Topus Uranus: Antecedentes e Teoria - Ciência - 2023


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Topus Uranus é um termo filosófico usado por Platão para se referir ao mundo das idéias. O filósofo grego fez uma distinção entre o mundo material, no qual os seres humanos vivem, e um mundo no qual existências ideais foram encontradas.

O termo original era "Hyperuránion topon", que significa "lugar além dos céus". Foi mais tarde, na Idade Média, que a expressão "Topus Urano" passou a ser usada para se referir a esse conceito, embora o relacionasse com a religião cristã.

A teoria de Platão, que ele explica com a metáfora da Caverna, sustentava que o mundo sensível, o material, é apenas um reflexo das idéias existentes naquele lugar além dos céus. No Topus Uranus, ou Hyperuránion, seria onde se apresenta a existência autêntica dos arquétipos perfeitos.


A alma humana não consegue se lembrar do Topus Uranus, pois, ao nascer, perde a virtude e entra em estado de amnésia. Por isso, ele só consegue distinguir, por meio de seus sentidos, o reflexo difuso de ideias originais e perfeitas.

fundo

Uma das grandes questões abordadas pela filosofia desde sua origem é a configuração do mundo e como o homem pode conhecê-lo.

Na era pré-socrática existiam várias teorias sobre o assunto, algumas afirmando que é impossível conhecer a realidade e outras que apontavam que apenas o que o ser humano contempla é o real.

Platão, aluno de Sócrates, desenvolve sua própria teoria que se opõe à dos sofistas e céticos. Sua concepção do mundo, influenciada por Sócrates, Heráclito ou Pitágoras, é dualista. Isso significa que ele distingue duas realidades: a que o ser humano habita e a das idéias perfeitas que só pode vislumbrar.

Isso supõe uma mudança em relação ao ceticismo citado no campo do conhecimento e sobre as correntes que afirmam que os sentidos coletam a realidade tal como ela é, sem que haja nenhum tipo de domínio espiritual.


Heráclito

Platão pegou a doutrina da heráldica e adaptou-a à sua própria teoria do Mundo das Idéias. Assim, ele afirmou que a realidade física não é permanente, mas que tudo muda constantemente.

Para Platão, isso significava que não era possível obter um conhecimento autêntico da realidade física, uma vez que as mudanças não o permitiam.

Sócrates

A importância de Sócrates no pensamento platônico é fundamental para a compreensão de sua obra. No início, Platão começou a divulgar o trabalho de seu professor, mas com o passar dos anos alguns de seus ensinamentos começaram a variar.

No campo do Topus Uranos, ou Mundo das Idéias, o mais importante foi a mudança do conceito socrático para o chamado eidos platônico. Platão transforma conceitos linguísticos em ideias ontológicas. Assim, ele busca a perfeição final nas idéias.

O filósofo chegou à conclusão de que a experiência é subjetiva e, portanto, não absolutamente real. Somente a perfeição absoluta poderia alcançar essa realidade perfeita.


A partir dessa premissa, Platão afirmou que só sabemos porque a ideia perfeita de um objeto está em nossa mente, não porque percebemos o objeto em questão.

Sofistas e protágoras

Além das influências coletadas por Platão e incorporadas à sua Teoria, também havia correntes filosóficas na Grécia antiga às quais ele se opunha. Entre eles, destacam-se o de Protágoras e o dos sofistas.

A principal diferença é que Platão considerava que era possível alcançar o conhecimento, enquanto os anteriores não concebiam essa possibilidade.

Teoria

Teoria das Idéias

Não é possível compreender o conceito de Topus Uranus sem conhecer a Teoria das Idéias promulgada por Platão. Para isso, os princípios só são compreendidos por meio da inteligência, entendida como um dos poderes da alma.

Como o filósofo apontou em sua obra Fédon, “o que a filosofia examina por meio dos sentidos é sensível e visível; e o que ele vê por si mesmo é invisível e inteligível. " É a essa visão do verdadeiro conhecimento que ele deu o nome de Idéia.

Esta Teoria é a base da filosofia do pensador grego e é desenvolvida ao longo de vários textos diferentes. Em suma, indica que a realidade se divide em dois mundos: o sensível (ou visível) e o inteligente (ou ideias).

O primeiro seria aquele que pode ser captado pelos sentidos. Para Platão, é um mundo em mudança, em que nada permanece inalterado. Por sua vez, a das Idéias seria onde se encontram as coisas eternas e universais, além do tempo e do espaço. Essas idéias habitariam o chamado Topus Uranus.

Topus Uranus

Conforme indicado, o Topus Uranus seria o mundo das Idéias. Diante disso se encontraria o mundo material, no qual tudo é um pálido reflexo do que se encontra no Topus Uranus.

O mundo material, sensível, seria apenas aparência, enquanto o das Idéias seria a existência autêntica e real. Neste último seriam encontradas as crenças puras, os arquétipos perfeitos e eternos.

O Topus Uranus, o "lugar além dos céus" (hyperuránion topon), seria encontrado além do tempo e do espaço. Nesse local, as ideias seriam encontradas em uma ordem hierárquica, da mais simples à mais alta.

A ideia fundamental seria a do bem. Outros importantes seriam o da beleza, o do um e o do ser. Em uma hierarquia inferior, haveria a ideia de opostos, que explicariam o movimento, a justiça, o bem na política e os números ideais.

Platão apontou que, em torno desse Hiperurânio, seriam encontradas as esferas físico-celestes, a alma cósmica e as almas dos homens.

Reminiscência

A próxima pergunta que Platão se fez foi sobre as almas humanas. Sua aparição no Mundo Sensível o fez se perguntar por que ele não conseguia se lembrar do Mundo das Idéias em sua totalidade.

Para resolver a questão, o filósofo desenvolveu a Teoria da Reminiscência. De acordo com isso, a alma chega ao Mundo Sensível por ter perdido a virtude. Isso faz com que ele caia no Mundo Sensível e sofra um trauma que causa Amnésia.

Desta forma, apesar de já ter conhecido a Verdade antes, uma vez no Mundo Sensível não consegue se lembrar dela e apenas tem um vislumbre do que há no Mundo das Idéias.

Idade Média Ocidental

O conceito platônico do hiperuranion foi recuperado novamente por alguns pensadores na Idade Média ocidental. Neste momento, a palavra é latinizada, passando a se chamar Topus Uranus (lugar celestial).

Os autores começam a identificar este Mundo Platônico de Idéias com o conceito que descreve Deus além dos céus. Seria o lugar a partir do qual domina e governa o mundo inteiro, sendo o primeiro motor da existência.

Referências

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