As 5 fases do duelo: modelo Kübler Ross - Ciência - 2023


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As fases de luto O modelo de Kübler Ross explica a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Quando morre um ente querido ou vivemos uma situação de perda, as pessoas reagem de uma determinada forma.

Normalmente experimentamos sentimentos de tristeza, desânimo e desenvolvemos o que é conhecido como luto. Do ponto de vista psicológico, o luto é um momento extremamente delicado e complicado de administrar, por isso é muito importante conhecer as características dessa situação que todos nós vivemos em algum momento da vida.

O que é luto?

Ao vivenciar situações de luto, é comum vivenciar alguma confusão e ter dúvidas se os diversos sentimentos que aparecem são normais ou não.


Após uma perda significativa, vivenciamos o que chamamos de luto, ou seja, uma situação complicada em que vivenciamos uma série de sentimentos intimamente relacionados à pessoa que acabamos de perder.

As sensações que experimentamos durante o duelo podem ser muito intensas, e muitas vezes podem ser perigosas, pois geralmente não é fácil superar adequadamente esses momentos.

Semelhanças com a depressão

Quando perdemos um ente querido, podemos sentir sintomas muito semelhantes aos da depressão ou de outro distúrbio psicológico.

Além disso, embora o luto geralmente esteja vinculado à morte de entes queridos, é importante lembrar que esse processo pode ser vivenciado em qualquer situação de perda, e nem sempre deve estar vinculado à morte de alguém.

Reação a uma perda

O luto se refere à reação natural que as pessoas têm diante da perda de um ser, objeto ou evento significativo. Da mesma forma, refere-se à reação emocional e comportamental que uma pessoa experimenta quando perde um vínculo emocional significativo.


Mesmo em situações menos concretas como a abstração de conceitos como liberdade, ideais ou em mudanças atuais, como mudar para outra cidade ou mudar de estilo de vida, processos de luto também podem ser vivenciados.

Assim, o conceito de luto inclui componentes psicológicos, físicos e sociais que se expressam por meio de reações emocionais de sofrimento, tristeza ou luto.

Vale ressaltar também a normalidade desse processo, ou seja, vivenciar reações de luto em situações como as que acabamos de discutir é considerado uma situação totalmente normal e em nenhum lugar é considerado um transtorno psicológico.

Do que depende o duelo?

Nem toda morte envolve automaticamente o início do luto, uma vez que isso requer que a pessoa que é o objeto da perda tenha importância e significado especiais. A essência do luto é o afeto ou o apego, assim como o sentimento de perda.

A intensidade do processo de luto também não depende da natureza do objeto perdido, mas do valor atribuído a ele.


Fases do luto e suas características

A duração do luto normal é considerada hoje bastante imprevisível, uma vez que o período de tempo pode variar muito em cada pessoa. Saber quando um processo de luto terminou é geralmente complicado, pois não há períodos de tempo que possam determiná-lo exatamente.

Portanto, o que é realmente relevante na análise de um processo de luto são as diferentes etapas vividas.

Nesse sentido, as fases do luto postuladas no modelo de Kübler Ross são especialmente importantes, pois nos permitem examinar as diferentes situações que uma pessoa vivencia no processo de luto.

As 5 fases do duelo são:

Primeira fase: negação

A primeira reação a situações como a informação de que um ente querido morreu ou tem uma doença terminal é negar a realidade dos acontecimentos. O mesmo pode acontecer em outras situações, como rupturas amorosas, nas quais a princípio a reação emocional predominante é a negação dos fatos.

Essa negação que é experimentada nos estágios iniciais dos processos de luto consiste na rejeição consciente ou inconsciente dos fatos ou da realidade da situação.

Pela psicologia, essa primeira reação é entendida como uma defesa que busca amortecer o choque ou desconforto que a realidade produz num momento em que a mente não está preparada para aceitá-la.

Essa primeira resposta dura um período limitado de tempo em que não nos sentimos paralisados, experimentamos um sentimento de descrença e reafirmamos coisas como "isso não pode estar acontecendo comigo".

É importante destacar que a negação é uma etapa muito importante no processo de luto, pois nos permite nos proteger do primeiro impacto e ganhar um pouco de tempo para aceitar a realidade aos poucos.

Por outro lado, é importante estar ciente de que apesar da utilidade desta primeira etapa, se a fase de negação durar muito tempo pode ser prejudicial, pois impede a pessoa de aceitar as coisas como são e de enfrentar a realidade.

Segunda etapa: raiva

Quando você começa a aceitar a realidade do que aconteceu, surgem sentimentos de dor. No primeiro momento em que a dor aparece, as sensações mais proeminentes são sentimentos de raiva, raiva ou fúria.

Embora esses sentimentos possam estar presentes durante todo o processo de luto, é nessa segunda fase que eles se manifestam com maior intensidade.

A raiva pode ser direcionada à pessoa falecida, a nós mesmos ou a outras pessoas, objetos, eventos, situações, etc. Freqüentemente, sentimos ressentimento em relação às pessoas que nos deixaram em uma situação onde reinam a dor e o desconforto.

