser humano; e "zoon", animal) é a ciência que estuda as interações entre humanos e outros animais, aprofundando seus laços e como eles influenciam uns aos outros em um nível psicológico, físico e emocional. Ao longo de sua história, os seres humanos viveram com outras espécies animais, tanto para se alimentar (por exemplo, leite e carne de vacas) quanto para caçar e se proteger (por exemplo, cães). Tudo isso é muito fácil de demonstrar apenas olhando para murais pré-históricos ao redor do globo, onde cenas do cotidiano entre humanos e animais são retratadas.


Mas apesar do fato de os humanos se beneficiarem dos animais desde tempos imemoriais, a antrozoologia é uma ciência cuja origem é muito recente, não mais do que cinquenta anos. Apesar disso, tem irrompido intensamente no panorama atual, principalmente com o objetivo de melhorar a dinâmica entre animais e humanos, relações muito comuns em todas as sociedades, mesmo nas grandes cidades.

Os animais com os quais temos maior grau de integração e vínculo são animais de companhia, sendo os cães e os gatos especialmente populares. nos países ocidentais. De fato, no caso da Espanha, quase metade das residências possui um desses dois animais. Por estarem presentes em tantas famílias, é necessário saber como as relações que se estabelecem com eles influenciam a saúde da família no intuito de potencializar seus benefícios e evitar suas consequências negativas.

Relações patológicas e abuso

Um dos campos de estudo e intervenção da antrozoologia é na aqueles casos em que uma relação patológica com animais se desenvolveu, o caso da síndrome de Noé sendo especialmente importante. A pessoa que sofre dessa patologia tende a acumular muitos animais em sua casa, apesar de não dispor de recursos, tempo ou conhecimento suficientes para uma boa vida.


Por mais que você os ame, os animais entram em um estado de extrema abandono, com pouquíssima higiene, ferimentos, parasitas e doenças. Apesar disso e do cheiro que se exala em casa, os acometidos pela síndrome não conseguem reconhecer o péssimo estado em que se encontram seus animais de estimação. Além disso, você não está ciente de que sua própria saúde está em risco, pois as fezes e restos mortais dos animais que invadiram a casa atraem todos os tipos de vermes e doenças infecciosas.

Também relacionado ao bem-estar dos animais temos aquela antrozoologia lida com o tratamento cruel de animais. Muitas pessoas não estão preparadas ou não têm habilidade para ter um animal em casa, ou não sabem qual a forma mais adequada de tratá-los. É por isso que, infelizmente, não são poucos os casos de agressões a cães e gatos que acabam sendo letais. Muitos proprietários não sabem como educar seus animais e, quando querem que seu animal de estimação pare de se comportar de forma perturbadora, eles os maltratam gravemente.


O problema com essas técnicas é que muitas vezes o animal se torna mais hostil e menos treinável, agravando a já violenta dinâmica que ocorre em casa e fazendo com que os donos acabem abandonando o animal. Como esses animais tiveram uma vida de abusos, seu comportamento pode ser muito instável e, se encontrados na rua, podem se tornar um perigo real para qualquer pedestre. É nesses casos que muitos cães e gatos acabam sendo sacrificados, vistos como perigosos e muito difíceis de adotar.

Porém, o principal motivo pelo qual muitos animais são abandonados são as ninhadas inesperadas, além de descobrirem que aquele doce e inofensivo gatinho ou cachorrinho que eles adotaram, ao crescer, é um animal totalmente diferente, mais difícil de controlar e com necessidades mais velhas. A família, oprimida por esta nova situação que não viam por vir, por não saberem como lidar com a situação nem encontrar quem queira adotar, seja uma ninhada de 10 cachorros ou um cão já muito grande, decidem por abandone-os ao seu destino.

Embora existam mecanismos legais na maioria dos países desenvolvidos para coibir o abandono e cuidar de animais abandonados, ainda há muita conscientização a ser feita. Antrozoologia Não pretende apenas punir quem maltrata e negligencia os animais, mas também pretende criar protocolos que sirvam para prevenir essas situações., ensinando como evitar ninhadas inesperadas (esterilização) e educando para aprender a lidar com cães e gatos à medida que crescem.

  • Você pode se interessar: "Síndrome da Arca de Noé: acumulando animais em casa"

Colônias urbanas

Apesar de muitas pessoas estarem cientes do abandono de animais, principalmente de cães e gatos, o número de adoções não dá conta do imenso número de abandonos que ocorrem. Muitos animais acabam na rua, tentando viver o melhor que podem e tendo uma vida livre. O problema é que, ao contrário do que muitos donos podem pensar, a vida do animal selvagem é difícil, pois, apesar de serem animais, são espécies domesticadas que dependem muito da ação humana.

Cães e gatos abandonados têm uma expectativa de vida muito menor do que seus companheiros que vivem em casa. Ambas as espécies costumam ser trazidas, abrigadas e limpas, resultado da domesticação pela ação humana. Viver uma noite na rua não pode reverter milhares de anos de evolução e seleção artificial. Eles serão animais selvagens, mas continuarão a exigir suas necessidades domésticas e, mais cedo ou mais tarde, morrerão de fome ou doenças.

