Güevedoces: pessoas que mudam de sexo na puberdade? - Psicologia - 2023
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Contente
- Quem são os güevedoces?
- Um tipo de pseudointersexualidade
- Como eles se desenvolvem fisicamente?
- Nascimento e infância
- Puberdade
- Os resultados do estudo Imperato-McGinley
O processo de desenvolvimento do feto no útero materno contém toda uma rede de reações químicas e orgânicas que possibilitam a evolução do bebê. Mas esse desenvolvimento, que funciona como uma máquina perfeita, às vezes é alterado, causando todos os tipos de anomalias orgânicas.
É o caso dos güevedoces, um fenômeno muito curioso e bastante comum na República Dominicana. em que algumas meninas, entrando na puberdade, passam por uma espécie de mudança natural de sexo.
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Quem são os güevedoces?
Güevedoces é uma denominação dada a uma série de pessoas da República Dominicana nascidas com uma alteração cromossômica imperceptível no momento do nascimento que provoca o seguinte fenômeno: bebês nascidos com genitália ambígua, geralmente designados ao sexo feminino, que passam por um processo de masculinização na puberdade.
Na verdade, essas pessoas têm cromossomos masculinos (XY). Porém, durante o desenvolvimento fetal, eles crescem desenvolvendo ambiguidade genital. No momento do nascimento costumam ser designados como fêmeas, e ao atingir a puberdade, por volta dos 12 anos, ocorre o crescimento do pênis e a descida dos testículos.
Além disso, se há algo que torna este fenômeno ainda mais fascinante, é que ele ocorre de forma quase insignificante em todo o mundo, mas que, no entanto, na província de Barahona, na República Dominicana, aparece em aproximadamente 1 em 50 nascimentos em que o sexo do bebê é considerado feminino. Devido a esse grande número de casos, se considerada a incidência dessa afecção na população mundial, as crianças nascidas com essas características recebem o nome de güevedoces.
Um tipo de pseudointersexualidade
Esta alteração genital, considerado como um tipo de pseudointersexualidade masculina, foi descrito pela primeira vez na República Dominicana, na década de 70 do século passado, pela médica e endocrinologista americana Julianne Imperato-McGinley. Como resultado de estudos e investigações de pessoas com essas características, foi determinado que os güevedoces sofriam de deficiência da enzima 5-alfa redutase.
A deficiência dessa enzima causa uma alteração física conhecida como pseudointersexualidade masculina hereditária. Níveis adequados deste resultado de enzima essencial para a testosterona se tornar dihitestosteronaSe isso não ocorrer devido à falta de 5-alfa redutase, a masculinização da genitália externa não pode ocorrer durante o desenvolvimento fetal.
No caso específico dos güevedoces, o aumento dos níveis de testosterona durante a puberdade gera uma resposta no organismo, causando o crescimento do pênis e a descida dos testículos.
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Como eles se desenvolvem fisicamente?
Normalmente, durante o desenvolvimento das primeiras semanas de gestação eO feto não possui especificações sobre os órgãos sexuais, apenas o desenvolvimento dos mamilos ocorre em ambos os sexos. Então, por volta de oito semanas de gestação, os hormônios sexuais entram em ação novamente.
Nascimento e infância
Se o bebê for geneticamente determinado ser do sexo masculino, o cromossomo Y garante que as gônadas sejam transformadas em testículos enviando testosterona para o tubérculo, onde é convertida no hormônio dihitestosterona. O que, como já mencionamos anteriormente, possibilita a masculinização dos órgãos sexuais e transforma o tubérculo em pênis.
No caso de haver cromossomos correspondentes ao sexo feminino, não ocorre a síntese da diidroterona e o tubérculo passa a ser clitóris.
Porém, em pessoas conhecidas como güevedoces, nas quais aparece este tipo de pseudointersexualidade, os sintomas se limitam ao aparecimento da genitália externa, que aparecem fenotipicamente como femininos. Às vezes, antes da puberdade, há um pequeno pênis que você pode perceber como um clitóris, um escroto bífido e um seio urogenital aberto no períneo.
Os testículos localizam-se geralmente escondidos no canal inguinal ou nas pregas lábio-escrotais, enquanto as estruturas internas derivadas do ducto de Wolf (epidídimo, ducto deferente e vesículas seminais) se desenvolvem sem qualquer tipo de anomalia.
Puberdade
Com o passar do tempo e a chegada da puberdade, como acontece com todos os jovens, a pessoa experimenta alta exposição à testosterona endógena. Ou seja, testosterona que nosso próprio corpo produz. Isso produz uma masculinização tanto dos traços físicos da pessoa, quanto da genitália no caso dos güevedoces.
Essa masculinização, além do aspecto usual de uma voz grave, um aumento da massa muscular, em pessoas com uma pseudointersexualidade masculina hereditária desse tipo também acarreta o crescimento do pênis e a diminuição e aumento do tamanho dos testículos. O que mais, não há nenhum tipo de desenvolvimento mamário semelhante ao feminino.
Por outro lado, na maioria dos casos os pelos faciais tipicamente masculinos mal são visíveis e o tamanho da próstata é significativamente menor em comparação com a média.
Como resultado do estudo de caso, foi possível determinar que os güevedoces experimentam ereções normalmente, podendo fazer sexo com penetração completa, mas sem a capacidade de inseminar devido à disposição da uretra.
Os resultados do estudo Imperato-McGinley
Depois de anos estudando güevedoces, o Dr. Imperato-McGinley descobriu que, na maioria dos casos, as pessoas manifestam se identificando com seu sexo masculino e com uma orientação heterossexual, apesar de ter sido criada como meninas, e decidem manter as alterações genitais masculinas.
Porém, em outras ocasiões, a pessoa se sente parte do gênero feminino, por isso é comum que algumas delas sejam submetidas a uma operação de mudança de sexo que lhes dá órgãos genitais femininos.
Como resultado, a médica e sua equipe concluíram que, ao adotar uma identidade sexual e de gênero, a influência dos hormônios é mais forte do que os fatores condicionantes da educação.
Independentemente de um caso ou de outro, na maioria das vezes o aparecimento da genitália masculina tem impacto na pessoa, que pode vivenciar uma série de crises de identidade, pois isso provoca uma mudança no papel de gênero da mulher.
Finalmente, apesar de este fenômeno ser relativamente comum nesta área da República Dominicana, os güevedoces tendem a ser repudiados na sociedade, sendo vítimas de uma parte da população que não os aceita. Isso acarreta o risco de marginalização e isolamento social.