Fray Toribio de Benavente: biografia e obras - Ciência - 2023

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Fray Toribio de Benavente (1482-1569) foi um religioso de ordem franciscana que participou da evangelização da América. Também conhecido pelo apelido de Motolinía (o pobre), foi um dos missionários que chegaram ao México em 1524 e que recebeu o nome de "Os doze apóstolos".

O frade não apenas desenvolveu sua atividade no México, mas também viajou para a Guatemala e a Nicarágua. Participou da fundação de vários conventos, ocupando cargos de responsabilidade em muitos outros.

Fray Toribio aprendeu nahuatl a ser capaz de se comunicar com os indígenas. Foi um ardoroso defensor dos direitos dos indígenas, embora sempre numa perspectiva de apoio aos conquistadores. Isso o levou a um confronto amargo com Fray Bartolomé de las Casas, com quem não compartilhava a aplicação das Novas Leis.

O religioso escreveu uma série de obras que descrevem o modo de vida dos habitantes americanos originais. Embora muitos de seus escritos tenham sido perdidos, aqueles que sobreviveram são uma fonte muito importante para os historiadores que investigam os primeiros anos da conquista.

Biografia

O futuro frade nasceu em Benavente (Zamora) em data que não pôde ser especificada. Várias fontes situam-no entre 1482 e 1421. Seu nome de nascimento era Toribio Paredes e parece que seus pais tinham algum tipo de relação, possivelmente como trabalhadores, com os condes de sua cidade natal.

Toribio ingressou na Ordem dos Franciscanos aos 17 anos.Foi então que mudou o apelido, escolhendo o nome da sua localidade, Benavente.

Viagem para o mexico

Duas décadas após a chegada de Colombo à América, os conquistadores espanhóis empreenderam a chamada Conquista Espiritual. Tratava-se de evangelizar o novo mundo, convertendo os indígenas à fé cristã. Os franciscanos escolheram doze frades para irem ao novo continente. Entre eles estava Fray Toribio.

Os Doze Apóstolos, como eram chamados, deixaram o porto de Sanlúcar de Barrameda em 25 de janeiro de 1524. Em março, chegaram ao atual Porto Rico e, posteriormente, chegaram à ilha de Hispaniola.

Finalmente, depois de passar por Trinidad, no dia 13 de maio chegaram à costa mexicana, mais especificamente a San Juan de Ulúa.

Os frades partiram para a Cidade do México. Durante a viagem, eles encontraram indígenas Tlaxcalans, que ficaram surpresos ao ver o lamentável estado em que se encontravam os religiosos. Por isso, começaram a exclamar com pena a palavra "motolinía" (pobre que sofre).

Quando Fray Toribio descobriu o significado, decidiu adotá-lo como apelido e é, de fato, o modo como é mais conhecido na América Latina. Os frades chegaram à Cidade do México entre 17 e 18 de junho de 1524.

Cidade do México

Nos três anos seguintes, entre 1524 e 1527, Motolinía ocupou o cargo de guardião do convento de São Francisco na própria Cidade do México.

Lá ele aprendeu o Nahuatl e começou a conhecer as diferentes culturas indígenas. Por sua vez, ele se dedicou a ensinar vários ofícios e tentar converter os nativos que vinham ao cristianismo.

Já nesse primeiro período de sua estada na América, Frei Toribio se caracterizou por defender os indígenas dos abusos a que foram submetidos. Logo, isso começou a incomodar as autoridades espanholas na colônia.

Em 1527, ele fez sua primeira viagem à Guatemala, durante a qual visitou também a Nicarágua. Ele ficou fora por dois anos, voltando depois para Huejotzingo. Os abusos das autoridades o fizeram sair, novamente, em defesa dos indígenas.

Em 1529, Fray Toribio teve um confronto muito sério com Nuño de Guzmán, que chefiava a Corte Real. O motivo era a intenção de arrecadar impostos dos índios, algo ao qual Motolínia se opunha.

Isso o valeu ser acusado de ser um rebelde e até mesmo de promover a independência da Nova Espanha e de tentar fundar um estado indígena liderado pelos missionários.

Entre guatemala e mexico

A segunda viagem de Fray Toribio à Guatemala ocorreu em 1534, retornando posteriormente a Yucatán. Seu próximo destino foi Tlaxcala, onde ocupou o cargo de guardião do mosteiro durante 1536 e 1539.

Novamente, em 1543, ele foi para a Guatemala. Esteve dois anos naquele país, assumindo o cargo de vice-comissário daquela província. Carlos V, rei da Espanha, ofereceu-o para ser bispo de Yucatán, mas Motolinia não aceitou o cargo.

Por outro lado, ao retornar ao México, estava disposto a exercer as funções de Vigário Provincial e, posteriormente, de Provincial da Província do Santo Evangelho do México.

Da mesma forma, desempenhou um papel importante na construção do convento de Puebla e dos templos Huaquechula e Tula, construídos em antigos edifícios religiosos indígenas.

Confronto com Bartolomé de las Casas

Motolinía não teve apenas confrontos com as autoridades espanholas da colônia. Ele também discutiu amargamente com os missionários dominicanos, liderados por Fray Bartolomé de las Casas. Ambas as ordens disputavam o controle das novas terras e, além disso, não concordavam em questões teológicas.