Na verdade, essa primeira reação pode ser considerada um processo egoísta, no qual a pessoa vivencia sentimentos de raiva pelo momento de desconforto que está tendo que viver.

No entanto, a raiva é um sintoma normal de um processo de luto. Kübler Ross comenta como, neste momento, é importante que a família e os amigos da pessoa enlutada permitam que eles expressem livremente sua raiva, sem julgar ou reprimir seus sentimentos.

A raiva é uma resposta temporária nos processos de luto e necessária para resolver a dor. Da mesma forma, usar métodos de expressão, como escrever uma carta ao falecido ou estabelecer um diálogo imaginário com ele, pode ajudar a canalizar essas emoções.

Terceira fase: negociação

Esta terceira fase consiste no último esforço que a pessoa faz para tentar aliviar o desconforto psicológico que a perda está causando. Geralmente é uma fase muito curta em que a pessoa tenta negociar a dor que está sentindo para evitar o aparecimento de sensações depressivas.

Em segredo, o enlutado busca fazer um acordo com Deus ou outro poder superior para trazer de volta seu ente querido falecido em troca de um estilo de vida reformado.

A negociação é entendida como um mecanismo de defesa que alivia a dor da realidade, mas geralmente não oferece uma solução sustentável ao longo do tempo e pode levar à experimentação de outros sentimentos como remorso ou culpa.

Durante esta terceira fase, é importante que a pessoa se conecte com outros indivíduos e atividades do presente, e realize atividades mais ou menos frequentes que proporcionem estabilidade emocional.

A quarta fase: depressão

Essa fase pode ser interpretada como o momento em que a confusão produzida pela dor desaparece e a pessoa passa a compreender a certeza da perda. A pessoa se sente triste e desanimada e experimenta sentimentos como medo ou incerteza quanto ao futuro de sua vida.

Durante essa fase depressiva, pode aumentar a preocupação com eventos que antes passavam mais ou menos despercebidos, e o prazer das atividades que normalmente são realizadas costuma ser muito difícil.

A dor neste quarto estágio é muito intensa e são experimentadas sensações de vazio e exaustão. A pessoa pode ficar impaciente com a percepção constante de sofrimento e pode ser mais irritável ou suscetível do que o normal.

Deve-se levar em consideração esse quarto estágio porque pode ser facilmente confundido com um episódio depressivo.

No entanto, embora a pessoa possa sentir que a dor que sente durará para sempre, nos duelos normais esses sentimentos não se tornam crônicos e, apesar do fato de que sua duração pode ser variável, essa resposta emocional ocorre durante um período limitado de tempo.

Essa fase do luto é a mais importante quando se trata de relacionar o luto aos transtornos depressivos, pois, se a fase depressiva não for superada, a depressão pode se desenvolver.

Quinta fase: aceitação

O aparecimento desta última fase é o indicador de que o processo de luto foi normal e não patológico, e que chegou ao fim. Após a fase depressiva, a pessoa se reconcilia com a perda e se dá a oportunidade de viver apesar da ausência de si ou da situação perdida.

Assim, a pessoa enlutada passa a aceitar a situação por meio da experiência de depressão. Esse fato mostra que a fase depressiva é de extrema importância nos processos de luto, pois, embora sejam muito angustiantes, os sentimentos que vivenciamos nessa fase são o principal elemento que nos permite aceitar a perda.

Por outro lado, deve-se esclarecer que esta fase não significa que a pessoa concorde com a perda, mas sim que concorda em continuar com sua vida apesar da situação que teve que viver.

A pessoa aprende a conviver com a perda, cresce no nível pessoal por meio do conhecimento dos sentimentos que vem vivenciando e se adapta à sua nova situação.

Possíveis consequências

É importante observar que os processos de luto são situações complicadas nas quais a adaptação adequada geralmente não é fácil. Se uma adaptação ótima não for alcançada nesses momentos, o duelo pode levar a uma alteração psicológica significativa.

Nesse sentido, muitos estudos mostraram que 16% das pessoas que perdem um parente desenvolvem depressão durante o ano seguinte. Além disso, esses números podem aumentar até 85% na população com mais de 60 anos, de modo que a relação entre luto e depressão pode ser muito próxima.

Em geral, os tratamentos psicológicos e psiquiátricos são desencorajados nos processos normais de luto, mas são necessários no luto patológico e especialmente quando o luto se transforma em depressão.

Por isso, é muito importante conhecer bem as características e estágios do luto normal, pois isso nos permite reconhecer quais pessoas estão realizando um processo adequado e quais podem estar desenvolvendo funcionamento patológico.

Referências

  1. Bowlby J. A perda afetiva. Tristeza e depressão. Barcelona: Paidós; 1990]
  2. Gómez-Sancho M. A perda de um ente querido, luto e luto. Madrid: Arán Ediciones, 2004. 3.
  3. Kübler-Ross, E.: "A roda da vida." Ed. B. Pocket Library. 2.000
  4. O ’Connor N. Deixe-os ir com amor: a aceitação da dor. México: Trillas, 2007.
  5. Pérez Trenado, M. "Como lidar com o processo de luto", em "Estratégias para a atenção integral na terminalidade". SOV.PAL. 1.999