Psicologia do amor: Por que nos apaixonamos? - Ciência - 2023
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Contente
- Construção do conceito de amor
- Perspectiva científica do amor
- Aspectos biológicos e psicobiológicos
- Ativação da amígdala
- Ativação de centros de recompensa
- Ativação do hipocampo
- Teoria triangular do amor
- - desejo sexual ou excitação sexual
- - Atração sexual seletiva
- - Afeição ou apego
- Amor da psicologia cognitivo-comportamental
- Amor da psicologia social
- - A intimidade
- - Paixão
- - O compromisso
- Amor da psicanálise
- Amor da psicologia humanística
- Referências
o psicologia do amor Baseia-se no estudo e na pesquisa do amor, que é interpretado como um sentimento relativamente exclusivo do ser humano. O amor é, entre todas as emoções, a emoção mais específica do ser humano e a de maior complexidade.
O amor é provavelmente o sentimento mais importante e importante que as pessoas podem experimentar. As emoções amorosas são uma das manifestações afetivas mais intensas e aquela que nos é mais difícil de compreender e interpretar quando as expressamos ou experimentamos.
Clinicamente, o amor é o evento que mais frequentemente desencadeia distúrbios de humor, manifestações depressivas e ansiedade, e gera os principais questionamentos intrapessoais e interpessoais.
Diante de tudo isso, um grande interesse vem sendo descoberto na comunidade científica sobre esse fenômeno e cada vez mais estudos analisam suas principais características.
Construção do conceito de amor
O amor é entendido como uma construção social, ou seja, um fenômeno que surge após a convivência e relacionamento entre as pessoas. Esta construção social é utilizada de uma forma geral para dar um nome à afinidade entre os seres, caracterizando um tipo específico de relação marcada pela experimentação de uma série de emoções, sentimentos e sensações.
As primeiras aproximações dessa palavra surgiram já na Grécia antiga, quando surgiu o termo “agape de eros”. Surgiram quatro tipos diferentes de amor: agape (amor de Deus), storge (amor na família), fileo (amor entre amigos) e eros (amor de um casal).
O conceito de amor nasceu de uma perspectiva filosófica clara da mão de autores como Platão e Sócrates. No entanto, limitar esse fenômeno à filosofia seria cometer um erro de conceituação e interpretação.
O amor, como todas as construções sociais, implica perspectivas populares, esotéricas, espirituais, religiosas, filosóficas, culturais e até científicas. Na verdade, as diferenças histórico-culturais que o conceito de amor apresenta são inúmeras.
Por exemplo, enquanto na cultura persa o ato de amar pode ser realizado em qualquer pessoa, situação ou conceito, na cultura turca a ideia de amar é reservada no contexto sexual e sentimental.
Embora a análise das diferenças culturais não seja o objeto deste artigo, levar esses aspectos em consideração é especialmente relevante para compreender adequadamente as características da psicologia do amor.
Perspectiva científica do amor
A psicologia do amor faz parte da perspectiva científica, que é responsável pelo estudo baseado em evidências desses conceitos. Na perspectiva científica, as abordagens da biologia, biosociologia, neurociência, psicologia e antropologia são integradas.
O amor é interpretado como o núcleo da vida, das relações humanas, do sentimento dos sentidos. Todas as pessoas têm a capacidade de amar e ser amadas, por isso cria uma manifestação que é generalizada por toda a sociedade.
Assim, são estudados os fatores envolvidos no surgimento desse fenômeno, a partir de diferentes disciplinas, a fim de encontrar evidências que nos permitam definir e conceituar o amor de um ponto de vista científico.
Aspectos biológicos e psicobiológicos
Como acontece com todos os aspectos psicológicos e relacionados à psique humana, argumenta-se que a biologia e a genética desempenham um papel mais ou menos importante.
Apesar de o amor como conceito social não constituir uma noção técnica da biologia, são as reações fisiológicas e mentais envolvidas na experimentação deste tipo de sentimentos.
A biologia, e especificamente a psicobiologia, estuda as bases orgânicas que modulam os estados mentais específicos que constituem o aparecimento dos sentimentos de amor, ou melhor, o sentimento subjetivo de amor.
