Plano Inca: histórico, causas e objetivos - Ciência - 2023


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o Plano Inca Foi um documento elaborado pelo autoproclamado Governo Revolucionário das Forças Armadas do Peru. O documento era um plano de governo que contemplava uma série de objetivos a serem cumpridos em 20 anos.

Um golpe levou os militares ao poder em 1968, nomeando o major-general Juan Velasco Alvarado como presidente. As causas de sua revolta foram a crise econômica, os problemas sociais e a crescente tensão que o país vivia. Um escândalo relacionado com a exploração de petróleo foi a causa mais imediata do golpe.

Assim que chegou ao poder, Alvarado e os restantes militares que o acompanharam partiram para a reforma total do país. O Plano Inca foi o programa criado para realizar aquelas mudanças que, como declararam, deveriam criar um Peru mais justo, igual e livre.


O plano detalhou as ações a serem tomadas para atingir seus objetivos. Isso variava desde o re-controle do petróleo e da mineração, então em mãos estrangeiras, até o estabelecimento da igualdade entre mulheres e homens.

fundo

O Peru havia experimentado um golpe militar no início de 1960 para, entre outros motivos, impedir a vitória do candidato Aprista nas eleições. O governo militar que emergiu do levante teve um caráter bastante progressista, com medidas como a criação do Instituto Nacional de Planejamento.

Depois de um ano de governo, os militares organizaram eleições nas quais ganhou seu candidato preferido, Fernando Belaunde. Embora a maior parte da liderança militar tenha se comprometido com o novo presidente, a instabilidade econômica e política do país continuou a crescer.

Segundo alguns historiadores, o general Juan Velasco nunca apoiou o presidente Belaunde. Junto com ele foram posicionados outros oficiais formados no CAEM, que, ao final, seriam os protagonistas do golpe de 1968.


Golpe de Estado

O golpe de Estado ocorreu em outubro de 1968. Na manhã de 2 de outubro, o general Velasco dirigiu-se ao Palácio do Governo durante a tomada de posse do gabinete. Horas depois, já na madrugada do dia 3, os tanques rodearam o Palácio e o Congresso. Belaunde foi preso e o Congresso encerrado.

Após assumir o controle do país, foi criada uma Junta Militar. Este nomeou Velasco Alvarado Presidente do Governo.

Causas

No final do mandato de Belaúnde, a situação no Peru era muito turbulenta. Por um lado, havia uma atividade guerrilheira significativa e surgiram organizações operárias muito radicais. Os partidos tradicionais acusaram a crescente instabilidade política.

Por outro lado, a economia nacional mergulhou em uma crise profunda, o que só aumentou o sentimento de ingovernabilidade.

Crise econômica

O Peru passava por uma fase muito delicada economicamente. As reformas empreendidas e a fuga de capitais estrangeiros levaram o governo a pedir empréstimos externos.


Por outro lado, duas das grandes riquezas nacionais, petróleo e mineração, estavam sob o controle de empresas estrangeiras.

Desigualdade

Isso acarretou uma desigualdade social muito pronunciada. No caso, por exemplo, da posse de terras agrícolas, os dados indicam que 2% da população possuía 90% das terras agricultáveis.

O escândalo da Lei Talara e Página 11

O acontecimento que os militares utilizaram como último pretexto para realizar o golpe foi um escândalo ocorrido em torno dos campos petrolíferos de La Brea e Pariñas. Eles foram explorados por uma empresa americana, a International Petroleum Company.

A empresa não pagou taxas de exploração desde que assumiu a exploração. Em 13 de agosto de 1968, foi assinada a Lei Talara, por meio da qual todos os depósitos que eram explorados por aquela empresa passaram para as mãos do Estado. A única exceção foi a antiga refinaria de Talara.

Apesar da aparente resolução do conflito, logo surgiram acusações de que havia acordos ocultos em favor da empresa americana. O escândalo estourou quando foi noticiado que faltava uma página do contrato do preço do petróleo, assinado pela estatal Empresa Petrolera Fiscal e pela empresa norte-americana.

