Camilo Torres Tenorio: biografia, obra literária, frases - Ciência - 2023

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Camilo Torres Tenorio (1766-1816) foi um intelectual, político e advogado nascido no Reino de Nova Granada em 1766. Conhecido como A Palavra da Revolução por sua prosa poderosa, Torres tornou-se um dos líderes do movimento que lutou pela primeira independência de Nova Granada, atualmente Colômbia.

Depois de se tornar um dos advogados de maior prestígio da época, Torres Tenorio se envolveu na luta pela liberdade de seu país após a tradução de Antonio Nariño dos Direitos do Homem e do Cidadão do francês.

Em 1809, Torres Tenorio escreveu uma carta dirigida ao Conselho Central da Espanha reclamando do baixo número de cadeiras que haviam sido concedidas aos territórios coloniais americanos. Estes, que haviam sido leais ao rei espanhol após a invasão napoleônica, foram contornados nesses corpos governantes.

A escrita é conhecida como Memorial de Reclamações e é considerado um dos marcos no caminho para a independência.

Uma vez conseguido isso, Torres ocupou a presidência das Províncias Unidas de Nueva Granada em várias ocasiões, até que foi forçado a fugir após o contra-ataque espanhol. Torres foi capturado e baleado em 1816.

Biografia

Camilo Torres Tenorio nasceu em Popayán, no Reino de Nova Granada, em 22 de novembro de 1776. Seu pai, Jerónimo de Torres, era um comerciante e proprietário de terras espanhol que possuía grandes extensões de terra na costa do Pacífico e na própria Popayán. .

A mãe de Torres Tenorio era Maria Teresa Tenorio, natural da própria Popayán. O casal, além de Camilo, teve outros oito filhos.

Estudos

O jovem Torres Tenorio ingressou no Real Colegio Seminario de San Francisco de Asís, prestigioso centro educacional localizado em sua cidade natal. Entre as disciplinas que cursou estavam latim, grego, matemática, teologia, retórica e filosofia. Recebeu, portanto, o tipo de treinamento típico das classes abastadas de sua cidade.

Depois de concluir esta etapa, Torres Tenorio continuou seus estudos no Colégio Menor de Nuestra Señora del Carmen, em Santa Fé de Bogotá. Neste centro graduou-se como Bacharel em Filosofia. Posteriormente estudou Direito Canônico, desta vez no Colegio Mayor de Nuestra Señora del Rosario, hoje Universidad del Rosario.

Torres obteve seu diploma de advogado na Corte Real quando tinha 28 anos. Além disso, ele também se tornou advogado dos Conselhos Reais.

Com o tempo, Torres Tenorio foi ganhando fama como um dos advogados mais eminentes de sua época. O Tribunal espanhol concedeu-lhe o poder de litigar em todas as audiências que então existiam na América. Humboldt achava que ele era "um colosso de inteligência".

Good Taste Gathering

Torres Tenorio começou então a participar na chamada Tertulia del Buen Gusto. Foram encontros organizados por Manuela Sanz de Santamaría nos quais os presentes discutiram literatura e ciência.

Neste encontro participaram alguns dos que desempenhariam um papel importante no processo que conduziu à primeira independência, como Custodio García Rovira, Francisco Antonio Ulloa ou Manuel Rodríguez Torices. Todos eles estudaram nos centros mais importantes da capital: o Colegio Mayor del Rosario ou em San Bartolomé.

Casamento

Foi justamente em um dos encontros sociais organizados na casa de Manual Santamaría que Torres conheceu sua futura esposa: María Francisca Prieto, prima da anfitriã.

O casamento aconteceu em Bogotá, em 1802, e os recém-casados passaram a lua-de-mel em Fusagasugá. Torres e sua esposa, radicada na capital, tiveram seis filhos.

A revolução da independência

A primeira incursão conhecida de Torres Tenorio na vida política do Novo Reino de Granada ocorreu após a tradução para o espanhol por Antonio Nariño de los Direitos do Homem e do Cidadão em 1793. A influência das idéias da Revolução Francesa começou a criar agitação entre os intelectuais.

Um ano depois que a tradução de Nariño viu a luz, Torres se envolveu no chamado Motim dos Pasquines. Ao amanhecer, as paredes da cidade apareceram cobertas de folhas manuscritas em protesto contra o governo espanhol.

