Émile Durkheim: biografia, teorias, contribuições, obras - Ciência - 2023


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Émile Durkheim: biografia, teorias, contribuições, obras - Ciência
Émile Durkheim: biografia, teorias, contribuições, obras - Ciência

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Émile Durkheim foi um sociólogo e filósofo francês nascido em 1858, que é considerado um dos pais da sociologia. Entre outros aspectos, os seus trabalhos permitiram que as ciências sociais passassem a distinguir-se da psicologia e da filosofia política, bem como a promoção do realismo epistemológico e do método hipotético-dedutivo.

Seus trabalhos mais conhecidos incluem sua monografia Suicídio, publicado em 1897, que foi pioneira na pesquisa social, bem como As regras do método sociológico (1895), em que explica como abordar os fatos sociais de uma empresa científica e sistemática.

Este autor dedicou boa parte de sua carreira a descobrir, descrever e explicar os eventos sociais estruturais que ocorrem dentro das instituições. Segundo seus postulados, a sociologia deve estudar esses fenômenos sociais de forma holística, ou seja, de um ponto de vista integral e levando em conta o que afeta toda a sociedade.


Além de seu trabalho como pesquisador sociológico, Durkheim se destacou por fazer da sociologia uma disciplina acadêmica. Foi o criador do primeiro departamento de sociologia da Universidade de Bordéus e, em 1896, fundou a primeira revista dedicada a este assunto, L'Année Sociologique.

Biografia

Primeiros anos

Émile Durkheim nasceu em 15 de abril de 1858 em Épinal, França. Apesar do pai ser rabino, na infância passou por um processo de secularização que o fez abandonar o judaísmo.

O jovem Emílio passou sua juventude em um contexto histórico muito turbulento e mutante. Durante este período, seu país experimentou uma grande expansão industrial e econômica, mas foi derrotado na Guerra Franco-Prussiana. Durante esse conflito, em 1870, a cidade natal de Durkheim foi ocupada pelos prussianos.

Seus bons resultados acadêmicos permitiram que ele ingressasse na École Normale Supérieure de Paris em 1879, onde se graduou em filosofia três anos depois. Com seu diploma, Durkheim começou a lecionar em várias cidades francesas.


Em 1885, o sociólogo mudou-se para a Alemanha, onde teve contato com os métodos da psicologia experimental desenvolvidos por Wilhelm Wundt.

Trajetória profissional

Durante sua estada na Alemanha, Durkheim enviou vários artigos sobre filosofia e ciências positivas para revistas francesas. Essas publicações foram fundamentais para que ele recebesse uma oferta em 1887 para trabalhar como professor de ciências sociais e pedagogia na Universidade de Bordeaux.

Naquela época, Durkheim começava a se interessar pelo campo da sociologia, disciplina então incipiente após a primeira formulação positivista de Auguste Comte.

A primeira grande contribuição de Durkheim foi sua tese de doutorado: Sobre a divisão do trabalho social (1893). Dois anos depois, ele publicou uma de suas obras mais importantes, As regras do método sociológico. Em 1896, os cursos de sociologia conferiram-lhe a primeira cátedra dessa disciplina na França.


Sua próxima missão profissional foi a Universidade de Paris, onde atuou como professor de Ciências da Educação de 1902 até sua morte.

Morte

A morte de seu filho na Primeira Guerra Mundial fez com que Durkheim entrasse em depressão. Decepcionado e inconsolável, ele morreu em Fontainebleau em 15 de novembro de 1917.

Principais teorias de Durkheim

Antes de Durkheim começar a trabalhar no assunto, os teóricos da sociologia não a consideravam uma disciplina autônoma, mas a abordavam por meio de abordagens orgânicas ou psicológicas.

Durkheim mudou essa perspectiva e afirmou que fenômenos especificamente sociais existem e que a sociologia deve ser considerada como a ciência que os estuda.

Para Durkheim, os fatos sociais eram definidos como "modos de agir, pensar e sentir externos ao indivíduo e possuindo um poder de coerção em virtude do qual são impostos a ele".