A chamada “Página Onze” serviu de pretexto para a greve de Velasco, já que acusou Belaunde de favorecer a empresa dos Estados Unidos contra os interesses do país.

metas

O Plano Inca fixou um prazo de 20 anos para conseguir “a integração da população, sua distribuição pelo espaço econômico do país e garantir que a renda per capita não seja inferior à atual”. Ideologicamente, seus autores se declararam "nem capitalistas, nem marxista-leninistas".

Em seus primeiros parágrafos, o Plano Inca tinha uma declaração de intenções sobre seu objetivo global:

“A Revolução das Forças Armadas realizará um processo de transformação das estruturas econômicas, sociais, políticas e culturais, a fim de se chegar a uma nova sociedade, na qual homens e mulheres peruanos vivam com liberdade e justiça.

Esta revolução será nacionalista, independente e humanista. Não obedecerá a esquemas ou dogmas. Só vai responder à realidade peruana ”.

Petróleo e mineração

Conforme mencionado, a maioria das fazendas está em mãos estrangeiras. Por isso, o Plano Inca indicava a necessidade de que passassem para as mãos do Estado.

Para fazer isso, eles queriam anular a Lei Talara e outros acordos semelhantes. Da mesma forma, o Plano prometia expropriar todos os bens do IPC para cobrar o que devia ao Peru.

Planejamento

O governo militar optou por um planejamento abrangente e obrigatório para o setor público. Na esfera privada, esse planejamento seria indicativo.

O objetivo era melhorar os índices de desenvolvimento do país, criando um plano de curto, médio e longo prazo.

Política internacional

Na época da elaboração do Plano Inca, o Peru tinha uma política independente intimamente ligada aos interesses dos Estados Unidos. Os novos governantes se propuseram a mudar essa situação, desenvolvendo uma política externa nacionalista e independente.

Resto de áreas econômicas

Dentro do Plano Inca, a situação da agricultura ocupou um espaço muito relevante. A propriedade da terra no Peru estava concentrada em muito poucas mãos e o plano tinha como objetivo realizar uma reforma agrária que mudasse essa situação.

A reforma, conforme planejado, deve beneficiar os pequenos inquilinos que já trabalhavam na terra. Estes teriam precedência na outorga das terras desapropriadas por lei.

Por outro lado, o plano apontava também para a necessidade de reformar o tecido empresarial. Isso daria aos trabalhadores uma participação na administração e na propriedade. Além disso, as empresas estatais deveriam ser fortalecidas.

Aspectos sociais

A igualdade das mulheres também apareceu como um dos objetivos mais importantes dentro do Plano Inca. O documento tinha como objetivo acabar com qualquer tipo de discriminação jurídica e social, além de promover o acesso das mulheres à educação e ao emprego.

Por outro lado, o Plano indicava a necessidade de haver real liberdade de imprensa. Para os signatários, na época, a imprensa estava nas mãos da oligarquia peruana, que controlava o que podia ser publicado. O objetivo era acabar com essa concentração de mídia e garantir a livre expressão de ideias.

governo

O governo Velasco também projetou mudanças nos três poderes do Estado. No caso do Judiciário, o Plano Inca tinha como objetivo aumentar sua independência, bem como a formação de juízes. Da mesma forma, anunciou uma nova legislação, promulgada de acordo com os princípios da revolução.

Junto com o acima exposto, o Plano Inca anunciava que uma nova constituição seria elaborada para acomodar todas as transformações que deveriam ser realizadas.

Referências

  1. Subdiretoria de Publicações e Material Educacional do Instituto Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação. O Plano Inca. Recuperado de peru.elmilitante.org
  2. Steinsleger, José. Peru, 1968: revolução nos Andes. Obtido em día.com.mx
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  4. Enciclopédia de História e Cultura da América Latina. Plano Inca. Obtido em encyclopedia.com
  5. Os editores da Encyclopaedia Britannica. Juan Velasco Alvarado.Obtido em britannica.com
  6. Diretoria de Pesquisa, Conselho de Imigração e Refugiados, Canadá. Peru: Reforma agrária sob o regime militar de Juan Velasco Alvarado, incluindo as implicações do programa e seu impacto na sociedade peruana (1968-1975). Obtido em refworld.org
  7. Niedergang, Marcel. Nacionalismo revolucionário no Peru. Obtido em Foreignaffairs.com