A iniciativa, a primeira a acontecer em Nova Granada depois da Comuneros, foi desenvolvida pelos alunos de Rosário.

A reação das autoridades espanholas foi reprimir os intelectuais. Foi encerrado o encontro O Sublime Arcano da Filantropia, alguns Novos Granadinos foram presos ou exilados e foi aberto um processo contra vários estudantes do Colégio Prefeito de Nuestra Señora del Rosario.

Camilo Torres, por sua vez, sofreu uma batida em sua biblioteca, onde foram encontrados muitos livros em francês. As autoridades requisitaram as cópias para disponibilizá-las à Inquisição e verificar sua periculosidade.

Trabalho como advogado

Depois de sua experiência com as autoridades, a atuação de Torres Tenorio com seus amigos envolvidos no Motim dos Pasquines foi bastante contraditória.

Por um lado, defendeu Francisco Antonio Zea no julgamento que sofreu contra ele. Apesar de sua brilhante intervenção, seu cliente foi condenado ao exílio em Cádis. No entanto, ele não queria defender Nariño, apesar da amizade que os unia.

Em 1795, Torres atuou como advogado de defesa dos irmãos Hurtado, Nicolás e Juan José, ambos acusados de sedição. Dois anos depois, fez o mesmo com o padre Eloy de Valenzuela, então pároco de Girón e que foi julgado por proferir um sermão considerado revolucionário pelas autoridades coloniais.

Além desses empregos, Torres desenvolveu uma importante atividade jurídica que lhe proporcionou uma renda considerável.

A Voz da Revolução

A invasão da Espanha pelas tropas francesas de Napoleão e a posterior substituição do rei espanhol por José Bonaparte causaram grande comoção nos territórios coloniais. A notícia chegou a Nova Granada em meados de janeiro de 1809 e Camilo Torres foi um dos que se opôs à nova situação da metrópole.

Nesse mesmo ano, Torres Tenorio escreveu Memorial de Reclamações, embora seu nome verdadeiro fosse Representação da ilustre Câmara Municipal de Santafé perante o Conselho Supremo Central da Espanha. Era uma carta dirigida ao Conselho Supremo Central da Espanha. Foi uma espécie de governo criado pelos espanhóis que lutaram contra a invasão francesa em nome do rei Fernando VII.

Em sua carta, que nunca chegou ao destino, Torres criticou o governo espanhol e a discriminação sofrida pelos crioulos na América Latina.

Embora a carta apoiasse a coroa espanhola contra a francesa, também reclamava da falta de representantes dos territórios coloniais nos diferentes conselhos de governo formados na península.

O Memorial de Reclamações não era um manifesto de independência, mas afirmava que os nascidos na América deveriam ser iguais aos peninsulares espanhóis em todos os sentidos. No entanto, teve um papel na criação de uma identidade comunitária em Nova Granada.

Acusações políticas

Este período ficou conhecido como Patria Boba e Torres Tenorio tornou-se um dos líderes do campo federalista. Seu objetivo era fazer das Províncias Unidas uma federação. Contra essa ideia, os centralistas liderados por Antonio Nariño se posicionaram.

Entre 1812 e 1814, durante a primeira independência, Camilo Torre ocupou os cargos de presidente do Congresso e chefe do Executivo nacional. Ele havia sido nomeado pelo Congresso federalista, no contexto de uma guerra civil entre os centralistas e os federalistas, sem esquecer as incursões dos espanhóis.

A guerra civil logo se espalhou por todo o território e terminou com a vitória dos centralistas. Em novembro de 1814, após a derrota das tropas de Nariño, os federalistas contra-atacaram com a ajuda de Simón Bolívar e capturaram o presidente Manuel de Bernardo em dezembro do mesmo ano.

Presidente das Províncias Unidas de Nova Granada

Camilo Torres foi eleito Presidente das Províncias Unidas de Nova Granada em 15 de novembro de 1815. Seu período neste cargo durou até 12 de março do ano seguinte. A derrota na batalha de El Socorro obrigou-o a deixar o cargo, que estava nas mãos do ditador José Fernández Madrid.

Execução

Enquanto essa guerra civil ocorria, os espanhóis não desistiram de retomar o controle do território. À frente das tropas monarquistas estava o general Pablo Morillo.

