Espanto (Filosofia): Origem, Conceito e Em Que Consiste - Ciência - 2023


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omaravilha em filosofia É o sentimento que ilumina a mente, permitindo ao ser humano sair das sombras quanto à sua existência, a do meio ambiente e a do universo. Juntamente com a observação e contemplação do que nos rodeia, é o que nos permite encontrar as respostas ao que intriga o intelecto do homem.

Assim, a verdadeira sabedoria é alcançada. Platão considera que o espanto é fundamental porque graças a isso surge a investigação pelos primeiros princípios, e assim nasce o pensamento filosófico.Essa herança platônica foi retomada por outros pensadores posteriores, como Aristóteles, e muito mais próximo no tempo, Heidegger.

Os mencionados não são os únicos que aplicaram exclusivamente este conceito. Também é usado pelo filósofo e linguista Ludwig Wittgenstein, mas chamando-o de "perplexidade". É essa perplexidade que dá origem a todas as questões filosóficas.


Origem

O conceito de maravilha nasceu na Grécia Antiga e tem suas bases em duas posições. O primeiro é o de Platão, para quem o maravilhamento é o que permite que a verdade seja revelada. É o que dissipa a sombra ao encontrar a luz original; uma vez encontrado, torna-se o significado da existência.

A segunda posição é a de Aristóteles, através da qual ele considera que o espanto é a consciência da necessidade de investigar. Isso leva a indagar para resolver todas as dúvidas que surgem da realidade.

Para Platão

Está no diálogo Teeteto onde Platão, por meio de Sócrates, afirma que o espanto sentido por Teeto é característico do filósofo. É um estado natural da alma experimentado involuntariamente.

Além disso, ele acrescenta que a genealogia de Iris como filha de Taumante está correta. Deve-se lembrar que Taumante está associado ao verbo taumazeína (θαυμάζειν) em grego, que significa ficar maravilhado, maravilhado.


Por outro lado, Iris é uma mensageira dos deuses e é a deusa do arco-íris. Assim, ela é filha do incrível e proclama o pacto que existe entre os deuses e os homens. Desta forma, Platão deixa claro que o filósofo é aquele que faz a mediação entre o celestial e o terreno.

Além disso, com base no diálogo de Sócrates com Glaucón em A RepublicaOutros conceitos aparecem, como o de que o espanto passivo gera a ação de amor à sabedoria. Somente quando o filósofo fica pasmo, ele pode ir desse estado passivo para o estado ativo de amor.

Em suma, para Platão, o espanto é a origem do conhecimento. É essa habilidade ou arte que leva a investigar os primeiros princípios. Além disso, é anterior ao conhecimento e anterior a toda sabedoria, e é necessário que apareça na alma para que surja a ambição do conhecimento.

Para Aristóteles

Discípulo de Platão, Aristóteles também lida com o tema da maravilha. Para ele, a filosofia não nasce de um impulso da alma; pelo contrário, as coisas se manifestam e se tornam criadoras de problemas, levando o homem a investigar.


A pressão exercida por esses problemas, Aristóteles os chama em seu Metafísica "A coerção da verdade." É essa coerção que não permite que o espanto permaneça em uma resposta, mas é sucedido por outro espanto e ainda outro. Assim, uma vez iniciado, não pode ser interrompido.

Esse espanto, admiração ou taumazeína tem três níveis, conforme especificado em seu Metafísica:

1- Aquele que acontece antes das coisas que aparecem imediatamente entre os estranhos.

2- O espanto com questões importantes, como as particularidades do Sol, da Lua e das estrelas.

3- Aquele que acontece diante da origem de tudo.

Ele também afirma que o homem tem em sua natureza o desejo de saber; isso o leva ao divino. No entanto, para que essa força leve à verdade, deve ser feito de forma racional. Isso ocorre de acordo com regras lógicas e linguísticas.

Conceito

É a partir das concepções de Platão e Aristóteles que o filósofo alemão Martin Heidegger se aprofunda nesse tema já no século XX.

Maravilha heideggeriana

Para Heidegger, a admiração na filosofia surge quando a verdade é encontrada. No entanto, esse encontro não ocorre no supersensível, mas acontece neste mundo; isto é, está relacionado às próprias coisas.

Ele afirma que todos os objetos estão cobertos por uma névoa que os torna indiferentes ou opacos para o homem. Quando há uma manifestação ou revelação repentina de um objeto, uma coisa ou alguma parte do mundo, surge o espanto.

Encontro com a verdade

Portanto, o espanto é uma experiência que permite o encontro com a verdade. Isso pode acontecer desde observar o oceano ao pôr-do-sol até ver uma célula ao microscópio. Ambos os fatos se manifestam em todo o seu esplendor quando são descobertos pelos sentidos.

Desse modo, Heidegger afirma que a verdade trata de desocultar ou desvelar a realidade que está velada. Ou seja, é desenhado um véu que permite alcançar a iluminação.

Por outro lado, considere que o espanto é espontâneo. No entanto, pode surgir de uma longa preparação, que pode ser realizada não só na realidade, mas no próprio ser humano.

Isso implica que o espanto na filosofia revela, mais do que a realidade oculta, a própria confusão em que o homem se encontra, especificamente nos processos relacionados à percepção e individualização.

Em que consiste?

Quando falamos de espanto no dia a dia, referimo-nos à perplexidade, à surpresa com a irrupção do imprevisível.

Está associada a algum objeto, situação ou acontecimento, exterior ou interior, que deixa a pessoa atolada na estranheza e, em algumas situações, até sem capacidade de resposta.

É nesse sentido que pode ser associada ao espanto na filosofia, pois é por meio desse sentimento que se inicia o processo de busca da verdade. Isso pode ser encontrado desde o início do homem.

Em todas as culturas, orientais e ocidentais, o ser humano parou diante do inexplicável. Ele ficou surpreso com o universo, as estrelas e as estrelas, com a vida na Terra e com sua própria natureza.

É esse espanto que o leva a buscar as respostas para compreender a si mesmo e o que o rodeia, para encontrar sentido em sua existência e na de todos os seres que o acompanham.

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