O que é reabilitação cognitiva? - Ciência - 2023


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oreabilitação cognitiva refere-se a uma série de exercícios mentais realizados continuamente e sob a organização, planejamento e supervisão de um profissional (neuropsicólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais ...), especializado nesta área, irão influenciar na recuperação ou melhoria de um pessoa que sofreu danos cerebrais.

Expresso em termos metafóricos, poderíamos fazer a comparação de que a reabilitação cognitiva seria como uma "ginástica mental" para o cérebro, que reabilitação física para uma parte do corpo lesada.

A reabilitação cognitiva está integrada às terapias não farmacológicas, ou seja, uma intervenção sem química, teoricamente suportada, focada e replicável, potencialmente capaz de obter benefícios relevantes. (Olazarán e Clare, 2007).


Foi demonstrado, após várias pesquisas, que as mudanças na ativação cerebral são significativas após a realização de uma reabilitação cognitiva eficaz.

Não se deve esquecer que a reabilitação deve ser feita em equipe, tendo sempre em mente a existência de três figuras essenciais em um tratamento reabilitador. Em primeiro lugar, o paciente, depois a família e, em terceiro lugar, uma equipa de profissionais que trabalha numa perspectiva multiprofissional.

Para quem é a reabilitação cognitiva?

A reabilitação cognitiva torna-se relevante em diferentes patologias neuropsicológicas, neurológicas e psiquiátricas, como traumatismos cranianos (TCE), acidentes vasculares cerebrais (AVC), tumores cerebrais, demências, esclerose múltipla, esquizofrenia ...

Os processos cognitivos nos quais intervir são: linguagem, memória, atenção, práxis, gnose e funções executivas. Para além da importância de intervir nos problemas de anosognosia, desconhecimento dos défices, tendo sempre presente que o tratamento deve visar uma intervenção que integre as três esferas da pessoa "biopsicossocial", que são estar sempre inter-relacionado.


Quais foram as primeiras abordagens para a reabilitação cognitiva?

Foi na Alemanha, no início do século passado, quando um psicólogo e neurologista chamado Walther Poppelreuter, começou a investigar com os soldados sobreviventes da Primeira Guerra Mundial, o que deixou sua marca em alguns veteranos na forma de danos cerebrais.

A partir desse momento, Propperleur passou a investigar e contrastar que o desempenho de certas atividades de treinamento cognitivo em pessoas que sofreram lesão cerebral melhorou o desempenho desses soldados em testes psicométricos.


A partir dos estudos de Poppelreuter, passou a ser dada importância a este tipo de técnicas, que poderiam ser realizadas para melhorar o processo de recuperação de danos cerebrais ou, como veremos a seguir, retardar um processo neurodegenerativo.

Reabilitação cognitiva e estimulação cognitiva são a mesma coisa?

Vários autores explicitam a diferenciação entre esses dois termos. Em um nível conceitual, a reabilitação se referiria a uma recuperação da função e, por outro lado, a estimulação seria mais voltada para a manutenção ou exercício dessa função.


Um exemplo claro do uso diferenciado desses dois termos é visto no tratamento de doenças neurodegenerativas (como seria no caso das demências, entre outras), onde segundo os especialistas é mais adequado referir-se à estimulação cognitiva.

Por se tratar de um processo degenerativo, a função não é recuperada, mas o objetivo estaria focado em retardar o processo de degeneração da doença e minimizar os efeitos que vão se refletir nas funções cognitivas da pessoa.


A importância da plasticidade cerebral quando falamos em reabilitação cognitiva

Não podemos nos aprofundar no termo reabilitação cognitiva sem antes explicar o que é plasticidade cerebral e a importância que terá na realização de um tratamento de reabilitação cognitiva.

A plasticidade cerebral é uma característica do nosso cérebro pela qual, após o dano orgânico, nosso cérebro é capaz de se regenerar e se reorganizar, mesmo vários meses após o dano sofrido.

O cérebro fica mais plástico dependendo da idade da pessoa, há uma correlação inversa com a maturidade cerebral, ou seja, o cérebro vai ficar mais plástico em idades mais jovens.

Deve-se notar que em estudos recentes relacionados à plasticidade cerebral, foi demonstrado que nosso cérebro continua a manter essa capacidade, embora em menor grau ao longo dos anos. No entanto, a plasticidade cerebral ainda está presente em pessoas com idades mais avançadas.


Quais são os objetivos da reabilitação cognitiva?

Em primeiro lugar, devemos levar em consideração nossas expectativas, variáveis ​​e fatores prognósticos, pois muitas serão as causas que condicionarão a reabilitação cognitiva.

Alguns desses fatores referem-se à idade, ao quadro clínico, ao intervalo entre a lesão e a reabilitação, a presença de distúrbio associado a lesão cerebral e motivação pessoal, entre outros fatores.

Os principais objetivos que se apresentam são: reduzir os déficits cognitivos que ocorrem após a lesão cerebral, promover a integração nas diferentes áreas da vida da pessoa, maximizar o grau de autonomia e independência da pessoa, treinar em estratégias como aprendizagem livre de erros, visualização, recuperação espaçada, etc.

Todos esses objetivos visam aumentar a qualidade de vida tanto do paciente quanto de seus familiares e cuidadores.

Exemplos de diferentes técnicas de reabilitação cognitiva

Utilização de fichas de “lápis e papel”, que se conhece como reabilitação cognitiva tradicional, onde a pessoa realiza exercícios de escrita, leitura, cancelamento ... dependendo da capacidade cognitiva que pretende trabalhar.

Outra modalidade de reabilitação cognitiva seria por meio de material específico e adaptado, onde o profissional seleciona fichas de trabalho, objetos do cotidiano ou qualquer ferramenta ecológica que possa ser utilizada para a realização dos exercícios que são propostos na sessão de reabilitação cognitiva.

Atualmente, a estimulação cognitiva por computador (ECO) também é realizada utilizando novas tecnologias, computadores, aplicativos móveis ...

Esta última traz algumas vantagens em relação à estimulação tradicional, pois é possível trabalhar com estímulos mais atrativos e motivadores para o paciente e a nível profissional, a precisão de algumas variáveis ​​como exposição ou tempo de reação e também o registro podem ser mais facilmente controlados. do nível quantitativo.

Referências

  1. Wilson, B. A .: Desenvolvimentos Recentes em Reabilitação Neuropsicológica, 2006.
  2. Bach –and- Rita, P .: Base teórica para a plasticidade cerebral após um TBI (University of Wisconsin- Madison, Madison, USA 2003).
  3. The Effectiveness of Rehabilitation for Cognitive Deficits Escrito por Peter W. Halligan, Derick T. Wade (2005).
  4. http://exclusive.multibriefs.com/content/
  5. http://www.sciencedaily.com/releases/2015/07/150708131446.htm.