Armillaria mellea: características, habitat e doenças - Ciência - 2023
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Contente
- Caracteristicas
- Morfologia
- Pileus ou chapéu
- Hymenio
- Estipe, pé ou pedúnculo
- Tecido constitutivo ou "carne"
- Micélio
- Nutrição e estilo de vida
- Reprodução
- Habitat e distribuição
- Composição química
- Controle da ferida branca de Armillaria mellea
- Possível confusão com outras espécies de fungos
- Doenças alimentares
- Referências
Armillaria melleaÉ uma espécie de fungo macroscópico multicelular que freqüentemente atua como patógeno de planta. É o agente causador da chamada "ferida branca" ou podridão radicular, razão pela qual é considerada uma praga extremamente nociva e perigosa.
Ataque por Armillaria mellea para as numerosas plantas suscetíveis, provoca o apodrecimento das raízes, impedindo a absorção de água e nutrientes do solo e consequente morte. A doença é comum em solos úmidos e compactos, onde as raízes estão em condições que promovem asfixia.
Muitas espécies de plantas são suscetíveis à infecção por Armillaria mellea, tais como: cacaueiros, abacates, mangas, pêssegos, macieiras, cerejeiras, pistácios, ameixas, amendoeiras, mamões, videiras, damascos, caquis, carvalhos, carvalhos, roseiras, entre outros.
Em algumas localidades este fungo é utilizado como espécie comestível e faz parte da farmacopéia da medicina tradicional chinesa, mas recomenda-se grande cautela no seu consumo, pois pode causar intoxicações cujos sintomas são conhecidos.
Caracteristicas
Morfologia
Pileus ou chapéu
É a parte do fungo que contém as lâminas, que abrigam os esporos. O chapéu de Armillaria mellea, tendo atingido seu máximo desenvolvimento, pode ter até 15 cm de diâmetro.
A forma pode ser esférica, convexa, achatada ou ondulada, conforme a idade avança. É cor de mel; daí a designação de sua espécie "mellea " (mel ou amarelo em latim).
A cutícula do chapéu é facilmente destacável e freqüentemente apresenta escamas pequenas, marrons e fugazes que podem desaparecer com a chuva.
Hymenio
O himênio é a parte fértil do fungo. As espécies Armillaria mellea Possui numerosas placas, morfologicamente do tipo subdecorrente, devido à forma como se unem ao pé, ao se estenderem em um fio que desce por esta estrutura.
Estas placas são ligeiramente firmes e apresentam coloração branco-cremosa e manchas amarelas quando o fungo é jovem; depois tornam-se amarelos e na velhice apresentam uma cor avermelhada ou marrom.
Estipe, pé ou pedúnculo
O pé é a estrutura que sustenta a coroa ou chapéu. O pé de Armillaria mellea É muito longo, cilíndrico, fusiforme, curvo, elástico, fibroso, de cor castanho-creme pálido que com o tempo torna-se castanho-ocre.
Possui um anel esbranquiçado largo, persistente, membranoso. A variedade lutea tem um anel amarelado. Grupos de Armillaria mellea formam pelos pés, na base, uma massa firme e compacta.
Tecido constitutivo ou "carne"
A carne é lenhosa e fibrosa na zona do pé e esbranquiçada e firme no chapéu. Possui um odor forte e desagradável. O gosto fica amargo em espécimes adultos.
Micélio
O micélio de um fungo é constituído pelo conjunto de hifas ou filamentos cilíndricos cuja função é a nutrição.
O cogumelo Armillaria mellea desenvolve uma rede de rizomorfos ou cordões de micélio, formados por agregados lineares de hifas paralelas, com aparecimento de raízes. Os rizomorfos infectam toda a árvore e têm a capacidade de se espalhar para outras plantas vizinhas.
Nutrição e estilo de vida
Os fungos não possuem clorofila, ou qualquer outra molécula capaz de capturar a energia da luz solar, portanto não são capazes de produzir seus alimentos por fotossíntese, devendo se alimentar de substâncias que retiram de outros organismos vivos ou mortos. Seu modo de vida pode ser como parasita, saprófita ou simbionte.
Armillaria mellea é um fungo parasita que também pode ter vida saprofítica, visto que pode viver em várias árvores vivas ou mortas.
Como um parasita, Armillaria mellea Retira seus nutrientes diretamente da planta que infecta e causa a morte de muitas espécies vegetais, apodrecendo as raízes e impedindo a absorção dos nutrientes.
Quando Armillaria mellea infectou uma planta, os sinais são detectados nos ramos, na casca do tronco e nas raízes, com danos irreparáveis de murcha e necrose.
Após a infecção parasitária, quando a planta já morreu, Armillaria mellea Adquire a forma de vida saprofítica, agindo como decompositor dos restos das toras, matéria orgânica morta da qual obtém seus nutrientes.
Nessa forma de vida saprofítica, o fungo degrada moléculas complexas em mais simples, que são facilmente assimiladas pelas plantas, fechando o ciclo da matéria no ecossistema.
