Paideia grega: contexto histórico, personagem, atualidade - Ciência - 2023


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o paideia grega Consistia em um modelo de educação implantado pelos antigos gregos que transmitia conhecimentos principalmente técnicos e morais. Da mesma forma, a paideia se caracterizava por treinar o indivíduo para torná-lo uma pessoa competente para cumprir os deveres cívicos exigidos pela polis.

Dentro do conceito de paideia foram agrupadas disciplinas como geometria, ginástica, retórica, gramática, filosofia e matemática, que foram consideradas os pilares necessários para proporcionar ao aluno conhecimento e cuidado. Porém, as atividades manuais - carpintaria, ferraria - não foram incluídas, por serem consideradas indignas de um cidadão exemplar.

O domínio de disciplinas como gramática e retórica garantiam ao indivíduo o desempenho correto na ágora - praça onde eram discutidos temas importantes - o que exigia boa capacidade de persuasão. Já as ciências puras, como a matemática, deram ao homem a objetividade necessária para atuar como legislador.


Por outro lado, as habilidades ginásticas garantiam aos alunos a capacidade de se desenvolver na arte da guerra, única atividade manual incluída na paideia. Todas essas características formaram o perfil aristocrático dos gregos e estiveram ligadas à brinco, que consistia na excelência total do indivíduo.

Mais tarde, o conceito de paideia foi assumido pelos romanos, que o traduziram como humanitas. Essa palavra significa pedagogia, cultura e educação.

Todos esses elementos deviam ser típicos dos homens livres e estavam relacionados ao desenvolvimento de todas as outras disciplinas. Em outras palavras, o humanitas ou paideia era tudo o que faz do homem um ser humano e que o diferencia dos bárbaros.

Contexto histórico

Embora o conceito de paideia já estivesse em uso desde o século V aC, o autor Werner Jaeger em seu texto Paideia: os ideais da cultura grega (2001), estabeleceu que os princípios da paideia foram aplicados com maior determinação após a tomada da cidade de Atenas pelos espartanos em 404 aC. C.


Isso porque, depois de enfrentar as devastações da guerra, os gregos tiveram que se apegar mais firmemente a seus ideais educacionais, morais e espirituais. Dessa forma, a cidade poderia se recuperar em menos tempo e se fortalecer para as próximas batalhas.

De fato, alguns autores afirmam que a queda de Atenas ocasionou o surgimento de um notável grupo de jovens poetas, historiadores e oradores, que enriqueceram espiritualmente a sociedade grega e estabeleceram novas diretrizes educacionais baseadas nos ensinamentos dos sofistas (termo que designava os homens que ensinavam conhecimento).

Em função disso, Werner Jaeger argumentou que o século IV foi o momento mais importante da história da paideia, pois essa época simbolizou o despertar de todo um ideal de cultura e educação que ainda deixou suas reminiscências nas sociedades atuais.

O personagem da paideia

Seguindo o texto A Paideia Grega (1989) de Franco Alirio Vergara, pode-se estabelecer que a paideia se constituía de dois elementos ou necessidades fundamentais:


Necessidade plástica e estética

A paideia grega se caracterizava por defender a estética tanto dos objetos quanto dos sujeitos. Na verdade, sabe-se que os gregos admiravam a harmonia e a simetria na criação artística. Por isso, seu sistema educacional valorizava o bom e o belo acima de tudo e era notoriamente influenciado pela natureza.

Segundo Franco Vergara, a paideia exigia homens que representassem e moldassem a natureza humana. Por esta razão, os alunos tiveram que observar com muita frequência os seres naturais para aprender deles o significado das formas e figuras, bem como o funcionamento das coisas.

Da mesma forma, a paideia tinha como princípio básico a mimese - ou seja, a noção de imitação -, que deveria ser introduzida na formação tanto dos artistas quanto de outros homens.

Necessidade política

Para a educação grega, o homem era um ser político por natureza e tinha uma tendência a viver em uma sociedade que o diferenciava dos outros seres. Por exemplo, assim como as abelhas constroem seus favos, os homens tiveram que construir a pólis. Ou seja, era natural para os gregos que o ser humano decidisse viver em comunidade e se interessasse pela política.

Da mesma forma, embora os gregos defendessem o caráter individual do homem, isso não poderia existir se ele não coabitasse na polis. Quer dizer, para um grego era impossível conceber a individualidade separada da Polis; enquanto a pólis só poderia existir na coexistência de indivíduos.

Portanto, a forma humana teve que se adaptar ao exercício político do homem. Além disso, todo ato humano era considerado político, originado na polis, e pretendia contribuir para o seu bem-estar.

Por isso, a maior ambição de um cidadão da polis era ser reconhecido como um membro de destaque em sua comunidade, pois essa era uma grande honra e a maior aspiração de cada indivíduo.

A paideia grega hoje

O sentido pedagógico e educacional da paideia funcionou como uma ferramenta para construir não apenas os ideais da civilização grega, mas os de todo o Ocidente. Esse ideal humanístico está preservado até hoje, pois hoje ainda se considera que o que somos e o que queremos ser se realiza por meio da educação.

Além disso, o Ocidente também tirou dos gregos a busca pela excelência, o que garante ao homem se destacar entre as pessoas de sua comunidade. Porém, essa excelência não deve apenas contribuir para o desenvolvimento individual, mas também garantir o bem-estar coletivo.

Concluindo, pode-se afirmar que as diretrizes da paideia grega valem porque o homem ainda não consegue conceber sua individualidade sem demonstrar interesse político e social. Segundo os gregos, o ser humano busca criar comunidades por natureza e manter a harmonia dentro delas.

Referências

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