Aranhas: características, habitat, reprodução e alimentação - Ciência - 2023


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Aranhas: características, habitat, reprodução e alimentação - Ciência
Aranhas: características, habitat, reprodução e alimentação - Ciência

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As aranhas eles são um grupo de organismos que pertencem à ordem Araneae. Caracterizam-se principalmente por apresentarem apêndices articulados, distribuídos em dois pares de quelíceras, dois pares de pedipalpos e quatro pares de patas.

Esta ordem foi descrita pela primeira vez em 1757 pelo naturalista sueco Carl Clerck. A ordem Araneae é atualmente considerada a que possui o maior número de espécies de todos os aracnídeos. Eles podem ser encontrados em quase todos os ecossistemas terrestres.

As aranhas são organismos com características físicas e padrões de comportamento muito interessantes. Por isso, cada vez mais especialistas se dedicam ao seu estudo, no esforço de elucidar plenamente seus segredos.

Taxonomia

A classificação taxonômica das aranhas é a seguinte:


Domínio: Eukarya

Animalia Kingdom

Filo: Arthropoda

Subfilo: Chelicerata

Classe: Arachnida

Pedido: Araneae

Caracteristicas

As aranhas são consideradas organismos eucarióticos multicelulares, por duas razões. Primeiro, seu material genético (DNA) está localizado em uma estrutura delimitada dentro da célula que é conhecida como núcleo da célula. Da mesma forma, as aranhas não são constituídas por um único tipo de células, mas estas se diversificaram e adquiriram várias funções.

Levando em consideração o desenvolvimento embrionário das aranhas, pode-se afirmar com segurança que são organismos triblásticos e protostômicos. Isso significa que apresentam as três camadas germinativas: ectoderme, mesoderme e endoderme. Além disso, a partir de uma estrutura conhecida como blastóporo, o ânus e a boca são formados simultaneamente.

As aranhas são compostas por duas metades exatamente iguais, o que lhes confere uma simetria bilateral. Por sua vez, a grande maioria das espécies de aranhas possuem glândulas sintetizadoras de veneno, que usam principalmente para capturar e paralisar possíveis presas.


As aranhas têm a particularidade de sintetizar uma espécie de fio, geralmente conhecido como seda em muitos países. Nada mais é do que a queratina (proteína) que sofre um processo de transformação que lhe confere resistência e elasticidade.

A utilidade da seda para as aranhas é muito ampla, podendo ser usada para proteger seus ovos, paralisar presas e cobrir suas tocas, entre outros usos.

As aranhas são animais carnívoros, que se reproduzem sexualmente por meio da fertilização interna. Eles também são ovíparos com desenvolvimento indireto.

Morfologia

Como acontece com todos os membros do filo dos artrópodes, o corpo das aranhas é dividido em dois segmentos ou tagmas: o cefalotórax (prosoma) e o abdômen (opistosoma).

O tamanho das aranhas é variável, dependendo das diferentes espécies que existem, podem haver aranhas tão pequenas cujo tamanho não ultrapassa 5 mm e aranhas tão grandes que podem medir até mais de 15 cm.


Da mesma forma, as aranhas também possuem o elemento representativo dos artrópodes: os apêndices articulados. Em spiders, o número de apêndices é 12, distribuídos em pares. O primeiro deles corresponde às quelíceras, o segundo aos pedipalpos e os últimos quatro pares são as patas do animal.

- Cefalotórax (Prosoma)

É a porção menor das duas que compõe o corpo do animal. Sua face dorsal é protegida por uma placa esclerosada que é convexa, conhecida como escudo prosômico. Nesta superfície estão os órgãos da visão, compostos por cerca de oito olhos que se distribuem em duas linhas transversais paralelas.

A parte ventral do prosoma é ocupada inteiramente pelo esterno e pelas coxas das pernas. É importante destacar que em direção à parte anterior do cefalotórax estão as quelíceras, em cuja base se abre a boca do animal.

Quéliceros

Como no resto dos queliceratos, as quelíceras constituem o primeiro par de apêndices. No caso das aranhas, são pequenas e possuem uma espécie de unha na extremidade distal. Dependendo da espécie, eles podem ou não estar associados a glândulas sintetizadoras de veneno.

Pedipalps

Os pedipalpos das aranhas são mais curtos que os de outros aracnídeos, além de apresentarem morfologia semelhante à das patas. No entanto, sua função não está relacionada à locomoção, mas sim uma função sensorial.

Por sua vez, os pedipalpos podem cumprir outras funções relacionadas à reprodução, principalmente em espécimes machos.

Os machos podem usar pedipalpos para o processo de reprodução, seja para um ritual de namoro ou como um órgão copulador para introduzir o espermatóforo no corpo da fêmea.

A morfologia dos pedipalpos varia de acordo com a função que desempenham e as espécies a que pertencem.

Pernas

As aranhas têm um total de oito patas, distribuídas aos pares. Estes se articulam com o cefalotórax por meio de sua primeira articulação, a coxa. Além disso, são compostos por seis outras articulações, de medial a lateral: trocânter, fêmur, patela, tíbia, metatarso e tarso.

