8 experimentos humanos muito controversos - Ciência - 2023


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Apesar de todos os avanços de que podemos desfrutar graças à ciência, a história de seu desenvolvimento é repleta de momentos sombrios e extremamente polêmicos. Mas essas controvérsias, que aparecem em quase todas as disciplinas de pesquisa, ocorrem especialmente no campo da psicologia e das ciências humanas.

Para descobrir tudo o que sabemos hoje sobre o funcionamento da mente e do corpo das pessoas, muitas vezes experimentos muito controversos foram realizados com humanos e que provavelmente não poderiam ser replicados hoje. Alguns deles foram bem considerados na época, enquanto outros foram feitos em segredo devido à forte rejeição que teriam produzido até então.

Todos eles serviram para aumentar o conhecimento sobre nossa natureza e capacidades, mas o fizeram a um preço muito alto. Ainda hoje, muitos deles continuam gerando debates na comunidade científica.

1- Experimentos com terapia de conversão

Terapia de conversão é o nome dado a uma série de procedimentos que supostamente são capazes de mudar a orientação sexual de uma pessoa.


Apesar de proibida em muitos países, em alguns territórios e momentos da história muitas de suas práticas foram realizadas. Possivelmente o momento mais famoso que aconteceu foi durante o "Projeto de Aversão Sul-Africana".

Esta experiência ocorreu durante a era do apartheid na África do Sul. Nessa época, o governo do país tinha regulamentos muito rígidos contra gays.

Os dirigentes do território achavam que quem se sentia atraído por pessoas do mesmo sexo tinha uma doença mental e, portanto, precisava se submeter a algum tipo de terapia.

O problema era que não havia terapia conhecida que pudesse modificar com sucesso a orientação sexual de uma pessoa. É por isso que o governo sul-africano criou o Projeto Aversão, no qual milhares de homossexuais foram submetidos a todo tipo de práticas altamente invasivas para tentar mudar suas preferências.

Embora várias técnicas tenham sido usadas durante o projeto, a mais difundida foi a seguinte. Primeiro, os participantes receberam drogas para colocá-los em um estado de espírito sugestionável.


Em seguida, foram mostradas fotos eróticas de pessoas do mesmo sexo, após o que receberam um choque elétrico com o objetivo de fazer com que associassem a homossexualidade a algo doloroso.

Finalmente, eles viram fotos eróticas de casais heterossexuais e receberam mais drogas para aumentar seu prazer, tentando assim mudar sua orientação sexual. Claro, o experimento não teve sucesso.

Infelizmente, o Projeto Aversão também incluiu mais tais práticas, como a administração de hormônios sexuais a indivíduos ou até mesmo a castração química em alguns casos.

Hoje, felizmente, as terapias de conversão estão totalmente proibidas na maioria dos países, pois foi comprovado que não funcionam e podem ser extremamente prejudiciais.

2- Experimentos de Milgram

Para quem conhece um pouco do mundo da psicologia, provavelmente o primeiro nome que vem à mente quando se pensa em experimentos polêmicos com humanos é Stanley Milgram. Este pesquisador da Universidade de Yale conduziu uma série de estudos sobre obediência que ainda hoje são famosos pela polêmica que geraram.


Milgram queria descobrir como pessoas aparentemente normais poderiam ter seguido as horríveis ordens dos líderes nazistas na Segunda Guerra Mundial. Para fazer isso, ele criou uma série de estudos em que alguém de fora da universidade tinha que atuar como seu assistente em um estudo falso sobre aprendizagem.

Nestes "estudos" o participante tinha que seguir as ordens do próprio Milgram, que lhes dizia que tinha que apertar uma série de botões para dar choques elétricos a uma pessoa que estava em outra sala. Os choques foram inicialmente leves, mas com o progresso do experimento, eles chegaram a um ponto em que poderiam ser muito dolorosos ou até fatais.

Na verdade, a pessoa que parecia estar chocada era um ator, que não se machucou em nenhum momento; mas os participantes acharam que todo o processo era real.

Ainda assim, mais da metade dos que realizaram o experimento realmente pressionaram o botão que deveria matar o outro indivíduo, simplesmente porque Milgram havia dito a eles.

Esses experimentos, embora ajudassem a entender melhor o processo de obediência, eram muito polêmicos porque para funcionarem os participantes não podiam saber em nenhum momento o que estava acontecendo. Assim, a maioria passou a pensar que havia matado uma pessoa, quando na realidade ninguém havia sofrido nenhum dano.

3- A operação "Midnight Climax"

Muitos dos piores experimentos com pessoas aconteceram logo após a Segunda Guerra Mundial. Uma das menos éticas foi a operação "Midnight Climax", na qual a CIA e o Exército dos Estados Unidos queriam estudar a utilidade de drogas como LSD ou heroína para controlar a mente das pessoas.

Na Operação Midnight Climax, um grande número de cidadãos inocentes foi levado para casas seguras controladas pela CIA por prostitutas pagas pelo governo. Uma vez lá, drogas como LSD foram dadas a eles sem que percebessem. Posteriormente, os efeitos do mesmo foram observados através de espelhos unilaterais.

Em algumas variantes deste experimento, os participantes foram forçados a câmaras de privação sensorial, para tentar compreender ainda melhor os efeitos das drogas.

Embora muito do que sabemos hoje sobre algumas substâncias capazes de alterar a consciência tenha sido descoberto graças a essa operação, o método era extremamente antiético.

4- O "Estudo do Monstro"

Em 1939, os pesquisadores Wendell Johson e Mary Tudor, da Universidade de Iowa, projetaram um experimento no qual queriam estudar as possíveis causas pelas quais uma pessoa poderia desenvolver problemas de linguagem, como a gagueira. Para fazer isso, eles usaram 22 órfãos com os quais realizaram um dos estudos menos éticos da história.

