Cultura Vicús: descoberta, localização, organização, cerâmica - Ciência - 2023


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Cultura Vicús: descoberta, localização, organização, cerâmica - Ciência
Cultura Vicús: descoberta, localização, organização, cerâmica - Ciência

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o culturavicús Foi uma cultura pré-colombiana que se desenvolveu entre o horizonte inicial e o período intermediário inicial e atingiu seu auge entre 100 aC. C. e 400 d. No contexto das culturas peruanas, isso a coloca entre as culturas Chavín e Moche ou Mochica.

O nome dessa cultura vem do morro Vicús, localizado a cerca de 50 quilômetros de Piura. Sua descoberta oficial foi feita em 1963, embora na época não recebesse o nome atual. Foi então que foi denunciado que os huaqueros, escavadores clandestinos, haviam passado anos saqueando vestígios arqueológicos e vendendo-os pelo melhor preço.

Esta circunstância fez com que a informação sobre esta cultura não fosse muito extensa. Os vestígios estudados indicam que a história dos vicús se dividiu em três etapas: uma primeira com nítida influência Chavín; um segundo para o desenvolvimento regional; e um terceiro em que foram influenciados pelos Mochicas.


Esta cultura destacou-se pela produção cerâmica e metalúrgica, bem como pelos seus túmulos subterrâneos. Estima-se que seu sistema político era uma teocracia fortemente militarizada e que sua sociedade era altamente hierárquica e que oferecia privilégios aos homens sobre as mulheres.

Descoberta

Há notícias sobre a atuação de escavadeiras clandestinas, chamadas huaqueros, na área de Frías no final da década de 1950.

A ação destes ladrões de vestígios arqueológicos fez com que se perdessem muitas informações sobre a cultura vicús, o que dificultou a reconstrução da sua história.

Huaqueros

Os huaqueros começaram cavando apenas alguns metros, cerca de 4 ou cinco. Com o tempo, eles perceberam que poderiam encontrar restos mais valiosos, como peças de ouro ou pedras preciosas.

A maior parte das melhores peças estava na hacienda Pabur, propriedade do Seminario Urrutia. Foi justamente o dono da fazenda quem denunciou o saque que estava ocorrendo à Casa da Cultura do Peru.


Naquela época, em 1963, muitas das peças roubadas haviam sido vendidas para a Europa. O Seminario García lançou então uma campanha para tentar comprar cada peça que lhe fosse oferecida para tentar mantê-la em seu lugar de origem.

Em 1 ° de fevereiro de 1963, o jornal La Prensa de Lima publicou uma matéria denunciando a atividade dos huaqueros. Pela primeira vez, fez-se referência à cultura vicús, embora ainda não fosse assim denominada.

O jornal noticiava o saque que ocorria em um cemitério muito antigo, do qual muitas peças de ouro, cobre e cerâmica foram roubadas. De acordo com informações publicadas, entre 1.500 e 2.000 túmulos foram escavados.

Primeiras investigações

Após a denúncia do Seminario Urrutia, o Ministério da Educação Pública e o Conselho Nacional de Arqueologia do Peru enviaram Ramiro Matos em 4 de janeiro de 1964 para investigar a nova cultura. O próprio Seminário contratou o arqueólogo Carlos Guzmán Ladrón de Guevara para fazer o mesmo.


Matos percorreu toda a área durante 10 dias para visitar 28 zonas arqueológicas diferentes entre Vicús, Yecala e Frías.

Origem e história

A cultura Vicús se desenvolveu no Peru entre 100 AC. C. e 400 d. C., entre as culturas Chavín e Moche.

Embora os dados sobre a sua história sejam escassos, pensa-se que as suas origens podem estar ligadas a outras culturas, como a chorrera, com a qual partilha algumas características da sua tradição olaria.

Da mesma forma, sabe-se que a cultura Vicús foi influenciada por grupos como Virú e Moche. A hipótese mais amplamente seguida indica que essa relação entre culturas foi estabelecida pelas elites de cada sociedade.

