O que é natriurese? - Ciência - 2023


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o natriurese é o processo de aumento da excreção do íon sódio (Na+) na urina por ação dos rins. Em condições normais, o rim é o principal órgão que regula a excreção de sódio, principalmente devido a alterações na quantidade excretada na urina.

Visto que a entrada de sódio não é significativa no homem, o equilíbrio deve ser alcançado garantindo que a saída de sódio seja igual a sua entrada.

Fisiologia da água e sódio

Volemia é o volume total de sangue de um indivíduo. 55% é a parte líquida (plasma) e 45% o componente sólido (glóbulos vermelhos e brancos e plaquetas). É regulado por um delicado equilíbrio de água e sódio, que por sua vez regula a pressão arterial.

Vamos ver como ocorre esse equilíbrio.


-Água

Em média, 60% do nosso peso corporal total é água. Os fluidos totais do nosso corpo são distribuídos em dois compartimentos:

  • Fluido intracelular (ICL). Possui 2/3 da água corporal total.
  • Fluido extracelular (ECF). Possui 1/3 da água corporal total e é subdividido em fluido intersticial, plasma e fluido transcelular.

A entrada de água no corpo é altamente variável em condições normais e deve corresponder a perdas semelhantes para evitar o aumento ou diminuição do volume de fluidos corporais e, portanto, do volume sanguíneo.

90% da entrada de água ao organismo vem dada pela ingestão; os outros 10% são produtos do metabolismo.

55% da descarga de água ocorre pela urina; aproximadamente outros 10% por meio do suor e fezes, e os 35% restantes são descarregados por meio do que se chama de “perdas insensíveis” (de pele e pulmões).

-Sódio

Da mesma forma, deve haver um equilíbrio entre a ingestão e a produção de sódio (Na+) no corpo. 100% Na+ que entra no corpo o faz por meio de alimentos e líquidos ingeridos.


100% Na+ que as descargas o fazem pela urina, pois outras perdas (suor e fezes) podem ser consideradas insignificantes. Assim, o rim é o principal órgão responsável pela regulação do sódio.

Para manter a vida, um indivíduo deve excretar uma quantidade de Na a longo prazo.+ exatamente o mesmo que você come.

-Regulamento

Existe toda uma série de mecanismos reguladores que são colocados em prática para manter o volume sanguíneo (água, sódio e outros elementos) dentro dos limites normais.

Embora atuem simultaneamente, iremos dividi-los para fins de estudo em:

Controle nervoso

Administrado pelo sistema nervoso autônomo e, principalmente, pelo sistema nervoso simpático e mediado pela norepinefrina, hormônio secretado pela medula das glândulas supra-renais.

Quando houver alteração na ingestão de líquidos e Na+ alterações no ECL, volume sanguíneo e pressão arterial ocorrem simultaneamente.


As alterações de pressão são os estímulos captados pelos receptores de pressão (barorreceptores) que irão produzir modificações na excreção renal de água e Na+ para alcançar o equilíbrio novamente.

Controle renal e hormonal associado

Administrada pelos rins, pelas supra-renais, pelo fígado, pelo hipotálamo e pela hipófise, por meio de um grupo de hormônios: sistema renina-angiotensina-aldosterona, hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina) e principalmente peptídeos natriuréticos.

Esses sistemas regulam a osmolaridade (concentração de solutos no sangue). O ADH atua no nível do túbulo contorcido distal e do túbulo coletor (veja a imagem acima), modificando a permeabilidade à água e o transporte de Na+.

A aldosterona, por outro lado, é o principal hormônio antinatriurético (que previne a natriurese). É secretado quando a natremia (concentração de sódio no sangue) diminui.

Ele age causando a reabsorção de Na+ na porção final do túbulo contorcido distal e túbulo coletor, enquanto estimula a secreção de potássio e prótons no túbulo coletor.

Juntos, a angiotensina também regula a excreção renal de Na+ por estimulação da produção de aldosterona, vasoconstrição, estimulação da secreção de ADH e sede e aumento da reabsorção de cloro e Na+ no túbulo contorcido proximal e água no túbulo distal.

Finalmente, o peptídeo natriurético atrial (ANP) e um conjunto de peptídeos semelhantes (peptídeo natriurético cerebral ou BNP, peptídeo natriurético tipo C ou CNP, peptídeo natriurético tipo D ou DNP e urodilatina) aumentam a natriurese, diurese e filtração glomerular, enquanto eles inibem a secreção de renina e aldosterona e antagonizam os efeitos da angiotensina e do ADH.

Perturbação de equilíbrio

Os mecanismos mencionados muito superficialmente no ponto anterior regularão a excreção de cloreto de sódio e água e, assim, manterão o volume sanguíneo e a pressão arterial dentro dos valores normais.

A alteração de todo esse delicado equilíbrio levará à natriurese, diminuição da volemia (hipovolemia) e hipotensão arterial. Vamos observar essa alteração em algumas doenças e síndromes:

  • Síndrome de secreção inadequada de hormônio antidiurético
  • Síndrome de perda de sal de origem cerebral
  • Diabetes insípido (nefrogênico ou neurogênico)
  • Hiperaldosteronismo primário ou secundário
  • Choque hipovolêmico.

Por outro lado, existem algumas condições em que a natriurese está diminuída, com conseqüente aumento da volemia e consequente hipertensão.

É o caso de pacientes com Síndrome Nefrótica, que merecem a administração de medicamentos como os inibidores da enzima conversora da angiotensina (inibidores da ECA) para aumentar a excreção de sódio e água, diminuir o volume sanguíneo e assim diminuir a pressão arterial arterial.

Natriurese e hipertensão

Existe um conceito que foi chamado de "sensibilidade ao sal" (ou sensibilidade ao sal).

É de importância clínica e epidemiológica, pois tem se mostrado um fator de risco cardiovascular e mortalidade independente da idade e dos níveis de pressão arterial.

Quando presente, há uma alteração genética ao nível molecular ou adquirido dos mecanismos renais que alteram a fisiologia normal da regulação do equilíbrio de água e sódio.

É observada com mais frequência em idosos, negros, diabéticos, obesos e pessoas com deficiência renal.

A consequência final é a natriurese com hipertensão arterial de difícil manejo (em vez de hipotensão), uma vez que os mecanismos fisiológicos (normais) que já explicamos são completamente neutralizados.

Pensamentos finais

A redução do sal na dieta de pacientes hipertensos sensíveis ao sal pode permitir um melhor controle da pressão arterial, enquanto reduz a necessidade de medicamentos anti-hipertensivos, especialmente se for substituído por sais de potássio.

Tem sido sugerido que a ampla gama de efeitos dos peptídeos natriuréticos pode ser a base para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas de grande benefício em pacientes com problemas cardiovasculares, incluindo doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e hipertensão arterial.

O sistema renina angiotensina intra-renal está envolvido no ajuste da natriurese e nos efeitos hemodinâmicos na filtração glomerular.

Na hipertensão, o consumo de sal (cloreto de sódio) reduz a atividade do sistema renina-angiotensina; Porém, na fisiopatologia da hipertensão sensível ao sal, é reconhecido o papel determinante do rim na retenção do sal ao nível tubular, o que condiciona o aumento da pressão arterial.

Referências

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