Monismo metodológico: origem, características, exemplos - Ciência - 2023
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o monismo metodológico É uma abordagem ao estudo das diferentes ciências, naturais e sociais, com base no método científico. É também conhecida como pesquisa quantitativa.
Nesse sentido, a abordagem do monismo metodológico fornece uma perspectiva de estudo única para toda a realidade. Filosoficamente, ele se opõe ao dualismo metodológico e ao pluralismo metodológico.
O que o monismo busca é dar um tratamento epistêmico a qualquer fenômeno, isto é, baseado em dados precisos. Isso significa basear os estudos em processos de dedução lógica apoiados em fatos verificáveis, como probabilidades e medidas quantitativas.
O objetivo final do monismo metodológico é a quantificação numérica do ser humano. Filosoficamente, esse modelo de pensamento remonta ao positivismo de Comte.
As análises são então realizadas a partir das chamadas amostras representativas, que são submetidas a análises estatísticas. A partir do comportamento dessas amostras, os resultados são generalizados para o universal.
Origem
Para traçar as origens do monismo metodológico, é preciso voltar ao positivismo como corrente filosófica. Essa tendência de pensamento se originou na França do século 19 e se espalhou para o resto da Europa.
Os principais representantes desta corrente foram Henri de Saint-Simon, Auguste Comte e John Stuart Mill, que também teve como precursor Francis Bacon.
Esta escola de pensamento surgiu no contexto histórico dos séculos XVIII e XIX. Isso se deu pela necessidade de analisar e estudar fenômenos do tipo humano de um ponto de vista científico, como a Revolução Francesa.
O recurso pelo qual o positivismo explica os fenômenos da ciência é a razão. Neste caso, falamos de uma razão instrumental. O objetivo deste esquema é explicar os eventos por meio de uma ordem causal.
Para articular essas explicações, recorre-se a leis universais, sejam da física, da química ou de outros ramos das ciências naturais.
Um dos aspectos vitais do positivismo é a documentação de eventos ou fenômenos. O valor essencial é a evidência documentada para que muitas vezes os fenômenos não possam ser vistos como síntese ou totalidade.
Comte na linha do monismo metodológico
A contribuição mais significativa de Comte para essa forma de pensar foi a incorporação das ciências sociais ao modelo de estudo científico. Comte então apresenta a sociedade humana como o "organismo" a ser estudado, da mesma maneira que um organismo vivo o seria.
Comte argumentou que a análise dos processos sociais deveria ser baseada na observação prática dos fatos, ou seja, na experiência. Isso é o que tem sido chamado de razão empírica.
Segundo Comte, é a análise científica que nos permite deduzir tanto a estrutura quanto as mudanças que ocorrem nos processos sociais. Mesmo em sua abordagem do conhecimento humano, Comte levanta três exemplos.
Primeiro haveria uma fase religiosa mágica através da qual o divino era o meio para interpretar os fenômenos físicos e humanos em geral. Nesse caso, as explicações ao redor do mundo estariam no campo do irracional.
Então, no segundo estágio da história humana, o homem teria assumido idéias ou filosofia como um método para explicar os fenômenos. Nesse período, o homem passou a apelar para a razão em busca dos porquês.
Por fim, segundo Comte, a humanidade teria passado para uma instância científica. Nessa fase, busca-se a explicação de todos os fenômenos por meio do método científico, bem como pelo uso de ciências exatas, como a matemática.
O monismo metodológico seria uma derivação final do positivismo. No que se refere aos diferentes fenômenos, sua pretensão final é cobrir tudo por meio da sistematização de dados científicos.
Caracteristicas
Existem várias características inerentes ao monismo metodológico. Abaixo apresentamos o mais essencial de uma forma fragmentada e sintética.
-O monismo metodológico abrange todas as ciências, tanto sociais como naturais, sob o mesmo método de análise.
-O método de análise utilizado pelo monismo metodológico é o método científico.
-Apré-eminência é dada à matemática, bem como às ciências estatísticas e probabilidades de estudar processos, tanto relacionados com a natureza como com as ciências sociais.
-Através da articulação lógica dos dados científicos, são estabelecidas inferências entre diferentes fenômenos ou eventos, tanto naturais quanto sociais.
-Trabalhamos com base em amostras representativas e depois os resultados das análises das amostras são extrapolados para um âmbito geral e universal.
Questionando
Apesar do rigor do esquema monista, vozes críticas surgiram. Em termos gerais, essas opiniões opostas referem-se ao caráter dogmático do monismo metodológico. Isso se refere especialmente a englobar todos os fenômenos em um único método analítico.
Em contraste com o monismo metodológico, haveria dualismo metodológico e pluralismo metodológico. Eles se opõem fundamentalmente a englobar todos os fenômenos no mesmo esquema de análise.
O que essas técnicas alternativas propõem é estudar cada fenômeno de acordo com sua própria natureza. Esses últimos métodos dão maior destaque ao caráter subjetivo. Acima de tudo, isso é pertinente para certos fenômenos sociais com características difusas, onde medidas exatas em torno dos aspectos humanos são difíceis.
Em relação ao dualismo e ao pluralismo, é privada uma visão total do fenômeno, ao invés de sua desconstrução em partes. Aqueles que se opõem à ciência com o máximo rigor também argumentam que existem até ciências que não são totalmente quantificáveis, como a química.
Exemplos
Em diferentes áreas das disciplinas humanas, existem abordagens que ocorrem sob o esquema do monismo metodológico.
Por exemplo, no campo da psicologia, a escola comportamental está na órbita de resultados quantificáveis por causa de certos comportamentos.
Da mesma forma, a economia oferece um exemplo claro de como os fenômenos humanos podem ser quantificados a partir de variáveis numéricas exatas. A base matemática da economia e seu rigor científico oferece um excelente exemplo da aplicação do monismo metodológico.
Até mesmo a abordagem científica das ciências humanas adotou uma nova abordagem nas últimas décadas. Isso especialmente em relação a métodos de estudo como a teoria do caos.
O campo do monismo metodológico significou um esforço da espécie humana em ter uma noção mais precisa do mundo e de seus processos.
Referências
- Ayer, A. (1966). Positivismo lógico. Nova York: Simon e Schuster.
- Dusek, T. (2008). Monismo Metodológico em Economia. The Journal of Philosophical Economics, 26-50.
- Goldman, A. I. (1986). Epistemologia e Cognição. Massachusetts: Harvard University Press.
- Hawkesworth, M. E. (2008). Além do monismo metodológico. Mulheres e Política, 5-9.
- Salas, H. (2011). Pesquisa Quantitativa (Monismo Metodológico) e Qualitativa (Dualismo Metodológico): O status epistêmico dos resultados da pesquisa em disciplinas sociais. Fita moebio, 1-21.