Crise do século XIV: causas, características, consequências - Ciência - 2023


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Crise do século XIV: causas, características, consequências - Ciência
Crise do século XIV: causas, características, consequências - Ciência

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o Crise do século 14 É o nome dado pelos historiadores ao conjunto de circunstâncias negativas que caracterizaram aquela época. Os efeitos desta crise afetaram todas as áreas, desde a demográfica até a econômica, marcando o início do fim da Idade Média.

As razões pelas quais a Europa sofreu com esta crise são múltiplas e inter-relacionadas. Para começar, muitos autores culpam uma mudança no clima do continente pelas más colheitas, o que levou a episódios de fome e rebeliões por parte dos camponeses, que tiveram que pagar altos tributos aos senhores feudais.

Outra causa da crise foi a epidemia de Peste Negra que atingiu grande parte do continente. Estima-se que cerca de um terço da população europeia morreu devido a esta doença e outras epidemias.


Somente na segunda metade do século 15 a Europa começou a se recuperar. Até então, entretanto, a sociedade havia mudado. A burguesia começou a se tornar uma classe economicamente forte, a nobreza feudal perdeu parte de seu poder nas mãos dos monarcas e o sistema econômico foi mudando para o capitalismo.

Causas

Os séculos anteriores foram caracterizados pela melhoria da economia em toda a Europa. Isso causou um aumento significativo na população.

No entanto, o século 14 se desenvolveu de uma maneira totalmente diferente. Para que isso acontecesse não houve uma causa única, mas sim um conjunto de eventos que acabou gerando uma crise devastadora.

Crise climatica

Muitos historiadores apontam que no século 14 houve uma grande mudança na climatologia do continente.

Se, séculos antes, a Europa vivia sob o chamado ótimo medieval, o que permitia um crescimento considerável das safras, no século XIV o continente começou a sofrer um clima que tinha efeito contrário.


Essa mudança meteorológica empobreceu notadamente a atividade agrícola e pecuária, os dois pilares da economia da época. Além disso, o mesmo crescimento populacional acima exacerbou os problemas de menor produção de alimentos.

Peste

A partir da segunda metade do século 14, a Europa foi devastada por uma epidemia de Peste Negra. A gravidade deste surto fez com que cerca de um terço da população do continente morresse da doença.

Além da perda de vidas humanas, a epidemia fez com que diminuísse o número de trabalhadores. Isso, por um lado, agravou a queda da produção e, por outro, reduziu o consumo, o que afetou todas as atividades comerciais.

As guerras

Outra razão pela qual a crise estourou neste século foram as guerras contínuas que devastaram o continente. A mais importante foi a Guerra dos Cem Anos, que colocou a França e a Inglaterra uma contra a outra e durou até o século XV.


Além disso, este conflito foi acompanhado por numerosos confrontos dentro de muitos países. Finalmente, os otomanos também apareceram na Europa, aumentando um poder que seria confirmado em 1453, quando tomaram Constantinopla.

Perturbação das mansões

Tudo isso significou que o sistema político e econômico que caracterizou a Idade Média começou a desmoronar. O feudalismo entrou em grande crise, com os senhores feudais perdendo rapidamente o poder para os reis de cada estado.

Os problemas econômicos sofridos por muitos senhores feudais aumentaram os tributos aos camponeses. Estes, em resposta, começaram a levar a cabo violentas rebeliões, ante as quais os nobres tiveram que recorrer aos monarcas para poder sufocá-los, perdendo a independência política no processo.

Caracteristicas

Em termos gerais, a crise do século 14 foi caracterizada pelo declínio demográfico, colheitas reduzidas e mudanças políticas e sociais.

Fortalecimento da monarquia

A partir do início do século XIV, a organização política europeia começou a se transformar. O antigo sistema feudal, com nobres que controlavam os feudos, começou a ser substituído por outro sistema em que o rei concentrava a maior parte do poder.

Conflitos sociais

Como observado acima, os camponeses foram os que mais sofreram com todos os eventos negativos que marcaram o século. Desde a diminuição do rendimento das colheitas ao flagelo da peste, passando pelo aumento dos pagamentos exigidos pelos senhores feudais e pela Igreja, tudo causou uma degradação da sua qualidade de vida.

As fomes e o aumento da pobreza acabaram fazendo que os camponeses levassem a cabo várias rebeliões violentas em muitos países europeus.

