Literatura de vanguarda: origem, características e autores - Ciência - 2023


science
Literatura de vanguarda: origem, características e autores - Ciência
Literatura de vanguarda: origem, características e autores - Ciência

Contente

o literatura de vanguarda era o nome dado ao compêndio de obras literárias produzidas no início do século 20, entre 1906 e 1940. Essas publicações apresentavam marcadas tendências estéticas, rompendo com os sistemas convencionais de rimas e estruturas estrofesais.

A literatura de vanguarda foi influenciada por uma série de movimentos artísticos conhecidos como "avant-gardes". Essas correntes de expressão perseguiam objetivos comuns de introspecção e quebra de convenções e ordens pré-estabelecidas.

É comum, ao estudar a história, perceber que em momentos de grande convulsão social surgem tendências de expressão que têm permitido ao homem drenar tensões, mostrar sua insatisfação. A literatura de vanguarda, filha das febres de um mundo abalado, não escapa desta realidade humana.


Origens da literatura de vanguarda

O termo vanguarda é galicismo, quer dizer: palavra de origem francesa. É composto por duas palavras: avant ("Na frente de") e garde ("Guarda", "protege"). A palavra vanguarda disparou durante o desenvolvimento da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1917.

O início do século 20 foi marcado pela violência. Quando as sociedades europeias pareciam estar em uma calma que pressagiava crescimento e progresso, o arquiduque Franz Ferdinand da Áustria é assassinado e sua morte é a bandeira que dá lugar ao desastre de guerra. Sob essa estrela nasce a vanguarda.

Com este cenário vil, o homem cambaleia até a década de 1900. As artes começam a ser o meio de fuga para as realidades coletivas e as ideias que surgem abrigam-se sob a palavra francesa “avant-garde”. "Vá em frente, para abrigar a alma", ouve-se em cada poema nascido, em cada estrutura que se quebra.

A literatura de vanguarda não era típica de um lugar, era um fato global, um sentimento globalizado. A consciência do espaço de todos desencadeou um frenesi criativo-reativo nos autores. As obras denotam um desenraizamento de ideias e culturas, o ser se apresenta como um todo, como uma nação do pensamento.


Caracteristicas

Tudo é questionado

Os escritores de vanguarda apresentam seu trabalho com uma ideia clara e combativa, de abolição. A negação das regras do passado é uma bandeira levantada desafiadoramente.

A literatura aqui produzida responde à necessidade individual e inconsciente de quebrar paradigmas, de pensar não como as estruturas anteriores se impõem, mas como se quer.

O novo era o importante

O impulso contra o trabalho humano anterior era tal que o que acontecia antes da vanguarda foi considerado sem importância. O recente foi o que agradou, eles apostaram no que foi carregado de novidade e surpresa.

A metáfora como a porta da criação

A metáfora era o dispositivo ideal para dizer coisas inovadoras. O objetivo era mergulhar os leitores em mundos surreais que os faziam duvidar e questionar, em muitos casos, a própria existência como a conhecemos.


Quebre a razão e a lógica

A vanguarda abre espaço para artifícios poéticos não convencionais, como o uso de frases sem culminar, por exemplo.

Segundo os que implementaram essa estratégia, a utilizaram para que o leitor pensasse e fizesse parte das cartas, assumindo os finais possíveis que os poemas e outras manifestações literárias deveriam ter.

Era comum pular as fórmulas lineares tradicionais, até abolindo o uso de sinais de pontuação em fatos literários em uma grande variedade de obras, especialmente em poesia.

Espontaneidade

Defendeu a elaboração imediata das emoções, sem tanta profundidade no discurso, sem tanta densidade no pensamento, mas com uma audácia impressionante.

Esse traço particular o torna inclusivo, rompendo com a influência burguesa reinante, a qual a vanguarda, é claro, resistia e se opunha.

As letras eram de todos e não de um grupo, e aquele que era capaz de criar sem ter outras raízes, mas sim o seu próprio sentido, esse era o que realmente valia.

Uma marcante influência freudiana

As teorias psicanalíticas de Sigmund Freud tiveram uma clara ascendência na criação de vanguarda. Suas teorias sobre o subconsciente lançaram as bases do surrealismo e da exploração do onírico na manifestação literária.

Dalí, que foi um dos principais representantes europeus do surrealismo pictórico e que motivou Lorca a escrever poesia surrealista, acompanhou de perto a obra de Freud, assim como Bretón.

Principais vanguardas

As diferentes manifestações artísticas que compuseram a vanguarda desde seu início, durante seu desenvolvimento e término, são conhecidas como vanguardas.

As vanguardas mais importantes são apresentadas a seguir, seguidas de uma breve descrição, seus principais representantes e suas obras:

Expressionismo

O expressionismo literário é um movimento, principalmente pictórico, nascido na Alemanha em 1905. Afasta-se do figurativo e busca expressar o que o indivíduo sente a partir de sua percepção subjetiva.

Chega a tocar muito nas cartas, e nestas, como principal representante, tem o austro-húngaro Franz Kafka, cuja obra marcou um marco na história da literatura.

