As 3 diferenças entre DNA e RNA, explicadas - Médico - 2023


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DNA e RNA são os ácidos nucléicos que controlam e dirigem a síntese de proteínas nos corpos dos seres vivos.

Eles contêm as instruções necessárias para todos os processos vitais, portanto, não poderíamos conceber nossa existência sem essas moléculas. Apesar de suas semelhanças morfológicas e funcionais, existem várias diferenças entre DNA e RNA.

Esses complexos poliméricos formados pela repetição de nucleotídeos carregam em si o funcionamento de todos os mecanismos biológicos e a identidade de cada espécie. Por mais fascinante que o conceito possa ser para nós, nenhum ser vivo pode ser concebido sem sua informação genética. Neste espaço, discutiremos as diferenças mais relevantes entre as duas moléculas-chave da vida.

Diferenças entre DNA e RNA: entre projetos genéticos

Antes de detalhar as características que diferenciam os ácidos nucléicos, é necessário esclarecer os fatores que os unificam. Entre eles, encontramos o seguinte:


  • Ambos são macromoléculas formadas por uma sucessão de nucleotídeos ligados por ligações fosfato.
  • A ordem e a periodicidade dos nucleotídeos que compõem as moléculas codificam a informação biológica do organismo.
  • Eles são responsáveis ​​pela herdabilidade de personagens de pais para filhos.
  • Ambos têm alto peso molecular.
  • Eles são biopolímeros, ou seja, moléculas complexas produzidas por organismos vivos.

Como podemos ver, essas duas macromoléculas são essenciais para a adaptação dos seres vivos (incluindo os humanos) ao meio ambiente. Sem esses polímeros, não haveria transferência de informação genética da célula-mãe para as células-filhas, o que impediria um mecanismo tão importante quanto a própria evolução. Além disso, tanto o DNA quanto o RNA estão envolvidos na síntese de proteínas, unidades estruturais básicas de qualquer organismo vivo.

A seguir, listamos as diferenças mais relevantes entre DNA e RNA.


1. Diferenças estruturais

Por serem moléculas altamente complexas, tanto o DNA quanto o RNA possuem uma estrutura tridimensional específica que os caracteriza. As diferenças estruturais são diversas. Nós os apresentamos a seguir.

1.1 Mudanças nos nucleotídeos

Como já avançamos, os ácidos nucléicos são polímeros formados por uma sucessão de monômeros, nucleotídeos. Essas moléculas são cada uma das "peças do quebra-cabeça" que constituem tanto o DNA quanto o RNA, e nelas encontramos as primeiras diferenças essenciais. De acordo com sua natureza orgânica, os nucleotídeos são compostos por três segmentos:

  • Bases de nitrogênio: compostos orgânicos cíclicos que, de acordo com sua natureza, são denominados guanina, citosina, timina, adenina e uracila.
  • Pentose: um açúcar com cinco átomos de carbono.
  • Ácido fosfórico: uma a três moléculas por nucleotídeo.

Pode soar como aulas escolares, mas a diferença fundamental entre DNA e RNA é que as bases nitrogenadas dos nucleotídeos do primeiro apresentam adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T), enquanto no RNA o uracilo (U) substitui a timina. Outra variação encontrada nos nucleotídeos é que o açúcar do tipo pentose no RNA é uma ribose, enquanto que no DNA é uma desoxirribose, daí os respectivos R e D no nome das moléculas.


Embora possam parecer apreciações menores, essas duas pequenas diferenças contribuem com qualidades morfológicas muito diferentes para ambas as macromoléculas.

1.2 Hélices e correntes simples

Outra diferença chave e facilmente identificável entre DNA e RNA é a organização tridimensional dessas cadeias de nucleotídeos. A maioria das moléculas de DNA é composta por duas cadeias antiparalelas unidas por bases nitrogenadas, graças às ligações de hidrogênio.

Isso lhes confere uma forma helicoidal muito característica, amplamente representada em todos os meios de comunicação científica. Devido à complexidade morfológica do DNA, ele possui estrutura primária, secundária, terciária e quaternária, de acordo com sua composição, tipo de volta e embalagem nos cromossomos, que contêm a informação genética do organismo.