Crise da Igreja Católica

A instituição mais poderosa durante a Idade Média, mais até do que as diferentes monarquias, foi a Igreja Católica. No entanto, não pôde evitar ser profundamente afetado pela crise que eclodiu naquele século.

Entre os eventos que causaram a perda de influência da Igreja está seu confronto com a França, cujo monarca tentou assumir o controle da instituição.

O rei francês, Felipe IV, decidiu reduzir a receita que a Igreja recebia. O papa, de Roma, reagiu excomungando-o. A situação estava piorando a ponto de os franceses prenderem o Sumo Pontífice. Embora ele tenha conseguido sair da prisão, ele faleceu logo depois.

Diante do vácuo de poder criado pela morte do Papa, Filipe IV nomeou um novo pontífice francês, Clemente V. Além disso, ele criou uma nova sé papal em Avignon.

A Igreja, por sua vez, tentou manter sua tradicional sede em Roma. Isso acabou fazendo com que, entre 1377 e 1417, houvesse dois papas diferentes.

Já em 1418, através do Concílio de Constança, o cisma foi encerrado com a eleição de um novo e único Papa.

Heresias

O cisma vivido no Ocidente, somado às conseqüências das más colheitas e da epidemia de peste, fez com que os cristãos vivessem um período de grande pessimismo. A morte se tornou uma verdadeira obsessão, com atitudes e crenças não muito diferentes daquelas que surgiram durante o milenismo.

Isso foi acompanhado pelo aparecimento de numerosas heresias, muitas em desacordo com a Igreja Católica.

Economia

A economia durante o século XIV foi afetada tanto por fatores externos, como o clima, quanto por fatores internos, como o colapso do sistema feudal.

Da mesma forma, o declínio populacional causado pela epidemia teve efeitos negativos, embora, paradoxalmente, o aumento demográfico dos séculos anteriores também pesasse, fazendo com que os recursos se esgotassem rapidamente.

Muitos especialistas acreditam que a crise econômica do século XIV acabou transformando o sistema do feudalismo para o capitalismo.

Transformações econômicas

Como observado, a população europeia aumentou consideravelmente durante os séculos 12 e 13. A certa altura, o crescimento populacional era maior do que o aumento na produção de alimentos causado pelo bom tempo e técnicas agrícolas aprimoradas, levando a grandes desequilíbrios.

A epidemia de peste e o conseqüente declínio populacional não resolveram esses desequilíbrios. O efeito foi realmente o oposto. De um lado, houve escassez de mão-de-obra e, de outro, diminuiu a demanda por todos os tipos de produtos, afetando negativamente o comércio.

Falta de trabalhadores

A falta de trabalhadores foi notada tanto no campo quanto nas cidades. Nas áreas rurais, muitas terras usadas para cultivo foram abandonadas. Além disso, como há menos demanda devido ao declínio da população, muitas safras não são mais lucrativas.

Por outro lado, na cidade, a indústria têxtil também sofria com a falta de trabalhadores. Isso fez com que os salários subissem, o que, por sua vez, levou alguns empresários a mudarem as fábricas para o campo em busca de trabalhadores que concordassem em pagar menos.

Dessa forma, pela primeira vez, os sindicatos municipais tiveram que competir com os empresários que haviam se mudado para o campo e não pertenciam às organizações sindicais.

Aumento de impostos

Os problemas criados pela diminuição da produção e da demanda afetaram a economia dos senhores feudais. A solução que tentaram estabelecer foi aumentar os tributos aos camponeses, que, normalmente, não podiam pagar esses pagamentos.

Por um lado, isso desencadeou inúmeras rebeliões contra os nobres. Por outro lado, muitos camponeses optaram por fugir e se refugiar nas cidades, onde tentaram sobreviver da melhor maneira possível.

Mudança do sistema feudal de renda

Os senhores feudais não tiveram escolha a não ser mudar o sistema de trabalho que existia até agora. Sua perda de influência, política e econômica, os enfraqueceu consideravelmente e eles tiveram que buscar novas receitas.

Entre os novos sistemas organizacionais que surgiram na época estão o aluguel de terras aos camponeses em troca de uma quantia em dinheiro e a parceria, em que os nobres colocam a terra e o camponês o trabalho, repartindo o que obtém.

