A guerra aberta entre a psicanálise e o behaviorismo - Psicologia - 2023
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Contente
- Psicanálise
- Behaviorismo
- O conflito entre as duas correntes
- 1. Objetividade vs Simbolismo
- 2. De fora para dentro: Personalistas vs. Ambientalistas
- 3. Presente e passado
- 4. Explicação do comportamento
- 5. Conceito de personalidade
- 6. Mecanismos de ação
- 7. Objetivo da terapia
- 8. Transferência e contratransferência
A psicologia é uma ciência que adotou várias formas e maneiras de compreender a mente humana e como ela funciona. Diferentes escolas e correntes de pensamento surgiram e desapareceram, algumas nascendo para complementar outras ou em oposição às suas formas de ver e agir.
Duas das correntes psicológicas que tradicionalmente tiveram posições opostas são a psicanálise e o behaviorismo. Essas correntes não apontaram apenas para objetivos diferentesMas também definem alguns conceitos básicos, como "comportamento" ou "mente", de maneiras totalmente opostas.
Neste artigo, revisaremos as principais frentes em que o batalha entre psicanálise e behaviorismo.
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Psicanálise
Sendo uma das escolas psicológicas mais conhecidas, a psicanálise concentra seu interesse na parte inconsciente da mente. Essa corrente entende nosso comportamento como resultado de conflitos causados ao administrar e reprimir os instintos e impulsos que emanam do inconsciente e que não podem ser totalmente eliminados, mas simplesmente reprimidos.
Com base nas ideias de seu fundador Sigmund Freud, a psicanálise estrutura a mente humana em diferentes aspectos, passando do inconsciente para o consciente. Conceitos como It, I e Superego referem-se à parte de nosso ser que gera impulsos, os administra e os censura com base na moral social e aprendida, respectivamente. Existem conflitos entre as diferentes partes do nosso ser, que o self tenta resolver usando vários mecanismos de defesa.
No nível terapêutico, a psicanálise tende a lidar com aspectos "ocultos" da pessoa. Quando se trata de explicar a psicopatologia, a psicanálise ortodoxa tende a se concentrar em eventos passados, explicando os sintomas atuais com base em eventos vividos nas primeiras fases do desenvolvimento humano, em que diferentes fases são visualizadas à medida que a pessoa se desenvolve. A presença de conflitos não resolvidos em algum momento do desenvolvimento irá gerar sintomas no futuro, causando regressões a fases anteriores da vida.
Para esta corrente, o cerne da vida psíquica é o impulso ou instinto. Nesse sentido, os diferentes autores da psicodinâmica têm considerado que essas pulsões incidiam sobre diferentes aspectos, sendo no caso da psicanálise mais clássica a libido ou o desejo sexual.
Além disso, o simbolismo é frequentemente usado tanto na interpretação da psique quanto em vários tipos de terapia e tratamento. Aspectos como sonhos e manifestações inconscientes são de grande interesse para explicar os conteúdos mentais.
Behaviorismo
A corrente behaviorista, porém, visa estudar a mente humana da forma mais rigorosa e empírica possível por meio de seu único correlato diretamente observável: o comportamento. Sua principal prioridade é obter uma explicação científica e testável do comportamento. Portanto, procure uma observação objetiva, descartando, tanto quanto possível, as suposições inverificáveis.
Para behavioristas, o comportamento é governado pela capacidade de associação entre diferentes tipos de estímulos, as respostas dadas a eles e as consequências que essas respostas têm. Por outro lado, propõe-se que sejamos governados por leis universais e imutáveis. Simplesmente captamos a informação e a partir disso reagimos de forma específica de acordo com suas características.
Principalmente, considera-se que somos entidades meramente reativas às condições de estimulação, aprendendo por meio da repetição de associações. No entanto, algumas variantes do behaviorismo, como o behaviorismo radical, entendem que há liberdade e empoderamento na possibilidade de alterar nosso ambiente para que ele nos influencie como queremos.