Foram descritas regiões do cérebro que parecem desempenhar um papel fundamental na elaboração dos sentimentos de amor. Em geral, três sistemas principais são postulados:
Ativação da amígdala
É a estrutura do cérebro que é responsável por produzir emoções e respostas emocionais rapidamente. A amígdala fornece respostas comportamentais e emocionais à apresentação de estímulos antes de serem processados por outras regiões do cérebro.
A ativação da amígdala parece ser a chave para iniciar o processo de criação de emoções e sentimentos de amor.
Ativação de centros de recompensa
O sistema límbico, também conhecido como sistema de recompensa, reúne uma série de estruturas cerebrais que permitem a experimentação do prazer. As sensações gratificantes produzidas pela ativação dessas áreas cerebrais não são exclusivas dos sentimentos de amor, uma vez que abrangem qualquer sensação de prazer.
Porém, postula-se que a sensação subjetiva de amor não surge sem a percepção de gratificação e recompensa, portanto, essas bases são essenciais para a elaboração dos sentimentos de amor.
Ativação do hipocampo
O hipocampo é a principal região do cérebro que permite a memória e o armazenamento de informações. Assim, a memória reside em grande parte nesta pequena estrutura localizada no lobo temporal do córtex. A ativação do hipocampo também é essencial para a elaboração do sentimento subjetivo do amor.
Amor e memória parecem ser conceitos intimamente relacionados, pois para vivenciar essas emoções as lembranças relacionadas devem ser armazenadas acompanhadas de uma certa carga afetiva.
Teoria triangular do amor
Modelos biológicos de sexo tendem a ver o amor como uma pulsão de mamífero, como fome ou sede. Postula-se que a experiência do amor se desenvolve de forma relacionada ao desejo e à prática sexual.
Nesse sentido, Helen Fischer, pesquisadora do departamento de antropologia da Rutgers University, descreveu a elaboração da sensação objetiva do amor em três etapas principais.
Em cada um desses estágios, um processo cerebral diferente se desenvolveria e a ativação dos três estágios iniciaria a elaboração do sentimento de humor. As três fases postuladas pelo autor são:
- desejo sexual ou excitação sexual
Faz o processo sexual mais básico do ser humano, que é regulado por dois hormônios: principalmente testosterona e levemente estrogênios.
Desenvolve-se no córtex cingulado anterior do cérebro, é de curta duração (algumas semanas ou meses) e tem como função a procura de um parceiro.
- Atração sexual seletiva
É regulado principalmente pela dopamina, uma substância no cérebro que permite o funcionamento das regiões de prazer discutidas acima. É um desejo mais individualizado e romântico em relação a um determinado indivíduo para o acasalamento, que se desenvolve independentemente da excitação sexual.
Os estudos mais recentes da neurociência indicam como, à medida que as pessoas se apaixonam, o cérebro secreta em quantidades crescentes uma série de substâncias químicas, principalmente feromônios, dopamina, norepinefrina e serotonina.
Essas substâncias estimulam o centro de prazer do cérebro, o que leva ao desejo de ter aquela pessoa por perto com o objetivo de continuar a vivenciar sensações gratificantes.
Postula-se que esta segunda fase é mais longa que a anterior e geralmente dura entre um ano e meio e três anos.
- Afeição ou apego
Após a segunda etapa, as pessoas desenvolvem um vínculo afetivo de longo prazo que permite a continuidade do vínculo entre as duas pessoas. O apego é principalmente modulado por duas substâncias principais: oxitocina e vasopressina, que também afetam o circuito de prazer do cérebro.
Sua duração é indeterminada e é interpretada como um fator evolutivo da espécie humana.
Amor da psicologia cognitivo-comportamental
É provavelmente a corrente psicológica mais difundida hoje e, como o próprio nome sugere, concentra-se no estudo de dois fatores principais: cognição (pensamento) e comportamento.
Dessa perspectiva, o amor cria um estado de espírito orgânico que aumenta ou diminui dependendo do feedback que o sentimento recebe.
