Lexicografia: origem, o que estuda, teórica e prática - Ciência - 2023
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Contente
- Origem
- Lexicografia normativa
- Lexicografia descritiva
- O que a lexicografia estuda?
- Lexicografia teórica
- Lexicografia prática
- Referências
o lexicografia É uma disciplina que visa definir e ensinar os procedimentos a seguir para o desenvolvimento de dicionários. Por isso, muitos autores a definem como metodologia ou técnica e não como ciência. Ressalte-se que atualmente a lexicografia se apóia nos fundamentos teóricos da linguística.
Palavra lexicografia vem da palavra grega leksikographs, que por sua vez é composto de duas palavras: leksikós, que significa reunião de palavras e graphein, que se traduz como escrever. Portanto, a lexicografia é a técnica de coletar e escrever palavras.
Segundo o dicionário acadêmico de 1984, a lexicografia pode ser definida como a técnica de composição de dicionários ou léxicos. Também é definida como uma parte da linguística que se dedica a estabelecer princípios teóricos levando em consideração a composição de dicionários.
O lexicógrafo Manuel Seco, no seu discurso de recepção à Real Academia Espanhola (1980), estabeleceu que a lexicografia não era uma ciência, mas sim uma técnica ou uma arte. Isso porque, para este estudioso, a disciplina lexicográfica apresenta uma ambigüidade que permite ser percebida como um ofício que requer sensibilidade e intuição.
Origem
A autora Natalia Castillo, em seu texto Valor e dificuldade da lexicografia (1998), estabeleceu que a lexicografia emergiu como uma disciplina pré-científica há quatro mil anos. Esta afirmação é apoiada pelo fato de que os acadianos e sumérios coletaram signos que devem ter funcionado como dicionários unilingues (2.600 aC).
Esta compilação teve uma motivação pedagógica e foi usada nas escolas dos escribas. Também havia catálogos onde eram listados os nomes de objetos, profissões, divindades, entre outros.
Além disso, datam dessa época os primeiros glossários bilíngues onde uma lista de palavras sumero-acadianas foram encontradas. Eventualmente, a primeira dessas línguas tornou-se a linguagem diplomática e culta, o que aconteceu após a queda do III Império de Ur.
Na biblioteca de Rap’anu (Conselheiro de Estado do reino de Ugarit, 1235-1195 aC) até mesmo glossários quadrilíngües foram encontrados, pois continham palavras tiradas das línguas suméria, hurrita, acadiana e ugarítica.
Lexicografia normativa
Até a segunda metade do século 20, a lexicografia era concebida como "a arte de fazer dicionários". Nessa fase, a lexicografia caracterizou-se por sua abordagem normativa, pois buscou fixar a linguagem em seu formato mais culto.
Por isso, ao longo de vários séculos a disciplina gerou dicionários de corte seletivo como, por exemplo, Tesouro da língua espanhola (1674) por Sebastián de Covarrubias ou Dicionário manual de frases viciosas e correções de linguagem (1893) por Camilo Ortúzar.
Consequentemente, os dicionários produzidos nessa época tinham uma base lógico-objetiva com uma abordagem enciclopédica. Isso significa que esses dicionários descrevem a realidade dos objetos e não os significados de cada palavra. Por isso se concentraram nos referentes, mas não nos signos linguísticos.
Lexicografia descritiva
Nas últimas décadas do século 20, a lexicografia começou a interessar aos linguistas. Por isso, especialistas em linguística ingressaram na disciplina lexicográfica para investigar suas características e introduzi-las na linguística aplicada.
Consequentemente, a lexicografia deixou de ser considerada uma mera arte para se tornar uma técnica científica. Isso levou ao desenvolvimento de dicionários descritivos, que até hoje não fazem julgamentos de valor sobre determinada palavra ou uso de uma língua. Na verdade, eles tentam descrevê-lo de forma realista, sem aplicar qualquer tipo de restrição purista.
Dentro desta estrutura você pode citar as obras Novo Dicionário de Americanismos (1988), dirigido por Reinhold Werner e Günther Haensch. Outro exemplo pode ser o Dicionário Ilustrado de Chileanismos, escrito por Féliz Morales Pettorino entre 1984 e 1987.
O que a lexicografia estuda?
O objeto de estudo da lexicografia é conhecer a origem, o significado e a forma das palavras. No entanto, não se deve confundir com a lexicologia, que estuda esses mesmos fatores, mas de um ponto de vista mais geral e científico. Em vez disso, a lexicografia tem um papel utilitário.
Isso não quer dizer que a lexicografia não tenha um enfoque científico; esta disciplina utiliza critérios científicos, desde que considere que todos os materiais lexicais merecem a mesma atenção. Isso significa que a lexicografia se distancia do estudo científico quando faz julgamentos de valor sobre uma palavra ou palavra.
Atualmente, dois aspectos ou significados da lexicografia têm sido propostos. De um lado, existe a técnica de preparação, ou seja, a própria atividade de coletar dicionários, léxicos e glossários. Por outro lado, existem critérios metodológicos e teóricos que um lexicógrafo deve atender para realizar corretamente seu trabalho.
Esses aspectos são conhecidos como lexicografia prática e lexicografia teórica ou metalexicografia.
Lexicografia teórica
A lexicografia teórica, também conhecida como metalexicografia, é responsável por estudar os aspectos teóricos relacionados à lexicografia. Portanto, a lexicografia teórica estuda a história das atividades lexicográficas, bem como os tipos de dicionários e a finalidade para a qual foram concebidos.
A metalexicografia também deve levar em consideração o público-alvo de cada dicionário, a metodologia ou estrutura de sua elaboração e os problemas que possam surgir no momento de sua elaboração. Em conclusão, este ramo da lexicografia avalia de forma crítica e concreta cada produto lexicográfico.
Lexicografia prática
A lexicografia prática é propriamente a confecção de dicionários. Ou seja, esse aspecto leva em prática tudo o que foi adquirido na lexicografia teórica. Para isso, utiliza outras disciplinas como a lingüística aplicada. Antes de desenvolver um dicionário, todo lexicógrafo deve:
- Conhecer as regras lexicográficas tradicionais e internacionalmente aceites.
- Gerenciar a terminologia usada pela lexicografia.
- Ser capaz de identificar os diferentes tipos de dicionários.
- Conheça o material bibliográfico necessário que lhe permita resolver os problemas que surgem durante a preparação.
- Conceber o dicionário como uma ferramenta para ensinar um idioma, mas sem agregar juízos de valor sobre uma determinada palavra.
Referências
- Castillo, N. (1999) Valor e dificuldade da lexicografia. Obtido em 27 de novembro de 2019 em Dialnet: Dialnet.net
- Cuervo, C. (1999) Aspectos gerais da lexicografia. Recuperado em 27 de novembro de 2019 da Biblioteca Virtual Cervantes: cvc.cercantes.es
- Ilson, R. (1986) Arqueologia lexicográfica: comparando dicionários da mesma família. Recuperado em 27 de novembro de 2019 do Google books: books.google.com
- Karpova, O. (2014) Lexicografia multidisciplinar: tradições e desafios do século XXI. Recuperado em 27 de novembro de 2019 do Google books: books.google.com
- S.A. (2015) A atividade lexicográfica: teórica e prática. Obtido em 27 de novembro de 2019 do Portal UNED: portal.uned.es
- S.A. (s.f.) Lexicografia. Obtido em 27 de novembro de 2019 da Wikipedia: es.wikipedia.org
- Tarp, S. (s.f.) Aprendizagem da lexicografia. Obtido em 27 de novembro de 2019 em Dialnet: Dialnet.net