Esses fatos sociais, segundo sua teoria, estão presentes desde antes do nascimento de um indivíduo em qualquer sociedade e, portanto, são externos à sua pessoa. São também fatos coletivos, pois fazem parte da cultura social e são coercitivos porque os indivíduos são educados de acordo com as normas e regras dessa sociedade.

O sociólogo francês também afirmou que a sociedade existe tanto fora quanto dentro do indivíduo, pois internaliza e adota seus valores e sua moral. Por esse motivo, a unidade primária de estudo da sociologia deve ser a sociedade como um todo e não seus componentes individuais.

Divisão de trabalho

Em várias de suas obras, como Educação e sociologia Y A divisão do trabalho na sociedadeDurkheim afirmou que a solidariedade é o principal elemento para manter a coesão nas sociedades modernas.

Para este autor, existem dois tipos de solidariedade: orgânica, que surge na família, entre amigos ou nas comunidades rurais, e mecânica, que se desenvolve nas sociedades industriais devido à divisão do trabalho nas empresas. Nestes últimos, o sentimento de pertença é menor do que em pequenos grupos.

Por isso, o autor apontou que a sociedade industrial precisava implantar um novo sistema educacional. Por um lado, as crianças deveriam receber educação inicial dentro da família, enquanto as normas e valores globais deveriam ser ensinados nas escolas.

O sociólogo considerou que a solidariedade é um fato moral, que não pode ter existência externa. Para implementá-lo, é necessário, portanto, a lei e o direito.

Outro conceito importante na obra de Durkheim é o de anomia, termo que ele define como a ausência de solidariedade social devido à falta de regulamentação causada pela modernização permanente. O sociólogo inclui o contrato social, defendido por alguns filósofos iluminados, dentro desses fatores da anomia, uma vez que não garante a ordem.

Método de ciências sociais

Durkheim propôs o uso do método positivista em sua obra As regras do método sociológico (1895). O autor pretendia estudar a sociedade como "coisa" e testar suas hipóteses por meio da realidade.

Duas das ferramentas propostas por Durkheim foram estatísticas e raciocínio lógico. Com eles pretendia criar um método baseado na observação direta dos fatos e seu alcance de verificação.

Ao se propor estudar os fatos sociais como uma “coisa”, o sociólogo os equiparou àqueles fenômenos que podem ser observados e contrastados por meio do método científico. Durkheim estabeleceu quatro etapas para fazer isso:

  • Aparência: são as concepções anteriores ou julgamentos a priori e são feitos com a análise bibliográfica.
  • Profundidade: é descoberta pela essência e natureza da organização social.
  • Natureza do evento: é analisado se o evento se enquadra na faixa normal ou se é de natureza patológica.
  • Análise: Com todos os dados coletados, uma investigação detalhada é realizada e os resultados são interpretados.

Funcionalismo

A teoria funcionalista proposta por Durkheim focou sua atenção nas regularidades, funcionamento e normas da sociedade. Nele, o sociólogo se referia ao uso da função, definida como a manifestação externa de um objeto dentro de um determinado sistema de relações.

Função, como Durkheim o apresentou, é um conceito que expressa as relações entre os elementos de um conjunto e demonstra sua interdependência.

Com essa teoria sociológica, Durkheim buscou explicar os fenômenos sociais por meio da função das instituições sociais. Assim, ele considerou que as mudanças sociais que buscavam a harmonia eram funcionais, ao passo que se o equilíbrio fosse rompido, essas mudanças deveriam ser consideradas disfuncionais.

Suicídio

Uma das obras mais reconhecidas de Durkheim foi Suicídio: um estudo em sociologia, publicado em 1897.

O autor estudou a taxa anual de suicídio em vários países durante um período de tempo e descobriu que ela tende a permanecer inalterada por longos períodos. Da mesma forma, ele descobriu que essa taxa variava dependendo do país ou comunidade. Como exemplo, ele descobriu que havia menos suicídios nas sociedades católicas do que nas protestantes.

