Os 5 efeitos do estresse no cérebro - Médico - 2023


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São muitas as pessoas que se sentem estressadas no seu dia a dia. Muitos dirão que é um mal das sociedades modernas, mas não é assim, pois é um sistema de alerta biológico necessário à sobrevivência. Um certo grau de estresse pode estimular o corpo e permite que ele alcance seu objetivo, retornando ao estado basal quando o estímulo cessar.

No entanto, o problema surge quando o estresse é sustentado ao longo do tempo e um estado de resistência é inserido. Certas circunstâncias, como sobrecarga de trabalho, pressões econômicas ou sociais, são inconscientemente percebidas como uma ameaça. Nossa vida não está em perigo, mas mesmo assim nosso corpo reage como tal. É então quando você começa a sentir uma sensação de desconforto, que se prolongada pode causar um estado de exaustão, com possíveis alterações em nosso corpo.


O estresse de longo prazo pode ser prejudicial ao corpo e até mesmo afetar do sistema imunológico ao coração. Não é surpreendente, então, que o cérebro também possa ser afetado pelo estresse, uma vez que é o órgão central da percepção. O cérebro é aquele que determina quais aspectos do mundo ao nosso redor são ameaçadores e, portanto, potencialmente ameaçadores.

Estudos indicam que o estresse pode causar perda de memória ou diminuição de tamanho. Vamos ver como o estresse pode afetar nosso cérebro.

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O que é estresse?

O estresse é um estado de tensão aguda que ocorre quando temos que reagir a uma situação que percebemos como uma ameaça. Quando estamos estressados, então, diferentes áreas de nosso cérebro são ativadas, como a amígdala, que é responsável por gerar emoções; o hipocampo, que gerencia a memória.


Também é ativado o córtex pré-frontal, que regula os processos cognitivos, como atenção e resolução de problemas, e o hipotálamo, glândula endócrina responsável por relacionar a atividade cerebral com a produção hormonal para regular a atividade fisiológica com o resto do corpo.

Apesar das conotações negativas associadas ao estresse, o estresse ocasional nem sempre precisa ser prejudicial, mas, ao contrário, pode ser crucial para a sobrevivência individual.

Diante de uma possível ameaça, tanto física quanto psicológica, é necessário que o corpo e a mente respondam com rapidez e precisão. O cortisol é necessário para esta resposta, hormônio que altera o metabolismo celular e ao mesmo tempo mobiliza substâncias energéticas de reserva, que permitem aos músculos receber mais energia e utilizá-la mais rapidamente. Simplificando, o estresse prepara o corpo para responder.

O estresse também afeta o cérebro. Especificamente, torna mais fácil focar a atenção na ameaça potencial, para que possamos antecipar nossas reações tanto quanto possível. Nesse sentido, a capacidade de nos estressar pode ser benéfica, pois nos permite reagir a uma situação perigosa com mais garantias de sucesso.


Porém, quando falamos sobre estresse crônico, a situação é diferente. Tem sido visto alterar o equilíbrio neuroquímico do cérebro, afetando todas as áreas acima mencionadas, dificultando nosso raciocínio e nos fazendo responder mais impulsivamente. Até recentemente, esses efeitos eram considerados transitórios, mas a pesquisa mostra que o estresse prolongado pode causar interrupções permanentes nas conexões neuronais.

Quais são os efeitos do estresse no cérebro?

O estresse crônico pode envolver mudanças no funcionamento e na estrutura do nosso cérebro, pois um dos efeitos do cortisol é diminuir a plasticidade neuronal. Vamos ver quais são seus efeitos:

1Causa alterações nos neurônios

Em um estudo realizado na Rosalind Franklin University, pesquisadores observaram que o cortisol pode ter um efeito tóxico nos neurônios do hipocampo. O hipocampo, além de ser uma das regiões associadas à memória e ao aprendizado, é também uma das áreas onde ocorre a neurogênese, a formação de novos neurônios.