No “Monster Study”, as crianças foram divididas em dois grupos. Fonoaudiologia foi ministrada aos do primeiro grupo e eles foram reforçados verbalmente quando conseguiram falar sem problemas.

No entanto, os do segundo grupo receberam terapia negativa, destinada a causar gagueira; e eles ficavam insultados e humilhados quando tinham alguma falha na fala.

Embora os resultados não tenham sido publicados na época, anos depois soube-se que as crianças do segundo grupo desenvolviam todos os tipos de problemas de fala. Além disso, essas dificuldades permaneceram presentes ao longo de sua vida adulta.

5- O Experimento da Prisão de Stanford

Possivelmente, um dos experimentos mais conhecidos e brutais em toda a história da psicologia é o da prisão de Stanford, realizado em 1971.

Seu objetivo era compreender a influência dos papéis sociais no comportamento das pessoas. Para isso, 24 alunos voluntários foram divididos em dois grupos: presos e guarda de uma prisão fictícia.

Depois disso, os 24 alunos foram trancados em uma réplica de uma prisão e informados que deveriam agir de acordo com seu papel. No início, tanto os guardas quanto os presos continuaram a manter uma relação amigável, mas aos poucos começaram a aparecer divisões entre eles.

O experimento deveria durar um mês; mas em poucos dias os guardas começaram a abusar física e psicologicamente dos prisioneiros. Embora a princípio os experimentadores (que observavam tudo por câmeras) quisessem continuar com o estudo, a situação saiu de controle a tal ponto que tiveram que interromper o experimento para evitar que algum dos alunos perdesse a vida.

6- O experimento dos olhos azuis

Jane Elliott foi uma professora americana que ficou famosa por sua experiência de investigar o impacto do racismo na educação. Pouco depois do assassinato de Martin Luther King, essa professora assumiu a liderança em sua classe e informou aos alunos que a forma como as aulas deveriam ser conduzidas estava para mudar.

Elliott dividiu seus alunos com base na cor de seus olhos. Aqueles com íris claras ficaram na frente da classe. Além disso, eles tiveram mais tempo de recreio, mais comida durante a hora do almoço e a oportunidade de participar ativamente durante as aulas. Por fim, a professora parabenizou-os por tudo e incentivou-os a se expressar e dizer o que acharam.

Por outro lado, os alunos de olhos escuros tiveram que se sentar no fundo da sala de aula, receberam menos privilégios e foram punidos por praticamente tudo o que fizeram.

Além disso, Elliott fez vários estudos que alegadamente afirmavam que as pessoas com olhos claros eram mais inteligentes devido à menor presença de melatonina em seus corpos.

Os resultados foram muito surpreendentes: as crianças com olhos claros começaram a se sair melhor nas aulas, além de se tornarem mais cruéis com os colegas. Ao contrário, quem tinha olhos escuros viu suas notas piorarem gradativamente, assim como sua autoestima. Felizmente, ao final do experimento, a professora revelou que tudo havia sido uma montagem.

7- O estudo do Bom Samaritano

Uma das áreas mais importantes da psicologia social é o estudo do altruísmo e dos comportamentos de ajuda. Embora muitos experimentos tenham sido realizados nesta área, um dos mais famosos é o do Bom Samaritano, liderado por vários pesquisadores da Universidade de Princeton.

Neste experimento, o objetivo foi testar a probabilidade de que uma pessoa aleatória aja de forma altruísta e ajude outra pessoa. Para isso, 40 alunos (que não sabiam que estavam participando de um experimento) foram convidados a fazer uma palestra sobre o que significa ser um Bom Samaritano. Dessa forma, eles pretendiam ter o altruísmo em mente.

No caminho para fazer a palestra, porém, os alunos encontraram um homem que fingia precisar de ajuda imediata. Em alguns casos, o ator fingia ter caído e não conseguia se levantar; e em outros, ele deveria estar tendo um ataque cardíaco. A ideia era ver quantos dos participantes ajudariam o homem por sua própria vontade.

Infelizmente, menos de 50% dos alunos decidiram parar para ajudar o ator; e no caso daqueles que testemunharam um ataque cardíaco, menos de 10% pararam.

Esta experiência, embora não seja tão polêmica quanto as anteriores, também envolvia enganar os participantes e submetê-los a testes psicológicos sem o seu conhecimento e sem seu consentimento.

8- A experiência do Facebook

Um dos experimentos humanos mais polêmicos da história foi realizado muito recentemente e estava relacionado à maior rede social do mundo: o Facebook.

Quando o que aconteceu foi descoberto, milhões de pessoas em todo o planeta manifestaram sua indignação contra a página popular, embora no final não tenha havido consequências negativas para seus líderes.

Em 2012, foi revelado que a rede social analisou os dados de mais de 700.000 usuários do Facebook para investigar secretamente suas características psicológicas, suas emoções e os efeitos de diferentes publicações sobre eles. Ao mesmo tempo, eles foram manipulados para ver como reagiam a certas situações.

Por exemplo, os gerentes do Facebook coletaram algumas das palavras mais usadas por cada um dos usuários e as inseriram em postagens falsas, que depois as mostraram.

Dessa forma, eles descobriram que seus clientes tendiam a "captar" as emoções que viam na rede social muito rapidamente, especialmente se fossem semelhantes às que normalmente expressavam.

Milhões de pessoas em todo o mundo reclamaram de serem manipuladas sem seu consentimento; mas a verdade é que o Facebook livrou-se de qualquer tipo de consequência negativa.

Até hoje, sabe-se que a rede social continua analisando e até vendendo dados sobre o comportamento de seus usuários, no que é provavelmente uma das experiências menos éticas da história.