Milagre mexicano: antecedentes, causas, características, presidentes - Ciência - 2023


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o Milagre mexicano ou desenvolvimento estabilizador Foi uma etapa da história do México caracterizada por um grande crescimento econômico. Graças a esse desenvolvimento, ocorrido aproximadamente entre 1940 e 1970, o país conseguiu se tornar uma nação industrializada.

Depois de várias décadas muito convulsivas, o México alcançou alguma estabilidade durante a presidência de Lázaro Cárdenas. Algumas de suas decisões em questões econômicas, como a legislação fundiária ou a nacionalização do petróleo, foram antecedentes do milagre mexicano subsequente.

O fim da Segunda Guerra Mundial também favoreceu a melhoria econômica do país. A princípio, seus líderes optaram pelo chamado crescimento para fora, com grande aumento no número de empresas industriais. Em 1956, começou a ser promovido o chamado crescimento interno, que impulsionou a produção para o consumo interno.


O resultado foi um crescimento sustentado que atingiu até 7% em alguns anos com uma inflação de 2,2%. Porém, em 1970 o modelo começou a apresentar sinais de cansaço. Três anos depois, com a crise mundial de 1973, o desemprego começou a crescer, a dívida aumentou e o investimento privado caiu.

fundo

Após décadas de instabilidade, a chegada à presidência de Lázaro Cárdenas significou a estabilização política do país. Seu governo empreendeu uma série de reformas econômicas para melhorar a situação, incluindo uma lei sobre distribuição de terras e outra para modernizar a infraestrutura.

Da mesma forma, nacionalizou a indústria do petróleo em 1938, um ano depois de ter feito o mesmo com as ferrovias.

Indústria automobilística

Embora a industrialização fosse bastante baixa, o país tinha um setor automotivo eficiente. Empresas americanas como Ford ou General Motors abriram fábricas no México entre 1925 e 1938. O investimento dessas grandes empresas representou uma injeção econômica significativa e permitiu o financiamento de obras de melhoria de infraestrutura.


A partir de 1940, com a gestão presidencial de Ávila Camacho, a economia mexicana começou a crescer fortemente. Isso trouxe consigo uma melhoria nas condições de vida dos trabalhadores e camponeses, bem como um aumento da classe média. Como consequência, esses setores apoiaram fortemente o partido no poder: o Partido Revolucionário Institucional.

Segunda Guerra Mundial

O México foi favorecido pela alta demanda de matérias-primas e petróleo provocada pela Segunda Guerra Mundial entre 1939 e 1945. Suas exportações cresceram consideravelmente, principalmente para os Estados Unidos.

Causas

Os governos que se seguiram durante o milagre mexicano empreenderam uma série de reformas que contribuíram para a melhoria da economia. O primeiro objetivo era desenvolver o mercado interno e industrializar o país.

Além disso, a estabilidade política permitiu a criação de alguns órgãos públicos que ajudaram a impulsionar a economia.


Exportações de materiais

Conforme observado, a Segunda Guerra Mundial permitiu um grande aumento nas exportações mexicanas para o exterior. Além disso, suas relações com os Estados Unidos, prejudicadas após a nacionalização do petróleo, se normalizaram, o que levou à assinatura de diversos acordos que encerraram as brigas anteriores.

Industrialização e política agrária

O pedido de uma reforma agrária que favorecesse os camponeses foi uma exigência histórica para grande parte da história do México. Durante a revolução, por exemplo, essa demanda esteve no centro das ações de Emiliano Zapata.

Com a distribuição das terras decretada por Lázaro Cárdenas, surgiram numerosos ejidos. A legislação buscou amenizar a enorme desigualdade social existente no campo.

A partir de 1940, a política econômica mexicana deu uma guinada total. A partir daquele momento, os governos procuraram promover a industrialização do país e abandonar uma estrutura econômica fundamentalmente agrária.

O impulso industrializante aumentou a partir de 1946, durante o governo de Miguel Alemán. A agricultura foi subordinada à indústria e seu papel passou a ser o de fornecedora de matérias-primas e alimentos baratos.

A transformação econômica, porém, também atingiu os campos. Entre 1946 e 1960, o governo investiu na modernização da agricultura com a compra de maquinários e criação de sistemas de irrigação. O resultado foi um notável aumento da produção, embora em 1965 tenha ocorrido uma grande crise no setor.

Industria nacional

A indústria mexicana conseguiu se adaptar aos novos tempos após a Segunda Guerra Mundial.

No início, as exportações caíram e os países que haviam participado do conflito voltaram a competir no mercado. O governo, nessas circunstâncias, elaborou um plano para incrementar o desenvolvimento do setor no país.