Política

Como aconteceu nos demais campos, a crise do século XIV também afetou a política. O mais importante é que a monarquia foi imposta aos nobres e à Igreja, monopolizando quase todo o poder.

Aparecimento de vários estados europeus

Na maior parte da Europa, a monarquia tentou privar os senhores feudais do poder, centralizando territórios e autoridade na figura do rei.

Na Inglaterra, por exemplo, essa centralização já havia começado no século 13, embora lá a nobreza fosse forte o suficiente para obrigar o monarca a assinar uma Carta Magna, em 1215. Da mesma forma, o rei teve que concordar com a criação do Parlamento , onde aristocratas e burguesia estavam representados.

A França, por sua vez, também começou a se unificar, embora só no início do século XIII os reis conseguissem conquistar o poder contra a nobreza. Já no século XIV, Felipe IV instituiu uma espécie de conselho com a participação de nobres, eclesiásticos e burgueses.

No geral, tudo isso fez com que o sistema feudal começasse a ruir. Embora a nobreza tenha retido parte de sua influência, seu papel como senhores feudais gradualmente desapareceu.

Consequências

Tudo o que aconteceu no século XIV, apesar das consequências negativas que teve para a população, conduziu ao advento da Idade Moderna.

Reativação comercial

O comércio foi a atividade que impulsionou a melhoria econômica dos estados europeus. Portos italianos e cidades como Flandres se tornaram os principais pontos de novas rotas comerciais.

A burguesia

Antes da crise, a economia europeia estava centrada no mundo rural. Tanto a agricultura quanto a propriedade da terra eram as bases de toda atividade econômica.

No entanto, a crise do século XIV mudou toda essa situação. A partir desse momento, o campo deixou de ser o ponto central para ser substituído pelas cidades. Lá, uma nova classe social se posicionou como uma nova potência econômica: a burguesia.

O impulso dessa burguesia não se limitou mais aos campos antes ocupados pelas corporações, mas também passou a controlar o comércio. Em pouco tempo, eles se tornaram uma potência econômica, a tal ponto que os reis tiveram que recorrer a eles para empréstimos em muitas ocasiões.

Crise demográfica e movimentos migratórios

Outra das grandes consequências da crise do século XIV foi o aumento da importância das cidades em relação ao campo. Muitos camponeses, por questões tributárias ou pela falta de produtividade da terra, decidiram emigrar para as cidades. Muitas aldeias foram totalmente abandonadas.

Consequências sociais

Todos os setores da sociedade foram afetados pela crise deste século. A nobreza, por exemplo, foi possivelmente a classe que mais perdeu influência e poder. Da mesma forma, também sofreu um empobrecimento considerável.

Diante disso, a burguesia consolidou-se como classe social emergente. Apesar de, como o resto da população, ter sofrido os efeitos da peste, ao final da crise seu poder aumentou notavelmente.

Novas ideias religiosas

Historiadores apontam que a crise vivida pela Igreja Católica teve um peso importante nas mudanças ocorridas a partir do século XV.

Assim, a velha ordem promovida pela Igreja foi se transformando, surgindo novas idéias que se ajustavam melhor com a força que a burguesia havia adquirido.

Aos poucos, o antigo teocentrismo foi desaparecendo, até que, no século XV, uma nova filosofia baseada no humanismo foi imposta.

Recuperação

A Europa teve que esperar até o século 15 para começar a se recuperar da crise. Além disso, saiu muito transformada, tanto no plano político quanto no social. Em última análise, isso significava que a velha sociedade feudal evoluiu para uma capitalista.

Fim das causas da crise

O novo século trouxe consigo o desaparecimento das causas que provocaram a crise e, portanto, a recuperação dos seus efeitos.

Assim, a demografia experimentou, novamente, um crescimento notável. O fim de muitos conflitos armados e o desaparecimento de epidemias permitiram à Europa recuperar parte da população perdida.

Esse aumento populacional permitiu que a demanda por produtos aumentasse, assim como o número de trabalhadores disponíveis.

Avanços na economia

Junto com o anteriormente detalhado, o surgimento de novos avanços técnicos para o trabalho em campo ocasionou o aumento da produção.

Da mesma forma, a indústria e o comércio também cresceram ao longo do século XV, o que teve um efeito muito positivo na situação económica da população.

Referências

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