Triângulo de Scarpa: limites, conteúdo, importância clínica e cirúrgica - Ciência - 2023


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Triângulo de Scarpa: limites, conteúdo, importância clínica e cirúrgica - Ciência
Triângulo de Scarpa: limites, conteúdo, importância clínica e cirúrgica - Ciência

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o triângulo scarpa, também conhecido como triângulo femoral, é uma área anatômica triangular, com vértice inferior, localizada na parte ântero-superior da coxa. A forma de expor o triângulo femoral e identificar adequadamente seus limites é colocando a coxa do paciente em flexão, com leve rotação lateral.

O ligamento inguinal forma a base dessa área e os músculos sartório e adutor longo da perna, seus lados. É uma região que adquire grande importância na anatomia topográfica, pois contém os principais vasos sanguíneos do membro inferior, a artéria e veia femoral, bem como o ramo neurológico primordial e o nervo femoral. O triângulo de Scarpa é a região mais acessível para identificar essas estruturas.

A artéria femoral é o principal vaso nutritivo do membro inferior e, por meio dela, outras artérias importantes do corpo podem ser acessadas para procedimentos cirúrgicos complexos. Essa técnica é utilizada na especialidade conhecida como radiologia intervencionista e na subespecialidade da cardiologia denominada hemodinâmica.


Na medicina de emergência, o profissional de saúde deve estar atento a esta área, pois caso um paciente traumatizado tenha sangramento significativo na perna, de difícil controle e com risco de vida, pode ser interrompido com bloqueio da artéria femoral do triângulo de Scarpa.

A obstrução da artéria femoral por meio de torniquete em caso de trauma é um procedimento que pode salvar a vida do paciente.

Região Inguinal e Femoral: Anatomia Cirúrgica

Os membros inferiores começam sua formação por volta de 4ta semana de gestação. Conforme as pernas são formadas, a diferenciação das outras estruturas também começa.

Para os 10mãe semana, todos os elementos são completamente diferenciados, incluindo vasos sanguíneos, nervos e pele. A área que é reconhecida como triângulo femoral também completa sua formação com a diferenciação do ligamento inguinal.


A virilha é a região do corpo que une o abdômen com os membros inferiores. Em sua projeção cutânea, é a área oblíqua que se localiza no plano medial, logo abaixo do tronco, na articulação do quadril, e que conecta a parte inferior do abdome com os membros inferiores.

No entanto, profundamente a região inguinal abrange uma área mais ampla que se estende desde a inserção inferior dos músculos abdominais até o ligamento inguinal.

O ligamento inguinal ou de Poupart se estende da proeminência ântero-superior do ílio até a sínfise púbica. Ele forma a borda inferior da região inguinal e a borda superior da região femoral anterior.

Este ligamento é o marco anatômico que delimita e separa a região inguinal da femoral. Saber sua localização é fundamental para a descrição de algumas patologias e para a realização de procedimentos clínicos e cirúrgicos.

Na região inguinal está o canal inguinal, que contém o cordão espermático nos homens e o ligamento redondo do útero nas mulheres. O caminho através do canal inguinal é uma área de fraqueza na parede abdominal onde hérnias inguinais ocorrem com freqüência.


A região femoral está localizada logo abaixo da região inguinal. A parte anterior descreve o triângulo femoral ou de Scarpa, que é uma divisão anatômica usada para facilitar o estudo desta área.

Scarpa ou triângulo femoral: limites, conteúdo

O triângulo femoral é uma área que se localiza na parte anterior e superior do membro inferior. Sua projeção superficial fica exatamente na virilha.

Esta divisão anatômica está localizada abaixo da região inguinal. Tem a forma de um triângulo invertido, seu vértice está na parte inferior e sua base está na parte superior.

É limitado acima pelo ligamento inguinal ou de Poupart, lateralmente pelo músculo sartório e medialmente pelo músculo adutor longo. Seu vértice é formado pela intersecção desses dois músculos.

Cobrindo toda esta área está uma estrutura fibrosa e elástica chamada fáscia cribriforme, que é uma extensão da fáscia transversa que vem do abdômen. Esse tecido recobre os vasos sanguíneos e linfáticos localizados na região femoral, até 4 cm abaixo do ligamento inguinal.

Dentro dos limites do triângulo femoral estão a artéria, a veia, o nervo e os nódulos linfáticos femorais.

A artéria femoral é o principal vaso de alimentação do membro inferior. É a continuação da artéria ilíaca externa, um ramo da artéria ilíaca comum que é um ramo direto da aorta. É um vaso sanguíneo de grande calibre responsável por garantir o suprimento sanguíneo para todos os músculos da região.