Reprodução
No ciclo de vida desse fungo, esporos e rizomorfos desempenham papéis diferentes e complementares para o sucesso da reprodução dessa espécie.
Armillaria mellea Tem uma forma de reprodução por esporos e através do contágio de plantas infectadas a plantas sãs, de tal forma que uma única fonte de infecção tem a capacidade de invadir toda uma floresta ou cultura.
Através dos esporos, o fungo pode se implantar em restos mortais e outros tecidos danificados. Essas implantações primárias tornam-se centros de difusão, a partir dos quais a infecção se espalha para as plantas vizinhas por meio do desenvolvimento de rizomorfos no subsolo.
Os rizomorfos têm a capacidade de aderir às raízes e também podem crescer livremente no solo.
Mais longe, Armillaria mellea é uma das raras espécies de fungos bioluminescentes, ou seja, tem a propriedade de emitir luz. A emissão de luz no escuro funciona como um mecanismo auxiliar na reprodução, uma vez que atua como atrator para insetos que contribuem para a dispersão dos esporos.
Habitat e distribuição
Cresce nos verões chuvosos, de setembro ao início do inverno, em forma de touceira, em grupos compactos de muitos espécimes, em troncos de árvores vivas ou mortas.
Possui ampla distribuição em todo o planeta, em solos de textura argilosa, compactos e mal drenados, onde ocorrem estagnações de água que ocupam os poros do solo, gerando ausência de ar e sufocamento das raízes.
Composição química
Estudos químicos de Armillaria mellea relatam a presença de ácidos fenólicos, ácidos graxos, tocoferóis, ácido ascórbico, polissacarídeos com propriedades antioxidantes, alto teor de proteínas e carboidratos e baixo teor de gordura.
Um antibiótico foi isolado do micélio; ácido armilárico, que tem atividade contra bactérias gram-positivas e leveduras. A presença de dois ésteres sesquiterpenóides aromáticos chamados armilarina e armilaridina também é relatada.
A bibliografia científica relata a presença em Armillaria mellea de um composto denominado amillarikin, com propriedades citotóxicas anticâncer no carcinoma hepatocelular e nas células de leucemia humana.
Controle da ferida branca de Armillaria mellea
Não há tratamento de extermínio eficaz para infecção por Armillaria mellea. É necessário remover todas as árvores infectadas, remover completamente as raízes e destruir, por meio da queima, as raízes e troncos remanescentes.
Posteriormente, o solo deve ser regado com solução de sulfato de ferro (FeSO4) a 10% e lavrar, mexer, esfarelar e arejar a terra.
Recomenda-se que as áreas infectadas com esse fungo não sejam cultivadas com espécies suscetíveis à infecção, mas com plantas herbáceas, há pelo menos 10 anos.
Uma técnica de prevenção em plantações é cercar árvores suscetíveis à infecção por outras espécies resistentes, como murta, buxo, pinheiro de Aleppo, freixo ou alfarroba.
Foi relatado que as espécies resistentes à infecção por Armillaria mellea, eles excretam através de suas raízes compostos químicos que são letais para o desenvolvimento do micélio.
Possível confusão com outras espécies de fungos
Tendo em vista que em algumas localidades as espécies Armillaria mellea É considerado comestível e medicinal, devendo ser destacado que este fungo pode ser confundido com outras espécies.
Armillaria mellea pode ser distinguido de Armillaria ostoyae, espécie com a qual pode ser facilmente confundida, pelo fato de esta ser mais marrom e com anel branco. Ele também tem semelhanças morfológicas com Armillariatabescens, mas esta última espécie não apresenta um anel.
Pode ser confundido com fungo tóxico Hypholoma fasiculare, porém este último tem chapéu, pé e carne mais amarelos, e não apresenta um anel bem desenvolvido.
Recomenda-se confiar apenas nas determinações feitas por micologistas especializados e centros de saúde de cada país.
Doenças alimentares
O cogumelo Armillaria mellea É considerada uma espécie comestível em muitas localidades, porém, recomenda-se muita cautela no seu uso como alimento, pois pode causar intoxicações.
Consumo de Armillaria mellea produz a chamada síndrome muscarínica tardia, com período de latência superior a 6 horas. O quadro muscarínico sudoriano que ele produz se manifesta nos seguintes sintomas:
-Sialorréia ou hipersalivação.
-Spiração.
-Lagrando.
-Bronchorreia ou secreção excessiva de muco dos brônquios.
-Broconstrição, tosse, falta de ar.
-Miose ou contração da pupila e do cristalino.
-Visão turva.
-Cólica intestinal.
-Pode causar hipotensão e bradicardia ou diminuição da frequência cardíaca.
O tratamento desta intoxicação é sintomático e de suporte com hidratação. Se ocorrer hipotensão e bradicardia, é necessária a administração de atropina; um antagonista de drogas dos efeitos muscarínicos mencionados.
Referências
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