O feedback pode depender de vários fatores, como o comportamento da pessoa amada, seus atributos involuntários ou as necessidades particulares da pessoa que ama (desejo sexual, necessidade de companhia, etc.).
O sentimento de amor é interpretado como um fator que depende do feedback entre três diferentes fatores: pensamento, comportamento e o próprio sentimento de amor.
Por exemplo, quando alguém apresenta uma necessidade amorosa específica (companhia), se a pessoa que ama a satisfaz, o indivíduo receberá maior gratificação por meio de seu comportamento, fato que originará pensamentos gratificantes e fortalecerá o sentimento de amor.
Amor da psicologia social
Nessa corrente, destacam-se as investigações de Robert Stenberg, um dos psicólogos mais famosos da história, que postulou a existência de três componentes principais em sua teoria do amor. Estes são:
- A intimidade
Eles constituem todos aqueles sentimentos que em um relacionamento promovem proximidade, confiança, vínculo e conexão entre os dois indivíduos.
- Paixão
É o elemento mais ligado aos componentes sexuais e se refere a um desejo intenso de união com o outro, bem como uma expressão de necessidades pessoais que espera que o ente querido satisfaça.
- O compromisso
É interpretado como um compromisso individual e compartilhado de amar o outro e de manter os sentimentos de amor vividos.
Como podemos ver, esse modelo difere do modelo tripartido discutido acima por incorporar outros fatores além do elemento sexual.
Esses três componentes podem estar relacionados entre si e formar diferentes formas de amor, tais como: intimidade e paixão, paixão e compromisso, intimidade e compromisso, etc.
Um sentimento de amor intenso e forte é caracterizado por incorporar os três fatores de uma forma relacionada.
Amor da psicanálise
Nas correntes psicanalíticas, o amor é uma arte e, como tal, uma ação voluntária que se empreende e se aprende. Eles diferenciam o sentimento de amor da paixão e dos impulsos sexuais mais instintivos.
Como postula Erich Fromm, o amor é uma decisão, uma escolha e uma atitude determinada adotada pelo indivíduo.
Da mesma forma, na psicanálise, o amor está relacionado ao aprendizado.
O sentimento subjetivo de amor cria um sentimento que pode e deve ser aprendido para conhecer suas características, poder vivenciá-lo, realizar seus comportamentos e se beneficiar da gratificação que ele proporciona.
Amor da psicologia humanística
Por fim, essa corrente caracteriza o amor de um ponto de vista mais relacional, dando mais atenção ao vínculo entre duas pessoas do que ao processo que um indivíduo pode realizar sozinho.
Como comenta Carl Rogers, amor significa ser totalmente compreendido e profundamente aceito por alguém. Por outro lado, segundo Maslow, o amor implica uma relação saudável e afetuosa entre duas pessoas.
Para muitos autores humanistas, o amor não existe sem a presença de um relacionamento, fato que motiva o surgimento de outro conceito, a necessidade de amor.
A necessidade de amor é entendida como aqueles fatores que estimulam as pessoas a serem aceitas e apegadas ao relacionamento. "A necessidade de amor implica dar e receber." Portanto, as pessoas criam, detectam e difundem seus sentimentos de amor por meio de uma relação interpessoal com outra pessoa, e assim satisfazem sua necessidade de amor.
Referências
- Kernberg, O. (1998) Relações amorosas. Normalidade e patologia. Buenos Aires: Paidos.
- Millones, L., Pratt, M. (1989) Amor brujo. Imagem e cultura do amor na Cordilheira dos Andes. Lima: Instituto de Estudos Peruanos.
- Pinto, B., Alfaro, A., Guillen, N. (2010) El prende, amor romântico casual. Cadernos de pesquisa, IICC. 1 (6) Instituto de Pesquisa em Ciências do Comportamento. Universidade Católica Boliviana de San Pablo.
- Pinto, B. (2011) Amor e personalidade no Aymara. La Paz: Palavra Divina.
- Sternberg, R. (1998) O triângulo amoroso. Barcelona: Paidos.