O RNA, embora não menos importante, tem uma forma muito mais simples. Neste caso, estamos lidando com uma macromolécula que, como o DNA, é composta por uma sucessão de nucleotídeos, mas aqui nenhuma hélice é gerada nem há duas cadeias antiparalelas. O RNA possui apenas uma fita, por isso apresenta apenas variações estruturais primárias e secundárias (em alguns casos especiais também terciários, mas isso não é usual). Às vezes, dentro da mesma fita de RNA, dobras podem se formar, o que pode dar origem a loops ou saliências morfológicas, mas nada em comparação com a diversidade estrutural e nível de empacotamento e condensação do DNA.

2. Diversidade em sua funcionalidade

Além de questões estruturais restritas ao campo da bioquímica, essas duas macromoléculas-chave no funcionamento da vida têm funções completamente diferentes.

A principal função da molécula de DNA é o armazenamento de informações a longo prazo. Falando metaforicamente, os cromossomos seriam as bibliotecas, e o DNA dentro dos genes, cada um dos livros de instruções sobre o funcionamento do corpo do ser vivo. Isso é o que conhecemos como genoma e nos define tanto no nível da espécie quanto no indivíduo. Em suma, os genes são estruturas formadas pelo DNA e, por sua vez, a condensação destes produz os cromossomos.

Continuando com a metáfora, o RNA seria o bibliotecário encarregado de transformar as informações dos livros de DNA em construções tangíveis. No nível celular, isso se traduz na síntese de proteínas, um processo vital para qualquer atividade do corpo. Para realizar essa atividade, o RNA possui três tipos de moléculas:

  • RNA mensageiro: uma tradução exata de um segmento de DNA que contém informações para gerar uma proteína.
  • RNA de transferência: transporta cada uma das subunidades que dão origem à proteína.
  • RNA ribossomal: eles fazem parte dos ribossomos, a máquina onde as proteínas são feitas.

Assim, podemos observar uma linha de montagem perfeitamente orquestrada pelos diferentes tipos de RNA. Uma das moléculas se encarrega de traduzir as informações presentes no DNA, outra faz parte do maquinário de montagem e outra é responsável por trazer os diferentes componentes que darão origem à proteína. Embora possa parecer incrível, esse processo delicado acontece continuamente no nível celular em todo o nosso corpo.

Essa implicação em uma funcionalidade imediata faz com que as concentrações de RNA (especialmente do tipo mensageiro) mudem frequentemente de acordo com o tipo de estímulo que o vivente está percebendo. Naturalmente, quanto mais uma proteína específica é necessária, mais daquele RNA codificador será necessário.

3. Mutações e evolução

Do ponto de vista evolutivo, a última diferença entre DNA e RNA é sua taxa de mudança. Os processos de mutação genética são essenciais na natureza e na sociedade humana, pois graças a eles surgem caracteres hereditários que podem ser deletérios e benéficos para o vivente que os sofre. Naturalmente, mutações hereditárias em seres geneticamente complexos ocorrem no DNA.

Um caso diferente é o dos vírus, que podem ser compostos tanto de DNA quanto apenas de RNA. Como as moléculas de RNA são muito instáveis ​​e não há correções de erros ao replicá-las, várias alterações ocorrem nessas informações quando novos vírus são produzidos. Isso significa que os vírus de RNA geralmente sofrem mutação mais rápido do que os vírus de DNA. Essa diferença entre as duas moléculas é fundamental, pois gera uma pressão fundamental na evolução das doenças.

Uma questão de genes

Como vimos, embora geralmente se acredite que o DNA seja a molécula mais importante para o funcionamento dos seres vivos, esta não é a única.

RNA é a força de trabalho responsável por traduzir a informação genética, e sem estruturas tão simples como as proteínas, a vida como a conhecemos não seria possível. O DNA se organiza de forma mais complexa em genes e cromossomos que armazenam informações genéticas em longo prazo, enquanto o RNA é responsável pela produção de proteínas e, uma vez cumprida sua função, é degradado. Apesar dessas diferenças, tanto o DNA quanto o RNA são as moléculas essenciais para a sobrevivência e a forma dos seres vivos.

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