Basofobia: sintomas, causas e tratamento - Psicologia - 2023


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Todos os dias, todos nós realizamos ações que não requerem nossa atenção. Um desses atos é o andar, que apesar de estar sujeito a um notável grau de coordenação motora, tende a se automatizar desde muito cedo.

Quando caminhamos, deslocamos nosso peso para a frente, mudando o eixo de gravidade e posicionando os dois pés de forma que o corpo se mova no espaço sem bater no solo ou contra um obstáculo. Tudo acontece sem a necessidade de pensar em detalhes sobre o que está acontecendo.

É por isso que muitos se surpreendem ao descobrir que é possível ter medo de errar nesse processo "simples" e sofrer uma queda espetacular como consequência. Esse medo, mais comum do que se pensa, é conhecido como basofobia.

Neste artigo, falaremos sobre esse medo específico, sobre suas causas e tratamentos, bem como sobre qual grupo corre maior risco de sofrê-lo.


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O que é basofobia?

A basofobia é uma fobia específica e, portanto, pode ser considerada um transtorno de ansiedade. A pessoa que sofre refere-se um medo muito incapacitante da possibilidade de tropeçar e cair enquanto se move de um lugar para outro. O fato de vaguear ser um ato absolutamente comum, necessário para o desenvolvimento da vida cotidiana, torna esse medo um problema que limita severamente a autonomia e a participação nas atividades da vida diária.

Sintomas

Esse medo geralmente tem uma série de causas identificáveis, que discutiremos em detalhes na próxima seção, e tende a persistir por meio de um processo de evitação deliberada.

Existem muitas pessoas com basofobia que, diante da vivência desse medo irresistível, decidem parar de andar definitivamente. Assim, conseguem permanecer por muito tempo em situações de extremo sedentarismo, sofrendo fisicamente enquanto o medo continua aumentando.


É importante ter em mente que grande parte das pessoas que convive com basofobia (também conhecido na literatura como medo de cair ou "medo de cair") são idosos com problemas físicos adicionais, especialmente no sistema locomotor, portanto, é um problema que pode agravar o declínio de sua saúde ou o risco de complicações em outros órgãos ou sistemas. Por isso sua detecção e tratamento precoces são de suma importância.

Pessoas com basofobia também podem relatar emoções difíceis com grande frequência, pois a inatividade que delas resulta implica uma série de perdas importantes (sociais, de trabalho etc.). Por esse motivo, é comum que ocorram transtornos de humor ou uma dolorosa sensação de solidão.

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Causas da basofobia

A seguir, apresentaremos as principais causas da basofobia. Serão incluídos aspectos físicos e psicológicos, que muitas vezes podem estar presentes ao mesmo tempo ou mesmo interagir, potencializando-se mutuamente.


1. História anterior de quedas

A maioria das pesquisas sobre basofobia indica que a história de quedas no passado é uma das principais razões pelas quais essa forma de medo pode se desenvolver. Assim, a lembrança de tropeços e quedas ficaria armazenada como uma marca emocional na narrativa de vida, o que condicionaria a capacidade de caminhar normalmente. Embora seja possível desenvolver a fobia sem ter experimentado uma queda grave na pele em si, a verdade é que a maioria das pessoas que sofrem disso afirmam que sim.

A relação se estabelece em duas direções: as pessoas que alguma vez caíram têm mais medo de cair do que as que nunca caíram, mas também acontece que quem teme uma queda mais intensamente corre maior risco de sofrer do que quem sente mais. seguro. Como consequência, um ciclo vicioso entre experiência e expectativa, cuja resolução requer um procedimento terapêutico personalizado.

2. Controle de ansiedade e postura

Quando o medo de cair se instala, o sofredor dedica atenção excessiva a todo o processo que envolve a movimentação de um local para outro, fazendo com que perca a normalidade com que se desenvolveu até aquele momento. Por isso, essa coordenação automatizada estaria condicionada por uma percepção de ameaça ou perigo, o que implicaria em uma nefasta necessidade de controle e segurança.

Essa supervisão altera o desempenho da marcha em muitos níveis. Nós sabemos que pessoas com basofobia adotar uma maior rigidez nos grupos musculares envolvidos na caminhada; limitando a amplitude de movimento e alterando o centro de equilíbrio pela contração do músculo tibial anterior, sóleo e panturrilhas. Essa variação pode aumentar o risco de uma nova queda (ou a primeira em quem nunca viveu antes).

Essa alteração deliberada da marcha é um comportamento de difícil controle, por meio do qual a pessoa tenta antecipar alguma situação inesperada que aumente o risco de queda: um obstáculo que o atrapalha, uma queda no solo ou tontura. Por isso, é mais comum naquelas pessoas que convivem com sintomas ansiosos, nos quais há uma preocupação constante com o que pode acontecer no futuro.

