Poderes extraordinários: definição e características - Ciência - 2023
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Contente
- Definição de poderes extraordinários
- Teoria da função constitucional
- Caracteristicas
- Poderes extraordinários de Juan Manuel de Rosas
- Justificação
- Restrições
- Referências
As poderes extraordinários São os poderes conferidos pelo poder legislativo ao poder executivo para lidar de forma mais eficaz com um imprevisto. Esses poderes estão em vigor durante a emergência.
Os poderes extraordinários excedem os poderes normais do Poder Executivo. Portanto, eles são concedidos temporariamente. Nesse caso, o presidente ou o governador agem por delegação de poderes do Congresso, que lhes confere poderes extraordinários para enfrentar a emergência.
No entanto, alguns juristas apontam que o governante não atua por delegação de poder, mas é o seu poder constitucional.
Um famoso caso de concessão de poderes extraordinários a um governante foi apresentado na Argentina em 1929. Foi o governador da província de Buenos Aires, Juan Manuel de Rosas.
Após sua nomeação como governador, Rosas recebeu poderes extraordinários da legislatura. A concessão de poderes extraordinários a este governante foi um marco no direito constitucional argentino.
Definição de poderes extraordinários
Os poderes extraordinários são atribuições que o governador recebe do poder legislativo, cujo objetivo é atender de forma mais eficaz a situação de emergência ou superveniente.
As leis extraordinárias concedidas aos governantes no século 19 e no início do século 20 estavam relacionadas à manutenção da ordem pública. Em geral, foram entregues aos governos para enfrentar revoltas e revoltas.
Algumas constituições de países latino-americanos contemplaram leis extraordinárias em suas respectivas constituições, outras não.
Tal deveu-se ao facto de os poderes extraordinários já estarem estabelecidos nas atribuições do presidente da república ou dos governadores.
Teoria da função constitucional
Essa teoria considera que os poderes extraordinários que o governante recebe são um poder constitucional que ele possui. Porém, é necessário um mandato ou lei do legislativo para ser ativado.
Segundo esta teoria do direito constitucional, uma vez que o presidente receba o mandato do poder legislativo, adquire um poder igual ou, por vezes, superior ao do Congresso que o concedeu.
O poder legislativo, então perante os atos de governo do presidente, só poderia modificar tais atos ou revogá-los.
Caso o presidente ultrapasse o exercício de suas funções, não estaria violando apenas a lei que lhe conferiu os poderes extraordinários, mas na verdade a própria constituição, por estar agindo sob sua autoridade.
Quando ocorre uma revolta, por exemplo, o executivo está autorizado a declarar um estado de exceção. Enquanto durar a emergência, algumas garantias individuais podem ser temporariamente suspensas ou restringidas.
Fazem parte dos poderes extraordinários que o Poder Executivo (presidente da república) recebe.
Eles limitam os direitos constitucionais individuais. Portanto, devem ser exercidos dentro de um marco legal regulado e delimitado, de forma a evitar excessos na sua aplicação.
Caracteristicas
-É norma legalmente estabelecida a atribuição de procuração.
-O poder concedido é limitado.
-A aplicação da norma é feita diretamente.
-Os decretos emitidos pelo governo no exercício de poderes extraordinários e os decretos dos estados de exceção têm categoria, força e valor de lei.
-A lei que o atribui tem mandato específico e dirige-se a determinado órgão público, diferente de outras leis de conteúdo abstrato.
-A concessão de poderes extraordinários a um governante é um pedido que o Congresso faz ao governo para colaborar na restauração da ordem constitucional.
Poderes extraordinários de Juan Manuel de Rosas
Já em agosto de 1829, após a assinatura do Tratado de Barrancas, era evidente que quem detinha o poder político na província de Buenos Aires era Juan Manuel de Rosas.
A sua nomeação como governador em dezembro do mesmo ano pela legislatura restaurada foi considerada, na realidade, um ato de mera formalidade.
Todos consideraram necessária a sua nomeação, após o fim do governo interino de Mariano Severo Balcarce, genro do libertador José de San Martín.
O clima de inquietação e instabilidade gerado pelo assassinato do governador da província de Buenos Aires, Manuel Dorrego, um ano antes, ainda persistia.
No entanto, o que gerou um profundo debate na Câmara dos Deputados foi a concessão de poderes extraordinários. Embora não tenha sido a primeira vez que esses poderes especiais foram concedidos a um poder governante.
Os poderes extraordinários, também chamados “cheio de poderes”, foram outorgados pela primeira vez em 1811. O Triunvirato Executivo outorgou-os por meio do Estatuto Provisório desse mesmo ano.
Em outras províncias argentinas, os governadores - caudilhos os receberam das respectivas juntas de representantes.
Justificação
As faculdades extraordinárias eram justificadas pelo estado de agitação e mal-estar que ainda existia após o assassinato de Dorrego.
Estes, mais o poder que detinha, permitiam-lhe governar de forma discricionária e autoritária. Por isso é considerado um ditador. Desse modo, ele enfrentou a crise constante e a instabilidade política típica da época.
Rosas foi escolhido por ter o pulso popular necessário para o momento e por suas qualidades de homem sério, de ação e de trabalho.
Sua missão era restaurar as leis violadas pela Revolução de maio. Ele foi oficialmente batizado de "Restaurador de Leis".
A importância dos poderes extraordinários aprovados ao governador provincial Juan Manuel Rosas reside no fato de serem considerados o primeiro antecedente do estado de sítio, regulado no artigo 23 da Constituição argentina.
Restrições
As únicas restrições que foram impostas a Rosas na lei que lhe conferiu poderes extraordinários foram:
- Preserve, defenda e proteja a religião católica
- Defenda e sustente o federalismo como forma de governo.
O governador da província de Buenos Aires, Juan Manuel Rosas, governou a província de Buenos Aires durante os períodos 1829-1832 e 1835-1852.
Durante o seu mandato, foi criado o recrutamento obrigatório para todos, sem distinção de classe. O número de soldados também aumentou para 10.000 homens.
Referências
- Herrán Ocampo, V. (2001). A atribuição de poderes extraordinários (PDF). Pontificia Universidad Javeriana, Bogotá. Obtido em 12 de fevereiro de 2018 em books.google.co.ve.
- Lorenzo, C. R. Manual de história constitucional da Argentina. books.google.co.ve
- Lamas, A. Notas históricas sobre as agressões do ditador argentino Juan Manuel de Rosas. Consultado de books.google.co.ve.
- Juan Manuel de Rosas. Consultado de es.wikipedia.org
- Biografia de Juan Manuel de Rosas. Consultado de biografiasyvidas.com.