Descolonização: características, causas, consequências - Ciência - 2023


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Descolonização: características, causas, consequências - Ciência
Descolonização: características, causas, consequências - Ciência

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odescolonização é a manifestação histórica que se origina quando um território busca se libertar do domínio estrangeiro. Em outras palavras, é um movimento que pode ser gerado quando os habitantes de uma nação conquistam a independência ou são incorporados a outro Estado por meio de uma lei de livre associação.

Esse processo pode ser visto como a “saída natural” que as colônias encontram para se emancipar dos governos seculares. Freqüentemente, é considerada uma saída natural porque uma revolução e a participação dos cidadãos geralmente são necessárias. A vontade dos povos é o que impulsiona o livre arbítrio.

Nesse sentido, a descolonização é definida como uma ideologia anticolonial que se inspira no progresso e crescimento nacional, buscando o desenvolvimento de seus próprios valores e cultura.


A descolonização adota os seguintes princípios: uma política pacífica e autônoma, o fortalecimento dos partidos liberais e não pertencer a nenhuma organização na qual um país de potência estrangeira tenha influência direta.

Origem

A descolonização é uma construção social que não se localiza em um tempo ou espaço específico, pois é um ato tão antigo quanto a humanidade. Assim, vem acontecendo desde o início da história, quando havia comunidades que tentavam governar outras enquanto lutavam para não serem oprimidas ou obter a liberdade.

Porém, etimologicamente o termo surgiu em 1952 no texto "Colonização, colonialismo, descolonização" de Henri Labouret (1878-1959), que afirmava que a palavra tinha a função de gerar uma ruptura da estrutura jurídico-política do colonialismo. . Segundo esse autor, todos os estados deveriam ser soberanos e não estar sob nenhum regime.

Caracteristicas

A descolonização é caracterizada como um processo criado a partir dos impérios coloniais, que subjugam algumas nações para expandir seu território e poder. No entanto, as regiões oprimidas reconhecem seus direitos e lutam por sua libertação.


Este movimento não possui uma cronologia específica. Embora seja verdade que teve seu pico entre 1945 e 1967, ainda assim, uma data específica de seu início e fim não pode ser determinada. As correntes pró-independência costumam ser constantes no campo histórico.

O anticolonialismo do século XIX utilizou o conceito de descolonização como elemento essencial de seu projeto revolucionário, mas a ideia foi pouco valorizada devido à evolução dos países no poder que continuaram a expandir seus territórios coloniais. O termo ainda não havia influenciado o pensamento político e social.

A princípio a descolonização foi chamada de conflitos bélicos pela libertação que ocorreram na América ao longo dos séculos 18 e 19, mas a partir do século 20 esse termo se refere não apenas aos povos que alcançaram a autodeterminação, mas às rebeliões que eles foram gerados nas diferentes colônias para alcançá-lo.

A ideologia desse processo influenciou o desenvolvimento da teoria pós-colonial, que visava estudar os efeitos que as nações colonizadoras causavam sobre os colonizados e como seus habitantes lutavam para adquirir uma identidade própria que os separasse do jugo colonial.


A virada descolonial e a descolonização

A descolonização é um ideal de liberdade nacional cujo preceito é não fazer parte de nenhuma instituição militar, já que durante o processo de emancipação se geram mortes e horrores sem fim.

Por isso, seu fundamento é afastar-se dos traumas criados pelos Estados opressores e instituir uma postura ético-política que estabeleça novos alicerces sobre os direitos do Estado e do cidadão.

Essas bases são conhecidas como “atitude descolonial”, que estabelece as estratégias que proporcionarão uma mudança radical nos modos de ser, conhecer e agir dos indivíduos. A virada descolonial refere-se ao reconhecimento e representação do poder que uma região adquire após a emancipação.

Ele também expõe uma posição que contradiz seus ideais; Ou seja, se opõe à sua abordagem inicial porque alguns políticos desenvolveram essa virada com o objetivo de ocultar e produzir armas tecnológicas que afetam o meio ambiente e os sujeitos.

Enquanto a descolonização é um sentimento e um valor para restaurar a identidade, a atitude descolonial é o estabelecimento das normas que promovem essa transformação.

Causas

A descolonização ocorre quando os membros de uma nação usurpada tomam consciência da situação e procuram acabar com ela. Porém, para que esse movimento aconteça, intervêm fatores internos e externos.

