Texto teatral: características, estrutura, exemplos - Ciência - 2023
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Contente
- Características do texto teatral
- Dois códigos
- Diálogos e monólogos
- À parte
- Anotações
- Elementos espetaculares
- Regra das três unidades
- Subgêneros teatrais
- Tragédia
- Comédia
- Gêneros menores
- Estrutura do texto teatral
- Estrutura externa
- Estrutura interna
- O desenlace
- Exemplos de texto teatral
- Exemplo 1: teatro do século 20, Casa de bonecaspor Henrik Ibsen
- Exemplo 2: tragédia Romeo e Julietapor William Shakespeare
- Referências
o texto teatral É aquele cujo objetivo é a representação de palco. Ou seja, é escrito para ser lido, "encenado", no palco. O autor não conta nada, são os personagens que por meio de seus diálogos montam as ações.
Por isso se diz que a voz do autor desaparece, porque se expressa através dos personagens, não havendo ressalva ou opinião pessoal. O autor de um texto teatral é denominado dramaturgo, que pensa e concebe a ação e os personagens que nela atuarão.
O teatro, como gênero literário, é muito antigo. Já Aristóteles, no século IV aC, coletou em sua Poético as técnicas de fazer teatro, escrevê-lo e encená-lo, conhecidas como a regra das três unidades: como o tempo, o espaço e a ação devem ser tratados.
Você pode apresentar um ou mais conflitos através de um ou mais personagens, e estes irão desenvolver o enredo da peça através do diálogo, principalmente. Pode ser em prosa ou verso.
Características do texto teatral
Dois códigos
Não basta ler um texto teatral. Você tem que representar isso. Por isso, sua leitura é apenas um dos fatores que o caracterizam; há uma combinação de dois códigos:
- O verbal, que seria o texto
- O espetacular, que seria a música e o som, a encenação, a iluminação e a atuação dos personagens
Diálogos e monólogos
O texto teatral é normalmente um monólogo ou um diálogo entre dois ou mais personagens. É uma forma de contar uma história sem intervir em opiniões, explicações ou descrições.
Por meio dos diálogos, a ação se desdobra. São as conversas dos personagens do texto teatral que contam a história. O monólogo é uma longa intervenção de um único personagem.
À parte
Eles são os textos expressos por um personagem e devem ser seus pensamentos. Para fins teatrais, eles são ditos em voz alta para que o público os conheça, mas sabendo que os outros personagens não podem ouvi-los.
Anotações
O dramaturgo às vezes dá indicações (para o diretor) sobre certas atitudes dos personagens, sobre alguns elementos do palco ou outra indicação que considere necessária. Eles estão entre parênteses e não são lidos na representação.
Elementos espetaculares
Dizem que são espetaculares porque pertencem ao campo da representação, como aquele texto teatral é encenado, mesmo que não tenham relação direta com a produção textual.
Esses elementos são iluminação, atuação, caracterização (figurinos, penteados, maquiagem, etc.) e adereços ou adereços (objetos com os quais o cenário é montado).
Regra das três unidades
Chamamos essa regra porque é a que se mantém na produção de textos teatrais até meados do século XIX, quando os românticos dispensam deles. Aristóteles estabeleceu que a ação ocorreria em um dia, em um único espaço e com um único enredo.
- O tempo
O tema temporal no teatro nunca foi fácil. No entanto, nas peças, três formas de tempo podem ser observadas:
- A apresentação em si (ou quanto tempo dura a peça)
- O tempo da ação (para o qual os personagens devem se referir ao tempo decorrido)
- O tempo aludido, que os personagens mencionam, mas que o espectador não conhece nem vê
Se houver um salto no tempo, o tempo se refletirá entre um ato e outro, e os personagens irão mencioná-lo.
- O espaço
É onde a ação dramática se desenrola. É representado por meio da cenografia, com enfeites, para que os espectadores o vejam.
- A ação
É desenvolvido pelos atores, e anteriormente uma única trama era representada. Hoje em dia, mas já do teatro espanhol da época de ouro, existem textos teatrais onde decorrem vários fios da trama.
Subgêneros teatrais
Dependendo de como os temas e personagens são tratados, haverá tragédia e comédia.
Tragédia
A tragédia é protagonizada por personagens heróicos, ou deuses, e coisas extraordinárias sempre acontecem com eles. Dramaturgos gregos clássicos contaram mitos por meio de tragédias, como Rei Édipo, Ifigênia ou Antígona.