Com esses dados, o autor concluiu que o suicídio também tinha causas sociais e não apenas individuais e psicológicas. Durkheim registrou quatro tipos diferentes de suicídio:

  • Suicídio egoísta: ocorre quando o suicida não possui fortes laços sociais. Essa falta de integração na sociedade torna a vítima do suicídio livre para cometer o ato de suicídio.
  • Suicídio altruísta: a causa seria uma importância muito baixa da individualidade. Durkheim relatou como exemplo o caso de alguns povos primitivos que forçaram os idosos a cometer suicídio quando não podiam mais se defender sozinhos.
  • Suicídio anômico: ocorre quando as sociedades estão em situação de desintegração ou anomia.
  • Suicídio fatal: é cometido em sociedades com regras muito rígidas e opressoras para os indivíduos.

O estado

Durkheim definiu o Estado pelas funções que desempenha. Essas funções devem ter limites, uma vez que devem ser mantidas longe do controle dos laços sociais e da consciência coletiva.

O próprio Estado, para este autor, é uma espécie de consciência coletiva, mas não a única. É um órgão do pensamento social que deve se dedicar à elaboração de certas representações sociais destinadas a direcionar o comportamento coletivo.

Por outro lado, este autor afirmava que os conflitos eram anomalias no avanço rumo ao progresso e à ordem, duas das ideias centrais nas sociedades de seu tempo.

Outras contribuições de Durkheim

Apesar de não ter deixado nenhuma obra puramente antropológica, Émile Durkheim fez contribuições muito valiosas para esta disciplina. Além disso, ele introduziu o método científico na análise social e criou o conceito de fato sociológico.

Fenômeno religioso

O sociólogo francês também se referiu ao fenômeno religioso, especificamente em sua obra. As formas elementares da vida religiosa (1912). Este trabalho foi baseado em várias observações antropológicas sobre os aborígenes da Austrália e da América.

Durkheim desenvolveu uma teoria baseada nos dados coletados. De acordo com isso, a religião deve ser entendida como um fenômeno social, embora ao mesmo tempo seja produto do pensamento coletivo.

O autor interpretou a religião como um símbolo da própria sociedade. Assim, no medo que o homem sente do sagrado, sua dependência da sociedade se expressa simbolicamente. O próprio conceito de deus, segundo Durkheim, seria uma forma de adoração à sociedade.

Assim como a cultura e a própria sociedade, a religião é um elemento de controle da consciência do indivíduo e, portanto, um instrumento muito valioso para a coesão social.

Pioneira da sociologia

Além de todo o seu trabalho teórico, a consideração de Durkheim como um dos pais da sociologia também se deve ao seu trabalho acadêmico. French foi o fundador do primeiro departamento de sociologia da Universidade de Bordeaux, em 1895.

Por outro lado, ele também foi o criador da primeira revista dedicada a este assunto, L'Année Sociologique, que apareceu em 1896.

Trabalhos publicados

A divisão do trabalho na sociedade (1893). Sua tese de doutorado.

As regras do método sociológico (1895).

Suicídio (1897).

Educação moral (1902).

As formas elementares da vida religiosa (1912).

Aulas de sociologia (1912).

Obras póstumas

Educação e sociologia (1922).

Educação: sua natureza, sua função (1928)

Pedagogia L'évolution na França (1938).

Frases de Durkheim

- O suicídio varia na proporção inversa ao grau de integração dos grupos sociais a que o indivíduo pertence.

- A sociedade é para seus membros o que Deus é para seus fiéis.

- O sentimento é um objeto da ciência, mas não um critério de verdade científica.

- Não nos submetemos à lei porque a criamos, porque foi amada por tantos votos, mas porque é boa, está de acordo com a natureza dos fatos, porque é tudo o que deve ser, porque nela temos confiança.

- Não se deve dizer que um ato ofende a consciência comum porque é criminoso, mas sim que é criminoso porque ofende a consciência comum.

- A religião não é apenas um sistema de idéias, é antes de tudo um sistema de forças.

- Você tem que escolher entre a sociedade e Deus.

- Cada sociedade é uma sociedade moral. Em certos aspectos, esse caráter é ainda mais pronunciado nas sociedades organizadas.

- Buscar uma meta que, por definição, é inatingível é se condenar a um estado de infelicidade perpétua

- A educação é uma socialização da geração jovem pela geração adulta

- Uma pessoa só pode agir na medida em que aprende a conhecer o contexto do qual faz parte, a saber quais são as suas origens e as condições das quais depende.

Referências

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