Tratado de Bucareli: Antecedentes, Causas, Consequências - Ciência - 2023


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Tratado de Bucareli: Antecedentes, Causas, Consequências - Ciência
Tratado de Bucareli: Antecedentes, Causas, Consequências - Ciência

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o Tratado de Bucareli Foi um acordo alcançado pelos governos dos Estados Unidos e do México em 1923. As negociações aconteceram de 15 de maio a 13 de agosto e aconteceram na Cidade do México, em um prédio na Rua Bucareli que acabou cedendo nome ao acordo.

Esse pacto teve um caráter eminentemente econômico, pois tratou de reivindicações dos Estados Unidos após a Revolução Mexicana. A Constituição de 1917 continha várias medidas que afetaram os interesses dos Estados Unidos, especialmente aquelas relacionadas à propriedade mexicana da produção de petróleo.

Por sua vez, o governo de Obregón buscou o reconhecimento dos Estados Unidos, que se recusaram a reconhecer os gabinetes surgidos após a revolução.

Embora ambas as partes tenham chegado a um acordo, sua implementação não foi nada fácil. Nenhum dos Congressos de cada país concordou em endossar o Tratado e a Suprema Corte mexicana delimitou parte de seus artigos para que não fosse retroativo, como pretendiam os americanos.


fundo

As reclamações dos Estados Unidos vieram desde o início da Revolução Mexicana. Após a derrubada de Porfirio Díaz, os revolucionários começaram sua luta para criar um governo constitucional. Em muitas ocasiões, as posições foram divergentes, mas finalmente a revolução triunfou.

Venustiano Carranza, o primeiro presidente do México a surgir após a Revolução, promulgou a Constituição em 1917. Teve um caráter social marcante, com uma infinidade de artigos que estabeleceram a expropriação de terras e sua distribuição entre os camponeses. Da mesma forma, estabeleceu a propriedade pública das riquezas naturais do país.

Alvaro Obregon

Álvaro Obregón chegou ao governo do México em 1920. O político havia liderado uma revolta, a de Água Prieta, contra o candidato que Carranza queria colocar na presidência. Os Estados Unidos argumentaram que, pela forma como chegaram ao poder, não reconheceram o novo presidente.


Porém, em 1923, um ano após o término da legislatura, a situação mudou. A União Americana pediu aos americanos que reconheçam o governo mexicano antes das novas eleições.

Obregón considerou este um dos temas mais importantes. Seus inimigos internos tentavam ganhar o apoio do vizinho do norte e ele tentava manter a influência no próximo governo.

Além disso, ele era um presidente menos nacionalista do que Carranza havia sido. Obregón, dada a precária situação econômica da nação, julgou que eram necessários

Estados Unidos

Os Estados Unidos alegaram que toda a legislação emitida por governos pós-revolucionários prejudicou alguns de seus cidadãos. Durante a Revolução, um número significativo de americanos perdeu suas propriedades, sem qualquer compensação.

Além disso, possivelmente o mais importante, a Constituição de 1917 estabeleceu a propriedade mexicana de campos de petróleo. As empresas americanas que administraram os poços perderiam seus direitos se o governo nada fizesse.


Assim, os Estados Unidos estabeleceram três condições para reconhecer o governo mexicano. O primeiro, para esclarecer como a nova situação da indústria do petróleo afetaria suas empresas, bem como as propriedades agrícolas em poder de seus concidadãos. Da mesma forma, ele exigiu que a dívida externa, paralisada por Carranza, fosse liquidada.

Por último, exigiram o pagamento de indenizações aos afetados pelas lutas revolucionárias.

A primeira reação foi a decisão da Suprema Corte de Justiça do México. Segundo sua interpretação, o artigo 27 da Constituição (referente ao petróleo), não seria aplicado retroativamente.

Causas

Constituição de 1917

Mesmo antes de a Carta Magna ser promulgada, Carranza emitiu um decreto que afetou as possessões agrícolas de alguns americanos. Foi o decreto de 6 de janeiro de 1915, por meio do qual as terras dos grupos indígenas foram restauradas.

Mais tarde, a Constituição se aprofundou nessas medidas. O artigo mais importante sobre o assunto foi o 27, que estabelecia que todos os recursos naturais encontrados no México eram do Estado. Dentre esses recursos, destacava-se de longe o petróleo, cuja indústria era administrada por empresas estrangeiras.