No teatro elisabetano, isto é, aquele que era feito na época da Rainha Elizabeth I da Inglaterra, e do qual Shakespeare é seu principal expoente, uma das tragédias mais conhecidas é Romeo e Julieta, em que ambos os protagonistas morrem.
Comédia
Já na comédia, os protagonistas são personagens comuns, o tema é bem humorado e o final sempre agradável.
Gêneros menores
Existe outra classificação de gêneros menores, que incluiria:
- Os entremés: texto cômico curto, hiperbólico e excessivo
- A farsa: texto curto onde há uma zombaria erótica com personagens que tocam o cartoon)
- El sainete: um texto igualmente curto de um caráter despreocupado e educado
Estrutura do texto teatral
Duas estruturas podem ser observadas nos textos teatrais, uma interna e outra externa.
Estrutura externa
Em um libreto ou roteiro teatral, existem vários elementos. O primeiro, o título da obra, e depois os demais:
- Relação dos personagens
Se chama Drammatis personnae, e é a lista dos personagens, a relação entre eles, sua idade, seu nome e sua relação (dados fornecidos se relevantes). Eles aparecem em ordem de importância.
- Anotações
São as indicações que o autor dá para a encenação. Eles geralmente estão entre parênteses e em itálico.
- Atos
O texto teatral pode ser composto por um único ato, dois, três ou mais atos. São compostas por uma sucessão de cenas, e são separadas por uma pausa ou descanso, denominado intervalo, que é indicado por um abaixamento da cortina, um escuro ou algo semelhante.
Geralmente a obra teatral divide a ação em atos, determinados por um clímax ou também por uma mudança de cenário.
- Cenário
Quando há pinturas, elas indicam uma mudança no cenário para refletir uma mudança temporal ou espacial na obra. Às vezes, a mudança cênica é feita à vista do público.
- Cenas
Os atos são compostos de cenas. Cenas são fragmentos em que um personagem aparece ou aparece. Porém, há autores que montam suas cenas a partir da ação e não da entrada ou saída de um dos personagens.
Estrutura interna
Três partes podem ser vistas: a apresentação, o desenvolvimento do conflito e o resultado.
- A apresentação
Como o próprio nome indica, os personagens e o contexto em que a peça se passa são apresentados.
- Desenvolvimento do conflito
É o nó e coincide com o momento de maior tensão, quando a trama se adensa.
O desenlace
Aqui o problema do trabalho é resolvido, a favor ou contra; o obstáculo é removido ou o protagonista morre.
Exemplos de texto teatral
Exemplo 1: teatro do século 20, Casa de bonecaspor Henrik Ibsen
Ato I, Cena I (trecho)
Quando a cortina sobe, um sino toca no corredor. ELENA, que está sozinha arrumando os móveis, apressa-se em abrir a porta certa, por onde entra NORA, vestida de terno e com vários pacotes, seguida por um Garçom com uma árvore de Natal e uma cesta. NORA cantarola enquanto coloca os pacotes à direita na mesa. O garçom dá a ELENA a árvore de Natal e a cesta.
NORA: Esconda bem a árvore de Natal, Elena. As crianças não devem vê-lo até a noite, quando é consertado. (O garçom, tirando a bolsa): Quanto lhe devo?
O GARÇONETE: Cinquenta centavos.
NORA: Pegue uma coroa. O que sobra para você. (O garçom cumprimenta e sai. Nora fecha a porta. Ele continua a sorrir feliz enquanto tira o chapéu e o casaco. Em seguida, ele tira uma casquinha de amêndoa do bolso e come duas ou três, na ponta dos pés até a porta mais à esquerda e escuta) Ah! Ele está no escritório. (Ele cantarola de novo e vai para a mesa da direita).
HELMER: É meu esquilo que está fazendo barulho?
NORA: Sim!
HELMER: O esquilo está aqui há muito tempo?
NORA: Acabei de chegar. (Ele coloca o cone de doce no bolso e limpa a boca) Vem cá, Torvaldo, olha as compras que fiz.
HELMER: Não me interrompa. (Pouco depois, ele abre a porta e aparece com uma caneta na mão, olhando em diferentes direções) Comprou, você diz? Tudo isso? A menina já encontrou uma maneira de gastar dinheiro?
NORA: Mas Torvaldo! Este ano podemos fazer algumas despesas extras. É o primeiro Natal em que não somos obrigados a andar com faltas.
HELMER: Sim ... mas também não podemos perder.
NORA: Um pouco, Torvaldo, um pouco, certo? Agora que você vai receber um salário maior, e que vai ganhar muito, muito dinheiro ...