Se sobreviverem, podem encontrar outros congêneres do sexo oposto, fornicar e ter ninhadas selvagens. É aqui que nos deparamos com um verdadeiro problema, pois a reprodução descontrolada de cães e gatos, cujas ninhadas são numerosas, constitui um verdadeiro problema de saúde pública. A mortalidade infantil é extremamente alta, com centenas de filhotes mortos nas ruas apodrecendo, produzindo mau cheiro e atraindo todo tipo de insetos e necrófagos.

Quanto mais gatos e cães vadios houver, mais animais potencialmente perigosos estarão nas vias públicas. Enquanto os gatos tendem a ter mais medo da presença humana, os cães nascidos na rua são mais hostis, podendo atacar a qualquer momento. Além disso, vasculham o lixo, danificam o mobiliário urbano e podem atacar cães e gatos domésticos que estão nas varandas ou passeando com seus donos.

Felizmente, essas colônias urbanas de animais de estimação podem ser bem utilizadas para a saúde da cidade. Embora os cães sejam mais perigosos, os gatos, em número controlado e com monitoramento sanitário, podem ajudar no controle de pragas de roedores, principalmente ratos e camundongos. Essas colônias de gatos devem ser administradas de forma ética, com esterilizações devidamente planejadas e, se possível, com microchip ou sistema de localização.

  • Você pode se interessar: "O que é Etologia e qual é o seu objeto de estudo?"

A importância dos animais

Como mencionamos, os animais de estimação são mais do que uma peça de mobiliário ou uma planta da casa: eles são membros da família. Em muitas casas, cães e gatos são tratados como o resto dos habitantes da casa, dando-lhes carinho, mimando-os, dando-lhes presentes e assim por diante.. A presença desses amigos peludos tem se mostrado uma importante fonte de capital social, ajudando as pessoas a se manterem conectadas à sua comunidade, tendo uma atitude mais aberta e pró-social.

Bairros com alta densidade de população animal por domicílio são locais onde há maior civilidade e espírito de vizinhança, fazendo com que os vizinhos colaborem mais uns com os outros. Além disso, é nesses mesmos bairros que existem melhores indicadores de saúde. Animais de estimação estimulam a interação social e oferecem muitas vantagens, embora, é claro, possam ser uma fonte de conflito entre vizinhos, especialmente devido a problemas como latidos ou excrementos em vias públicas.

Por isso, é necessário aplicar normas que regulem e favoreçam a circulação e o cuidado dos animais de companhia, evitando seu abuso e negligência e potencializando sua função de capital social. Esses animais pode fornecer saúde mental através do vínculo entre seus proprietários e eles próprios, um fenômeno considerado universal. Com sua presença bem administrada, os animais de estimação são um importante fator de proteção contra psicopatologias e conflitos sociais.

Entre seus efeitos positivos temos, no lado físico, que ajudam a reduzir as doenças cardíacas, principalmente porque sua presença pode reduzir a pressão arterial e o estresse. Ao mesmo tempo, pela via psicossocial, temos que os pets são muito bons reguladores e catalisadores sociais, ou seja, nos ajudam a nos relacionarmos e nos relacionarmos com outras pessoas.

Não é incomum descobrir que duas pessoas se tornaram amigas porque um dia estavam andando na rua com seus cachorros, ou que os vizinhos veem um passeador de cães como uma pessoa mais amigável e confiável. Ainda que pelos gostos de cor, a grande maioria dos animais de estimação desperta emoções positivas entre os donos e amigos, sendo possível até fortalecer relacionamentos pré-existentes quando um cão ou gato é adotado.

Infância mais saudável

De acordo com estudos realizados pela antrozoologia, a presença de um animal em casa é especialmente benéfica para as crianças. Foi constatado que o contato com animais em idade precoce favorece o desenvolvimento psicossocial e físico. Além disso, quando as crianças estão passando por um momento particularmente difícil em um nível emocional, elas olham para os animais, que são fontes de apoio altruísta. Quer se trate de um cão, um gato, um papagaio ou uma tartaruga, os animais de estimação não julgam nem criticam o que a criança fez, simplesmente estão ali e dão o seu amor incondicional.

Além disso, a presença de animais de estimação favorece o desenvolvimento de empatia e comportamento pró-social e também auxilia no seu desenvolvimento cognitivo e linguístico. Somado a isso, a saúde médica das crianças é mais resistente, apresentando menos alergias e menos evasão escolar, uma vez que seu sistema imunológico é mais resistente, sendo menos sujeito a contrair doenças infecciosas.

Terapia animal

Finalmente, a antrozoologia foi responsável por como fazer uso terapêutico de animais, elaborando todos os tipos de intervenções assistidas por animais ou IAA. Neles, os benefícios são obtidos por meio da interação homem-animal e são aplicados a todos os tipos de grupos: pessoas com transtornos mentais, deficiência intelectual e / ou motora, risco de exclusão social ou outras necessidades especiais.

Entre as mais importantes estão a equoterapia, ou seja, a equoterapia, embora também existam os mais diversos animais. Um caso bastante curioso é o de Wally, um crocodilo usado na terapia da depressão e outros transtornos do humor que, graças à sua docilidade e simpatia, não só ajudou a mudar a vida de muitas pessoas com transtornos mentais, mas também conquistou muitas simpatias. O caso desse réptil e de outros animais demonstra como podem ser benéficas e curiosas as relações entre humanos e animais.