Paul Ehrlich: biografia, teoria da cadeia lateral, outras contribuições - Ciência - 2023


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Paul Ehrlich: biografia, teoria da cadeia lateral, outras contribuições - Ciência
Paul Ehrlich: biografia, teoria da cadeia lateral, outras contribuições - Ciência

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Paul Ehrlich (1854-1915) foi um renomado médico e pesquisador, cujos trabalhos foram vigorosos para o desenvolvimento de disciplinas como a imunologia. As propostas inovadoras de Ehrlich destacam a importância da prevenção de infecções, que continua sendo um grande desafio para a humanidade.

As teorias levantadas por Ehrlich foram aperfeiçoadas e consolidadas com o passar do tempo, conseguindo que ramos da medicina como a quimioterapia se desenvolvessem amplamente; seus trabalhos foram decisivos para a obtenção de antibióticos, drogas antitumorais e substâncias citotóxicas.

Ehrlich era dotado de grandes habilidades de pesquisa e possuía uma personalidade entusiasta e perseverante, o que lhe permitiu aplicar o método científico à perfeição e tirar as conclusões de suas observações.


Biografia

Vida pessoal

Ehrlich nasceu em Strehlen (Polônia) no ano de 1854. Seus pais eram Rosa Weigert e Ismar Ehrlich, que trabalhava como administrador em um escritório de vendas de loteria. Em 1883 casou-se com Hedwig Pinkus e desta relação teve duas filhas: Stephanie e Marianne.

Foi professor na Universidade de Berlim (1887) e trabalhou como médico no hospital Charité da mesma cidade.

Ehrlich era um trabalhador apaixonado e implacável, muito amado e admirado por seus amigos, associados e alunos. No entanto, ele não estava cuidando de sua saúde; Em 1889, ele foi infectado com tuberculose, razão pela qual decidiu viajar para o Egito por um tempo para melhorar sua situação.

No entanto, o início da Primeira Guerra Mundial o abateu muito, pelo que sofreu um ligeiro ataque cardíaco. Além disso, ele fumava muito, sem contar as extenuantes entregas de drogas que fez ao exército alemão durante a guerra. Todos esses fatores afetaram sua saúde e ele morreu em 1915 como resultado de um segundo ataque cardíaco.


Estudos realizados

Ehrlich estudou medicina nas universidades de Freiburg, Strasbourg e Leipzig. Nessas instituições ele desenvolveu seu interesse pela seletividade de tecidos e células para capturar os diferentes corantes. Isso o levou a realizar importantes trabalhos e pesquisas na área da histologia com essas substâncias.

Um dos professores mais influentes de Ehrlich foi o anatomista Waldeyer (1836-1921). Os ensinamentos deste professor foram contundentes no desenvolvimento de sua tese de doutorado. Obteve assim o doutoramento em Leipzig, sendo o tema das experiências de tese sobre coloração em tecidos animais.

Pesquisa principal: teoria da cadeia lateral e outras contribuições

Contribuições na área de hematologia

Ehrlich, durante seu trabalho como médico, conseguiu determinar a afinidade das células sanguíneas por meio dos corantes. Ele detalhou a técnica para fixar as manchas das amostras de sangue no vidro e também especificou como colorir essas amostras uma vez aderidas ao vidro.


Ele foi um precursor na técnica de tingir tecidos e certas bactérias. Ele conseguiu isso usando azul de metileno, com o qual ele conseguiu colorir o Mycobacterium tuberculosis ou o bacilo de Koch. Esta coloração foi posteriormente modificada pelos médicos alemães Ziehl e Neelsen.

Ehrlich publicou seus achados em 1882 e eles logo foram usados ​​por outros pesquisadores, tornando-se a base para o método de coloração de Gram (1884). Além disso, suas observações e técnicas de coloração permitiram que Ehrlich determinasse que o sangue era composto de células que diferiam na morfologia.

Dessa forma, classificou algumas das principais células do sistema imunológico (linfócitos e leucócitos), além de detectar as chamadas células acessórias (neutrófilos, mastócitos, eosinófilos e basófilos). Da mesma forma, ele fez um tratado sobre anemia, que foi publicado.

Contribuições em imunologia

Em 1890, Robert Koch (1843-1910) ofereceu a Ehrlich uma posição como pesquisador assistente. Isso permitiu que ele começasse seu trabalho sobre imunidade.

Graças a isso, ele demonstrou em suas pesquisas que o corpo humano responde à ação de substâncias produzidas por bactérias (toxinas) por meio da produção de certos elementos (antitoxinas).

Da mesma forma, mostrou que as antitoxinas são encontradas no soro humano e que a reação entre a toxina e a antitoxina é específica. Além disso, observou que a concentração de antitoxina no soro dos indivíduos não era a mesma e era influenciada por variáveis ​​como a temperatura.

Ele também descobriu que os níveis de antitoxina no soro não são constantes, então ele desenvolveu um método para normalizar a concentração exata dessas substâncias. Essa contribuição foi fundamental e serviu de plataforma para todos os procedimentos de quantificação de soro e sua utilização em análises e testes diagnósticos.