Foi Miguel Alemán quem implementou a chamada substituição de importações (ISI). Sua intenção era criar novas indústrias com capital nacional dedicadas a produzir para o mercado interno aqueles produtos que, tradicionalmente, o México tinha que comprar no exterior.

O Estado, por meio de uma série de medidas e investimentos que favoreceram a criação de novas indústrias, assumiu a liderança desse plano. De fato, ao longo do milagre mexicano, o Estado foi o principal investidor na economia do país.

Caracteristicas

Os principais objetivos do período de estabilização do desenvolvimento eram elevar o padrão de vida da população, aumentar o PIB e a renda do país, tornar a economia mais diversificada, aumentar a industrialização e promover o protecionismo econômico no exterior enquanto liberalizava o mercado dentro.

Crescimento externo

Entre 1940 e 1956, a base do crescimento da economia mexicana foi o dinamismo do setor primário. Os especialistas chamam esse modelo de crescimento sem desenvolvimento, já que houve aumento do número de empresas industriais, mas sem liberalização econômica.

O resultado dessa política foi um crescimento notável. Na primeira etapa, na presidência de Ávila Camacho (1940-1946), o PIB cresceu a uma taxa anual de 7,3%.

Tanto Ávila Camacho como seu sucessor, Miguel Alemán, desenvolveram políticas para favorecer esse crescimento e consolidar o mercado interno. Entre 1947 e 1952, o PIB continuou a crescer em média 5,7% ao ano. Além disso, houve aumento da produção de energia elétrica, indústria de transformação e extração de petróleo.

Crescimento interno

Em 1956, o modelo econômico do país mudou completamente. A partir desse ano, entrou em uma fase em que prevalecia o chamado crescimento interior. O objetivo era que a indústria mexicana produzisse tudo o que fosse consumido no país.

Isso fez com que a indústria nacional fosse muito favorecida, além de maior estabilidade de preços.

Aumento da população nas cidades

A industrialização fez com que muitos habitantes das áreas rurais migrassem para as cidades em busca de melhores empregos. Uma das consequências foi o fortalecimento do setor terciário (comércio, serviços e transporte) já que havia mais população para atender.

Essa migração para as cidades teve alguns efeitos positivos. Por exemplo, os recém-chegados tinham mais facilidade de acesso à educação ou saúde do que nas áreas rurais.

No entanto, esse deslocamento também teve consequências negativas. Assim, só produziu um aumento no adensamento populacional, mas a indústria logo encontrou problemas para dar trabalho a todos os que chegaram.

Por outro lado, a agricultura e a pecuária mostraram sinais de estagnação devido à falta de trabalhadores.

Presidentes

No total, cinco presidentes governaram durante o milagre mexicano. Cada um deles cumpriu um mandato de seis anos.

Manuel Ávila Camacho (1940 - 1946)

A presidência de Manuel Ávila Camacho desenvolveu-se quase completamente durante a Segunda Guerra Mundial. O presidente soube aproveitar a necessidade de matéria-prima e petróleo nos Estados Unidos para negociar acordos que fecharam antigos atritos. Entre eles, os causados ​​pela nacionalização do petróleo realizada pela Cárdenas.

No interior, Ávila fez acordos com a elite empresarial para desenvolver a economia. O presidente conseguiu manter congelados os preços dos produtos em troca de garantir às empresas um resgate do governo em caso de falência.

Da mesma forma, Ávila Camacho legislou para que os trabalhadores tivessem um salário digno e estivessem cobertos pela previdência social.

Durante a sua presidência, o Estado foi muito intervencionista, sem permitir a liberalização da economia. Isso causou um aumento no número de indústrias, embora não fosse competitivo entre elas.

Miguel Alemán Valdés (1946-1952)

Alemán Valdés foi o primeiro presidente do período pós-revolucionário que não participou da revolução. Foi também o primeiro pertencente ao Partido Revolucionário Institucional.

Na esfera econômica, desenvolveu uma política de continuidade. Este foi caracterizado pelo nacionalismo, pelo impulso industrializante e pela substituição de importações.

A principal consequência foi um grande aumento do comércio interno, deixando de lado o comércio internacional. Além disso, o peso estava altamente desvalorizado em relação ao dólar, o que tornava a importação de produtos muito cara.

Por outro lado, sua presidência também foi marcada pelo aumento da inflação, pelo aumento do gasto público e pela redução do gasto social.

Adolfo Ruiz Cortines (1952-1958)

No início de seu mandato, Ruiz Cortines intensificou a política nacionalista que seu antecessor havia seguido. No entanto, houve um grande aumento no preço dos alimentos e o governo não conseguiu compensar. Isso provocou um forte aumento da inflação.