Surrealismo

O surrealismo literário é um movimento com grandes conotações pictóricas. Ele nasceu na França em 1924. O inconsciente é o protagonista dessa corrente. As canções dos sonhos se manifestam continuamente. Diz-se até que sonhamos a vida e vivemos sonhos.

As imagens rompem com estruturas conhecidas e o leitor fica completamente pasmo a cada criação literária. Podemos citar o espanhol Federico García Lorca, com sua obra Poeta em Nova York, como um de seus grandes representantes.

Dadaísmo

O dadaísmo surgiu nos Estados Unidos e na Suíça simultaneamente por volta de 1916. Nos anos seguintes, espalhou-se pela Europa. Tem a particularidade de ser um movimento de vanguarda não rebelde.

O objetivo é refutar os conceitos que constituem e sustentam as manifestações artísticas anteriores à Primeira Guerra Mundial.

Vemos a melhor amostra da literatura Dada representada nas letras do poeta alemão Hugo Ball. Seu trabalho se destaca À crítica da inteligência alemã.

Cubismo

O cubismo literário tem origem na França, por volta de 1905. Sua premissa é a união de conceitos impossíveis, bem como objetos em decomposição, formas.

Procura dar lugar à alegria e ao humor negro na escrita, reduzindo o peso da nostalgia e dos motivos líricos comuns.

Essa corrente tem como um dos principais representantes nas cartas o italiano Guillaume Apollinaire. Destacam-se seus "caligramas", interessantes manifestações poéticas onde, além da fala, as letras formam silhuetas alusivas ao tema. Entre suas obras se destaca O poeta assassinado.

Futurismo

O Futurismo Literário nasceu na Itália por volta de 1909. Seu principal motor é o poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti. Uma das principais inspirações do Futurismo são a "máquina" e o "movimento". Saia dos caminhos convencionais, reinvente o homem, as coisas, com as letras.

A literatura futurista valoriza a canção do "não-humano", vê a guerra e as pragas como necessárias para purificar a terra do homem.

Entre as obras de Filippo, sua Manifesto do Futurismo, onde mostra claramente as bases de sua corrente.

Ultraismo

O ultraismo nasceu das mãos de Rubén Darío para se opor ao romantismo, o ultraismo parece se opor diretamente ao modernismo.

Esta vanguarda é de origem hispânica, nascida na Espanha por volta de 1919. Seu surgimento é diretamente influenciado por três outras vanguardas: o cubismo, o dadaísmo e o futurismo.

A poesia faz um uso exagerado da metáfora, descarta completamente a rima e trata de assuntos cotidianos, como cinema e tecnologia.

Entre seus expoentes, destaca-se Humberto Rivas Panedas, e entre suas importantes obras encontramos: Irmãos, poetas e ultraístas: José e Humberto Rivas Panedas.

Criacionismo

O criacionismo literário é uma vanguarda com raízes hispânicas. Este movimento começou em Paris nas mãos de Vicente Huidobro por volta do ano de 1916 e em pouco tempo expandiu-se e foi incorporado às restantes vanguardas que viveram no continente europeu.

Essa corrente de vanguarda elimina as descrições e evita anedotas. O escritor se torna um deus, se compara a Deus e considera a poesia como uma ferramenta absoluta de criação.

Entre as obras mais representativas de Vicente Huidobro estão as suas Poemas árticos Y O espelho d'água.

Conclusões gerais

A vanguarda literária passou a representar o homem uma catarse necessária nos momentos avassaladores que a humanidade viveu no início do século XX. Ele veio para encurtar distâncias, para ligar as espécies aos fios da arte quando tudo doía.

Talvez se seus representantes não tivessem se envolvido tanto na oposição ao que precede e se concentrado em sua própria criação, seu legado seria mais amplo.

Se há algo que a literatura de vanguarda nos fez entender, é que, quando nada está garantido e a morte está próxima, a arte costuma ser a porta seguinte e necessária. Tudo segue um ciclo, tudo acontece, o que é inovador hoje, o amanhã é passado e questionado.

Paz, enfim, não é sinônimo de calma, a paz na linguagem humana nada mais é do que aquele silêncio amedrontador que nos habita entre a guerra e a guerra. O medo fez o seu favor e a letra não esperou ser a voz do homem, o esperado reguardo.

Referências

  1. Avant-garde literária. (S. f.). (n / a): enciclopédia avant-garde. Recuperado de: encyclopediavanguardista.blogspot.com.
  2. Lorena, M. (2013). Literatura de vanguarda do século XX. (n / a): Literatura universal. Recuperado de: ceblenguacastellana11.blogspot.com.
  3. Dez características da vanguarda. (S. f.). (n / a): Características. Recuperado de:
  4. Mena, J. R. (S. f.). As consequências das vanguardas. (n / a): Islabahia. Recuperado em: www.islabahia.com.
  5. Enquadramento sócio-histórico da literatura de vanguarda. (S. f.). (n / a): PPS.K12. Recuperado de: pps.k12.or.us.