Relativismo cultural: características e exemplos - Ciência - 2023


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Relativismo cultural: características e exemplos - Ciência
Relativismo cultural: características e exemplos - Ciência

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o relativismo cultural É uma corrente filosófica que considera toda cultura válida e rica em si mesma. Por isso, nega qualquer julgamento moral ou ético sobre os diferentes parâmetros que definem cada cultura. Essa corrente foi levantada pelo antropólogo Franz Boas no século 20, que desenvolveu postulados que se opunham ao evolucionismo e ao darwinismo.

Sob a abordagem do relativismo cultural -também chamado de culturalismo-, cada cultura deve ser entendida e analisada em seus próprios termos, portanto, é impossível estabelecer comparações entre culturas e qualificar algumas como "superiores" ou "inferiores" na aplicação de julgamentos morais sobre seus parâmetros.

Nesse sentido, as culturas do mundo também não podem ser ordenadas em um esquema evolucionário, pois se baseia no princípio de que todas as culturas são iguais.


Caracteristicas

O relativismo cultural parte da ideia de que cada cultura tem seu próprio sistema moral ou ético e, como cada cultura é válida, também o será sua moralidade.

Isso significa que não existem verdades morais ou princípios éticos absolutos ou universais, mas sim que cada indivíduo imerso em sua própria cultura terá seu próprio sistema de ação particular.

Ao analisar uma cultura ou um indivíduo em particular, o relativismo cultural propõe que o motivo de suas ações deve ser considerado. Por que essa cultura faz uma coisa e evita outra? Investigando os motivos, encontram-se as explicações, sempre com o cuidado de não julgar.

É neste sentido que os que estão apegados à corrente do relativismo cultural afirmam que algumas culturas não podem ser classificadas ou julgadas como superiores e outras como inferiores, visto que não existe um padrão definitivo sobre "bem" e "mal", pois tudo dependerá da cultura em que o indivíduo se move.


Abertura mental

Como método de estudo antropológico, o relativismo cultural proporciona ao pesquisador abertura mental suficiente para fazer um exercício de imersão em seu objeto de estudo e assim poder entender um pouco de sua natureza sem cair em julgamentos de valor; Isso ocorre porque fornece orientação sobre como uma determinada cultura deve ser entendida.

A adoção radical do relativismo cultural como lógica e filosofia de vida resulta na aceitação de comportamentos que têm a percepção da maioria de violação dos direitos humanos, como o apedrejamento de mulheres.

Exemplos

Existem vários tópicos na vida cotidiana que podem ser considerados estudos de caso ideais para o relativismo cultural. aqui estão alguns exemplos:


Nudez

A nudez é um assunto delicado a ser analisado sob a perspectiva do relativismo cultural. Existem culturas em que andar nu em locais públicos é desaprovado, pois está associado a comportamentos sexuais que devem ser praticados em privacidade.

No entanto, existem culturas como a finlandesa em que é comum entrar nas saunas logo de manhã cedo onde todos estão nus. No caso da tribo Yanomami na Amazônia, eles se recusam a usar roupas e se enfeitar com tinturas vegetais.

Poligamia

Outro exemplo que pode ser visto à luz do relativismo cultural diz respeito à poligamia. Existem culturas como os mórmons nas quais faz parte de seu estilo de vida um homem ter várias esposas.

Atualmente, existem até mais de 40 países nos quais a poligamia é totalmente legal, como na África e na Ásia. Alguns exemplos são Marrocos, Líbia, Líbano, Egito, Birmânia, Senegal, Índia e Indonésia, entre outros.

Relações pré-matrimoniais

Algumas pessoas consideram natural que os casais tenham encontros sexuais antes do casamento, enquanto outras pensam que isso é errado.

No mundo ocidental de hoje, é bastante comum que os casais tenham relações sexuais antes de se casarem, uma atitude que seria impensável alguns anos atrás. Este tópico tem consideração especial em culturas com crenças religiosas ortodoxas.

Religião

Em geral, a religião das pessoas e das sociedades é um assunto que pode ser tratado sob os princípios do relativismo cultural, pois todos podem ter as crenças e seguir os ritos que entenderem.

Por exemplo, existem culturas que têm várias divindades contra outras que são monoteístas. Dentre as culturas politeístas, destaca-se a hindu.

Relação com etnocentrismo

O etnocentrismo é o ponto oposto ao relativismo cultural, pois é uma corrente de pensamento em que uma cultura é analisada e julgada a partir dos pressupostos de sua própria cultura, visto que é considerada superior ou melhor que a outra.

Isso significa que as práticas, comportamentos e ideias da própria cultura são considerados "normais", enquanto os da cultura alheia são vistos como "anormais" ou estranhos, uma vez que o ambiente é analisado a partir de uma visão de mundo desejada, que é seu.

O etnocentrismo é típico daquelas civilizações que tiveram ou têm comportamentos imperialistas, de invasão e dominação de outras por se considerarem totalmente superiores.

Uma postura de etnocentrismo exacerbado dá origem a comportamentos violentos de racismo e xenofobia, em que a cultura dominante quer minimizar e até acabar com a cultura primitiva, estranha ou inferior.

Na evolução da antropologia, considera-se que o relativismo cultural surgiu como uma reação ao etnocentrismo prevalecente e como um antídoto para salvaguardar a pluralidade das culturas do mundo.

Crítica do relativismo

Muitos estudiosos afirmam que o relativismo cultural é insustentável na medida em que seu próprio postulado é ambíguo e até falso, uma vez que não pode ser considerado "valioso" ou "verdadeiro" para todas as culturas.

Alegam que existem práticas culturais - como a mutilação genital feminina - que violam os princípios éticos universais, incluindo o que se conhece como direitos humanos; nesse sentido, estima-se que devam ser combatidos.

Nessa perspectiva, o relativismo cultural é desmantelado, uma vez que as práticas culturais em que os direitos fundamentais das pessoas são violados não são um valor, mas um contra-valor, e como tal devem ser denunciadas.

É preciso fazer uma análise a partir da discussão sobre a ética de certas práticas culturais porque ameaçam a dignidade das pessoas. Essa análise deve ir além do plano moral para conduzir ao da verdade, com evidências científicas irrefutáveis ​​que condenarão ou não tais práticas.

Tomando novamente como exemplo o caso da mutilação genital feminina, trata-se de uma ação que acarreta complicações médicas graves que colocam em risco a vida da mulher, pela qual essa prática deve ser rejeitada.

Referências

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