Este paradigma, e especialmente o behaviorismo radical defendido por B. F. Skinner, abstém-se de atribuir um papel fundamental aos processos mentais Quando se trata de explicar como nos comportamos, a mente é considerada antes como algo que, embora exista, não pode ser objetivamente analisado. As terapias criadas sob este paradigma enfocam o presente, sem enfocar os aspectos passados, e pretendem modificar o comportamento atual do sujeito que vem à consulta de forma a torná-lo mais adaptativo através de processos baseados na aprendizagem.
O conflito entre as duas correntes
Essas correntes na história da psicologia foram muitas vezes opostas e até descrito como totalmente contrário. As razões para isso são muitas e, de fato, muitos autores consideram que o behaviorismo nasceu da oposição à metodologia psicanalítica.
Entre as muitas diferenças, destacamos oito abaixo.
1. Objetividade vs Simbolismo
A corrente psicanalítica baseia-se em conceitos que, embora reflitam um interessante ponto de vista da realidade e tenham se mostrado úteis em muitos casos, não são testáveis no nível empírico. Aspectos como o inconsciente, os sonhos ou a concepção dos diferentes tipos de conflitos internos ou das diferentes estruturas que fazem parte do aparelho psíquico são amplamente discutidos pelos behavioristas, que consideram que só é possível explicar o comportamento humano por meio de métodos empíricos.
2. De fora para dentro: Personalistas vs. Ambientalistas
Uma das principais diferenças ou conflitos entre a psicanálise e o behaviorismo é o foco em diferentes aspectos. Psicanálise concentra-se no intrapsíquico. Ele considera que a origem dos transtornos mentais e dos comportamentos desadaptativos está na má solução dos conflitos intrapsíquicos do sujeito, e seus mecanismos de defesa para enfrentá-los não são eficientes.
No entanto, para o behaviorismo, todo comportamento é explicado por meio de processos associativos que serão amplamente determinados pelas características dos estímulos. Assim, o behaviorismo praticamente não leva em consideração fatores internosEm vez disso, ele se concentra em aspectos ambientais e processos eliciados por elementos externos à psique.
3. Presente e passado
Behaviorismo é um paradigma que se concentra no comportamento e conduta atuais. Embora o comportamento desadaptativo possa ser explicado por aprendizado incorreto ou falta de treinamento, o principal na terapia e na pesquisa é focar no processo atual. A psicanálise, por outro lado, tende a analisar o comportamento e a mente através da história pessoal do indivíduo, sua compreensão e análise. Ou seja, é baseado no passado que causou os problemas, por isso dá grande importância à infância.
4. Explicação do comportamento
Para a psicanálise, o comportamento é regido pelo conceito de unidade, que é mediado pelo ego para torná-lo coerente e aceitável para o superego e toda a sociedade. No entanto, o behaviorismo explica o comportamento com base na repetição da associação entre estímulos e respostas.
5. Conceito de personalidade
Para o behaviorismo, a personalidade nada mais é do que um padrão de comportamento aprendido através da repetição de estímulos, enquanto a psicanálise o considera uma forma de administrar e ajustar nossos impulsos e pulsões à realidade social e moral.
6. Mecanismos de ação
Enquanto a psicanálise se baseia principalmente na realização de análises dos aspectos profundos e visa trazer à luz os diferentes conflitos sem atuar diretamente sobre eles, o behaviorismo se concentra em ensinar ao paciente novos comportamentos diretamente por meio da aprendizagem.
7. Objetivo da terapia
A psicanálise visa com sua ação reduzir o nível de tensão e conflito interno do paciente por meio de vários métodos, enquanto o objetivo da terapia comportamental se concentra em fazer varie o comportamento de maneiras mais adaptativas.
8. Transferência e contratransferência
O relacionamento com o paciente é um aspecto de grande importância na prática da psicologia. No entanto, esses conceitos são especialmente trabalhados e utilizados pela psicanálise, estabelecendo o behaviorismo em uma relação mais asséptica a fim de evitar fenômenos transferenciais para além do estabelecimento de uma boa relação terapêutica.
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