Etapas históricas

O arqueólogo peruano Luis Guillermo Lumbreras estabeleceu uma cronologia da cultura vicús levando em consideração os aspectos econômicos e sociais. Apesar deste trabalho, a história desta vila não é muito conhecida, uma vez que muitos dos seus vestígios encontram-se em museus estrangeiros e colecções privadas devido à acção dos huaqueros.

A primeira etapa da história da cultura foi o chamado período inicial, claramente influenciado por Chavín. Então o Período Independente se desenvolveu, uma fase puramente vicus do desenvolvimento regional. A última etapa, o Período Final, foi marcada pela influência Mochica.

Fim do vicus

Como sua origem e muitos outros aspectos de sua história, o fim da cultura Vicús está cheio de questionamentos. Uma das teorias defende que seu desaparecimento pode ser causado pelas consequências do fenômeno El Niño. Assim, a sucessão de várias temporadas de chuvas excepcionalmente fortes poderia forçar esta cidade a se dispersar.

Localização geográfica

O nome desta cultura vem do lugar onde se encontra seu cemitério mais importante: Cerro Vicús, a 50 quilômetros a leste de Piura e pouco mais de 1000 quilômetros ao norte de Lima.

A área de influência desta localidade vai desde a parte alta do rio Piura, desde Tambo Grande e Salitral, até ao norte de Morropón, Ayabaca e Huancabamba. É igualmente provável que tenha atingido as terras altas do sul do Equador.

Toda esta área se caracteriza por ser deserta, embora tenha alguns rios e lagoas que nos permitiram obter a água necessária para assentamentos e agricultura. Terras férteis para cultivo e pastagens abundantes para o gado se estendiam ao redor dessas fontes de água.

Organização política e social

Até agora não foram encontrados centros cerimoniais ou fortalezas, então os pesquisadores têm que elaborar suas hipóteses a partir do estudo da cerâmica e dos poucos assentamentos humanos, praticamente aldeias, que surgiram.

Teocracia militarista

A cultura vicús foi organizada sob um sistema político teocrático e militarista. Em seu esquema de poder, os padres exerceram suas funções religiosas sob a proteção de uma poderosa classe militar.

Guerreiros nobres costumavam vagar pelos domínios desta cidade para fazer todos obedecerem ao soberano. O objetivo principal era manter a cidade sob controle como força de trabalho.

Sociedade hierárquica e domínio do homem

A estrutura social dos vicús era altamente hierárquica. Havia cinco classes sociais dentro dela, claramente diferenciadas: os monarcas e os nobres; os soldados; os comerciantes; os fazendeiros; e os escravos.

Por outro lado, era uma sociedade em que os homens gozavam de um status superior ao das mulheres. Só eles podiam usar certas roupas, como as luxuosas túnicas curtas, maquiagem, joias e grandes brincos de orelha. As mulheres, embora pertencessem à nobreza, só podiam usar roupas simples.

Cerâmica

A cerâmica da cultura Vicús não é valiosa apenas por suas características, mas também tem sido a principal fonte de informações sobre sua história e sociedade.

Em geral, é uma cerâmica de aspecto rústico e sólido e apresenta uma clara tendência escultórica.

Influências e características

Numa primeira fase, a cerâmica vicús mostrou uma influência muito clara da cultura Chavín, enquanto nos últimos anos foram os Moches que mais influenciaram as suas criações. Entre as duas fases existia um estilo puramente vicus, com características dessa cultura.

Para além do já referido aspecto sólido das peças, as cerâmicas desta vila caracterizam-se pela tendência para a escultura realista, visto que representaram numerosas figuras humanas, animais e vegetais, bem como espirituais.

Uma de suas elaborações mais típicas era o vaso de corpo duplo e cantado, que se completava com uma alça de estribo. As cores mais comuns foram amarelo, laranja, vermelho e marrom.

Quando se decidiu por deixar a cor natural do material, laranja, o vicús utilizou a técnica do negativo para pintar as peças. Consiste em pintar as áreas em torno das linhas dos motivos decorativos, mas não estas. Assim, esses motivos serão destacados no negativo.

Os oleiros Vicús fabricavam dois tipos de cerâmica de acordo com a sua utilização: doméstica e ornamental. Entre os primeiros faziam-se pias, vasilhas, tigelas e potes, todos com pouca decoração.