Nacionalismo

O nacionalismo é uma das causas essenciais para a formalização da descolonização, uma vez que os movimentos nacionalistas consolidam o projeto emancipatório. Dentro desta expressão, existem três aspectos principais:

Oposição aos países colonizadores

Isso ocorre quando os países conquistadores assumem todos os benefícios comerciais e sociais, deslocando as nações subjugadas, que acabam se rebelando para fazer valer seus direitos.

Ideologia democrática

As noções de soberania e autonomia são difundidas e assimiladas, que geram sentimento patriótico e se manifestam de duas formas. O primeiro é o nacionalismo conservador que enfoca o passado e a relevância da cultura, enquanto o nacionalismo progressista busca copiar as ações positivas dos estados de poder.

Ódio radical

A difusão das ideias de liberdade e democracia gera a rejeição de ideias extremas. Por esse motivo, as colônias buscam se livrar do domínio e das influências dos impérios.

Contexto internacional

Vários elementos contribuíram para o desenvolvimento da descolonização. Entre eles estão a solidariedade dos povos independentes, o apoio das organizações internacionais e o papel institucional da Igreja, que desde o século XX favoreceu a autonomia dos povos e o bem-estar dos cidadãos.

No entanto, dois conflitos de guerra que retomaram o pensamento liberal se destacam:

Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Foi o início do fracionamento e declínio do sistema colonial. Essa guerra -que tinha como objetivo a expansão e defesa territorial- não só causou inúmeras mortes e perdas materiais, mas também promoveu os princípios de soberania e igualdade das nações dependentes.

Em meio a esse contexto, as nações dependentes tiveram que decidir sobre seu destino e ser governadas por seus habitantes.

Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Diante da mobilização dos homens e do triunfo dos projetos democráticos, os estados colonizadores desistiram de promover o sistema colonial.

Muitas das superpotências mundiais entraram em colapso devido aos efeitos da guerra, que destruiu o regime japonês e fez com que a Europa perdesse o controle das colônias asiáticas, sendo despojada de sua hegemonia.

Consequências

A descolonização não apenas representou a liberdade e o poder nacional, mas também alimentou o neocolonialismo e o subdesenvolvimento.

Em outras palavras, as nações que conquistaram sua independência não encontraram um sistema econômico adequado para seu progresso, por isso ainda hoje dependem dos países desenvolvidos. Eles permanecem povos dependentes, embora tenham proclamado sua emancipação.

O subdesenvolvimento também engloba a ausência de uma estrutura sócio-administrativa estável, razão do elevado crescimento populacional que leva ao aumento da fome, da inanição e das doenças.

Este contexto também gera carência de infraestrutura e meios técnicos, uma vez que não há produção local, o que implica na importação de recursos essenciais.

Por outro lado, essas nações tendem a desequilibrar o sistema social nacionalizando as indústrias e dissipando gradualmente o capital. Por isso, surge a dívida externa, causando maior dependência dos Estados estrangeiros devido à liquidação dos juros.

Atualmente, alguns povos subdesenvolvidos costumam solicitar uma negociação política pela impossibilidade de saldar sua dívida externa, adquirida durante o processo de descolonização.

Exemplos

A descolonização é um processo que pode se originar de forma pacífica ou revolucionária. A primeira ocorre quando os países colonizadores cedem seus territórios para salvaguardar suas relações comerciais e monetárias.

Por outro lado, o caminho revolucionário implica violência e confronto armado entre metrópoles e colônias em que ambas competem por interesses semelhantes, como recursos e espaço. Nesse sentido, destacam-se os movimentos originados na Ásia e na África.

Descolonização da Ásia

A independência do Oriente Médio

Esse movimento ocorreu quando o Reino Unido (que dominava o Iraque, a Palestina e a Transjordânia) e a França (que controlava a Síria e o Líbano), que estavam no comando dos territórios árabes após a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, não o fizeram conseguiram manter o domínio das regiões devido à rivalidade que existia entre eles.

Este processo causou uma desestabilização que resultou na inimizade entre judeus e árabes e nas constantes guerras pelo controle do Canal de Suez e do petróleo. No entanto, a emancipação do Iraque em 1930 foi fundamental para que o resto das colônias se manifestassem, razão pela qual a partir de 1946 os outros povos tornaram-se independentes.

Descolonização da África

A independência da "África Negra"

Um dos episódios que mais se destacou na descolonização das nações africanas foi quando o Reino Unido, após a Segunda Guerra Mundial, decidiu acabar com a exploração que fazia nestes territórios e, de forma pacífica, deu-lhes autonomia.

O primeiro estado independente foi Gana em 1957. O objetivo do Reino Unido com esta ação era que todas as regiões pertencessem à mesma organização política.

Referências

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