Mesmo na posição ereta, em que a necessidade de andar não é prevista, as pessoas com basofobia sentem medo e sua confiança em seu próprio equilíbrio diminui, precipitando uma hiperativação do sistema nervoso autônomo (e mais especificamente de seu ramo simpático). Este fenômeno fisiológico está ligado a sensações como taquicardia, taquipnéia, sudorese, sensação de irrealidade e instabilidade; e eles próprios aumentam o risco de queda.

3. Aumento da demanda cognitiva

Idosos com basofobia têm maior risco de cair, bem como maior medo de que isso aconteça com eles, quando se soma uma atividade simultânea que exige esforço cognitivo ao fato de caminhar. É por isso que eles podem se sentir inseguros em lugares desconhecidos, uma vez que devem dedicar muito mais recursos atencionais para avaliar as propriedades do ambiente físico (presença de obstáculos e elementos de apoio, por exemplo).

Esta circunstância também implica que pessoas que sofrem de alguma deterioração de suas funções cognitivas Eles têm maior risco de quedas do que aqueles que os têm preservados, pois no primeiro caso é mais fácil ultrapassar os recursos disponíveis para o processamento da informação. Esta é uma das razões pelas quais os pacientes com demência caem com mais frequência do que os indivíduos que não sofrem desses problemas neurodegenerativos.

4. Função física deficiente ou necessidade de auxílio para deambulação

Pessoas que se percebem como fisicamente limitadas (por acidente, cirurgia ou patologia) podem ter um risco maior de desenvolver essa fobia. Nesse caso, a autoeficácia para o movimento pode ser seriamente prejudicada, perdendo a confiança e formando uma sensação geral de insegurança. Esse problema aumenta quando é necessária ajuda para andar, como muletas ou bengalas.

Muitos estudos enfatizam que o que realmente importa para explicar o medo de cair não é o estado físico objetivo, mas a percepção que a pessoa tem dele. Assim, um sujeito com menos mobilidade pode não ter esse problema, desde que confie na sua própria capacidade e considere que seu corpo está em boa forma. A institucionalização de idosos pode aumentar o risco de basofobia, principalmente se o centro residencial onde estão não tiver informações sobre esse problema.

5. Uso de drogas

Os idosos eliminam as drogas mais lentamente do que os mais jovens. Da mesma forma, também relatam mais efeitos colaterais do que estes (e de maior intensidade), por isso é necessário ter cautela na administração de compostos que podem causar tontura ou instabilidade em pessoas que sofrem de basofobia.

Às vezes, para tratar a ansiedade diretamente associada à basofobia, opta-se pela administração de benzodiazepínicos. É um subgrupo de drogas com propriedades relaxantes musculares, hipnóticas e ansiolíticas. Pois bem, em alguns casos, podem causar sonolência indesejável e flacidez muscular naqueles que convivem com esse problema fóbico (principalmente no início da manhã), portanto, seu uso e seus efeitos nesses casos específicos devem ser cuidadosamente monitorados.

Tratamento da basofobia

A basofobia pode ser tratada por meio de programas terapêuticos que incluem quatro componentes principais: exercícios físicos, psicoeducação, exposição e uso de medidas de proteção ou segurança.

Em relação aos exercícios físicos, atividades que visam melhorar a sensação de equilíbrio têm sido propostas. Incluem movimentos de sentar e levantar, dar passos em todas as direções enquanto se mantém em pé, inclinar o corpo para explorar os limites da estabilidade, deitar e levantar (já que a hipotensão ortostática às vezes contribui para o medo) e praticar esportes coletivos (adaptado )

Em relação às estratégias psicoterapêuticas, o uso da psicoeducação é escolhido (oferecer informações sobre o problema que reduzam a presença de ideias pré-concebidas e prejudiciais), reestruturação cognitiva (identificação e discussão de ideias irracionais) e exposição (tanto in vivo quanto na imaginação ou por meio do uso de novas tecnologias).

As medidas de proteção implicam a modificação do ambiente físico de forma a aumentar a sensação de segurança nos espaços de funcionamento normal, bem como a utilização de elementos que minimizem as potenciais consequências antecipadas de uma potencial queda (proteção nas áreas do corpo que o pessoa considerada vulnerável ou frágil, como a cabeça ou os joelhos).

Entre todas essas estratégias, os que apresentam maior eficácia são aqueles que combinam exercícios físicos e intervenção psicológica, sendo necessário o desenvolvimento de programas multidisciplinares que contemplem a realidade da pessoa como um todo. O uso separado de um ou outro também mostrou efeitos positivos, mas eles tendem a se diluir rapidamente com o tempo.