As peças ornamentais, por sua vez, foram inspiradas no mundo físico e na sociedade que cercava os vicús.

Uma das características dessa cerâmica é a tendência de representar figuras humanas e animais de forma desproporcional, quase grotesca. No caso dos rostos, era comum o nariz ser curvo e proeminente, característica que também aparecia nas orelhas. Em quase todos os casos, os representados eram homens.

Etapas de acordo com a morfologia

As cerâmicas Vicús foram divididas em três tipos diferentes de acordo com sua morfologia:

Vicús negativo- Inclui círculos simples, pergaminhos ou triângulos que aparecem em recipientes em forma de animal. Em peças desse tipo você pode ver guerreiros, músicos ou cenas eróticas.

Branco em vermelho vicus: é bastante semelhante ao anterior, com recipientes com formas humanas, animais ou vegetais. A decoração combina linhas, incisões e pigmentos brancos.

Monocromático deslizou vicus: o aspecto é áspero e possui algumas manchas escuras causadas por falhas no cozimento. Recipientes com base alargada, pedestais ou tripés são típicos.

Os huacos assobiando

Uma das criações mais marcantes entre os vicús foram os chamados huacos assobiadores. Eram recipientes que emitiam sons de vários tons causados ​​pela pressão do ar exercida pelo líquido dentro do recipiente.

Dentro desta categoria estavam os vasos cantantes, que emitiam tons melodiosos quando a água ou licor em seu interior era servido. Outras peças, adornadas com figuras de cobras, emitiam bips que lembravam os sons emitidos por aqueles animais. Também havia recipientes semelhantes a pássaros e assobiando como eles.

Todas essas criações foram produzidas no período de maior esplendor da cerâmica Vicús, durante o estágio intermediário denominado vicús-vicús.

Por outro lado, a maioria dos huacos tinha a função de recipientes para líquidos, com bico tubular. Além disso, pratos e tigelas também foram feitos.

Os chamados huacos duplos eram muito comuns. Neles, uma parte representava um animal ou uma pessoa e a outra era a garrafa em que estava o bico. Ambas as partes foram unidas por uma conexão dupla.

Finalmente, o vicús fabricou um grande número de huacos eróticos. Estes permitem conhecer em detalhe a vida sexual dos homens desta cidade.

Arquitetura

A falta de vestígios arqueológicos não permite conhecer em profundidade o tipo de arquitetura que esta cultura pratica. Sabe-se, por exemplo, que as estruturas eram organizadas na direção dos corpos celestes e que os materiais mais usados ​​eram o barro e o adobe. Os tetos eram inclinados e incluíam claraboias.

Tumbas

Do que há muita evidência é a arquitetura funerária dos vicús. Até o momento, foram encontradas quase duas mil valas comuns, com profundidade que varia de 4 a 11 metros.

Os túmulos desta cultura tinham a forma de um poço, alguns dos quais com 15 metros de comprimento e 2 metros de largura.

Os pesquisadores afirmam que as sepulturas mais profundas eram aquelas destinadas à elite social. Estes foram enterrados com seus pertences armazenados em luxuosas peças de cerâmica.

Não há dados, porém, de como as sepulturas foram escavadas, pois algumas das condutas têm apenas 75 centímetros de diâmetro e representavam um claro perigo de asfixia para os trabalhadores.

Religião

Os vicús cultuavam o deus Aia Paec, originário da cultura Mochica. Essa divindade foi representada como um ser antropomórfico dotado de presas felinas.

Aia Paec, também chamada de "degoladora", recebia sacrifícios em algumas cerimônias. Era considerado favorável às plantações e capaz de transformar seres humanos em demônios.

Por outro lado, a cultura vicús manteve um profundo respeito pelo mar. Esta cidade pensava que era onde os deuses residiam. Da mesma forma, eles acreditavam que a terra flutuava no mar e que o Sol se retirava para descansar após o anoitecer.

Dentro das cerimônias fúnebres, os vicús davam grande importância à música, que era tocada antes da cremação. Alguns dos instrumentos encontrados são tambores, apitos e flautas de cerâmica.

