Modernismo: contexto histórico, características, temas - Ciência - 2023


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Modernismo: contexto histórico, características, temas - Ciência
Modernismo: contexto histórico, características, temas - Ciência

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o modernismo ou art nouveau é um estilo incorporado em todas as artes entre 1890 e 1920, produto de uma corrente de renovação artística que se desenvolveria na Europa. Os artistas (pintores, escultores, designers, escritores) queriam romper com estilos anteriores mais rígidos, como o neoclassicismo, e até mesmo com os chamados rupturistas (impressionistas e realistas) para criar uma “nova arte”, livre, jovem e moderna.

No modernismo, abundam as formas sinuosas inspiradas na natureza, principalmente formas vegetais, e novos elementos da Revolução Industrial foram incorporados, como o vidro e o aço.

Uma de suas premissas fundamentais era socializar a arte, "democratizar a beleza", ressaltando que mesmo o mobiliário do cotidiano, além de funcional, também poderia ser belo artisticamente, e assim o art nouveau invadiu edifícios e se expressou em lâmpadas, cadeiras, escadas, portas, janelas.


A beleza estaria ao alcance de todos, embora sem aproveitar a massiva produção que se iniciava. O modernismo se manifestou não só na arquitetura, pintura ou escultura, mas também na literatura, artes gráficas e design de móveis, joias, vidrarias, cerâmicas, etc.

Contexto histórico do modernismo

A art nouveau se desenvolveu nas últimas décadas do século XIX e no início do século XX. Este período é conhecido como belle époque ou fim de seècle, caracterizado por um entusiasmo por descobertas científicas, a ascensão do positivismo e um senso de progresso.

Mas também estava marcado por um certo mal-estar derivado das mudanças econômicas e culturais que estavam influenciando todas as camadas sociais. A consciência futura agarrou-se à consciência social, de alguma forma, com a intenção de criar algo inteiramente novo.


Este período histórico foi enquadrado entre a Guerra Franco-Prussiana em 1871 (entre a Prússia e a França, com a vitória da Prússia e seus aliados, a Confederação da Alemanha do Norte e os reinos de Baden, Württemberg e Baviera) e o início da Primeira Guerra Mundial. em 1914.

Além disso, coincidiu com a segunda Revolução Industrial, em que os processos tecnológicos e industriais passaram por mudanças irreversíveis e aceleradas em todas as áreas da vida. E com a chamada “paz armada”, caracterizada pelo enorme desenvolvimento da indústria bélica e pela tensão entre as várias potências europeias.

Tudo isso fez com que os jovens se sentissem confusos e desejassem uma forma de expressão própria. Eles voltaram seus olhos para a natureza e foram inspirados por ela para trazer maior graça à dureza arquitetônica, de mãos dadas com ingredientes modernos: concreto e aço.

Art nouveau foi um movimento de reação ao esgotamento dos valores estéticos vigentes na época, e uma forma de enfrentar um presente e futuro incertos, emoldurados pela sociedade industrializada e ameaças latentes de guerra.


Termo Art Noveau

Este período foi pródigo em manifestações artísticas de todos os tipos, e o que permitiu que as vanguardas europeias posteriores se deteriorassem.

Era chamado de maneiras diferentes em diferentes países: Arte Nova na França e na Bélgica; Modernismo na Espanha e na América Latina; Sezessionstil na Austria; Jugendstil na Alemanha; Estilo moderno no Reino Unido e na América do Norte; Nieuwe Kunst na Holanda, e Liberdade ou Floreale de estilo na Itália.

O que esses nomes indicam é a condição de novo, de juventude, de coisa livre, de ruptura com o anterior. Podemos encontrar suas raízes no artista e designer pré-rafaelita William Morris, que liderou o movimento Arts & Crafts no Reino Unido.

As primeiras obras arquitetônicas art nouveau surgiram na Bélgica, embora Paris tenha sido o centro de disseminação desse movimento, que se espalhou pelo resto da Europa.