Por sua vez, a veia femoral é a principal via de retorno do sangue do membro inferior.

O nervo femoral é uma estrutura importante que proporciona mobilidade e sensibilidade à perna e ao pé, e os vasos linfáticos femorais comunicam os sistemas superficial e profundo e possuem uma importante estação linfonodal na virilha.

O triângulo femoral é a região em que essas estruturas são mais superficiais, por isso é fácil identificá-las ao exame físico se forem conhecidos os limites anatômicos da área.

Significado clínico

O triângulo femoral contém estruturas que são essenciais para o funcionamento dos membros inferiores. Saber a localização dessa região garante um acesso seguro a esses elementos anatômicos, sendo também a única forma de realizar uma exploração adequada do exame físico.

A artéria femoral é facilmente palpável neste nível. Quando os pulsos periféricos do paciente são fracos, esta é uma das artérias em que a frequência cardíaca pode ser verificada no exame físico.

É também uma via acessível quando são necessários exames laboratoriais de sangue arterial específicos.

A veia femoral também é usada quando a cateterização das linhas venosas comuns ou para coleta de amostras laboratoriais não é possível.

Em procedimentos como o bloqueio neurológico para cirurgias de membros inferiores, o triângulo femoral é utilizado como referência para localizar o nervo femoral e poder praticar essa técnica com segurança.

Além disso, é uma área em que os gânglios linfáticos costumam ser examinados, pois fornece informações sobre o estado de todo o membro inferior. A inflamação desses nódulos pode indicar a presença de qualquer processo infeccioso, mas também pode ser um sinal de que uma doença maligna, como o melanoma, está metastatizando os gânglios linfáticos.

No caso de pacientes politraumatizados, a área femoral é destacada como um ponto importante para a prevenção de sangramentos profusos do membro inferior que ameaçam a vida do paciente.

Com a confecção de um forte torniquete nesta área, é possível obstruir o fluxo de sangue pela artéria femoral evitando a perda maciça que pode causar a morte.

Importância cirúrgica

Em qualquer procedimento cirúrgico da região inguinal ou femoral, é importante conhecer todos os marcos anatômicos que delimitam essas áreas, bem como a localização das estruturas que elas contêm.

No caso da cirurgia de correção de hérnia inguinal ou femoral, o procedimento envolve o reforço de toda a área com um material que é suturado ao ligamento inguinal e à fáscia cribriforme.

O cirurgião deve estar familiarizado com a área para evitar lesões em qualquer uma das estruturas contidas nessas regiões, visto que são elas que garantem o correto funcionamento do membro inferior.

Os linfonodos localizados no triângulo femoral são locais freqüentes de metástases por tumores malignos de membros inferiores. Quando estão inflamados, procedimentos cirúrgicos devem ser realizados para seu estudo e tratamento.

o dissecção de linfonodo inguino-femoral É uma cirurgia em que toda a gordura é retirada com os linfonodos localizados nas regiões inguinal e femoral.

Todo esse tecido linfático está aderido aos vasos sanguíneos e nervos femorais, portanto, ao realizar este procedimento, deve-se levar em consideração a localização das estruturas vasculares e neurológicas para a extração do material necessário sem deixar sequelas no paciente.

Importância em radiologia intervencionista e hemodinâmica

Tanto a radiologia intervencionista quanto a hemodinâmica são subespecialidades da radiologia e da cardiologia, respectivamente, responsáveis ​​pelo diagnóstico e tratamento de doenças dos vasos sanguíneos.

Através de longas guias de material cirúrgico canalizam-se artérias e veias, injetam-se contrastes especiais e realizam-se radiografias que permitem traçar o mapa vascular do paciente e observar o problema.

As vias mais utilizadas para realizar esses procedimentos são os vasos femorais. Bem no nível do triângulo femoral, o vaso a ser estudado é identificado, seja a artéria ou a veia, e um cateter especial é inserido. Esses procedimentos são conhecidos como angiografia.

Os vasos sangüíneos femorais continuam com os grandes vasos do abdômen, a aorta e a veia cava, que se abrem diretamente no coração. Por isso, através da localização da via femoral, o cateter é direcionado para onde é necessário injetar o contraste e diagnosticar e tratar a patologia.

Por exemplo, quando um paciente tem uma obstrução em uma artéria do coração por um coágulo sanguíneo e isso causa um infarto do miocárdio, o ponto da obstrução pode ser encontrado através da passagem pela artéria femoral.

Uma vez que o ponto desejado no coração é alcançado, a gravidade do problema pode ser vista fazendo raios-X ou vídeo radiológico (fluoroscopia) e injetando um agente que dilui o coágulo para prevenir danos ao músculo cardíaco.

Referências

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