A terra dos mortos

Os túmulos dos cemitérios vicús não contêm nenhum cadáver. Em seu lugar, formas alongadas foram encontradas reduzidas a pó, com cerca de 6 centímetros de comprimento e cerca de 10 de espessura. É uma terra marrom na qual apenas alguns dentes foram encontrados. Os huaqueros da região a chamavam de “terra dos mortos”.

A hipótese mais amplamente seguida é a de que os corpos foram cremados e as cinzas embrulhadas em panos. Estes foram os que foram depositados nas tumbas.

Os pesquisadores acham que as cremações foram realizadas fora das sepulturas, embora os crematórios usados ​​não tenham sido encontrados.

Economia

Apesar da importante produção cerâmica e metalúrgica dos vicús, a atividade mais importante em sua economia era a agricultura e a pecuária. No primeiro caso, essa cultura desenvolveu um sistema de irrigação para melhorar suas lavouras.

Sabe-se, por outro lado, que os vicús domesticaram animais como o pato, a lhama, a cobaia ou o coelho. Todos eles eram produtos importantes em sua dieta.

Outras atividades econômicas que tiveram certo peso foram a pesca e, sobretudo, o comércio.Foram encontrados vestígios de cerâmica que comprovam a existência de trocas de produtos com culturas como a Moche e até com algumas localizadas no Equador, como o jambelí ou o Cerro Narrío.

agricultura

Conforme indicado, a agricultura foi a atividade econômica mais importante da cultura Vicús. Esse povo teve que enfrentar a aridez da área que habitava, pois apenas as terras próximas aos rios e lagoas eram adequadas para a lavoura.

Por isso, tiveram que construir canais e lagoas para ter a água necessária para irrigar as plantações. Os canais, descritos com espanto por alguns cronistas espanhóis, foram construídos no alto das montanhas e têm de 2,5 a 3 metros de largura.

Boa parte da população de seus assentamentos se dedicava à agricultura, inclusive mulheres. Os vicús usaram o guano obtido na ilha de Lobos como fertilizante para a produção de milho, abóbora e frutas diversas.

Escultura

Os vicús realizam algumas esculturas em pedra, embora não seja o tipo de arte a que se preocupam mais fora do seu uso na cerâmica.

Suas esculturas eram apenas esboços simples de figuras humanas nas superfícies das pedras. Eles foram acompanhados por incrustações.

Metalurgia

Uma das áreas em que a cultura Vicús se destacou foi a metalurgia. Para suas elaborações usavam cobra, prata e ouro, muitas vezes na forma de uma liga entre eles. Assim, seus artesãos usavam o champi ou tumbaga, uma mistura de cobre e ouro.

Variedade de produtos

A metalurgia vicús chama a atenção pela grande variedade de produtos elaborados, desde protetores auriculares e argolas no nariz até implementos agrícolas, passando por bengalas, enfeites ou barras.

Seu domínio das técnicas metalúrgicas foi notável. Os vicús trabalhavam o ouro ou folheados a ouro em uma só peça sem juntas, como as culturas do norte dos Andes, e prata e mercúrio amalgamados, como os povos do centro dos Andes.

As peças em cobre dourado e em prata pura destacam-se pelo acabamento. Além disso, eles freqüentemente usavam a técnica de douramento.

Os adornos pessoais eram um dos destinos das peças de metal que confeccionavam. Aos já mencionados protetores auriculares e argolas nasais, foram acrescentadas máscaras, colares, coroas e toucados com lantejoulas e plumas que produziam sons ao se mover. Muitas dessas peças foram decoradas com motivos geométricos ou com figuras humanas ou animais.

Referências

  1. História peruana. Cultura de Vicus. Obtido em historiaperuana.pe
  2. Município Provincial de Morropón Chulucanas. Cultura Vicús. Obtido em munichulucanas.gob.pe
  3. História do Peru. Cultura de Vicus. Obtido em historiadelperu.info
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  6. Weltkulturerbe Völklinger Hütte. Cultura Vicús 100 a.C. a 300 A.D. | Terras altas do norte. Obtido em voelklinger-huette.org
  7. EcuRed. Cultura de Vicus. Obtido em ecured.cu