Características do art nouveau ou modernismo

Existem certas características que permitem reconhecer o art nouveau, que o distinguem de outras tendências artísticas, como o art déco.

Inspiração da natureza

São preferidos os elementos naturais, principalmente vegetais (ramos, raízes, flores, etc.) e as formas orgânicas entrelaçadas com o motivo central.

Curvas

A utilização de formas sinuosas e arredondadas, de curvas, é característica, tanto nas fachadas como na decoração. É comum ver portas e janelas em forma de arco.

Assimetria

Aposte em composições sem perspectiva geométrica, valorizando o caráter assimétrico e ornamentado. Assim, as figuras ficaram mais fluidas e ágeis.

Cores planas

Na pintura e nas artes gráficas (confecção de cartazes ou cartazes, e mesmo nas capas de livros) nota-se o uso de cores sem degradação ou variações de tom.

Design de móveis, públicos e privados

Sua intenção de democratizar a arte levou os artistas a projetar móveis para o uso cotidiano (cadeiras, mesas, camas, escadas etc.), tanto na esfera privada quanto na pública. Assim, começaram a ser vistos entradas de metrô, postes de rua, quiosques, mictórios, etc.

Devemos destacar que o art nouveau, apesar de seu objetivo democrático, tornou-se o estilo preferido da burguesia da época, hedonista e ávida por se diferenciar dos demais, cujo poder aquisitivo permitia a figura do mecenato.

Os mais ricos puderam então confiar a esses artistas tanto o desenho de suas casas quanto de seus móveis, algo que a maioria da população não podia pagar.

Harmonia do todo

Casas, palácios, quiosques, tudo em art nouveau buscava a unidade no estilo. Cada objeto, móvel, vitral, coluna, dependia do resto, e não era possível substituir nenhum desses elementos sem colocar o todo em risco.

Temas recorrentes no modernismo

Motivos naturais

Como já referimos, é comum o aparecimento de ramos, flores e folhas nas fachadas, mas também nos desenhos e pinturas, nos ornamentos como corrimões e na ferraria em geral.

A figura feminina

O modernismo se valeu do corpo feminino e o representou de forma estilizada, em atitudes delicadas e graciosas. As dobras dos vestidos foram enfatizadas e os cabelos representados ricamente ondulados.

Motivos exóticos

Os artistas não hesitaram em buscar inspiração em outras culturas, especialmente a mudéjar ou a japonesa. O gosto por esses motivos foi chamado de orientalismo.

Modernismo na pintura

Os pintores modernistas romperam com o academicismo e o impressionismo. Eles se refugiaram no simbolismo, e o objeto e a função da pintura foram questionados.

Técnica

Insiste em linhas puras para dar um caráter bidimensional à pintura, bem como no uso de cores planas e na expressividade do desenho, sendo assim um precursor do movimento expressionista.

Horror vacui

O horror do vazio se manifesta em abundantes elementos curvilíneos, folhas, galhos, flores, caules, que preenchem completamente os espaços, sem deixar nenhum vazio.

Formatos

Os formatos preferidos pelos pintores são paisagísticos e alongados, para dar a sensação de figuras estilizadas ao extremo.

A mulher

É um dos temas frequentes na pintura modernista. O tratamento técnico do corpo feminino tem um erotismo muito acentuado, às vezes sendo considerado pornográfico.

Artistas e obras em destaque

Artistas de todo o continente europeu participaram deste movimento internacional. Os pintores mais proeminentes são Gustave Klimt, Théophile Steinlen, Aubrey Beardsley, Stanisław Wyspiański, Alphonse Mucha ou Santiago Rusiñol, entre muitos outros.

-Na Áustria, Gustave Klimt (1862-1918) foi membro e primeiro presidente do Sezessionstil, suas obras modernistas mais importantes foram "Retrato de Adele Bloch-Bauer", "Dánae", ambos de 1907, "O Beijo", 1907- 1908, e participou da ornamentação do Palácio Stoclet, considerado a síntese do art nouveau da Europa Central.