Além da pressão dos EUA, Obregón queria atrair investimentos estrangeiros que melhorassem a economia.

Reconhecimento do governo

Os Estados Unidos se recusaram a reconhecer os governantes mexicanos. A revolta Agua Prieta, estrelada por Obregón, agravou a situação.

Os americanos alegaram que ele havia chegado ao poder por meio da violência e que não podiam legitimar a situação.

Obregón precisa

Além do desejo de Obregón de ver seu governo reconhecido, havia também uma estratégia política. As eleições estavam próximas, faltando apenas um ano, e ele não queria que os Estados Unidos apoiassem nenhum de seus inimigos.

Por tudo isso, em 1923 começaram as negociações entre os dois governos norte-americanos.

Tratado

Após meses de negociação, Fernando Roa e Ramón Ross, em nome do México, e Charles Warren e John H. Payne, finalizaram o acordo.

Ambas as partes concordaram em assinar dois tratados, além de um pacto não oficial. Assim, foi prevista a criação de uma Convenção de Reivindicações Especiais, que serviria aos americanos afetados pela Revolução.

Por outro lado, deveria ser criada uma Convenção Geral de Reivindicações, cobrindo o que aconteceu após 1868. Nesta seção estava a questão da exploração do petróleo e outros investimentos feitos antes da nova Constituição.

Os mexicanos comprometeram-se a pagar uma indemnização aos americanos que reclamassem. Eles também tiveram que reconhecer as concessões feitas antes de 1917, incluindo as das empresas de petróleo.

Consequências

No final daquele mesmo ano, em 27 de novembro, foi aprovada no Senado a criação da Convenção para Ações Especiais. Três meses depois, a mesma coisa aconteceu com a Convenção Geral de Reivindicações.

Em troca, os Estados Unidos reconheceram o governo de Álvaro Obregón.

Revolta de Adolfo de la Huerta

O então Ministro das Finanças, Adolfo de la Huerta, se opôs ativamente à assinatura do Tratado. O político destacou que está conduzindo suas próprias negociações para restabelecer as relações sem ter que abrir mão de tanto financeiramente.

Suas divergências o levaram a renunciar e anunciar sua candidatura às eleições. No entanto, em 7 de dezembro, ele decidiu se rebelar contra o governo. Os partidários do presidente derrotaram os rebeldes com a ajuda do governo dos Estados Unidos.

Fim do tratado

O próximo presidente mexicano foi Plutarco Elías Calles. As tensões em torno do petróleo não haviam desaparecido e, finalmente, ele decidiu rejeitar o Tratado de Bucareli.

De imediato, decidiu elaborar uma nova lei sobre o assunto, observando estritamente o artigo 27 da Constituição. Os Estados Unidos ameaçaram o México com retaliação e chamaram Calles de "comunista".

A lei foi promulgada em 1926 e significou o cancelamento das licenças para as empresas americanas extraírem petróleo. A certa altura, a guerra parecia inevitável, mas foi evitada por conversas diretas entre os dois presidentes.

O problema, porém, não foi resolvido. Anos depois, o presidente Lázaro Cárdenas acabou nacionalizando todo o petróleo mexicano.

Lenda urbana do Tratado de Bucareli

Por muito tempo, e ainda hoje em alguns setores, existia no México a crença de que havia uma cláusula secreta no tratado. Isso, teoricamente, proibia o país de construir máquinas especializadas ou de precisão.

No entanto, não há evidências para isso e os historiadores rejeitam sua existência.

Referências

  1. Carmona Dávila, Doralicia. México e Estados Unidos assinam os tratados de Bucareli. Obtido em memoriapoliticademexico.org
  2. Notimex. Tratados de Bucareli, amostra da complexa relação México-EUA. Obtido em mvsnoticias.com
  3. Wikipedia. Alvaro Obregon. Obtido em es.wikipedia.org
  4. Alchetron. Tratado de Bucareli. Obtido em alchetron.com
  5. NOS. Biblioteca do Congresso. A presidência de Obregón, 1920-24. Recuperado de countrystudies.us
  6. História dos Estados Unidos. Relações EUA-México. Obtido em u-s-history.com
  7. Rippy, Merrill. Petróleo e a Revolução Mexicana. Recuperado de books.google.es