O cortisol pode diminuir a atividade de alguns neurônios no hipocampo ou influenciar sua sobrevivência. Em princípio, alguns efeitos podem ser revertidos se o estresse for interrompido, embora existam estudos que indicam que a exposição ao estresse em uma idade precoce pode deixar uma marca nos neurônios que pode ser difícil de eliminar.

2. Faz com que a estrutura do cérebro mude

O estresse de longo prazo pode causar alterações entre a substância cinzenta e a branca no cérebro. A matéria cinzenta é composta por corpos de neurônios (ou somas) e células da glia (células de suporte), responsáveis ​​pelo pensamento de ordem superior, como a tomada de decisões e a resolução de problemas. Por outro lado, a substância branca é composta por axônios, uma extensão de neurônios que cria uma rede de fibras com a função de conectá-los.

A matéria branca recebe esse nome porque os exons são cobertos por uma bainha de gordura branca chamada mielina, que protege os axônios e acelera o fluxo de sinais elétricos de uma célula para outra. Foi observado que estresse crônico pode aumentar a produção de mielina, criando um desequilíbrio entre a matéria cinzenta e branca do cérebro, o que pode levar a mudanças na estrutura do cérebro.

3. Reduz o volume do cérebro

O estresse pode criar um diminuição nas áreas do cérebro associadas à regulação das emoções, metabolismo e memória. Em um estudo da Universidade de Yale, foi observado que a exposição repetida ao estresse causou uma redução na massa cinzenta no córtex pré-frontal, uma região responsável por regular as emoções.

O estresse diário e crônico parecia ter pouco impacto no volume cerebral por si só. No entanto, o efeito negativo sobre o volume cerebral parece ser maior em pessoas que sofreram episódios de estresse intenso e trauma.

O acúmulo de eventos estressantes na vida de uma pessoa pode tornar mais difícil para esses indivíduos lidar com eventos futuros, especialmente se o próximo evento exigir forte controle sobre as emoções ou grande processamento social para superá-lo.

4. Afeta a memória

Em um estudo de 2012, foi observado que o estresse crônico tem um impacto negativo sobre o que é conhecido como memória espacial, o tipo de memória que nos permite lembrar informações sobre a localização de objetos no ambiente, bem como a orientação espacial.

Por exemplo, experimentos em animais mostraram que em situações de estresse crônico, o cortisol reduz o número de conexões cerebrais ou sinapses de neurônios nos lobos frontais, uma área que armazena a memória de eventos recentes.

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Se essa situação for recorrente, nossas preocupações vão roubar parte de nossa atenção e é então que é difícil para nós lembrar de dados aparentemente triviais, como onde deixamos o carro ou as chaves do celular. O fato é que não armazenamos bem as informações, nem tanto na forma como as recuperamos. Isso acontece principalmente porque quando sofremos de estresse por muito tempo é mais difícil para nós chamar a atenção. Ou seja, ao invés de prestar atenção no que estamos fazendo, estamos prestando atenção em nossos pensamentos, fazendo-nos agir mecanicamente e nos sentindo mais dispersos.

5. Aumenta o risco de transtornos mentais

O estresse é conhecido por desempenhar um papel importante no desencadeamento e na evolução de doenças mentais, particularmente aquelas transtorno de estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade e depressão. Por sua vez, o estresse também pode ser um fator de risco para o uso e abuso de substâncias.

O estresse diminui a autoestima e a autoconfiança, além de predispor a manifestar reações e comportamentos agressivos, pois aumenta a impulsividade. Em relação à manifestação dos estados depressivos, constatou-se que o estresse inibe o funcionamento dos sistemas de prazer e recompensa do cérebro, o que, por sua vez, afeta negativamente o sentimento de otimismo.

Todos esses efeitos são ampliados em bebês e adolescentes, pois seus cérebros são muito mais plásticos e maleáveis. Neste sentido, o estresse experimentado na infância e adolescência deixa uma marca no cérebro que podem afetar o comportamento dessas pessoas ao longo da vida, o que nem sempre é fácil de fazer desaparecer.

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