-Na França, Théophile Alexandre Steinlen (1859-1923), mais conhecido como Steinlen, foi um conhecido pintor e litógrafo. Eu morava no distrito de Montmartre e fiz amizade com Adolphe Willette e os artistas de Le Chat Noir.

Trabalhou para revistas Gil Blas, Le rire, Les Humouristes ou L'Assiette au Beurre, entre tantos outros, e fez inúmeros cartazes e banners, o mais famoso dos quais é justamente "O Gato Preto".

-Na Polónia, Stanisław Wyspiański (1869-1907), além de pintor, foi marceneiro, arquitecto e dramaturgo. Ele era um artista muito influente, e fez os famosos vitrais da igreja de Cracóvia, onde o estilo art nouveau pode ser visto claramente.

Realizou inúmeras obras, incluindo "Auto-retrato com uma mulher à janela", 1904, e "Maternidade", 1905.

-No Reino Unido, Aubrey Beardsley (1872-1898) foi um dos maiores críticos da sociedade vitoriana. Foi um ilustrador importante e inovador de livros em edições de luxo, editor das quatro primeiras edições da O livro amarelo e ilustrador de revistas como O Savoy ou O estúdio. Ilustrado Salomé, de seu amigo Oscar Wilde, e Lisístrata, a comédia de Aristófanes.

-Na República Tcheca, Alfons Mucha (1860-1939) foi um dos maiores expoentes da art nouveau. Começou a sua carreira muito jovem, como pintor decorativo para produções teatrais.

Um de seus cartazes litográficos mais famosos é o da obra Medea, com a atriz Sarah Bernhardt, em 1898, no Renaissance Theatre, causando tanta sensação que a atriz lhe ofereceu um contrato de exclusividade por 6 anos.

Muitos deles não só fizeram os pôsteres, mas também os cenários e figurinos.

-Na Espanha, Santiago Rusiñol (1861-1931) é um dos representantes do modernismo. Em 1889 mudou-se para Paris, onde viveu em Montmartre com Ramón Casas e Ignacio Zuloaga, dois outros pintores espanhóis, e quando regressou a Barcelona frequentou o café Els Quatre Gats, local de referência do modernismo catalão.

Entre suas obras mais destacadas estão "O Romance Romântico" e "A Morfina", ambas de 1894.

Modernismo na literatura

Na literatura, este termo foi cunhado graças ao poeta nicaraguense Rubén Darío. É um movimento claramente hispano-americano, o primeiro a influenciar a Espanha. Ocorreu principalmente na poesia, e na publicação de Azul… em 1888 como seu início.

Aparência formal

O modernismo literário foi caracterizado por uma profunda renovação estética da métrica e da linguagem. Pode-se dizer que é uma síntese de simbolismo e parnasianismo, que busca a perfeição formal nos poemas.

Da mesma forma, observa-se uma preciosidade estilística, e a busca pela beleza se manifesta em imagens muito plásticas. Abusa de aliteração, que é a repetição de sons semelhantes em frases, e sinestesia: veja um som, ouvir uma cor.

Métrica latina

Darío renovou, adaptou, a métrica castelhana à latina. Incluía versos de 9, 12 ou 14 sílabas inovando o soneto.

Renovação lexical

Introduziu helenismos, galicismos e cultismos em seus poemas, como forma de renovar a linguagem. Ele estava mais interessado em raridade do que precisão.

Temático

Seus temas são exóticos, em rejeição à realidade cotidiana, e é comum que poemas ocorram em lugares remotos.


Artistas e obras em destaque

Entre os tantos poetas modernistas, hispano-americanos e espanhóis, destacam-se seu criador Rubén Darío, Leopoldo Lugones, José Asunción Silva, José Martí, Antonio Machado e Amado Nervo.

-O representante máximo do modernismo literário foi Rubén Darío (1867-1916), da Nicarágua. Suas obras mais representativas são Azul…, que coleta poemas e textos em prosa, de 1888, e Canções de vida e esperança, 1905.

