Lobo temporal: estrutura e funções - Psicologia - 2023


psychology

Contente

O lobo temporal É uma das estruturas mais importantes do córtex cerebral e, portanto, também uma das mais estudadas na neurociência. Você não pode entender o funcionamento do Sistema Nervoso Central sem saber até mesmo um pouco sobre o que são os lobos temporais.

Não apenas cobre uma grande parte da superfície do cérebro: também permite a integração global de boa parte das informações sensoriais que chegam até nós através do meio ambiente, e tem um papel muito relevante no processamento dos conteúdos da visão e audição, bem como da linguagem em geral.

Neste artigo, veremos quais são as características dos lobos temporais (já que existem alguns deles em cada cérebro), onde estão localizados e que funções desempenham.


Localização do lobo temporal

Embora todo o cérebro trabalhe em contínua interação entre as diferentes áreas cerebrais, os estudos realizados nas neurociências mostram que muitas das aptidões, habilidades, capacidades e funções do sistema nervoso estão especialmente ligadas a certas regiões.

Nesse sentido, o córtex cerebral humano é tradicionalmente dividido em cinco seções, chamadas lobos do cérebro. Um deles é o lobo temporal, uma região fundamental do cérebro para habilidades tão fundamentais como a fala ou a percepção auditiva, além de estarem intimamente ligadas à afetividade, memória e reconhecimento.

O lobo temporal está localizado na parte inferior do cérebro, aproximadamente no nível das orelhas. Essa região é anatomicamente separada do lobo parietal, que corresponde à zona lateral superior, pela fissura de Silvio, e está em contato próximo com o lobo occipital. Da mesma forma, é o lobo com maior ligação ao sistema límbico (junto com a região orbital-frontal), tendo grande influência nas emoções e estados de ânimo, bem como na memória.


Você precisa ter em mente que, na verdade, existem dois lobos temporais, um em cada hemisfério cerebral. Essa consideração é relevante, uma vez que algumas das funções desse lobo estão localizadas na maioria das pessoas em um hemisfério específico. Porém, quando parte de um lobo temporal deixa de funcionar devido a alterações neurológicas, essas funções podem ser realizadas total ou parcialmente por sua contraparte no hemisfério oposto.

Por outro lado, os limites do lobo temporal, como os de qualquer outra parte do cérebro, são altamente porosos e até certo ponto difusos. Eles não correspondem exatamente aos limites físicos de áreas do sistema nervoso responsáveis ​​por certas tarefas, mas é um conceito que ajuda a ser localizado ao mapear o cérebro.

Localizações cerebrais mais relevantes

Dentro do lobo temporal, há um grande número de estruturas. Isso ocorre porque, nessa área do córtex cerebral, muitas interconexões de diferentes partes do cérebro coincidem, algumas das quais não são muito semelhantes entre si em termos de funções. Na realidade, o conceito de lobo temporal responde a critérios muito mais anatômicos do que funcionais, por isso é natural que existam grupos de células nervosas e pequenos órgãos especializados em diferentes tarefas.


Isso faz com que o lobo temporal incorpore grupos de neurônios encarregados de realizar muitas tarefas, por exemplo, integrando tipos de informações perceptivas que vêm de diferentes sentidos. Isso é o que o faz ter um papel importante na linguagem, função mental em que têm de ver sons, letras, etc.

Algumas das partes mais relevantes do lobo temporal são as seguintes.

1. Córtex auditivo

No lobo temporal estão os córtices auditivos primário, secundário e associativo. Essas áreas do cérebro são responsáveis, além da percepção dos sons, por realizar a codificação, decodificação e interpretação da informação auditiva, sendo um elemento essencial para a sobrevivência e a comunicação. Nesse último aspecto, destaca-se sua participação na compreensão da fala, o que ocorre na área de Wernicke.

2. Área de Wernicke

Dentro da área auditiva secundária do hemisfério cerebral dominante, sendo esta geralmente a esquerda para a maior parte da população, encontra-se a área de Wernicke. Esta área é a principal pessoa encarregada de entender a língua, permitindo a comunicação verbal entre os indivíduos. Porém, a produção da linguagem ocorre em outra área conhecida como área de Broca, localizada no córtex frontal.

3. Curva angular

Esta área é de especial relevância, pois é a que possibilita a alfabetização. Nele, a informação visual é associada à informação auditiva, permitindo que cada grafema seja atribuído ao seu fonema correspondente e possibilitando que ocorra uma mudança no tipo de dados com os quais o cérebro trabalha, desde imagens até sons com componente simbólico.

Em pessoas com lesões nesta área, a leitura costuma ser afetada, sendo muito lenta ou inexistente.

4. Giro supramarginal

Faz parte da área sensível terciária. Essa reviravolta participa do reconhecimento tátil, além de participar da linguagem. Graças a ela, podemos reconhecer o relevo das letras com os dedos e associá-las aos sons.

5. Temporal medial

Esta área, que abrange a região do hipocampo e vários córtices relevantes, participa da memória e do reconhecimento, processando informações e ajudando a passar da memória de curto prazo para a memória de longo prazo. O hemisfério esquerdo é responsável pela informação verbal, enquanto o direito armazena padrões visuais.

É nessa área do lobo temporal que aparecem as primeiras lesões de Alzheimer, produzindo seus primeiros sintomas.

6. Área de associação parieto-temporo-occipital

É uma área de associação responsável por integrar a percepção visual, auditiva e somática. Dentre tantas outras funções de grande relevância, destaca-se sua participação na percepção e atenção ao espaço, sendo que o sofrimento da hemoglobina pode ocasionar sua lesão.