Teoria da cadeia lateral

As descobertas mencionadas acima levaram Ehrlich a desenvolver sua teoria sobre as cadeias laterais. Hoje se sabe que essa teoria corresponde à interação entre as imunoglobulinas produzidas pelos linfócitos B e os receptores encontrados nas células T.

Essa ideia revolucionária levantou a presença de interações químicas e não biológicas entre a molécula da toxina e a antitoxina. Desse modo, ele introduziu o que mais tarde se tornariam os conceitos de antígeno e anticorpo.

Além disso, ele levantou a existência na toxina de duas unidades: a toxóforo e ele haptóforo. Sua teoria indicava que o partido ligou toxóforo (parte tóxica) foi acoplado a unidades que ele chamou toxófilos (cadeias laterais) encontradas nas células.

Ehrlich inferiu que as células sanguíneas eram dotadas de cadeias laterais que funcionavam como receptores de toxinas ou antitoxinas.

Noções básicas de imunoquímica

Com os estudos e descobertas sobre a quantificação da toxina e da antitoxina diftérica, Ehrlich foi capaz de lançar as bases para a imunoquímica.

Posteriormente, suas contribuições sobre os fenômenos de lise, aglutinação e precipitação de eritrócitos e bactérias ampliaram o campo de ação do uso do soro na identificação e diferenciação de bactérias patogênicas.

Posteriormente, esse conhecimento foi desenvolvido de forma mais ampla e não se limitou às bactérias. Hoje são usados ​​em testes imunológicos que detectam a existência de um anticorpo ou antígeno no soro humano.

O início da quimioterapia

Em 1889, Ehrlich foi contratado em Frankfurt para fazer trabalhos de saúde pública e foi nomeado diretor do Instituto de Terapêutica Experimental. Graças a esta posição, ele pôde estudar a composição química dos medicamentos.

Por outro lado, ele investigou a correlação entre a constituição química dos fármacos e sua forma de ação nas células para as quais são dirigidos. Sua ideia era buscar substâncias que tivessem afinidade específica por microrganismos causadores de doenças.

Este foi o início da quimioterapia, uma técnica que visa atacar infecções por meio de produtos químicos sintéticos.

Além disso, Ehrlich diferenciava a quimioterapia da farmacologia e a dividia em três classes: organoterapia (uso de hormônios), bacterioterapia (manejo dos elementos imunológicos) e quimioterapia experimental, que se baseia na noção de afinidade seletiva.

A quimioterapia experimental foi revolucionária, pois exigia encontrar moléculas direcionadas à origem da doença sem prejudicar o organismo.

Tratamento da sífilis

Ehrlich conduziu uma pesquisa significativa em sua busca por uma terapia eficaz para o organismo que causa a sífilis, o Treponema pallidum. Ele tentou óxidos de arsênico, mas estes causaram efeitos inesperados, como danos óticos em pacientes. Por esse motivo, foi duramente criticado por seus oponentes e até mesmo pela Igreja Ortodoxa.

Essas falhas o levaram a realizar uma série de testes para testar a atividade de uma ampla variedade de substâncias que poderiam ser utilizadas no tratamento da sífilis, mas sem afetar o indivíduo.

Desta forma, efetuou a ligação de uma variedade de moléculas a partir de uma molécula que tinha atividade antimicrobiana relevante. Dessa forma, conseguiu melhorar sua potência, mas ao mesmo tempo reduziu a toxicidade nos pacientes.

Ao modificar a forma como essas substâncias eram sintetizadas, Ehrlich obteve algumas soluções que implicaram em maior segurança e eficácia no tratamento da sífilis. Em seguida, ele testou suas hipóteses e estabeleceu as condições para a administração do medicamento.

A ascensão dos antibióticos

Ehrlich conseguiu, por meio da incorporação de uma substância no sangue de um paciente, eliminar o agente causador da doença sem agredir o organismo. Essas descobertas simbolizam o início de uma nova etapa para a disciplina terapêutica.

Graças a essas experiências, foram desenvolvidos medicamentos como antibióticos, antitumorais e substâncias citotóxicas marcadas com anticorpos.

Outras contribuições e conceitos

As contribuições da pesquisa de Paul Ehrlich são inúmeras. Além de suas principais descobertas, este cientista também conseguiu demonstrar a ativação experimentada por algumas substâncias ao entrar no corpo humano, sendo estas inativas fora do corpo.

Da mesma forma, evidenciou a existência de compostos capazes de controlar as infecções microbianas sem a necessidade de eliminar o patógeno, o que lhe permitiu definir o conceito de moléculas. bioestática.

Finalmente, Ehrlich foi capaz de visualizar a resistência das bactérias aos antibióticos naquela época. Hoje esse fenômeno é considerado um grave problema de saúde pública em todo o mundo.

Prêmios e distinções

Paul Ehrlich durante sua vida recebeu muitos reconhecimentos e distinções de vários países. Fez parte de inúmeras sociedades científicas e foi agraciado em 1908 com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina por seu importante trabalho em imunologia.

Além disso, foi galardoado com o Prémio Cameron em Edimburgo e, de forma muito especial, recebeu os reconhecimentos honorários de Química na Alemanha e do Congresso de Medicina de Lisboa.

Referências

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