-Na Argentina, Leopoldo Lugones (1874-1938) é outra das figuras importantes. Seus contos são considerados precursores da literatura fantástica argentina e ele foi um dos primeiros autores a escrever contos.

Suas obras mais marcantes na poesia são As montanhas de ouro, 1897, Lunário sentimental, 1909, Odes seculares, 1910, e nas histórias, A guerra gaúcha, 1905, ou o Contos fatais, 1924.


-Na Colômbia destaca-se José Asunción Silva (1865-1896), cujas obras se dividem nos poemas "Nocturno III", de 1891, "Nocturno y diurno", de 1892 e "Meu pai e eu, letargia para a cidade" , 1902.

-Em Cuba, José Martí (1853-1895) iniciou o modernismo. Na poesia destacam-se “Versos Livres”, de 1882, “Versos Simples”, de 1891 ou “Flores del exierro”, entre 1878 e 1895.


-Na Espanha, Antonio Machado (1875-1939) foi um modernista principalmente em sua poesia inicial. Destacamos Solidões, 1903 e 1907, e Campos de castela, 1912.

-No México, Amado Nervo (1867-1919) é o principal representante modernista, e sua obra se divide em poesia, teatro, novelas, contos e ensaios, com destaque para a coleção de poemas Os jardins internos, 1905.

Modernismo na arquitetura

A Revolução Industrial gerou uma nova classe, que exigia uma arquitetura própria. Tanto a igreja como o palácio deixaram de ter importância, sendo substituídos por residências particulares mas também por espaços públicos, como teatros, museus, edifícios de escritórios ou para exposições.


materiais

São usados ​​materiais tradicionais como pedra, tijolo ou madeira, e outros como aço, vidro, ferro fundido e cimento.


Espírito cientista

O progresso inspira os arquitetos, e os avanços da ciência permitem que eles calculem convenientemente todos os materiais, para produzir obras que desafiem os limites de resistência desses materiais.

Investigação científica

Eles não investigam apenas as técnicas tradicionais de construção, mas também buscam novos caminhos. A geometria descritiva é uma inovação arquitetônica. Os arquitetos começam a fazer experiências com sistemas de construção.

Artistas e obras em destaque

Embora existam arquitetos importantes dentro desse movimento, falaremos daqueles que consideramos mais representativos: na Bélgica, Victor Horta, e na Espanha, Antoni Gaudí.

-Victor Horta (1861-1947) é considerado o arquiteto pioneiro da art nouveau. Sua obra mais marcante é a casa Tassel, localizada em Bruxelas, e realizada entre 1892 e 1893. Nela ele usa todos os elementos do modernismo.


-Antoni Gaudí (1852-1926) foi o mais extraordinário e peculiar arquiteto espanhol do art nouveau, que mereceria um artigo separado só para ele.

A Casa Milà, o Parque Güell e a inacabada Igreja Expiatória da Sagrada Família são obras notáveis.

Modernismo em escultura

materiais

Os materiais mais comuns para grandes obras eram mármore e bronze. Para peças menores, marfim, metais preciosos ou uma combinação deles, cerâmica e vidro.

Temático

O modernismo na escultura teve como tema principal a figura feminina, seguindo a mesma linha de outras disciplinas.

Artistas e obras em destaque

Entre os escultores modernistas destacamos o belga Philippe Wolfers, com Hex, de 1896; o escultor catalão Josep Clarà, com Deusa, de 1909, ou Manolo Hugué, também espanhol, com Mulher em repouso, 1925.

Referências

  1. Thompson, J. (1971). O papel da mulher na iconografia da Art Nouveau. Art Journal, vol. 31, nº 2, pp. 158-167. Retirado de caa.tandfonline.com.
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  4. Martínez Souto, C. (2013). Modernismo e Art Nouveau. Retirado de moovemag.com.
  5. Art Nouveau 1890-1905 (2020). Retirado de historia-arte.com.