HELMER: Sim, começando no novo ano; mas vai demorar um quarto antes de perceber qualquer coisa ...
NORA: O que isso importa? Enquanto isso, é emprestado.
HELMER: Nora! (Ele se aproxima de Nora, a quem ele brinca pega por uma orelha) Sempre aquela leveza! Suponha que eu tome emprestadas mil coroas hoje, que você as gaste durante as férias de Natal, que uma telha caia na minha cabeça na véspera de ano novo e que ...
NORA (Colocando a mão na boca): Cale a boca e não diga essas coisas.
HELMER: Mas certifique-se de que aconteceu. E então?
NORA: Se tal acontecesse… não me importaria se tinha dívidas ou não ”.
Exemplo 2: tragédia Romeo e Julietapor William Shakespeare
Ato II, Cena I (trecho)
Sob a varanda de JulietaRomeo entra no palácio dos Capuletos sem ser visto. Julieta aparece em uma janela).
ROMEO: Shhh! Que brilho irrompe por aquela janela? É o Oriente, e Julieta, o sol! Levanta-te, sol esplêndido, e mata a lua invejosa, lânguida e pálida de sentimento porque tu, sua donzela, a ultrapassaste em beleza! Não a sirva, ela tem inveja! Seu cocar vestal é doentio e amarelado, e só os bufões o usam, joguem-no fora! É a minha vida, é o meu amor que aparece! ... Fala ... mas nada se ouve; Mas o que isso importa? Seus olhos falam, eu vou responder! ... (...) Olha como ele pousa o rosto na mão! Oh! Quem foi a luva daquela mão para poder tocar aquela bochecha!
JULIETA: Ai, eu!
ROMEO: Fale, oh, fale de novo, anjo resplandecente ... Pois esta noite você aparece tão esplêndido sobre minha cabeça como um mensageiro celestial alado diante dos olhos estáticos e maravilhados dos mortais, que se inclinam para trás para vê-lo, quando ele cavalga sobre as nuvens tardias preguiçosas e velas pelo ar.
JULIET: Oh, Romeu, Romeu! Por que você está Romeo? Negue seu pai e recuse seu nome, ou, se não quiser, apenas jure que me ama, e eu deixarei de ser um Capuleto.
ROMEO (À parte): Vou continuar a ouvi-la ou estou falando com ela agora?
JULIET: Só o seu nome é meu inimigo! Porque você é você mesmo, seja um Montague ou não! O que é Montague? Não é minha mão, nem pé, nem braço, nem rosto, nem qualquer parte que pertença a um homem. Oh, seja outro nome! O que há em um nome? O que chamamos de rosa exalaria o mesmo perfume agradável com qualquer outro nome! Da mesma forma, Romeu, mesmo que Romeu não fosse chamado, conservaria sem esse título as raras perfeições que guarda. Romeu, rejeite o seu nome, e em troca desse nome, que não faz parte de você, leve-me inteiro!
ROMEO: Vou acreditar na sua palavra. Apenas me chame de 'meu amor' e serei batizado novamente. De agora em diante deixarei de ser Romeu!
JULIETA: Quem é você, que assim, envolta na noite, surpreende tanto meus segredos?
ROMEO: Não sei expressar quem sou com um nome! Meu nome, santo adorado, é odioso para mim, por ser seu inimigo. Se eu tivesse escrito, arrancaria essa palavra.
JULIETA: Ainda não ouvi cem palavras nessa língua e já conheço o sotaque. Você não é Romeu e Montague?
ROMEO: Nem um nem outro, bela donzela, se você não gosta dos dois. "
Referências
- Ubersfeld, A. (1989). Semiótica teatral. Madrid: Secretariado de Publicações e Intercâmbio Científico, Universidade de Murcia.
- Alonso De Santos, J.L., Berenguer, A., Romera Castillo, J. (2017). O texto teatral: estrutura e representação. Revista da UNAM, México. Retirado da rua.unam.mx.
- O texto teatral: características e estrutura (2017). Educação. Retirado de auladigitalxxi.
- Teatro (2020). Retirado de es.wikipedia.org.
- O teatro, definição e elementos (2016). Projeto Aula. Retirado de lenguayliteratura.org.
- Medina, A. U. (2000). O texto teatral: sugestões para seu uso. In: Que espanhol ensinar?: Norma linguística e variação no ensino do espanhol para estrangeiros: atas do XI Congresso Internacional ASELE, Zaragoza, 13-16 de setembro de 2000, pp. 709-716. Retirado de unirioja.es.