Dependendo da espécie, é possível que as pernas tenham duas ou três garras no nível do tarso.

- Abdômen (opistosoma)

É geralmente volumoso e de formato globoso. Anatomicamente é o local onde se encontram os diferentes sistemas que compõem o animal, bem como alguns órgãos anexos. Estes últimos são importantes nas diferentes funções que o animal pode desempenhar.

No nível superficial, o opistossomo apresenta vários orifícios. Entre eles estão os espiráculos, que são os orifícios para os quais as vias respiratórias se abrem. Outro buraco é o epigínio, o poro genital por meio do qual pode ocorrer o processo de fertilização.

Por último, possui um órgão denominado spinerets, geralmente em número de seis, organizados aos pares. Eles estão relacionados à produção de seda.

- anatomia interna

Sistema digestivo

O sistema digestivo dos membros da ordem Araneae é do tipo completo. Possui duas aberturas, uma para a entrada ou boca e outra para a saída conhecida como ânus.

A boca se abre para a cavidade oral, onde uma série de enzimas digestivas são sintetizadas e contribuem para a digestão dos alimentos.

Imediatamente após a cavidade oral está o ducto esofágico, que é curto. Este último se comunica com uma ampla cavidade, o estômago. Aqui também outras enzimas digestivas são sintetizadas e secretadas.

O estômago continua com o chamado intestino médio, que tem um comprimento considerável e é onde ocorre o processo de absorção. Este intestino possui estruturas semelhantes a um saco chamadas ceco. Sua função é aumentar a superfície de absorção.

Por fim, há a bolha retal que deságua no ânus, onde são liberados os resíduos produzidos pelo processo digestivo.

Sistema nervoso

O sistema nervoso das aranhas é composto por uma série de grupos ganglionares que se distribuem por todo o corpo do animal.

No nível do prosome, existe um agrupamento ganglionar que atua como o cérebro. Isso envia terminações nervosas para os muitos olhos (8) encontrados no prosoma.

Da mesma forma, por todo o corpo da aranha existem alguns gânglios que emitem fibras nervosas principalmente para os órgãos do sistema digestivo.

Sistema circulatório

As aranhas têm um sistema circulatório aberto ou tipo lagoa. O órgão principal é o coração, que possui vários ostíolos. O número deles depende do nível evolutivo da espécie de aranha. É assim que existem espécies que possuem coração com dois pares de ostíolos e outras que possuem até cinco pares. O coração bombeia a hemolinfa por todo o corpo.

Do coração emergem uma artéria aorta anterior e uma aorta posterior que expandem seus ramos por todo o corpo do animal, distribuindo com eficiência a hemolinfa, que é o líquido que circula nesse tipo de animal.

Sistema excretor

Os principais órgãos do sistema excretor das aranhas são os chamados tubos de Malpighi, que se ramificam sobre o ceco do intestino médio. Essas estruturas fluem para a porção final do trato digestivo.

Tal como acontece com outros artrópodes, as aranhas têm glândulas que levam às coxas dos apêndices. As espécies mais primitivas de aranhas têm dois pares de glândulas inominadas no primeiro e no terceiro par de patas, enquanto as espécies mais evoluídas possuem apenas as glândulas inominadas do primeiro par de patas.

Sistema respiratório

O sistema respiratório das aranhas é semelhante ao de outros aracnídeos, sendo constituído por órgãos chamados pulmões nos livros. Estas são constituídas por invaginações de natureza tegumentar em que ocorrem as trocas gasosas. As aranhas podem ter um ou dois pares dessas estruturas.

Os pulmões do livro comunicam-se com o exterior por meio de tubos chamados espiráculos. Por meio deles é que o ar entra no corpo do animal, levando oxigênio para os pulmões em livro e excretando o dióxido de carbono, produto da troca gasosa.

Sistema reprodutivo

As aranhas são indivíduos dióicos, o que significa que os sexos são separados, ou seja, existem espécimes masculinos e femininos.

No caso das fêmeas, o sistema reprodutivo é representado por um par de ovários que podem ter a forma de um cacho de uvas, que contém os oócitos maduros.

Um oviduto surge de cada ovário. Estes se unem na linha mediana do corpo do animal, formando um único ducto, que deságua na vagina, cujo orifício fica na porção média da chamada prega epigástrica. Da mesma forma, eles têm uma abertura chamada epiginium, que se comunica com um órgão de armazenamento chamado espermateca.

No caso dos indivíduos do sexo masculino, o aparelho reprodutor é composto por dois testículos que se comunicam com o exterior por meio de um poro genital no opistossomo. Eles também têm órgãos copulatórios, que estão localizados nos pedipalpos do animal.

Habitat e distribuição

As aranhas constituem um dos grupos de animais mais amplamente distribuídos em toda a geografia universal. Eles conseguiram conquistar todos os habitats, com exceção do continente Antártico.