Essa circunstância provocou uma mudança no modelo econômico. O presidente propôs a adoção de um sistema que chamou de Desenvolvimento Estabilizador, que foi mantido até a década de 1970.

Sua primeira decisão foi desvalorizar a moeda até que seu valor chegasse a 12,50 pesos por dólar. Depois disso, aumentou as exportações e reduziu ainda mais as importações. Seu objetivo é que tudo o que se consome seja produzido no país.

Com essas medidas, a inflação foi reduzida e iniciou-se o chamado período de crescimento interno. Apesar dos bons números iniciais, economistas liberais dizem que essas medidas acabaram gerando a crise que o país sofreu posteriormente.

Adolfo López Mateos (1958-1964)

Quando López Matero assumiu o cargo, ele encontrou inflação muito baixa e crescimento crescente. O Estado continuou a apoiar financeiramente as empresas, nacionais e estrangeiras, que investiram no país. Além disso, ele se dedicou a melhorar a infraestrutura de transporte.

No entanto, durante seu mandato presidencial, a dívida aumentou e os episódios de corrupção aumentaram.

Gustavo Díaz Ordaz (1964-1970)

O último aspecto mencionado acima, a corrupção política e empresarial, começava a ficar cada vez mais evidente para a população. Além disso, havia a percepção de que o governo estava agindo apenas para beneficiar a si mesmo.

Enquanto isso, a classe média começou a ter problemas financeiros. Os operários e camponeses, por sua vez, viram sua qualidade de vida diminuir cada vez mais.

As áreas rurais foram perdendo população como resultado do êxodo para as cidades, o que causou uma queda na produção agrícola. Para tentar amenizar a perda de importância desse setor, o governo apoiou as indústrias de manufatura e turismo. No entanto, o déficit foi crescendo e o Estado teve que recorrer a créditos externos.

Nem mesmo a comemoração dos Jogos Olímpicos, em 1968, e da Copa do Mundo, em 1970, significaram uma melhora na situação. O crescente descontentamento gerou protestos sociais que foram duramente reprimidos pelo governo.

O episódio mais difícil foi o conhecido como massacre de Tlatelolco em outubro de 68, quando uma manifestação estudantil foi dissolvida por tiros. O número de mortes foi, dependendo das fontes, entre 44 e 200.

Fim do milagre

Em 1970, o México passava por uma situação econômica muito grave: a dívida acumulada gerou uma grande crise, agravada pelo aumento do preço do dólar. A situação política e social também não melhorou, com o surgimento dos movimentos guerrilheiros e um aumento considerável da pobreza.

Vantagens e desvantagens do modelo

O crescimento econômico mexicano durante o milagre é inegável. Além disso, isso se manteve por muitos anos consecutivos e o México passou a obter um dos melhores PIBs do planeta.

No entanto, o modelo seguido também apresentou desvantagens. Alguns deles fizeram o país passar por uma grave crise a partir de 1970.

Vantagem

O contínuo crescimento do PIB permitiu ao governo mexicano dedicar grandes somas para a realização de reformas nos serviços públicos. Isso foi observado na educação, saúde e seguridade social. Além disso, esses benefícios não permaneceram apenas nas cidades, mas atingiram também as áreas rurais.

Por outro lado, o milagre mexicano trouxe estabilidade política ao país, pelo menos até o final da década de 1960. Os sindicatos ficaram satisfeitos com as medidas aprovadas e, portanto, o conflito diminuiu. A resposta do governo foi aumentar o investimento na banca pública e, assim, garantir um melhor acesso aos benefícios sociais.

Outros auxílios que permitiram melhorar a situação do país foram os concedidos a interessados ​​em abrir novos negócios.

Por fim, o modelo de desenvolvimento estabilizador permitiu a expansão dos mercados internos e o controle dos preços, o que beneficiou as classes populares.

Desvantagens

O modelo econômico em que se baseou o milagre econômico permitiu o crescimento sustentado ao longo do tempo e o aumento do tecido industrial. No entanto, essas conquistas se devem a uma política protecionista e muito intervencionista que não deu atenção ao comércio exterior. As exportações estavam diminuindo, com as quais quase nenhuma moeda estrangeira entrou.

Por outro lado, o setor primário (recursos e matérias-primas) atrasou-se em relação ao setor terciário, onde se encontra a atividade industrial. O ponto negativo é que a indústria não funciona sem matéria-prima, então chegou um momento em que a produção desacelerou.

Outro aspecto negativo desse modelo foi a falta de investimento em novas tecnologias. Em vez de promover a pesquisa, os governantes decidiram comprar essa tecnologia no exterior.

Referências

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