Parte do confronto se deu por suas diferentes ideias sobre como educar os indígenas. Motolinía era a favor de converter os nativos e educá-los para aceitar os caminhos e costumes dos conquistadores. Por isso, acusou de las Casas de não fazer o mesmo e de educá-los de maneira anticolonial.

Frei Toribio escreveu uma carta ao rei Carlos V reclamando do dominicano. Nele afirmou que a forma de se relacionar com os índios de Fray Bartolomé não era correta, pois "é assim que ele perturba e destrói o governo daqui".

Embora os dois religiosos lutassem contra os abusos dos colonos, Motolinía defendeu Cortés e se opôs às graves denúncias de de las Casas.

Segundo alguns especialistas, Fray Toribio não era contra, por exemplo, a conversão forçada, e pregava a necessidade de a religião ser o guia para dirigir esses territórios.

Morte

Apesar do apoio à conquista demonstrado por Frei Toribio em sua carta a Carlos V, sua oposição ao pagamento de impostos pelos índios levou as autoridades a perseguir o frade.

A partir de 1555, há poucos dados sobre a vida do franciscano. Sabe-se que ocupou alguns cargos importantes dentro da Ordem, mas não está claro quais eram.

Fray Toribio de Benavente, Motolinía, morreu em agosto de 1569, embora algumas fontes afirmem que o fez em 1565. A lenda diz que ele queria celebrar missa no convento de São Francisco, aproximou-se do altar e, no final dos ritos, morreu .

Tocam

Os especialistas assinalam que Motolinía começou a escrever suas obras entre 1528 e 1530. Infelizmente, a maior parte de seus textos originais não chegaram aos nossos dias. Apenas alguns sobreviveram aos anos.

O que mais chama a atenção em seu trabalho são as descrições dos povos indígenas da região onde passou boa parte de sua vida. Ele explicou o passado desses povos, sua organização política e suas crenças. Além disso, relatou como era a evangelização, bem como quais eram as ideias dos colonizadores.

Tudo isso significa que ele se tornou uma fonte de primeira mão para aprender sobre os primeiros anos da conquista espanhola da América Central.

Os títulos mais importantes de Fray Teodoro são Memoriais Y A história dos índios. Nelas demonstrou uma elevada formação cultural, demonstrando que possuía muitos conhecimentos sobre temas de filosofia e humanidades.

Para escrever seus textos, era essencial que ele tivesse aprendido a língua Nahuatl e decifrado os códices. Isso proporcionou aos indígenas a possibilidade de lhe explicar sua cultura e de ler os depoimentos escritos.

História dos índios da Nova Espanha

Após anos de trabalho, Fray Toribio apresentou o que é considerado sua obra-prima em 1541. No começo era chamado Relação dos antigos ritos, idolatrias e sacrifícios dos índios desta Nova Espanha, e da maravilhosa conversão que Deus operou neles, mas com o tempo esse título longo foi encurtado.

Embora não esteja descartado que fosse mais longo, hoje se conhecem três partes da obra. No primeiro relata sua chegada como missionário e descreve como era a religião asteca.

O segundo fala sobre a conversão ao cristianismo, enquanto o último explica o jeito de ser dos indígenas, trazendo também dados interessantes sobre a geografia, a natureza e as cidades mais importantes da Nova Espanha.

Memoriais

Supõe-se que Fray Toribio começou a moldar este texto em 1528. Embora seja chamado Memoriais, o nome real da obra não é conhecido.

Os especialistas não têm certeza se se trata de um conjunto de textos variados que o autor estava reunindo para usar em seu História dos índios ou se ele pretendia publicá-los separadamente. Na verdade, ambas as obras têm alguns parágrafos idênticos, como se uma fosse a cópia da outra.

Outros trabalhos

Motolinía escreveu outras obras, algumas conhecidas apenas por referências indiretas. Entre eles você pode citar Adventus duodecim Patrum, que primi eas regiões devenerunt, et de eorum rebus gestis, título traduzido por Fray Juan de Torquemada como Vinda dos primeiros doze Padres, e o que eles fizeram aqui. Nenhuma cópia dele é mantida.

Por outro lado, ele também escreveu Doutrina cristã, língua mexicana, também desapareceu. Deve ser um catecismo dirigido aos indígenas.

Outros textos ausentes são Caminho do Espírito, Calendário mexicano Y Por Moribus Indorum, em espanhol Dos costumes dos índios.

Além da carta a Carlos V e outros folhetos, a outra importante obra do autor foi A vida e a morte de 3 crianças de Tlaxcala, escrito em 1539. Aparentemente, foi encomendado por sua ordem para mostrar que os nativos estavam errados em suas crenças e que era essencial que se convertessem ao catolicismo.

Referências

Ezquerra, Ramón. Toribio de Benavente, «Motolinía». Obtido em franciscanos.org
Pesquise biografias. Motolinía Fray Toribio de Benavente. Obtido em Buscabiografias.com
Aldao, María Inés. Fray Toribio Motolinía, o promotor da fé. Recuperado de webs.ucm.es
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Católica Online. Toribio de Benavente Motolinia. Obtido em catholic.org
Scheper Hughes, Jennifer. Biografia de um crucifixo mexicano: religião vivida e fé local desde a conquista até o presente. Recuperado de books.google.es