7. Área de associação do sistema límbico

Esta parte do lobo temporal é responsável por fornecer informações emocionais às percepções, integrando emoção e percepção. Também participa da memória e do aprendizado. Da mesma forma, outras pesquisas mostraram que também tem a ver com a regulação do comportamento sexual e a manutenção da estabilidade emocional.

Em suma, essa parte do lobo temporal integra os processos mentais ligados às emoções e permite que nossas experiências deixem em nós uma marca que vai além do que podemos explicar com palavras.

Distúrbios derivados de lesões temporais

Todas as áreas que vimos são de grande importância para o correto funcionamento do organismo humano em geral e dos lobos temporais em particular.

Porém, não é incomum para acidentes, doenças e distúrbios que podem levar ao mau funcionamento de alguns deles. Vejamos alguns distúrbios típicos de lesão do osso temporal.

1. Surdez cortical

Este distúrbio envolve a perda total da capacidade auditiva, mesmo que os órgãos sensoriais funcionem corretamente. Ou seja, a informação auditiva chega aos órgãos perceptuais, mas não é processada pelo cérebro, perdendo por completo a percepção do som. Essa alteração é produzida pela destruição dos córtices auditivos primário e secundário, ou das vias nervosas que os acessam, de ambos os hemisférios.

2. Hemiacusis

Tal como acontece com a surdez, esta afetação é produzida pela destruição do córtex auditivo primário e secundário, com a diferença de que esta destruição só ocorreu em um hemisfério.

Desse modo, a audição é completamente perdida no ouvido oposto ao hemisfério em que ocorreu a lesão, mas como os córtices auditivos do outro hemisfério ainda estão funcionais, a audição é possível através do outro ouvido.

Além disso, em alguns casos é possível que, com o passar do tempo, um certo nível de audição também seja ganho pelo ouvido que foi desativado, porque a plasticidade neural permite que partes do cérebro aprendam funções que antes eram desempenhadas por outras isso pode acontecer até mesmo passando tarefas de um hemisfério para outro.

3. Prosopagnosia

Nos casos de prosopagnosia, a pessoa afetada perde a capacidade de reconhecer rostos, mesmo os de seus entes queridos. O reconhecimento de pessoas deve ocorrer por meio de outras vias de processamento do cérebro.

Esta alteração é causada por uma lesão bilateral na região temporoccipital.

4. Hemineglect

Causada pelo envolvimento da área de associação parieto-temporo-occipital, Este distúrbio envolve dificuldade em orientar, agir ou responder a estímulos que ocorrem no lado oposto do hemisfério lesado. A atenção a este hemicampo perceptivo cessa, embora a própria pessoa possa se mover de forma que os estímulos perdidos permaneçam ao alcance do campo perceptivo funcional. Geralmente aparece junto com a anosognosia, que é a ignorância da existência de uma alteração.

5. Afasias

Afasias são entendidas como distúrbios de linguagem devido a lesão cerebral. Os efeitos variam de acordo com a localização da lesão e, quando atinge o lobo temporal, surgem alguns sintomas característicos.

Das afasias que são produzidas por uma lesão no osso temporal, destaca-se a afasia de Wernicke (produzida por uma lesão na região do mesmo nome, em que há perda ou dificuldade de compreensão e repetição verbal, o que causa graves problemas de quem a sofre), anômicos (perda ou dificuldade de encontrar o nome das coisas, produzidos por lesões em áreas associativas temporo-parieto-occipitais) ou sensoriais transcorticais (em que há dificuldades de compreensão mas não de repetição, sendo produto de lesões em áreas associativas temporo-parieto-occipitais).

Se a conexão entre a área de Wernicke e a área de Broca, o fascículo arqueado, for lesada, ocorrerá a chamada afasia de condução, na qual sobressaem a dificuldade de repetição e a compreensão um tanto alterada, mas mantém-se boa fluência.

6. Amnésia anterógrada

Esta desordem implica na incapacidade de armazenar novo material na memória. Ou seja, é impossível ao paciente recuperar (seja invalidez permanente ou temporária) os dados declarativos da atividade realizada após a lesão.

Essa alteração é produzida por lesão no lobo temporal medial, principalmente no hipocampo. Lesões no hemisfério esquerdo afetarão as informações verbais, enquanto no direito a afetação tenderá a ser não-verbal ou de outra forma.

7. Síndrome de Klüver-Bucy

É uma doença muito comum em demências, como Alzheimer. Essa afetação é caracterizada pela presença de mansidão, passividade, hiperoralidade, dificuldades de atenção sustentada, desaparecimento do medo e hipersexualidade. Ocorre com lesões do osso temporal medial ao nível bilateral.

Referências bibliográficas:

  • American Psychiatric Association (2002). DSM-IV-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Edição espanhola. Barcelona: Masson. (Original em inglês de 2000).
  • Baños, R. e Perpiña, C. (2002). Exploração psicopatológica. Madrid: Síntese.
  • Belloch, A., Baños, R. e Perpiñá, C. (2008) Psicopatologia da percepção e imaginação. In A. Belloch, B. Sandín e F. Ramos (Eds.) Manual of Psychopathology (2ª edição). Vol I. Madrid: McGraw Hill Interamericana.
  • Carlson, N.R. (2005). Fisiologia do comportamento. Madrid: Pearson Education
  • Kandel, E.R.; Schwartz, J.H.; Jessell, T.M. (2001). Principles of Neuroscience. Madrird: MacGrawHill
  • Kolb, B. & Wishaw, I. (2006). Neuropsicologia humana. Madrid: Editorial Médica Panamericana
  • Manes, F. e Niro, M. (2014). Use o cérebro. Buenos Aires: Planeta.
  • Netter, F. (1989). Sistema nervoso. Anatomia e fisiologia. Volume 1.1. Barcelona: Salvat
  • Young, P.A. & Young, P.H. (2004). Neuroanatomia clínica e funcional. Barcelona: Masson