Em geral, dependendo do ecossistema em que se encontram, as aranhas tiveram que passar por certas mudanças para se adaptarem a elas.

Por exemplo, no caso das aranhas encontradas em ecossistemas desérticos, elas desenvolveram mecanismos para aproveitar a água presente nas barragens que ingerem e, portanto, não requerem uma fonte externa de água.

Classificação

A ordem Araneae é composta por três subordens: Mesothelae, Mygalomorphae e Araneomorphae.

Mesothelae

Elas se caracterizam por não possuírem glândulas sintetizadoras de veneno, além de apresentarem um esterno bastante estreito em comparação a outros tipos de aranhas. É composta por três famílias, das quais duas são consideradas extintas. O único que sobreviveu até hoje é o Liphistiidae.

Mygalomorpheae

Essas aranhas são caracterizadas por serem grandes e bastante robustas. Eles têm glândulas venenosas cujos dutos são encontrados dentro de quelíceras fortes e poderosas. Um espécime representativo desta subordem é a tarântula.

Araneamorphae

É a subordem que abrange o maior número de espécies, que se agrupam em um total de 92 famílias. Seu elemento distintivo são as quelíceras diagonais, que se cruzam em suas extremidades distais.

Alimentando

As aranhas são animais carnívoros predadores que possuem alguns mecanismos altamente eficazes na captura de presas.

Quando a aranha identifica uma presa em potencial, eles podem capturá-la usando as teias de seda que ela produz. Assim que a presa fica presa na teia, a aranha inocula seu veneno com suas quelíceras.

Esse veneno faz com que a presa fique paralisada, o que permite que a aranha injete enzimas digestivas para iniciar sua ação. Enzimas digestivas degradam a presa e a transformam em uma espécie de mingau, que é ingerido pelo animal.

Dentro do corpo do animal, o alimento passa para o estômago, onde continua a sofrer a ação das enzimas digestivas ali sintetizadas. Mais tarde, passa para o intestino, onde ocorre o processo de absorção. As substâncias que não são utilizadas pelo corpo do animal são excretadas pelo ânus.

Reprodução

As aranhas se reproduzem por meio de mecanismos sexuais. Isso envolve a fusão de gametas masculinos e femininos. A fecundação é interna, indireta, ou seja, ocorre dentro do corpo da fêmea, mas não envolve processo de cópula.

O processo de reprodução das aranhas é um dos mais complexos do reino animal, pois inclui rituais de acasalamento.Em primeiro lugar, a fêmea é capaz de liberar substâncias químicas chamadas feromônios, que constituem agentes químicos de sinalização que atraem o macho para iniciar o processo reprodutivo.

Da mesma forma, existem espécies em que o macho realiza uma espécie de dança cujo objetivo é ser notado pela fêmea e induzir o processo de reprodução.

Mais tarde, o homem libera um espermatóforo no qual o esperma está contido. Então, com a ajuda de seus pedipalpos, o espermatóforo é introduzido na mulher para que o processo de fertilização finalmente ocorra.

Levando em consideração que as aranhas são organismos ovíparos, após a fecundação a fêmea põe os ovos. Medem aproximadamente 2 mm e o desenvolvimento embrionário dura entre 1 mês e 1 mês e meio.

Após esse período, eclodem os ovos e emergem indivíduos com as mesmas características de um adulto, porém menores. Com o passar do tempo, a aranha passa por várias mudas até atingir a idade adulta e a maturidade sexual.

Curiosamente, ao final da fecundação, algumas aranhas fêmeas costumam devorar o macho.

Espécies representativas

Latrodectus mactans

Também conhecidas como "viúva negra", pertencem à subordem Araneomorphae, sendo uma espécie de aranha bastante conhecida, principalmente pela toxicidade de seu veneno. É facilmente identificável graças a uma mancha vermelha em forma de ampulheta na extremidade inferior de seu abdômen.

Tarântula de Lycosa

Pertence à subordem Araneomorphae. É uma grande aranha, da qual foram encontrados exemplares que chegam a 30 cm, incluindo o comprimento de seus apêndices.

Eles têm uma aparência assustadora e são muito famosos pela periculosidade de seu veneno. Em humanos, embora não seja fatal, sua toxina pode causar necrose no tecido muscular.

Theraphosa blondi

É a chamada “tarântula de Golias”. É uma das aranhas mais temidas devido ao seu aspecto imponente. Da mesma forma, é considerado o mais pesado do mundo, chegando em alguns casos até 170 gramas. Todo o corpo é coberto de pelos e possui pedipalpos largos e robustos.

Aranha de seda dourada

Eles são um grupo de aranhas que pertencem ao gênero Nephila. Caracterizam-se pelas cores vivas que exibem, entre as quais se destacam os tons amarelos e ocres. Da mesma forma, eles devem seu nome à cor do fio com que tecem sua teia.

Referências

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  2. Curtis, H., Barnes, S., Schneck, A. e Massarini, A. (2008). Biologia. Editorial Médica Panamericana. 7ª edição
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