Antes do avanço de Morillo, Torres decidiu em 1816 fugir para evitar possíveis represálias. Junto com sua família mudou-se para El Espinal, hoje departamento de Tolima. Ali ficaram sua esposa e filhos, enquanto ele seguia para Popayán, acompanhado de seu irmão e de sua secretária.

Os soldados de Morillo capturaram pela primeira vez a família de Camilo Torres. Todos os seus bens foram confiscados e transferidos para a Santafé.

Torres, entretanto, havia saído de Popayán e tentava chegar ao porto de Buenaventura. Nessa viagem, em julho de 1816, ele foi capturado pelos homens de Morillo. O político foi transferido para Santafé e baleado na madrigada de 5 de outubro do mesmo ano.

O plano de Morillo para aterrorizar a população também se aplicou ao corpo de Torres: foi desmembrado pelos membros e cada um deles foi exposto publicamente nas quatro entradas da cidade. Os espanhóis colocaram sua cabeça, desfigurada, na praça principal, pregada a uma lança.

Destino da família Torres

A família de Torres Tenorio perdeu todos os seus bens após a execução do político. De acordo com as crônicas, sua viúva teve que desistir de um dedal de ouro que ela possuía. Assim, tendo uma vida rica, a família se viu na mais profunda pobreza e teve que recorrer à caridade para sobreviver.

Sua situação não mudou até alguns anos depois. Bolívar, que demonstrava grande respeito por Torres, veio em auxílio da família para melhorar sua economia.

Obra literaria

Camilo Torres Tenorio alcançou grande reconhecimento graças à sua capacidade de falar. Sua oratória e seus escritos levaram-no a receber o apelido de A Palavra da Revolução.

A maior parte do trabalho escrito de Torres consistia em artigos de jornal. Além deles, o seu Memorial de Reclamações, uma crítica muito severa ao governo espanhol e às leis que discriminavam os crioulos de Nova Granada.

Memorial de Reclamações

o Representação da ilustre Câmara Municipal de Santafé perante o Conselho Supremo Central da Espanha, mais conhecido como Memorial de Reclamaçõesera um documento escrito por Camilo Torres em novembro de 1809. Quando o escreveu, o autor trabalhava como assessor do Cabildo de Santafé.

No contexto da época, com a Espanha invadida pela França, seu rei substituído por José Bonaparte e com os primeiros movimentos de independência na América, Torres decidiu enviar uma carta ao órgão criado na Espanha para se opor aos franceses.

Nesta carta, Camilo Torres queixava-se da limitada presença de representantes dos territórios americanos no Conselho Supremo de Sevilha.

Além disso, Torres também listou as queixas que os crioulos tinham contra as autoridades coloniais do vice-reinado. Por ser crioulo, Torres conhecia bem as leis que impediam os membros desse grupo de terem acesso a cargos importantes na administração.

Torres destacou na carta que deveria haver igualdade de direitos entre os nascidos nas colônias e os peninsulares espanhóis.

Este Memorial de Reclamações não alcançou seu destinatário final. O escrito só foi publicado após a execução de seu autor, embora fosse conhecido por boa parte da população de Nova Granada. Assim, tornou-se referência em reclamações e demandas para a Espanha.

Frases

- Não quero nada e nada aspiro e viverei contente com pão e um livro.

- Mais justo, mais equitativo, o Conselho Supremo Central convocou as Américas e conheceu esta verdade: que entre iguais, o tom de superioridade e dominação só pode servir para irritar os espíritos, para perturbá-los e para induzir uma separação desastrosa.

- Razão e costumes estão em um povo livre o que correntes e celas estão em um povo escravo.

- Se o governo da Inglaterra tivesse dado esse passo importante, talvez não lamentasse hoje a separação de suas colônias.

- Deus me livre de que outros princípios e outras idéias menos liberais não produzam os terríveis efeitos da separação eterna!

Referências

Ruiza, M., Fernández, T. e Tamaro, E. Biografia de Camilo Torres Tenorio. Obtido em biografiasyvidas.com
Academia Real de História. Camilo Torres Tenorio. Obtido em dbe.rah.es
Banco da República. Camilo Torres. Obtido em encyclopedia.banrepcultural.org
Revolvy. Camilo Torres Tenorio. Obtido em revolvy.com
Os editores da Encyclopaedia Britannica. Vice-reinado de Nova Granada. Obtido em britannica.com
EcuRed. Camilo Torres Tenorio. Obtido em ecured.cu